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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 116 - AUTOR: TONI FIGUEIRA


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 116

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

MARIA DE LARA
JOÃO
PEDRO BARROS
RODRIGO
FALCÃO
DELEGADO CASTRO
JUCA CIPÓ

CENA 1  -  RIO DE JANEIRO  -  CASA DE SAÚDE  -  QUARTO DE LARA  -  INT.  -  DIA.

João forçava as recordações, lembrando fatos da vida de Lara. A moça ouvia, pensava, buscava retirar do fundo da mente os registros do passado. João voltara com uma carta na mão.

JOÃO  -  Tenho uma surpresa procê. Chegou o correio de Coroado. Tem retrato do nosso filho, de tudo quanto é jeito! Veja se isso te ajuda a se lembrá das pessoa. Esta é Cema... com o nosso menino.

MARIA DE LARA  -  (pegou a foto, trêmula de ansiedade)  Cema... quem é Cema?

JOÃO  -  (mostrou outra foto)  Este é Braz, meu braço-direito... amigo do peito. Esta é minha mãe.

MARIA DE LARA  -  Sinhana... mãe Sinhana.

JOÃO  -  (alegrou-se mais)  Da mãe tu te lembrô. Olha, agora, meu irmão e a Potira... O Dr. Maciel... pai da Ritinha, te lembra?

Maria de Lara fez que sim com a cabeça, onde a gaze fazia as vezes do cabelo claro que antes lhe emoldurava o rosto belo e meigo.


MARIA DE LARA  -  Deste eu me lembro... eu tive o filho... e foi ele quem me ajudou.

JOÃO  -  Isso mesmo... o Dr. Maciel foi quem fez o teu parto.

MARIA DE LARA  -  Me lembro, sim... O menino tá  grande?

JOÃO  -  Um garotão!

MARIA DE LARA  -  Queria tanto vê-lo!

JOÃO  -  Quando você pudé voltá comigo... você vê.

MARIA DE LARA  -  Vá buscar nosso filho para eu vê-lo, João. Não agüento esperar tanto tempo. É uma necessidade que eu tenho de ter meu filho perto de mim. Sinto que isto vai me ajudar muito a me recuperar mais depressa.

JOÃO  -  (pensou um pouco, em silencio, pesando os prós e os contras)  Você qué mesmo, bem?

MARIA DE LARA  -  É tudo o que eu quero.

JOÃO  -  Tá bão. Eu vou buscá ele procê. Dona Dalva fica aí até eu voltá... com nosso filho.

Num movimento impulsivo, Lara acariciou o rosto, de barbas negras, do esposo.


MARIA DE LARA  -  Desculpe-me, se não me recordo de tudo que se relaciona com você... Mas mesmo que eu não me lembrasse nunca do passado... eu creio que não seria nada difícil amar você de novo.

CORTA PARA:

CENA 2  -  COROADO  -  PENSÃO DO GENTIL PALHARES   -  QUARTO DE RODRIGO  -  INT.  -  DIA.


Pedro Barros penetrou na pensão do Gentil e se dirigiu para o quarto onde Rodrigo o aguardava há horas.


PEDRO BARROS  -  Você... seu patife... você tem o atrevimento de vir me fazer um desafio destes?

RODRIGO  -  Esperei muito tempo, coronel.  Guardei isto (mostrou uma corda gasta pelo tempo)  E tinha apenas 14 anos. Chegou o meu dia, coronel... e eu tenho a certeza de que, se o senhor aceitar a minha sugestão, vai chegar o dia também de muita gente!

PEDRO BARROS  -  Seu desavergonhado!

RODRIGO  -  Gente que, como meu pai, também foi vítima da sua maldade. Não foi só um, nem dois... foram muitos. Agora é que o senhor se faz de bonzinho, de sofredor. Mas eu lhe digo. O senhor está pagando, coronel!

PEDRO BARROS  -  (bradou, com ódio)  Miserável!

RODRIGO  -  Ah, eu é que sou miserável?

Barros agarrou na corda pardacenta, e tentou atirá-la de encontro ao rosto do rapaz.


PEDRO BARROS  -  Olha... se eu estou perdido financeiramente, você está moralmente! Eu não queria estar no seu lugar... levando nas costas a cruz que você tá levando. Eu tenho chance de recuperar minha fortuna... enquanto você nunca mais vai recuperar a sua mulher. Perdeu ela para sempre. E você sabe disso.

RODRIGO  -  Quer fazer uma aposta, coronel? (propôs, com o dedo a centímetros do nariz de Pedro Barros)  De como o senhor não vai recuperar sua fortuna... e de como eu vou ficar com a minha mulher?

PEDRO BARROS  -  Combinado, miserável! Aquele que perder faz uso disto (apontou para a corda, no chão).

RODRIGO  -  (arrematou, visìvelmente fora de si)  Combinado, coronel de araque!

CORTA PARA:

CENA 3  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS   -  QUARTO DE FALCÃO  -  INT.  -  DIA.


Deixando o quarto da pensão, Barros se encaminhou para a sua ex-casa. E durante o demorado percurso, pensava nas decisões do destino. No homem que fôra e no homem que era.

Entrou no quarto, assustando Falcão.


FALCÃO  -  Que é isto? Quem chamou o senhor aqui?

PEDRO BARROS  -  Reza pra Deus perdoar os teus pecados, porque agora eu vou te mandar pro inferno...

O coronel sacou da arma que trazia escondida na cintura e apontou-a para o inimigo.


FALCÃO  -  (levantou-se com cuidado)  Deixa de bobagem, coronel. O senhor não é doido de fazer uma coisa desta...

PEDRO BARROS  -  (friamente encarou o ex-aliado)  Quero de volta os meus direitos. O dinheiro das minhas pedras que você roubou! Quero meu garimpo! Quero a minha posição de antes, o respeito de antes, o domínio de antes... tudo o que você me tirou!

FALCÃO  -  Calma... (falou com ambas as mãos espalmadas e os braços esticados)  a gente conversa, coronel... a gente conversa, mas não faz nenhuma bobagem!

PEDRO BARROS  -  Quero tudo isso, agora, patife! Se você não pode me dar, eu te mando pro outro mundo!

FALCÃO  -  (agia com cuidado, movimentando-se na frente de Pedro Barros)  Coronel, escute... a gente se entende... eu ia mesmo mandar chamar o senhor... Escute, coronel... mas tenha calma.

Um movimento nas costas do coronel, e este virou-se repentinamente. O Delegado Castro e dois guardas estavam na sala.


FALCÃO  -  Coronel... isto é covardia... o senhor espera um pouco e eu lhe dou a sua parte... é só o senhor me dar o tempo de eu ir pegar os papéis...

PEDRO BARROS  -  Eu quero agora!

Falcão abaixou-se e Barros premiu o gatilho da arma. A voz do delegado intercalou-se ao diálogo dos dois inimigos.


DELEGADO CASTRO  -  O que é isso?

PEDRO BARROS  -  Vou matar esse miserável!

DELEGADO CASTRO  -  Parece que eu cheguei na hora H, Falcão (disse, desarmando o coronel).

FALCÃO  -  E eu lhe agradeço.

Dando alguns passos à frente, coberto pelos olhares vigilantes dos soldados, o delegado adiantou-se até Falcão.


DELEGADO CASTRO  -  Você não tem nada que agradecer. Quem tem que agradecer é a lei. Porque se o Coronel Pedro Barros tivesse acertado, eu não poderia cumprir esta ordem que chegou hoje.

FALCÃO  -  (aborrecido)  Que é isto?

DELEGADO CASTRO  -  Você... foi demitido da polícia... e esta... é uma ordem de prisão.

O delegado abriu um papel à frente da ex-autoridade.


FALCÃO  -  Pra mim? (perguntou, batendo no peito)  Pra mim? Mas...

DELEGADO CASTRO  -  Não adianta resistir, Falcão. Você está preso!

CORTA PARA:

CENA  4  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.

 
O delegado foi o primeiro a ingressar na sede da polícia de Coroado, se assim pudesse ser chamado o pequeno e retangular edifício, com xadrezes infectos e instalações desconfortáveis. Logo após seguiam o ex-delegado Falcão e os guardas que integravam o grupo de soldados encarregados da missão. 


DELEGADO CASTRO  -  (ironizou a situação)  Pode matar as saudades, Falcão... Passe para a outra sala.

CENA 5  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  CELA  -  INT.  -  DIA.


Juca estava deitado na cela mais próxima da entrada, a menos escura e mais fria, segundo os que conheciam os rigores da prisão da cidade. O diabólico capanga ergueu-se do leito.


JUCA CIPÓ  -  Que foi? Que foi?

O delegado fez um sinal e o carcereiro abriu a cela contígua.


DELEGADO CASTRO  -  É provisório, Falcão. Brevemente você será removido para a capital.

JUCA CIPÓ  -  Falcão tá preso? (perguntou, com um risinho sarcástico. Os cabelos encaracolados e a roupa suja e amarfanhada).

DELEGADO CASTRO  -  Eu disse que nesta cadeia não havia lugar para tanta gente, não disse?

JUCA CIPÓ  -  (berrou, histérico, dando pulinhos simiescos dentro do xadrez)   Viva! Falcão tá preso! Falcão tá preso! Viva!

FALCÃO  -  (gritou, enervado, devido ao barulho provocado pela alegria do imbecil)  Quer fazer este desgraçado calar a boca?

JUCA CIPÓ  -  Viva! Viva!

FALCÃO  -  Cala a boca!

JUCA CIPÓ  -  Viva! Viva! Falcão tá preso!


FIM DO CAPÍTULO  116 


 e no próximo capítulo...

***  De volta a Coroado, João descobre que o novo delegado pediu reforço policial para capturar seu irmão, Jerônimo!
*** O Delegado diz a João que dará 24 horas para que Jerônimo se entregue, ou vai invadir a aldeia onde ele se encontra!
***  Jerônimo e Potira decidem fugir juntos!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 117 DE 
MOMENTOS DECISIVOS! ÚLTIMOS CAPÍTULOS! 

e vem aí... 

 estréia dia 01 de fevereiro