Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 95
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
LÁZARO
RODRIGO
PEDRO BARROS
INDAIÁ
LÍDIA
JERÔNIMO
PADRE BENTO
CENA 1 - COROADO - CASA DE RODRIGO - EXT. - DIA.
Lázaro aguardou horas. Chegou ao centro da cidade ainda resguardado pelas sombras da madrugada. Agora o sol já banhava rios, montanhas e matas. O assassino postou-se diante da casa do promotor. Eram 8,15 quando Rodrigo abriu a porta. Pronto para o trabalho.
LÁZARO - (aproximou-se com cinismo) Dia, Dr. Rodrigo!
RODRIGO - (voltou-se sobressaltado) Bom dia! O que é?
LÁZARO - Correspondencia pro senhor! (incontinenti entregou-lhe o envelope pardo).
RODRIGO - Da parte de quem?
LÁZARO - Do dono de Coroado!
RODRIGO - Não sabia que esta cidade tinha dono!
LÁZARO - É bão sabê, agora!
RODRIGO - E quem é esse dono?
LÁZARO - Pedro Barros. Ele faz questão que se fale assim, antes de pronunciá o nome dele.
RODRIGO - É, eu vejo que as coisas aqui não estão correndo bem...
LÁZARO - (retrucou, com ironia) E vão ficá muito pió, daqui a pouco!
RODRIGO - Ele quer resposta?
LÁZARO - Depende. Pode ser que o doutô queira respondê. Se quisé pode encontrá ele no garimpo ou na casa dele.
RODRIGO - Está certo. Obrigado!
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - CASA DE RODRIGO - SALA - INT. - DIA.
À medida que lia a carta, Rodrigo empalidecia. Estava lívido e parecia ouvir perfeitamente a voz hedionda do coronel, por entre as linhas do papel:
PEDRO BARROS - (off) “... e esse retrato, tirado pelo Falcão, no dia do casamento de Jerônimo, prova tudo que eu acabei de dizer. Agora, você, seu idiota, sabe por que Jerônimo me aguentou e não podia reagir contra mim. Eu dominei ele até quando pude. De repente, ele cismou de se livrar de mim. Sinal de que a honra da tua mulher não vale mais grande coisa para ele. Agora, você faça o que bem entender. Tudo o que eu disse é a mais pura verdade.”
Rodrigo amassou a carta. Estava perdido dentro de si mesmo. O mundo fugira-lhe dos pés. Apenas uma imensa, uma incontrolável angústia comprimia-lhe o peito e a garganta.
RODRIGO - (conseguiu berrar para o interior da casa) Potira! Potira!
Indaiá apareceu, amedrontada.
RODRIGO - (mostrou a carta. Estava tenso como a corda de um violino) Você... sabia disso?
INDAIÁ - Tudo pode ser infâmia. Havia uma ameaça...
RODRIGO - Sabia? E me escondeu? Ajudou ela?
INDAIÁ - Potira é inocente e pura de alma. Se existe alguma culpa, eu não sei. E não é dela. É da tentação do demônio, em forma de homem.
RODRIGO - Onde está ela? (berrou, alucinado) Onde está ela?
Saiu desesperado, com as mãos crispadas e profundos sulcos na testa. Indaiá ficou a rezar, febrilmente.
CORTA PARA:
CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - DIA.
Pedro Barros levantou-se com agilidade, já com a mão no gatilho. Deixou ficar a arma dissimulada entre os papéis da gaveta. Rodrigo parecia desvairado. Olhos em fogo. Lábios contraídos.
PEDRO BARROS - Já te esperava...
RODRIGO - Esta... esta... carta... que o senhor... escreveu (gaguejava) é... uma... uma... infâmia.
PEDRO BARROS - Sustento tudo o que disse, rapaz! Larga mão de ser bobo... Você viu o retrato...
RODRIGO - Eu devia matá-lo! (ameaçou, dando alguns passos à frente, na tentativa de agressão. O cano do revólver deteve-o instantâneamente).
PEDRO BARROS - Cuidado comigo, moço! Te fiz um favor contando as coisas que estão acontecendo com tua mulher e teu melhor amigo! E é a mim que você quer matar? Ele é que merece sua revolta, não eu, estúpido! Não eu!
RODRIGO - O senhor se aproveitou da fraqueza dele e explorou. Aceitou a infâmia! Por vingança! É um porco miserável, imundo!
Esbravejando o promotor deixou a casa-grande, enquanto Pedro Barros, frio, o olhava irônico.
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - PRAÇA - EXT. - DIA.
O homem do realejo parou de tocar e a garotada recolheu a bola de borracha para dar passagem aos dois. De um lado Rodrigo. Do outro Jerônimo. Entre eles um destino. Lídia ainda procurou deter o marido.
LÌDIA - Jerônimo... vamos indo... você tem um compromisso.
JERÔNIMO - Não, Lídia, preciso falar com Rodrigo.
O promotor ouvira as derradeiras palavras do homem a quem dedicava sincera amizade.
RODRIGO - Precisa falar... precisa falar... seu... seu miserável!
Alguns curiosos se acercavam do local. Rodrigo não esperou resposta. Levantou o braço direito à altura do ombro e seu punho chocou-se violentamente contra o rosto do prefeito. Apanhado de surpresa, Jerônimo foi projetado a alguns metros de distancia, sobre a grama empoeirada. Levantou-se, tenso, massageando a face, arroxeada pelo impacto do murro. Um pequeno filête de sangue surgiu do canto de seus lábios.
JERÔNIMO - Rodrigo... esse não é o procedimento de um homem... a gente pode conversar... como gente! Eu tenho que defender Potira!
O promotor tornou a avançar enfurecido, fora de si. Jerônimo escorou-o estreitando a distancia entre os dois. A potência do sôco ficou contida pela proximidade dos corpos. E a robustez do garimpeiro forçou o recuo do homem da lei. Rodrigo tentou esquivar-se, mas mãos poderosas sustentaram-lhe as ações. Estava manietado.
RODRIGO - (esbravejou, colérico) Não fale o nome dela! Não fale!
Dois garimpeiros da Pedra Alta seguraram o promotor pelas costas, enquanto Padre Bento agarrava o prefeito.
PADRE BENTO - Parem, pelo amor de Deus! Vão para suas casas! Esfriem suas cabeças, depois conversem! Rua não é lugar para estas coisas!
JERÔNIMO - Eu queria explicar a ele, padre! A gente tá sendo vítima de uma infâmia. Tamo dando chance e alegria pros nossos inimigos!
RODRIGO - Eu te ensino... eu te ensino, Jerônimo! Você sujou o meu nome e isso não fica assim! Não há explicação possível!
JERÔNIMO - Você tem que aceitar minha defesa!
RODRIGO - (com ódio) Só se você morrer, agora! É a única coisa que eu aceito!
Os dois garimpeiros lutavam para conter os movimentos desordenados do promotor. Rodrigo lembrava uma fera acuada. Padre Bento interveio, procurando serenar os desafetos.
PADRE BENTO - Vamos embora! Pensem nos seus nomes, no escândalo. Um é prefeito, outro, promotor!
RODRIGO - Ele não pensou, padre! Ele não pensou!
Rodrigo afastou-se, mais controlado, ante as palavras sensatas do vigário. As janelas fechavam-se à medida que os grupos de curiosos se afastavam, seguindo os contendores. A praça fervilhava e os botecos assemelhavam-se a ninhos de marimbondos. A briga matutina era o grande tema para o resto do dia.
Lázaro aguardou horas. Chegou ao centro da cidade ainda resguardado pelas sombras da madrugada. Agora o sol já banhava rios, montanhas e matas. O assassino postou-se diante da casa do promotor. Eram 8,15 quando Rodrigo abriu a porta. Pronto para o trabalho.
LÁZARO - (aproximou-se com cinismo) Dia, Dr. Rodrigo!
RODRIGO - (voltou-se sobressaltado) Bom dia! O que é?
LÁZARO - Correspondencia pro senhor! (incontinenti entregou-lhe o envelope pardo).
RODRIGO - Da parte de quem?
LÁZARO - Do dono de Coroado!
RODRIGO - Não sabia que esta cidade tinha dono!
LÁZARO - É bão sabê, agora!
RODRIGO - E quem é esse dono?
LÁZARO - Pedro Barros. Ele faz questão que se fale assim, antes de pronunciá o nome dele.
RODRIGO - É, eu vejo que as coisas aqui não estão correndo bem...
LÁZARO - (retrucou, com ironia) E vão ficá muito pió, daqui a pouco!
RODRIGO - Ele quer resposta?
LÁZARO - Depende. Pode ser que o doutô queira respondê. Se quisé pode encontrá ele no garimpo ou na casa dele.
RODRIGO - Está certo. Obrigado!
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - CASA DE RODRIGO - SALA - INT. - DIA.
À medida que lia a carta, Rodrigo empalidecia. Estava lívido e parecia ouvir perfeitamente a voz hedionda do coronel, por entre as linhas do papel:
PEDRO BARROS - (off) “... e esse retrato, tirado pelo Falcão, no dia do casamento de Jerônimo, prova tudo que eu acabei de dizer. Agora, você, seu idiota, sabe por que Jerônimo me aguentou e não podia reagir contra mim. Eu dominei ele até quando pude. De repente, ele cismou de se livrar de mim. Sinal de que a honra da tua mulher não vale mais grande coisa para ele. Agora, você faça o que bem entender. Tudo o que eu disse é a mais pura verdade.”
Rodrigo amassou a carta. Estava perdido dentro de si mesmo. O mundo fugira-lhe dos pés. Apenas uma imensa, uma incontrolável angústia comprimia-lhe o peito e a garganta.
RODRIGO - (conseguiu berrar para o interior da casa) Potira! Potira!
Indaiá apareceu, amedrontada.
RODRIGO - (mostrou a carta. Estava tenso como a corda de um violino) Você... sabia disso?
INDAIÁ - Tudo pode ser infâmia. Havia uma ameaça...
RODRIGO - Sabia? E me escondeu? Ajudou ela?
INDAIÁ - Potira é inocente e pura de alma. Se existe alguma culpa, eu não sei. E não é dela. É da tentação do demônio, em forma de homem.
RODRIGO - Onde está ela? (berrou, alucinado) Onde está ela?
Saiu desesperado, com as mãos crispadas e profundos sulcos na testa. Indaiá ficou a rezar, febrilmente.
CORTA PARA:
CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - DIA.
Pedro Barros levantou-se com agilidade, já com a mão no gatilho. Deixou ficar a arma dissimulada entre os papéis da gaveta. Rodrigo parecia desvairado. Olhos em fogo. Lábios contraídos.
PEDRO BARROS - Já te esperava...
RODRIGO - Esta... esta... carta... que o senhor... escreveu (gaguejava) é... uma... uma... infâmia.
PEDRO BARROS - Sustento tudo o que disse, rapaz! Larga mão de ser bobo... Você viu o retrato...
RODRIGO - Eu devia matá-lo! (ameaçou, dando alguns passos à frente, na tentativa de agressão. O cano do revólver deteve-o instantâneamente).
PEDRO BARROS - Cuidado comigo, moço! Te fiz um favor contando as coisas que estão acontecendo com tua mulher e teu melhor amigo! E é a mim que você quer matar? Ele é que merece sua revolta, não eu, estúpido! Não eu!
RODRIGO - O senhor se aproveitou da fraqueza dele e explorou. Aceitou a infâmia! Por vingança! É um porco miserável, imundo!
Esbravejando o promotor deixou a casa-grande, enquanto Pedro Barros, frio, o olhava irônico.
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - PRAÇA - EXT. - DIA.
O homem do realejo parou de tocar e a garotada recolheu a bola de borracha para dar passagem aos dois. De um lado Rodrigo. Do outro Jerônimo. Entre eles um destino. Lídia ainda procurou deter o marido.
LÌDIA - Jerônimo... vamos indo... você tem um compromisso.
JERÔNIMO - Não, Lídia, preciso falar com Rodrigo.
O promotor ouvira as derradeiras palavras do homem a quem dedicava sincera amizade.
RODRIGO - Precisa falar... precisa falar... seu... seu miserável!
Alguns curiosos se acercavam do local. Rodrigo não esperou resposta. Levantou o braço direito à altura do ombro e seu punho chocou-se violentamente contra o rosto do prefeito. Apanhado de surpresa, Jerônimo foi projetado a alguns metros de distancia, sobre a grama empoeirada. Levantou-se, tenso, massageando a face, arroxeada pelo impacto do murro. Um pequeno filête de sangue surgiu do canto de seus lábios.
JERÔNIMO - Rodrigo... esse não é o procedimento de um homem... a gente pode conversar... como gente! Eu tenho que defender Potira!
O promotor tornou a avançar enfurecido, fora de si. Jerônimo escorou-o estreitando a distancia entre os dois. A potência do sôco ficou contida pela proximidade dos corpos. E a robustez do garimpeiro forçou o recuo do homem da lei. Rodrigo tentou esquivar-se, mas mãos poderosas sustentaram-lhe as ações. Estava manietado.
RODRIGO - (esbravejou, colérico) Não fale o nome dela! Não fale!
Dois garimpeiros da Pedra Alta seguraram o promotor pelas costas, enquanto Padre Bento agarrava o prefeito.
PADRE BENTO - Parem, pelo amor de Deus! Vão para suas casas! Esfriem suas cabeças, depois conversem! Rua não é lugar para estas coisas!
JERÔNIMO - Eu queria explicar a ele, padre! A gente tá sendo vítima de uma infâmia. Tamo dando chance e alegria pros nossos inimigos!
RODRIGO - Eu te ensino... eu te ensino, Jerônimo! Você sujou o meu nome e isso não fica assim! Não há explicação possível!
JERÔNIMO - Você tem que aceitar minha defesa!
RODRIGO - (com ódio) Só se você morrer, agora! É a única coisa que eu aceito!
Os dois garimpeiros lutavam para conter os movimentos desordenados do promotor. Rodrigo lembrava uma fera acuada. Padre Bento interveio, procurando serenar os desafetos.
PADRE BENTO - Vamos embora! Pensem nos seus nomes, no escândalo. Um é prefeito, outro, promotor!
RODRIGO - Ele não pensou, padre! Ele não pensou!
Rodrigo afastou-se, mais controlado, ante as palavras sensatas do vigário. As janelas fechavam-se à medida que os grupos de curiosos se afastavam, seguindo os contendores. A praça fervilhava e os botecos assemelhavam-se a ninhos de marimbondos. A briga matutina era o grande tema para o resto do dia.
FIM DO CAPÍTULO 95
Rodrigo tira satisfações com Jerônimo em plena praça de Coroado! |
e no próximo capítulo...
*** Duda e Ritinha reencontram-se na prefeitura de Coroado.
*** Alberto lê no jornal a notícia de que seus pais, Lourenço e Branca, sofreram um acidente de carro e decide ir a Belo Horizonte para saber se seu pai está vivo!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 96 DE