quinta-feira, 18 de abril de 2024

SESSÃO LEITURA - UMA GALINHA - CLARICE LISPECTOR

O texto abaixo é de autoria de Clarice Lispector.
Para maiores informações sobre o autor, favor acessar: https://www.ebiografia.com/clarice_lispector/.
Boa leitura!

UMA GALINHA

Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
— Eu também! jurou a menina com ardor.
A mãe, cansada, deu de ombros.
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: “E dizer que a obriguei a correr naquele estado!” A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

Fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4984737/mod_resource/content/1/Uma%20galinha%2C%20de%20CL.pdf.

SESSÃO ABERTURA DE PROGRAMA HUMORÍSTICO - CHICO ANYSIO SHOW (1982)

O humorístico Chico Anysio Show foi apresentado  pela TV Rio entre 1960 e 1963 e pela Rede Globo entre 1982 e 1990.
Para maiores informações sobre o programa, favor acessar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Anysio_Show.
Boa diversão!

quarta-feira, 17 de abril de 2024

SESSÃO SAUDADE - SÉRGIO RICARDO

A homenagem de hoje vai para o compositor, cantor, ator, instrumentista, cineasta e artista plástico Sérgio Ricardo.



Embora tenha atuado como ator e cineasta, destacou-se principalmente como cantor e compositor, participando de festivais de músicas emblemáticos, como o II Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), o Festival da TV Excelsior de São Paulo e o Festival Internacional da Canção da TV Globo. Destacou-se ainda como compositor de trilhas sonoras de filmes famosos como Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, obras de Glauber Rocha.
Foi um dos participantes do movimento da Jovem Guarda e destacou-se também por suas canções de protesto.
Obrigado, Sérgio Ricardo, por seus múltiplos talentos que tanto contribuíram para nossa cultura!
Descanse em paz!
Para saber mais sobre este artista, favor acessar: https://dicionariompb.com.br/artista/sergio-ricardo/.
Com o objetivo de homenageá-lo, reproduzimos abaixo seu sucesso Zelão com sua interpretação.


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=tV5W6Nu3_WM

 
LETRA
 
ZELÃO
 
Compositor: Sérgio Ricardo
 
Todo morro entendeu quando o Zelão chorou
Ninguém riu, ninguém brincou, e era Carnaval
No fogo de um barracão
Só se cozinha ilusão
Restos que a feira deixou
E ainda é pouco só
Mas assim mesmo o Zelão
Dizia sempre a sorrir
Que um pobre ajuda outro pobre até melhorar
 
Choveu, choveu
A chuva jogou seu barraco no chão
Nem foi possível salvar violão
Que acompanhou morro abaixo a canção
Das coisas todas que a chuva levou
Pedaços tristes do seu coração.
 
Fonte: https://www.letras.mus.br/sergio-ricardo/481480/

SESSÃO HUMOR

Três sócios partilhavam o mesmo escritório, no 60º andar de um prédio. Certo dia, quando eles entraram no prédio, a luz acabou. Como tinham compromissos inadiáveis, não havia outra solução a não ser subir os 60 andares pela escada.
- Tenho uma ideia! - disse um deles. - Eu sou bom de piadas. Posso contar piadas nos primeiros vinte andares. Você - apontou para um dos seus sócios - adora ler livros de aventura. Pode nos contar alguma história nos próximos 20 andares. E você - apontou para o terceiro sócio - adora histórias tristes. Que tal nos contar alguma história triste para nos entreter nos últimos 20 andares?
Todos concordaram e começaram a subir. Nos primeiros 20 andares, todos se divertiram com as piadas e nem notaram quando chegaram ao 20º andar. Até o 40º andar, todos se entretiveram com uma história incrível de ação e aventura. Quando chegaram ao 40º andar, o sócio que iria contar uma história triste disse:
- Eu tenho uma história muito triste para contar. Mas muito triste mesmo. Vocês não podem nem imaginar o tamanho da desgraça.
- Diga lá - disse um dos sócios.
- Esquecemos as chaves na recepção.

Fonte: https://www.maioresemelhores.com/piadas-antigas-mais-engracadas/.

terça-feira, 16 de abril de 2024

SESSÃO REMAKE MUSICAL - NOBODY LOVES ME LIKE YOU DO - ANNE MURRAY AND DAVE LOGGINS

A canção Nobody Loves Me Like You Do, que teve como um dos seus intérpretes Whitney Houston e Jermaine Jackson, é interpretada no vídeo abaixo por Anne Murray and Dave Loggins.
Para ouvir a versão de Whitney Houston e Jermaine Jackson, favor acessar: https://biscoitocafeenovela.blogspot.com/2024/04/sessao-tunel-do-tempo-musical-nobody.html.
Boa diversão!



LETRA

NOBODY LOVES ME LIKE YOU DO

Composers: James Patrick Dunne / Pamela Phillips-Oland

Like a candle burning bright
Love is glowing in your eyes
A flame to light our way
That burns brighter everyday
Now I have you
Nobody loves me like you do

Like a leaf upon the wind
I could find no place to land
I dreamed the hours away
And wondered everyday
Do dreams come true
Nobody loves me like you do

What if I'd never met you
Where would I be right now
Funny how life just falls in place somehow
You've touched my heart in places
That I never even knew
Nobody loves me like you do

I was words without a tune
I was a song still unsung
A poem with no rhyme
A dancer out of time
But now there's you
And nobody loves me like you do

What if I'd never met you
Where would I be right now
Funny how life just falls in place somehow
You've touched my heart in places
That I never even knew
Nobody loves me
Nobody loves me
Nobody loves me like you do
Nobody loves me like you do

TRADUÇÃO

NINGUÉM ME AMA COMO VOCÊ

Compositores: James Patrick Dunne / Pamela Phillips-Oland

Como uma chama acesa
O amor incendeia em seus olhos
Uma luz para iluminar o nosso caminho
Que irradia cada vez mais, todos os dias
Agora que tenho você
Ninguém me ama como você

Como uma folha ao vento
Eu não encontrava um lugar para descansar
Sonhava horas sem fim
E me perguntava todos os dias
Se os sonhos se realizavam
Ninguém me ama como você

O que aconteceria se eu não te encontrasse
Onde eu estaria agora?
Engraçado como a vida encontra o seu lugar de alguma forma
Você tem tocado o meu coração de um jeito
Que eu nunca tinha visto
Ninguém me ama como você

Eu era palavras sem ajustes
Uma canção ainda não cantada
Um poema sem rima
Alguém que dança fora do ritmo
Mas agora que tenho você
Ninguém me ama como você

O que aconteceria se eu não te encontrasse
Onde eu estaria agora?
Engraçado como a vida encontra o seu lugar de alguma forma
Você tem tocado o meu coração de um jeito
Que eu nunca tinha visto
Ninguém me ama
Ninguém me ama
Ninguém me ama como você
Ninguém me ama como você

Fonte da letra e tradução: https://www.letras.mus.br/whitney-houston/18477/traducao.html

SESSÃO TÚNEL DO TEMPO MUSICAL - NOBODY LOVES ME LIKE YOU DO - WHITNEY HOUSTON AND JERMAINE JACKSON

A canção Nobody Loves Me Like You Do, interpretada por Whitney Houston e Jermaine Jackson, fez parte da trilha sonora da novela Um Sonho a Mais, apresentada pela Rede Globo no horário das 19h de 4 de fevereiro a 2 de agosto de 1985.
Para maiores informações sobre a novela, favor acessar: https://teledramaturgia.com.br/um-sonho-a-mais/.
Boa diversão!



LETRA

NOBODY LOVES ME LIKE YOU DO

Composers: James Patrick Dunne / Pamela Phillips-Oland

Like a candle burning bright
Love is glowing in your eyes
A flame to light our way
That burns brighter everyday
Now I have you
Nobody loves me like you do

Like a leaf upon the wind
I could find no place to land
I dreamed the hours away
And wondered everyday
Do dreams come true
Nobody loves me like you do

What if I'd never met you
Where would I be right now
Funny how life just falls in place somehow
You've touched my heart in places
That I never even knew
Nobody loves me like you do

I was words without a tune
I was a song still unsung
A poem with no rhyme
A dancer out of time
But now there's you
And nobody loves me like you do

What if I'd never met you
Where would I be right now
Funny how life just falls in place somehow
You've touched my heart in places
That I never even knew
Nobody loves me
Nobody loves me
Nobody loves me like you do
Nobody loves me like you do

TRADUÇÃO

NINGUÉM ME AMA COMO VOCÊ

Compositores: James Patrick Dunne / Pamela Phillips-Oland

Como uma chama acesa
O amor incendeia em seus olhos
Uma luz para iluminar o nosso caminho
Que irradia cada vez mais, todos os dias
Agora que tenho você
Ninguém me ama como você

Como uma folha ao vento
Eu não encontrava um lugar para descansar
Sonhava horas sem fim
E me perguntava todos os dias
Se os sonhos se realizavam
Ninguém me ama como você

O que aconteceria se eu não te encontrasse
Onde eu estaria agora?
Engraçado como a vida encontra o seu lugar de alguma forma
Você tem tocado o meu coração de um jeito
Que eu nunca tinha visto
Ninguém me ama como você

Eu era palavras sem ajustes
Uma canção ainda não cantada
Um poema sem rima
Alguém que dança fora do ritmo
Mas agora que tenho você
Ninguém me ama como você

O que aconteceria se eu não te encontrasse
Onde eu estaria agora?
Engraçado como a vida encontra o seu lugar de alguma forma
Você tem tocado o meu coração de um jeito
Que eu nunca tinha visto
Ninguém me ama
Ninguém me ama
Ninguém me ama como você
Ninguém me ama como você

Fonte da letra e tradução: https://www.letras.mus.br/whitney-houston/18477/traducao.html

segunda-feira, 15 de abril de 2024

SESSÃO RETRÔ - VARIEDADES - SÍLVIO CESAR

A reportagem abaixo foi publicada na revista Contigo nr. 51, que foi às bancas em dezembro de 1967.
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Boa diversão!