Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 18
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JOÃO
PADRE BENTO
MARIA DE LARA
SINHANA
JERÔNIMO
POTIRA
DUDA
RITINHA
NECO
FAUSTO PAIVA
DALVA
DR. MACIEL
DELEGADO FALCÃO
PEDRO BARROS
CENA 1 - CHOUPANA DA FLORESTA - INT. - DIA.
A porta se abriu e João Coragem entrou com o Padre Bento. O sacerdote com a Bíblia entre as mãos, parou diante da imagem de Lara, ajoelhada, orando contritamente.
A porta se abriu e João Coragem entrou com o Padre Bento. O sacerdote com a Bíblia entre as mãos, parou diante da imagem de Lara, ajoelhada, orando contritamente.
JOÃO - Aí está ela... como eu deixei... e não parece a mesma... de antes.
PADRE BENTO - (achegou-se, suavemente) Minha filha...
MARIA DE LARA - (levantou o rosto) Padre! (levantou-se e beijou-lhe as mãos) Que que está acontecendo comigo?
PADRE BENTO - Não sei... João foi me chamar... e está tão atordoado quanto você...
JOÃO - Eu pensei que ela nem esperasse a gente voltar.
PADRE BENTO - Que que está sentindo, minha filha?
MARIA DE LARA - Não sei como vim parar aqui... nem o que estava fazendo em companhia deste homem...
JOÃO - Ela não sabe, mas eu lembro, padre! Ou ela tá fingindo... ou... ou não existe explicação, padre.
João esforçava-se para contar a verdade, mas as palavras não se encaixavam dentro de sua vontade. Ele não sabia por onde começar.
JOÃO - Eu quero dizer que... que eu e você...
MARIA DE LARA - Sim, continue... que eu e o senhor... o quê? ( o padre ia falar. Lara interveio) Eu quero que ele diga. Diga a verdade, senhor João. Por favor... eu lhe dou liberdade de falar tudo o que tem contra mim...
JOÃO - Não é contra, moça... não é isso que eu quero lhe dizer.
MARIA DE LARA - Então o que é?
JOÃO - Que eu e você...
Lara fitava-o angustiadamente. João tentava contar a verdade. As palavras escapavam-lhe. A jovem insistia diante da presença tranqüilizadora do sacerdote.
JOÃO - Leva essa mulher logo embora daqui, padre!
MARIA DE LARA - Seu João... eu lhe peço desculpas. Pode ter a cer...
JOÃO - (cortou) Vai embora!
O padre compreendeu o dilema do rapaz.
PADRE BENTO - Vá... vá, Lara... entre no meu carro e espere. Vou dar duas palavrinhas com João...
Depois que Lara deixou a pequena sala, o padre voltou a falar.
PADRE BENTO - João... voce fez muito bem em não dizer... tudo aquilo que me contou...
JOÃO - Eu tou ficando louco. Não entendo, padre. Que é que eu faço? Não entendo!
PADRE BENTO - Tenho certeza de que ela não está fingindo. E nem sei mesmo como é que uma criatura, como aquela moça, pode ter feito tudo aquilo que você me disse.
João encarou o padre, com decisão.
JOÃO - Ela é minha... minha mulher. Ela me pertence, padre! Me pertence!
PADRE BENTO - João, guarda isso só para você. Pelo amor de Deus, esqueça tudo aquilo que me contou. Eu ouvi como se fosse uma confissão. Juro que de mim não sairá uma única palavra.
JOÃO - (esmurrou a parede) Diabo! Diabo! Por que isto tinha de acontecer comigo. Logo comigo?
Padre Bento retirou o terço do bolso, abriu a Bíblia. Entregou-os ao rapaz.
PADRE BENTO - Você tem de jurar sobre esta cruz, João. Jure que só eu e você... teremos conhecimento... do que houve entre você e aquela pobre moça.
João segurou a cruz, comprimiu-a entre as mãos potentes. Beijou a imagem de Cristo.
JOÃO - Eu juro, padre. Juro sobre a cruz de Cristo!
CORTA PARA:
CENA 2 - RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.
No rancho da família Coragem, Potira contava o que vira a Sinhana e Jerônimo.
CENA 2 - RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.
No rancho da família Coragem, Potira contava o que vira a Sinhana e Jerônimo.
POTIRA - (falava nervosamente) ... aí, mãe Sinhana... ela se abaixou... gritando... Jão tava segurando ela, forte! Ele largou de susto. Ela chorou, chorou... depois se levantou, ergueu a cabeça... e já parecia outra mulher!
SINHANA - (benzendo-se) -Parece coisa feita!
POTIRA - Parecia mesmo.
JERÔNIMO - (sorrindo) Então a gente tinha razão. A gente tinha razão. Ela disse que era filha de Pedro Barros?
POTIRA - Sim. Disse pra nós ouvir, bem claro...
Sinhana investiu contra o filho do meio.
SINHANA - Cê tá alegre com a disgraça do seu irmão?
João ouviu aquelas palavras quando entrava na sala.
JOÃO - De que é que está falando?
A velha Sinhana resolveu dizer a verdade.
SINHANA - Filho, Potira disse...
JOÃO - Potira fala demais. Eu proíbo oceis de espalhá isso que foi dito aqui. Proíbo e exijo que respeitem ela...
JERÔNIMO - Isso é o que a gente vai vê .
Já a noite começava a virar a madrugada. A aragem fria penetrava suave pela porta aberta. Sinhana benzeu-se diante do pequeno altar. Orava. Potira acendia as velas dos santos – pensava em Jerônimo. João olhava a escuridão dos céus. Negros como os seus olhos e como o futuro que o aguardava.
CENA 3 - SEDE DO FLAMENGO - CONCENTRAÇÃO - INT. - E APTO. DE DUDA - INT. - DIA.
O telefone tilintou na espaçosa sala de descanso. Os jogadores esperaram a chamada. Fausto Paiva atendeu.
O telefone tilintou na espaçosa sala de descanso. Os jogadores esperaram a chamada. Fausto Paiva atendeu.
FAUSTO PAIVA - Duda... telefone para você. Acho que é a tua mulher de novo. Parece que ela não compreendeu que não deve te encher na concentração.
Duda levantou-se e pôs o fone ao ouvido.
DUDA - Alô! Que é, Ritinha? Não te disse que não deve me amolar a paciência aqui, na concentração? Pra que me desobedeceu?
RITINHA - Chegou um telegrama, Eduardo. De Jerônimo. Eles saíram ontem de Coroado. Vão chegar hoje ás oito horas da noite...
DUDA - O quê? Jerônimo vem aí?
RITINHA - Vem, com sua mãe.
DUDA - (quase deixou o aparelho cair) Com mãe? Mas que é que aqueles dois vêm fazer no Rio? O quê? Alô! Tá me ouvindo, Ritinha? Que é que meu irmão e mãe vêm fazer aqui?
Rita de Cássia respondeu baixinho, num tom quase inaudível, como se receasse que o marido ouvisse.
RITINHA - Eu... chamei, Eduardo.
O rapaz não ouvira nada.
DUDA - Fala mais alto!
RITINHA - (repetiu, elevando o volume da voz) Fui eu... que chamei, Eduardo.
DUDA - Não estou ouvindo.
RITINHA - Eu chamei. Ouviu... benzinho. Eu chamei...
DUDA - Você é uma tonta! Uma imbecil! Onde se viu, imbecil, está me ouvindo? Imbecil!
Ritinha desligou. Com cuidado. Choramingava, quando colocou o fone no gancho.
CENA 4 - SEDE DO FLAMENGO - CONCENTRAÇÃO - INT. - DIA.
Aflito, Duda conversava com Neco.
CENA 4 - SEDE DO FLAMENGO - CONCENTRAÇÃO - INT. - DIA.
Aflito, Duda conversava com Neco.
DUDA - Em suma, minha família vai chegar dentro de algumas horas.
NECO - E qual o problema?
DUDA - Aí está o problema: nem minha mãe nem Jerônimo conhecem o Rio de Janeiro. Quem os levará até o apartamento? Rita? Ela não conhece nem um metro além da nossa residencia.
NECO - Que situação... e agora?
DUDA - Agora... só existe uma saída!
CORTA PARA:
CENA 5 - SEDE DO FLAMENGO - CONCENTRAÇÃO - INT. - NOITE.
Era noite. Todo o elenco do primeiro time e os regra-três se achavam diante do televisor. Chico Anísio fazia das suas no vídeo iluminado. Fausto Paiva olhou a turma. Sim. Faltava um.
CENA 5 - SEDE DO FLAMENGO - CONCENTRAÇÃO - INT. - NOITE.
Era noite. Todo o elenco do primeiro time e os regra-três se achavam diante do televisor. Chico Anísio fazia das suas no vídeo iluminado. Fausto Paiva olhou a turma. Sim. Faltava um.
FAUSTO PAIVA - Cadê o Duda?
NECO - (justificando) Ainda está ressonando...
FAUSTO PAIVA - Não foi jantar... só está querendo dormir... que negócio e êsse? Está de pileque? Alguém andou infringindo as regras?
NECO - Não, senhor. Ele está... meio gripado...
FAUSTO PAIVA - Eu vou ver.
CORTA PARA:
CENA 6 - CONCENTRAÇÃO - DORMITÓRIO - INT. - NOITE.
As camas forradas de branco davam um aspecto hospitalar ao grande salão-dormitório. Fausto abriu a porta. Numa das camas, próximo á janela central, havia alguém dormindo. Coberto da cabeça aos pés. Fausto aproximou-se.
CENA 6 - CONCENTRAÇÃO - DORMITÓRIO - INT. - NOITE.
As camas forradas de branco davam um aspecto hospitalar ao grande salão-dormitório. Fausto abriu a porta. Numa das camas, próximo á janela central, havia alguém dormindo. Coberto da cabeça aos pés. Fausto aproximou-se.
FAUSTO PAIVA - Que é que há, Duda? Não está se sentindo bem? Vamos ver isso, rapaz...
Neco surgiu na claridade da porta. Fausto Paiva insistiu.
FAUSTO PAIVA - Ei, Duda, acorda pra cuspir! Vamos lá ver que soneira é essa...
Neco ainda tentou explicar, mas era tarde. O severo treinador acabara de suspender a colcha. Sobre a cama, apenas alguns travesseiros habilmente arranjados. De Duda nem a sombra. Fausto virou fera.
FAUSTO PAIVA - Onde está ele? Onde está aquele irresponsável?
CENA 7 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. NOITE.
Maria de Lara tomava o chá caseiro, recomendado pelo Dr. Maciel. Conversava com a tia.
MARIA DE LARA - Por que mentiu ao doutor?
DALVA - Eu menti?
MARIA DE LARA - Escondeu que, quando eu voltei a mim, estava em companhia de João Coragem. O Padre Bento também omitiu isso, por quê?
DALVA - Porque... o padre foi prudente. A gente desta cidade malda muito as coisas. Podiam não entender que você desfaleceu e o senhor João a encontrou... como da primeira vez.
MARIA DE LARA - Por que é sempre ele que me encontra?
DALVA - Não sei... deve ser coincidência...
Lara tomou um gole do chá, engasgando-se com repentino soluço. A xícara balançava em suas mãos. Dalva correu a ajudá-la.
DALVA - Lara! Lara! O que é isso?
MARIA DE LARA - A senhora não me engana. O que está se passando não é normal. Eu não me sinto bem. Perco a noção do tempo, facilmente. Quando volto a mim, estou em companhia de um homem que me é completamente estranho e indiferente. E ele me diz coisas absurdas que me fazem perceber que existe alguma coisa séria entre nós dois. E a senhora me afirma que nada disto é importante?
A moça levantou-se e caminhou até o guarda-roupa. Escolheu um vestido verde, sem decote, saia rodada. Desceu para falar com Pedro Barros. O coronel a esperava ansiosamente, ao lado do Dr. Maciel e do Delegado Falcão. A casa grande era toda alegria.
FIM DO CAPÍTULO 18
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# JOÃO LEVA O PADRE BENTO ATÉ DIANA. O PADRE O FAZ JURAR QUE NÃO CONTARÁ A NINGUÉM O QUE ACONTECEU ENTRE ELE E A FILHA DO CORONEL.
# DUDA, AO RETORNAR Á CONCENTRAÇÃO DO FLAMENGO, TERÁ DE ENFRENTAR A FÚRIA DO TÉCNICO FAUSTO PAIVA, QUE DESCOBRIU SUA FUGA PARA IR AO ENCONTRO DA MÃE E DO IRMÃO, JERÔNIMO, QUE ACABARAM DE CHEGAR AO RIO DE JANEIRO.
# JOÃO LEVA O PADRE BENTO ATÉ DIANA. O PADRE O FAZ JURAR QUE NÃO CONTARÁ A NINGUÉM O QUE ACONTECEU ENTRE ELE E A FILHA DO CORONEL.
# DUDA, AO RETORNAR Á CONCENTRAÇÃO DO FLAMENGO, TERÁ DE ENFRENTAR A FÚRIA DO TÉCNICO FAUSTO PAIVA, QUE DESCOBRIU SUA FUGA PARA IR AO ENCONTRO DA MÃE E DO IRMÃO, JERÔNIMO, QUE ACABARAM DE CHEGAR AO RIO DE JANEIRO.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 19 DE