sexta-feira, 30 de junho de 2023

SESSÃO CAPAS E PÔSTERES

A capa pertence à revista Contigo nr. 125, edição, provavelmente, de 1973.
Já o pôster à revista Sétimo Céu Intimidade nr. 15, publicada em julho de 1979.
Boa diversão!


SESSÃO FOTO QUIZ

A foto da semana passada pertence à atriz e cantora Jéssica Ellen. Agora tentem descobrir quem é a garota da foto.
Eis algumas pistas:
1) Esta jornalista, repórter e apresentadora, ainda viva, nasceu na capital federal em 1975.
2) Iniciou sua carreira no jornal DFTV da Globo em Brasília.
3) Foi correspondente internacional da Rede Globo em Nova Iorque.
Boa diversão!

quinta-feira, 29 de junho de 2023

SESSÃO LEITURA - MEU IDEAL SERIA ESCREVER... - RUBEM BRAGA

O texto abaixo é de autoria de Rubem Braga.
Para maiores informações sobre o autor, favor acessar: https://www.ebiografia.com/rubem_braga/.
Boa leitura!

MEU IDEAL SERIA ESCREVER...

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa (que não sai de casa),  enlutada (profundamente triste), doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!” 
Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada como o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.
Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário (autoridade policial) do distrito (divisão territorial em que se exerce autoridade administrativa, judicial, fiscal ou policial), depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa (habitante da antiga Pérsia, atual Irã), na Nigéria (país da África), a um australiano, em Dublin (capital da Irlanda), a um japonês, em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou (introduziu-se lentamente em) por acaso até nosso conhecimento; é divina.”
E quando todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem ouvi um sujeito contar uma história…”
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro. 

Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/cronica-3-textos-instigantes-para-gostar-do-genero.

SESSÃO ABERTURA DE NOVELA - ALÉM DA ILUSÃO

A novela Além da Ilusão foi apresentada pela Rede Globo no horário das 18h de 7 de fevereiro a 20 de agosto de 2022.
O tema musical de abertura era O Tic-tac do Meu Coração, interpretado por Gaby Amarantos.
Para maiores informações sobre a novela, favor acessar: http://teledramaturgia.com.br/alem-da-ilusao/.
Boa diversão!



LETRA

O TIC-TAC DO MEU CORAÇÃO

Compositores: Alcyr Pires Vermelho / Walfrido Silva

O tic-tic-tac do meu coração
Marca o compasso do meu grande amor
Na alegria bate muito forte
E na tristeza bate fraco
Porque sente dor
O tic-tic-tac do meu coração
Marca o compasso de um atroz viver
É o relógio de uma existência
E pouco a pouco vai morrendo
De tanto sofrer
(2x)

Meu coração já bate diferente
Dando o sinal do fim da mocidade
O seu pulsar é um pulsar constante
De quem muito amou na vida com sinceridade
Às vezes eu penso que o tic-tac
É um aviso do meu coração
Que já cansado de tanto sofrer
Não quer que eu tenha nesta vida uma desilusão

O tic-tic-tac do meu coração
Marca o compasso do meu grande amor
Na alegria bate muito forte
E na tristeza bate fraco
Porque sente dor
O tic-tic-tac do meu coração
Marca o compasso de um atroz viver
É o relógio de uma existência
E pouco a pouco vai morrendo
De tanto sofrer

Fonte: https://www.vagalume.com.br/carmen-miranda/o-tic-tac-do-meu-coracao.html

quarta-feira, 28 de junho de 2023

SESSÃO SAUDADE - DAVE MACLEAN

A homenagem de hoje vai para o cantor e compositor José Carlos Gonzales.
Nunca ouviu falar dele, mas se você é do clube dos maiores de cinquenta ou gosta de música em inglês antiga, certamente, sabe quem é Dave MacLean.


 
Houve um tempo nas décadas de 70 e 80 em que alguns brazucas a se aventuraram a gravar em inglês. Artistas como Christian, Fábio Júnior e Jessé, dentre outros, embarcaram nessa onda.
Dentre esses estava o nosso homenageado, que conseguiu como cantor e compositor emplacar vários sucessos que viraram trilha de novela de novelas da Globo como: Me and You (Os Ossos do Barão), Feelings (Corrida do Ouro), etc.
Em seu trabalho de compositor, criou músicas para sertanejos famosos como: Zezé di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, Edson e Hudson, só para se mencionar alguns.
Obrigado, Dave MacLean, por tantos momentos lindos, que nos proporcionou quer como cantor, quer como compositor!
Descanse em paz!
Para saber mais sobre este artista, favor acessar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dave_Maclean.
Com o objetivo de homenageá-lo, reproduzimos abaixo seu grande sucesso, Me and You.



LETRA

ME AND YOU

Composer: Dave MacLean

Give me only a smile
'Cause I don't have no time to wait
Oh, give me only your love
The time has passed and I need your love

All life I've dreamed for someone like you
And in my dreams you came to me, ooh, oh oh
I'll never go away from you
If you look at yourself, you find me and you
Oh! Just look at yourself, you find me and you

Me and you, me and you
Me and you
Me and you, me and you
Me and you

All life I've dreamed for someone like you
And in my dreams you came to me, ooh, oh oh
I'll never go away from you
If you look at yourself, you find me and you
Just, just look at yourself, you find me and you
Look at yourself, you find me and you

TRADUÇÃO

EU E VOCÊ

Compositor: Dave MacLean

Me dê apenas um sorriso
Pois já não tenho tempo para esperar
Oh, me dê apenas seu amor
O tempo passou e preciso de seu amor

Toda minha vida eu sonhei com alguém como você
E em meus sonhos você vinha para mim, ooh, oh oh
Eu nunca vou afastar de você
Se você se olhar, você encontra nós dois
Oh! Apenas olhe para si mesma, você encontra nós dois

Eu e você, eu e você
Eu e você
Eu e você, eu e você
Eu e você

Toda minha vida eu sonhei com alguém como você
E em meus sonhos você vinha para mim, ooh, oh oh
Eu nunca vou afastar de você
Se você se olhar, você encontra nós dois
Apenas, apenas olhe para si mesma, você encontra nós dois
Olhe para si mesma, você encontra nós dois

Fonte: https://www.letras.mus.br/dave-maclean/80906/traducao.html

SESSÃO HUMOR

No consultório, o médico diz ao paciente:
- Como eu já lhe disse: respirar fundo mata os micróbios.
- E como eu vou ensinar os micróbios a respirar fundo?

Fonte: https://www.maioresemelhores.com/piadas-antigas-mais-engracadas/.

terça-feira, 27 de junho de 2023

SESSÃO REMAKE MUSICAL - NÃO DÁ PRA RESISTIR - CLÁUDIA SANTOS

A canção Não Dá Pra Resistir, originalmente interpretada por Rouge, é apresentada no vídeo abaixo por Cláudia Santos.
Boa diversão!



LETRA

NÃO DÁ PRA RESISTIR

Compositores: Anders Wikström / Frederik Thomander / Kara DioGuardi / Milton Guedes

Eu não quero confessar
Eu sei, não quero me entregar tão fácil
Mas você chega devagar
Com esse jeito de me olhar bem fundo
E a minha timidez vai embora, eu sei
Eu te quero pra mim

Não dá pra resistir ao teu amor
Você me olha assim
Baby, eu vou
Teus beijos só pra mim e teu sabor
Não dá pra resistir
Preciso ter o seu amor

Nos meus olhos, nos meus sonhos
Minha fantasia é ter você
E quando você está aqui
Tudo o que eu quero é me entregar pra você
Deixar meu coração me levar pra você
Não quero mais parar

Não dá pra resistir ao teu amor
Você me olha assim
Baby, eu vou
Teus beijos só pra mim e teu sabor
Não dá pra resistir
Preciso ter o seu amor

Ná ná, ná ná, ná
O seu amor! O seu amor!

Eu sei
Que a força desse amor atrai
Você pra mim
Eu vou
Roubar seu coração
Com você é pura paixão
É pura paixão

Não dá pra resistir ao teu amor
Você me olha assim
Baby, eu vou
Teus beijos só pra mim e teu sabor
Não dá pra resistir
Preciso ter o seu amor

O seu amor, o seu amor, o seu amor
Não dá pra resistir
O seu amor, o seu amor, o seu amor
Não dá pra resistir

Fonte: https://www.letras.mus.br/rouge/63354/

SESSÃO TÚNEL DO TEMPO MUSICAL - NÃO DÁ PRA RESISTIR - ROUGE

A canção Não Dá Pra Resistir, interpretada por Rouge, fez parte da trilha sonora da novela Pequena Travessa, apresentada pelo SBT no horário das 20h15 de 6 de novembro de 2002 a 15 de abril de 2003.
Para maiores informações sobre a novela, favor acessar: http://teledramaturgia.com.br/pequena-travessa/.
Boa diversão!



LETRA

NÃO DÁ PRA RESISTIR

Compositores: Anders Wikström / Frederik Thomander / Kara DioGuardi / Milton Guedes

Eu não quero confessar
Eu sei, não quero me entregar tão fácil
Mas você chega devagar
Com esse jeito de me olhar bem fundo
E a minha timidez vai embora, eu sei
Eu te quero pra mim

Não dá pra resistir ao teu amor
Você me olha assim
Baby, eu vou
Teus beijos só pra mim e teu sabor
Não dá pra resistir
Preciso ter o seu amor

Nos meus olhos, nos meus sonhos
Minha fantasia é ter você
E quando você está aqui
Tudo o que eu quero é me entregar pra você
Deixar meu coração me levar pra você
Não quero mais parar

Não dá pra resistir ao teu amor
Você me olha assim
Baby, eu vou
Teus beijos só pra mim e teu sabor
Não dá pra resistir
Preciso ter o seu amor

Ná ná, ná ná, ná
O seu amor! O seu amor!

Eu sei
Que a força desse amor atrai
Você pra mim
Eu vou
Roubar seu coração
Com você é pura paixão
É pura paixão

Não dá pra resistir ao teu amor
Você me olha assim
Baby, eu vou
Teus beijos só pra mim e teu sabor
Não dá pra resistir
Preciso ter o seu amor

O seu amor, o seu amor, o seu amor
Não dá pra resistir
O seu amor, o seu amor, o seu amor
Não dá pra resistir

Fonte: https://www.letras.mus.br/rouge/63354/

segunda-feira, 26 de junho de 2023

SESSÃO RETRÔ - VARIEDADES - CHICO MARTINS E ETTY FRASER

A reportagem abaixo foi publicada na revista Contigo nr. 125, publicada, provavelmente, em 1973.
Para ler esta ou outra matéria em tamanho maior, caso use o Explorer ou Chrome, clique sobre a figura com o botão direito do mouse e selecione a opção "abrir link em uma nova guia". Na nova guia, clique com o botão esquerdo do mouse e, pronto, terá acesso a uma ampliação da página. Caso o navegador seja o Firefox, clique sobre a figura com o botão direito do mouse e selecione a opção "abrir em nova aba". Em seguida, proceda como no caso dos dois outros navegadores citados.
Boa diversão!

SESSÃO RETRÔ - COMERCIAIS - LINHA FORMA BTICINO (1992)


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Z1NRDNolDF0&list=PLOneqbB7w6QoJeXe3rk02F9JOiH-VCEiI&index=2

domingo, 25 de junho de 2023

PARA MEDITAR


Fonte: https://i.pinimg.com/736x/7a/06/e4/7a06e4dbb5e0e2f4305a877bbb5c6fd0.jpg

SESSÃO BISCOITINHOS - O BEBÊ GROOT


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Bkm_aQBD_TU


sábado, 24 de junho de 2023

PARA MEDITAR


Fonte: https://cdn.frasestop.com/imagem/po/ss/posso-esquecer-quem-me-deixou-triste-mas-nao.jpg

SESSÃO FOTONOVELA - A VIDA DE BETTY FARIA

A fotonovela abaixo pertence à revista Sétimo Céu Intimidade nr. 24, publicada em junho de 1980.
Para ler esta ou outra matéria em tamanho maior, caso use o Explorer ou Chrome, clique sobre a figura com o botão direito do mouse e selecione a opção "abrir link em uma nova guia". Na nova guia, clique com o botão esquerdo do mouse e, pronto, terá acesso a uma ampliação da página. Caso o navegador seja o Firefox, clique sobre a figura com o botão direito do mouse e selecione a opção "abrir em nova aba". Em seguida, proceda como no caso dos dois outros navegadores citados.
Boa leitura!



















sexta-feira, 23 de junho de 2023

SESSÃO CAPAS E PÔSTERES

A capa pertence à revista Contigo nr. 1948, edição de 17 de janeiro de 2013.
Já o pôster à revista Sétimo Céu Intimidade nr. 15, publicada em julho de 1979.
Boa diversão!


Fonte: https://p2.trrsf.com/image/fget/cf/1200/1600/middle/images.terra.com/2013/01/16/contigo-capa-wanessa-zeze-z.jpg


SESSÃO FOTO QUIZ

A foto da semana passada pertence ao ator Déo Garcez. Agora tentem descobrir quem é a garota da foto.
Eis algumas pistas:
1) Esta atriz e cantora, ainda viva, nasceu na capital carioca em 1992.
2) Sua primeira participação em telenovelas foi em Geração Brasil (2014) na Rede Globo.
3) Participou de novelas como: Totalmente Demais e Amor de Mãe, todas na Rede Globo.
Boa diversão!

quinta-feira, 22 de junho de 2023

SESSÃO LEITURA - O INIMIGO - ANTON TCHEKHOV

O texto abaixo é de autoria do russo Anton Tchecov.
Para maiores informações sobre o autor, favor acessar: https://educacao.uol.com.br/biografias/anton-pavlovitch-tchekhov.htm.
Boa leitura!

O INIMIGO

Anoite desceu há muito sobre a paisagem de neve, uma noite escura e profunda, que envolve seres e coisas no silêncio e na paz. Àquela hora, talvez somente Varka esteja ainda acordada, debruçada sobre o berço onde o menino não quer dormir. Varka tem apenas treze anos, é pouco mais que menina, e seus olhos sonolentos são tristes e vagos. Agora impulsiona suavemente o berço e canta baixinho, com voz branda, uma canção de ninar. "Dorme, menino bonito, que o bicho vem pegar..." Uma lamparina verde, acesa junto ao ícone, enche o quarto com sua luz fraca e incerta; peças de roupa, pendidas de uma corda que atravessa o compartimento, flutuam de leve. A luz projeta no teto um grande círculo verde, as sombras das peças de roupa se agitam como se fossem sacudidas pelo vento, e tremem inquietas sobre a estufa, sobre Varka e sobre o berço.
Tudo assume um aspecto carregado e denso como a noite, a atmosfera cheira a fel. O menino chora, está rouco de tanto gritar, mas continua chorando sempre, com todas as suas forças. Varka tem um sono terrível, seus olhos se cerram apesar de todos os esforços; e ela acha que o menino jamais se acalmará. Por mais esforço que faça, sente que as pálpebras se ligam, começa a cabecear, tonta, muito tonta. Pode apenas mover os lábios. Dentro dela cresce uma impressão estranha, parece-lhe que o rosto é de madeira e que a cabeça é pequena, como a de um alfinete. "Dorme, menino bonito..." Sua voz é apenas perceptível, um cicio trêmulo na noite profunda. Ouve-se agora o canto monótono de um grilo escondido em qualquer greta da estufa. No quarto ao lado roncam o mestre, e o aprendiz Afanas; o berço geme, tristíssimo.
Todos esses ruídos se misturam com a voz suave de Varka, produzindo uma doce música, boa para fazer dormir. Mas Varka não pode deitar-se, nem sequer pode encostar-se, pois sabe que, se dormir, os patrões a pegam, talvez lhe batam. Por isso aquela música acalentadora deixa-a desesperada, aumenta o sono terrível que a subjuga. Quando poderá estender-se no chão e dormir, dormir profundamente, dormir e não acordar nunca mais?
A lamparina está a ponto de apagar-se, a chama tênue oscila incerta. O círculo verde do teto e as sombras continuam a agitar-se ante os olhos semicerrados de Varka, em sua cabeça meio adormecida nascem sonhos vagos e fantásticos. Através dos sonhos ela vê nuvens negras correndo no céu, nuvens que choram aos gritos, como crianças de peito. O vento, porém, varre todas as nuvens, e Varka pode ver agora um caminho largo e cheio de lodo, por onde passam coches, pessoas com sacos às costas e sombras, muitas sombras. Num e noutro lado do caminho existem bosques cobertos de neve. Subitamente os caminhantes e as sombras se estendem sobre o solo lodoso. Muito espantada, Varka pergunta então:
— Por que é que vocês fazem isso?
— Para dormir! — dizem todos. — Queremos dormir!
E dormem tranquilamente, a sono solto, indiferentes e calmos. Varka observa o ritmo das respirações, o arfar suave dos peitos desnudos, e sente uma vontade imensa de chorar.
De repente percebe que muitos corvos, pousados no fio do telégrafo, fazem tudo para despertá-los. "Dorme, menino bonito..." Entre os sonhos a voz de Varka é mais débil ainda.
Pouco depois sonha que está em casa de seu pai, uma casa velha e escura, isolada e muito triste. Seu pai chamava-se Efim Stepanov, já morreu há muito tempo, mas ela o sente agora revolvendo-se no chão. Não pode vê-lo, mas ouve os seus gemidos prolongados, profundos gemidos de dor. Sofre muito, atacado de uma doença que ela desconhece, e nem sequer pode falar. Contorce-se e range os dentes.
A mãe de Varka saiu correndo, rumo à casa senhorial, para dizer que o marido está morrendo, e ainda não voltou. Por que estaria ela demorando tanto? Foi há muito tempo, já devia ter chegado.
Varka está encostada na estufa, continua sonhando e ouvindo o pai ranger os dentes. De repente, dentro daquele sonho ruim, ela ouve o trotar de cavalos, sente pessoas que se aproximam. Da casa senhorial enviaram um médico ainda moço para ver o agonizante. Entra em silêncio. Varka não consegue vê-lo na obscuridade, mas ouve a sua tosse e o ranger da chave fechando a porta.
— Acenda a luz — diz ele, por fim.
Efim Stepanov range os dentes em resposta e a mãe de Varka anda de um lado para outro no quarto escuro, à procura de velas. Depois de um longo silêncio o doutor tira uma do bolso e acende-a.
As faces do doente estão roxas, as pupilas brilham intensamente e os olhares parecem fundir-se estranhamente agudo no doutor e nas paredes.
— Que é isso, homem? — pergunta o médico inclinando-se sobre ele. — Há muito tempo que está doente?
— Chegou na hora, doutor — respondeu Efim Stepanov penosamente. — Não tenho ilusões.
— Não diga tolices. Você vai ver como fica bom.
— Obrigado, doutor. Eu sei, porém, que não há remédio. Quando a morte diz "aqui estou", é inútil lutar contra ela.
O médico olha demoradamente o velho e declara:
— Já não posso fazer nada. É preciso levá-lo ao hospital para ser operado imediatamente. Ainda que seja tarde, não importa. Darei um bilhete para o diretor e ele receberá você. Mas sem perda de tempo!
— Doutor, como havemos de levá-lo? — pergunta a mãe. — Não temos cavalos.
O médico olha-a um instante e depois diz:
— Não tem importância. Explicarei isso lá na casa senhorial e eles mandarão um.
O médico se vai, a vela se apaga, e de novo se ouve o ranger de dentes do moribundo.
Meia hora depois um coche para à porta e em seguida se distancia conduzindo Efim para o hospital.
Passa enfim a noite e sai o sol, a manhã clara e bonita se abre nos campos de neve, tudo parece alegre e vivo, mas na verdade Varka está triste. Sua mãe foi ao hospital ver como passa o marido e ainda não voltou. Varka olha a paisagem através da janela meio carcomida, contempla a extensão de neve, o coração se confrange a solidão pesa sobre ela como um mau agouro. Um menino chora, uma canção suave quebra a paz de neve, e Varka, sem saber por que, julga que é a sua própria voz que canta.
Agora vê na distância o vulto negro de sua mãe na larga faixa branca, uma pequena mancha que vem crescendo para ela. Entra em casa persignando-se.
— Acabaram de operá-lo, mas ele morreu! Deus o tenha no céu. O doutor disse que a operação foi feita demasiado tarde.
Varka sai de casa e se dirige para o bosque, ao longe. Cresce dentro dela um profundo sentimento de dor e de mágoa, a terra lhe parece vazia e grande demais para ela sozinha. Ainda sem saber como, o corpo dolorido, os pés terrivelmente frios a enterrarem-se na neve. Talvez nunca chegue ao bosque, a distância aumenta cada vez mais...
Nesse momento do sonho, em que ela se sente horrivelmente abandonada, recebe uma tremenda pancada na nuca, um soco que a faz dobrar para a frente, por cima do berço. Acorda e vê com terror a cara tirânica do patrão, que grita:
— Peste! O menino chorando e tu dormindo!
O patrão ainda lhe puxa as orelhas com força brutal, deixa-a humilde e atônita e sai indiferente ao seu sofrimento. Agora ela sacode a cabeça com força, para afugentar o sono irresistível, e põe-se de novo a embalar o berço, cantando com voz afogada.
O círculo verde do teto e as sombras produzem um efeito letal sobre Varka. Um minuto depois que o patrão sal ela volta a dormir, começa outra vez a sonhar — e o largo caminho cheio de lodo se estende a perder de vista, uma infinidade de gente dorme sobre a terra úmida. Ela também quer deitar-se, mas sua mãe caminha ao lado e não deixa. Varka não pode dormir, ambas se dirigem a uma grande cidade em busca de trabalho. De repente a mãe olha a multidão, para e estende a mão, pedindo:
— Uma esmolinha, pelo amor de Deus! Compadecei-vos de nós, bons cristãos!
Mas uma voz bem conhecida de Varka ressoa desmanchando os fragmentos do sonho, partindo a visão que lhe resta da mãe.
— Dá-me o menino! Outra vez dormindo, peste!
Ela se levanta bruscamente, olha em torno e toma pé na realidade; não há caminho nem caminhantes, nem a mãe está junto dela. Só vê a patroa, que veio dar de mamar ao menino, empurrando-a sem piedade, os olhos vermelhos de rancor.
Enquanto o menino mama, ela espera de pé, pacientemente, meio tonta, esforçando-se para não dormir diante da patroa.
O espaço começa a azular-se atrás dos vitrais, o círculo verde do teto e as sombras vão empalidecendo, desmaiando nas paredes, a manhã vem surgindo maravilhosamente branca.
A patroa acaba de amamentar o menino, esconde o seio e abotoa a camisa. Volta-se para Varka berrando:
— Toma o menino! Não sei o que está acontecendo. Sempre chorando, chorando!
Ela estende os braços, deita a criança no berço e embala-o. O círculo verde e as sombras, menos perceptíveis a cada instante, já não exercem nenhuma influência sobre Varka, que já não os percebe. Apesar disso, entretanto, ela tem sono, um sono terrível, e sua necessidade de dormir é imperiosa, irresistível. Apoia a cabeça na borda do berço e deixa o corpo embalar-se, acompanhando o movimento rítmico, que provoca um ruído seco e monótono, como um gemido. Os olhos estão quase a fechar-se, mas ela ouve a voz da patroa, gritando do outro lado da porta:
— Varka! acende a estufa!
Já é dia, vai começar agora o trabalho mais exaustivo e penoso. Ela deixa o berço, corre à estufa. Anima-se um pouco, acha mais fácil resistir ao sono andando do que assentada. A névoa que envolvia sua cabeça vai-se dissipando.
— Varka! prepara o samovar! — grita a patroa.
As ordens não cessam, são muitas e confundem-na.
— Varka, limpa as botinas do patrão!
Enquanto limpa as botinas, pensa que seria delicioso meter a cabeça num daqueles sapatões e dormir um tempo enorme. Subitamente a botina que estava limpando cresce, parece tomar um espaço enorme, côncava e macia, boa para recostar o corpo. E Varka deixa a escova escorregar da mão lentamente, põe-se a dormir.
Um minuto apenas, e acorda sobressaltada, faz um grande esforço, sacode a cabeça, abre os olhos o mais que pode.
— Varka! Vai lavar a escada! Está tão suja que sinto vergonha quando o padre sobe por ela.
Varka lava a escada, varre os quartos, acende depois outra estufa, anda pela casa num vaivém interminável. São tantos os afazeres que ela não tem um momento livre. O que lhe parece mais penoso é ficar de pé, imóvel, diante da mesa da cozinha, descascando batatas. A cabeça se inclina, sem que lhe seja possível evitá-lo, e chega quase a tocar a mesa. As batatas tomam formas fantásticas, suas mãos já não podem sustentá-las. Mas não pode deixar-se vencer pelo sono, tem de reagir sempre, abrir muito os olhos. Ali está a patroa, gorda e má, indiferente ao seu suplício. Há momentos em que a invade um violento desejo de estender-se no chão e dormir, dormir, dormir.
Transcorre o dia igual aos demais, sempre o trabalho excessivo, as ordens infindáveis, os cílios prestes a ligarem-se pesados, o grande esforço para não dormir e os gritos da patroa.
Enfim chega a noite e Varka olha as trevas através da janela, sente aquela mesma impressão estranha de que seu rosto é de madeira. Sorri de modo estúpido, completamente sem motivo. As trevas alagam seus olhos, fazem renascer na sua alma a esperança de poder dormir.
Há uma visita naquela noite, movimentos diferentes, vozes confusas.
— Varka, acende o samovar!
O samovar é pequeno, e para que todos possam tomar chá, é necessário acendê-lo muitas vezes. Servido o chá, Varka fica de pé a pequena distância, aguardando outras ordens, os olhos fixos nos visitantes.
"Varka, serve a vodca! Varka, onde está isso? Varka, limpa um arenque!"
Finalmente a visita se vai, apagam-se as luzes, os patrões se recolhem. E ela ouve a última ordem:
— Varka, pega o menino!
Novamente o quarto, a atmosfera carregada, o cheiro de fel. O grilo canta escondido numa greta qualquer da estufa, o círculo verde do teto e as sombras voltam a agitar-se ante os seus olhos meios cerrados, deixando-lhe a cabeça enevoada. "Dorme, menino bonito..."
A mesma voz sonolenta de Varka, aquela voz triste e arrastada, abafada pelos gritos do menino que chora como um condenado, a ponto de perder o fôlego.
Meio adormecida, ela sonha de novo com o caminho largo e enlodado, com sua mãe; sente confusamente a figura do pai moribundo crescer. A realidade lhe foge, desfaz-se a presença de tudo que a cerca. Só sabe que alguma coisa a paralisa e pesa sobre seu corpo cansado, impedindo-a de viver. Faz um esforço supremo e abre os olhos assombrados para a noite, indagando de si mesma que força, que potência é essa, tão estranha e tão grande, que a faz sofrer dessa maneira, que a paralisa e não a deixa dormir. Mas não compreende nada, nenhuma ideia precisa lhe acode. Já sem forças, trêmula e abatida, olha o círculo verde e as sombras. Exatamente nesse momento o menino chora, e seu grito repercute no coração de Varka, enche-lhe a cabeça cansada, como uma súbita revelação. Durante um segundo ela se interroga e faz a descoberta. "Esse é o inimigo que não me deixa viver. O inimigo é o menino." Põe-se a rir, acha estranho não ter compreendido isso até agora, a ideia lhe parece clara e simples. "O inimigo é o menino." Completamente absorvida por esse pensamento, levanta-se e, sempre sorrindo, dá alguns passos pelo quarto. Sente uma grande alegria ao pensar que em breve se libertará do menino inimigo. É só matá-lo, e depois poderá dormir o tempo que quiser, tranquilamente.
Rindo muito, cada vez mais calma, Varka dobra o corpo, pisca os olhos maliciosamente e se aproxima do berço, pisando de leve. Inclina-se sobre o menino, qualquer coisa de trágico empresa uma extrema naturalidade aos seus gestos. Tudo lhe parece agora simples, objetivo — uma sensação de leveza em todos os seus movimentos. As mãos ágeis apalpam o pequeno corpo, sobem até a garganta, e vão apertando, apertando, entrelaçadas, como elos de aço. O menino torna-se azul, contorce-se num rápido e último movimento de desespero, depois estremece apenas, o corpinho frágil e distendido se aquieta para sempre. Está morto.
Então Varka se estende no soalho, alegre e imensamente feliz, a alma alagada de uma doce sensação de liberdade. E submerge-se num grande sono, profundo e sem sonhos.

Fonte: https://www.fantasticacultural.com.br/artigo/67/o_inimigo_-_anton_tchekhov__conto_completo.

SESSÃO ABERTURA DE NOVELA - A DONA DO PEDAÇO

A novela A Dona do Pedaço foi apresentada pela Rede Globo no horário das 21h de 20 de maio a 23 de novembro de 2019.
O tema musical de abertura era Tá Escrito, interpretado por Xande de Pilares.
Para maiores informações sobre a novela, favor acessar: http://teledramaturgia.com.br/a-dona-do-pedaco/.
Boa diversão!



LETRA

TÁ ESCRITO

Compositores: Carlinhos Madureira / Xande de Pilares / Gilson Bernini

Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora

Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora

Às vezes a felicidade demora a chegar
Aí é que a gente não pode deixar de sonhar
Guerreiro não foge da luta, não pode correr
Ninguém vai poder atrasar quem nasceu pra vencer

É dia de Sol
Mas o tempo pode fechar
A chuva só vem
Quando tem que molhar

Na vida é preciso aprender
Se colhe o bem que plantar
É Deus quem aponta
A estrela que tem que brilhar

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
(Manda essa tristeza embora)
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!

(Erga essa cabeça)
Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
(Manda essa tristeza embora)
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!

Fonte: https://www.letras.mus.br/xande-de-pilares/ta-escrito/