segunda-feira, 7 de abril de 2014

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 30 - PARTE 2 - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 30

Gabriele e as gêmeas foram fazer uma visita ao Dr. Otávio. Era a primeira vez que Gabriele iria visitá-lo. Ao chegarem, Gabriele olhou para as duas:
— Meninas, posso ter uma conversa particular com ele primeiro?
As gêmeas concordaram.
Gabriele entrou no quarto. A cama do Dr. Otávio estava reclinada. Ele ainda mantinha alguns aparelhos ligados a ele, mas estava em uma situação muito melhor que antes. Assim que entrou, Gabriele sentou-se ao lado do Dr. Otávio, que estava de olhos fechados. Sentindo a presença de alguém, ele abriu os olhos.
— Dr. Otávio.
Otávio sorriu. Parecia que sabia exatamente o que Gabriele iria dizer.
— Me desculpe... Por ter escondido por tanto tempo que Viviane não era sua neta biológica. E por só agora vir aqui vê-lo.
— Não tem problema. Todos nós cometemos erros nas nossas vidas. Deve ter sido difícil para você guardar isso por tanto tempo...
— Eu realmente sinto muito. Eu me sinto muito envergonhada. Sei que não mereço o perdão de ninguém, sempre soube. Deve ser por isso que sempre aceitei o comportamento da minha filha.
— Não fale sobre isso, está no passado agora.
Gabriele suspirou, preparando-se para falar o que viera falar ali.
— Dr. Otávio, queria pedir permissão ao senhor... Logo que o senhor voltar à mansão e estiver bem melhor, gostaria de voltar para a Itália para junto da minha irmã que mora lá. Se eu ficar mais tempo aqui, talvez minha relação com a Vivi piore ainda mais, então, acho que nós duas precisamos de algum tempo.
Otávio ficou calado por um instante.
— Se acha que deve fazer... Não vou impedi-la. Mas tenho que dizer que não deveria se afastar apesar de tudo, no entanto a decisão final é sua.
— Obrigada por me compreender, Dr. Otávio.
***
Viviane chegou em casa, não tinha tido um bom dia. Foi direto para o quarto. Gabriele, que vinha da sala principal, percebeu que a filha tinha chegado e subiu para conversar com Viviane. Entrou logo que bateu à porta. Viviane estava deitada na cama.
— Vivi, o que aconteceu? – perguntou.
Viviane levantou-se e, em seguida, sentou-se na cama.
— Nada, não aconteceu nada... – e olhando para a mãe. – Mas por que a senhora está aqui?
Gabriele se aproximou.
— Preciso falar algo importante com você.
— Então, diz logo, que hoje eu não estou com muita paciência... Já basta aquela Emily...
— Emily?
— Já disse não é nada... – e já impaciente. – A senhora vai demorar muito?
Gabriele sorriu um sorriso tímido.
— Não, claro que não... É só que eu queria avisar que eu... – disse fazendo uma pequena pausa. – Estou indo embora para a Itália.
Viviane olhou para a mãe.
— E?
— Pretendo passar um bom tempo lá. Talvez um ano ou dois anos. Na verdade, não tenho previsão de retorno.
— Que bom para a senhora... A Itália é muito bonita.
― Você está bem com isso? – perguntou Gabriele, na esperança de ver algum interesse por parte de Viviane.
Viviane suspirou como se estivesse entediada.
― Estou. Não é como se fosse algo diferente do que tenho vivido esses anos. Mas eu já tinha ouvido falar nisso, então tanto faz.
Gabriele sorriu.
— É que eu achei que era melhor vir falar com você pessoalmente.
— Não precisava. – disse Viviane sem interesse. – Você é dona da sua própria vida, não precisa me dar satisfações.
Gabriele ia saindo. Viviane olhou para a mãe e a falou algo meio sem jeito.
— Boa viagem. – disse Viviane em tom baixo, desviando o olhar.
Gabriele tentou disfarçar a surpresa.
— Ah... Obrigada. – disse, saindo.
***
No dia seguinte, logo cedo, Fabrício foi à mansão.
— Oi, Fabrício! – disse Mariana ao ver o rapaz na sala, esperando a irmã.
— Oi, Mariana. – cumprimentou sorridente. – Sua irmã vai demorar muito?
Mariana sorriu.
 — A Manu está se arrumando só para você, sabia? Ela não era assim, agora, fica horas e horas na frente do espelho. – disse, rindo.
— O que você está dizendo, hein, Mariana? – perguntou Emanuela, que descia as escadas.
Fabrício riu.
— Vocês duas são sempre assim? Sempre fazendo brincadeiras uma com a outra? Vocês parecem muito unidas...
Mariana riu.
— Unidas? Que nada. Quando éramos menores, vivíamos brigando por qualquer coisinha. Isso tudo por que ela é uma chata de galocha.
Emanuela ficou de boca aberta.
— Então, eu sou a chata? – disse ela, se aproximando da irmã. – E você é o quê? A garota mais simpática da face da terra?
— Óbvio, não? – disse ela. – Linda, simpática, inteligente e... modesta!
Fabrício e Emanuela riram.
— Mas, mudando de assunto, mana. – disse Mariana curiosa. – Para onde vocês vão?
— Vamos passear um pouco... – respondeu Fabrício. – Por quê? Você quer vir com a gente?
Mariana abriu a boca.
— E pousar de vela? Sem chance! – disse, pegando uma revista e dramatizando. – Prefiro ficar aqui, com a minha revista... Sozinha... Sem ninguém... Já que me tomaram a minha irmã...
Emanuela sentou-se ao lado da irmã.
— Tem certeza que não quer vir com a gente? Vai que você acha um príncipe encantado? – disse sorrindo.
Mariana olhou para a irmã.
— Manu... O buraco está mais embaixo. O mar está mais pra sapo do que pra príncipe do reino das águas claras...
Emanuela riu.
— Mari, o problema é que você é exigente demais. – e como tendo uma ideia. – E o Dr. Rafael? Você vivia indo para o hospital para conversar com ele... Pensei que tinha algo entre vocês...
Mariana fechou a revista e olhou para a irmã.
— Emanuela, não exagera... O Dr. Rafael é só um amigo. Só amigo. E se a Viviane escuta isso, eu estou morta e enterrada. – e olhando para os dois. – Mas vocês não estão demorando a sair?
— Você não quer mesmo vir com a gente? – insistiu a irmã.
— Vão em paz, meus filhinhos... Eu dou a minha benção.
Emanuela e Fabrício riram.
— Tudo bem, então, a gente está indo... – disse Fabrício, pegando na mão de Emanuela e saindo pela porta principal da mansão.
Os dois entraram no carro. Fabrício só parou, quando chegaram ao calçadão perto da praia, onde resolveram caminhar um pouco.
— Sua irmã é muito espontânea, não? – disse Fabrício.
Emanuela sorriu e, depois, ficou um pouco pensativa.
― É verdade. Ela é muito simpática... Mas...
― Mas o quê?
― Tem algo estranho... Você não notou?
― O quê? Não notei nada. Era para ter notado?
― Talvez não tenha notado, porque não a conhece muito tempo. Mas Mariana estava estranha. Ela normalmente é simpática, mas só fica expansiva demais, quando...
― Quando o quê?
― Não é nada. Talvez eu esteja imaginando. Afinal, se estivesse acontecendo alguma coisa, ela teria me dito.
***
A primeira aula de Viviane tinha acabado de terminar quando Verônica apareceu na porta da sala.
— Por que você sempre é a última a sair?
Viviane saiu da sala e Verônica a acompanhou.
— O que foi? – perguntou Viviane, notando certa ansiedade da amiga.
— É só uma coisinha que eu descobri sobre o Gabriel... Acho que você gostaria de saber.
Viviane não entendeu.
— Eu? Por que eu gostaria de saber sobre o Gabriel? Mesmo que eu tenha dito que vou tomá-lo da Emily, não é porque eu tenha interesse nele... Tenho mais coisas para me preocupar...
Verônica riu.
— Também é relacionado com a Emily...
Ao ouvir aquele nome, Viviane parou. 
— Agora parece que realmente é interessante. E aí o que descobriu?
Verônica chegou mais perto de Viviane e sussurrou-lhe.
— Parece que Emily está planejando uma festa no próximo mês.
— E o que tem isso?
— Bem, é claro que não é só isso... Ouvi dizer que Emily está planejando fazer você sabe o quê com o Gabriel.
— Quê?
— Isso mesmo. Parece que ela está determinada a ganhar o coração dele de qualquer forma.
Viviane ficou boquiaberta.
— Você tem certeza? Nossa... Se eu deixar o relacionamento deles chegar a esse ponto, acho que vai ser difícil para eu conseguir minha vingança... Antes disso, vou ter que dar um jeito de me aproximar de Gabriel e agarrá-lo.
— E se não der certo? Depois do que aconteceu, acho que Gabriel vai se distanciar de você. Ele é do tipo sério demais, quando se mexe com os amigos.
— Tem razão... Mas se não der certo, então, eu mesma vou nessa festa e tento arruinar o plano dela pessoalmente.
Verônica concordou.
— Claro! – e um pouco desanimada. – Mas tem uma coisinha...
— O quê? – perguntou Viviane displicente.
— É que essa festa não é livre... Apenas os convidados portando o convite vão poder entrar lá. Então, acho que vai ter que dar um jeito.
Vivi não parecia preocupada com isso.
— Na hora eu dou um jeito. Não acredito que vão impedir Viviane Alcântara entrar em uma festa. – e sorrindo. – As pessoas, em geral, querem que eu apareça.
Verônica riu meio sem graça.
— E você esqueceu que sua popularidade atualmente está em baixa? O que estou dizendo... Para começar, ela nunca esteve em alta.
— Engraçadinha. Eu já disse, isso é o de menos. Falta um mês para a festa. Daqui para lá vou dar o meu jeito. Sabendo onde e quando, o resto eu me arranjo.
***
Fabiano estava em sua sala, onde verificava alguns documentos. De repente, alguém bateu à porta e colocou a cabeça para dentro. Era Rafael.
— Dr. Fabiano, a reunião dos médicos foi adiada para as cinco da tarde...
Fabiano olhou rapidamente para a porta enquanto voltava a atenção para os papéis que verificava.
— Obrigado por avisar.
Rafael ia sair, quando pensou duas vezes e entrou na sala, fechando a porta atrás de si.
— Fabiano, hoje, alguns médicos marcaram de sair... Você não gostaria de vir com a gente?
— Não, obrigado. – respondeu ele, sem tirar os olhos do papel.
Rafael ficou em silêncio por um instante, enquanto observava o amigo concentrado no que fazia.
— Eu só convidei por que ultimamente você tem estado muito concentrado no trabalho... Então, seria bom, você, sei lá, sair um pouco da rotina... Conhecer novas garotas...
Fabiano sorriu.
— Novas garotas? – disse, olhando de relance para o colega e voltando os olhos para os documentos que organizava. – Eu acho que você realmente está precisando de garotas por perto... Afinal, a Viviane tem vindo com menos frequência ao hospital.
— Ih... Resolveu pegar no meu pé? – perguntou Rafael, e curioso. – Mas o que aconteceu mesmo com ela? Tinha notado mesmo que algo tinha mudado na rotina.
Fabiano sorriu.
— Eu não disse? Já está sentindo falta da garota... – e olhando para Rafael um pouco mais sério. – Mas ela tem estado diferente mesmo depois do que aconteceu.
O Dr. Rafael percebeu sobre o que Fabiano falava.
— E não é para menos... – comentou Rafael. – Na idade dela passar por aquilo... – disse ele pensativo.
Fabiano olhou para Rafael e riu.
— O que foi? Está se compadecendo dela? Olha que esse é o primeiro passo para a paixão...
— Por favor, Fabiano, você sabe o que eu penso disso. – e olhando para o amigo. – Mas e você? Como vai a Rebeca?
Rafael percebeu que a expressão de Fabiano mudou completamente. Fabiano levantou-se e colocou guardou alguns exames em um móvel.
— Acho que meu trabalho aqui terminou. E não quero falar sobre isso.
Rafael estranhou aquela reação.
— O que aconteceu? Pensei que a relação de vocês estava evoluindo. – e sorrindo. – Não me diga que já teve uma DR com ela?
Fabiano olhou sério para o colega.
— Eu já disse, não quero falar sobre isso.
Rafael percebeu que Fabiano não estava a fim de brincadeiras.
— Tudo bem, então. De qualquer forma, o convite está feito. – disse, saindo, enquanto observava o amigo que voltava ao trabalho.
***
Rebeca tomava um chá com a vizinha, pois Marcos a dispensara por aquele dia. Dona Jandira falava sobre a sua vida, como sempre fizera, e sobre seus filhos e netos.
— Eu gostaria mesmo que você conhecesse meus filhos... Quem sabe você não se interessaria por algum. Você é uma boa moça... – e olhando para Rebeca, que estava com o olhar perdido, enquanto observava a xícara de chá. – O que aconteceu, minha filha? Não me parece muito bem.
Rebeca pareceu acordar de seus devaneios.
— O quê? Não... Não aconteceu nada...
Dona Jandira sorriu.
— Você pode falar comigo sobre qualquer coisa, você sabe...
Rebeca olhou para a vizinha e pareceu decidir o que falava.
— Dona Jandira, devemos contar todos os nossos segredos para as pessoas que amamos?
— Como assim?
— Sim... Tem uma pessoa que eu amo muito, mas se eu contar a verdade a ela, talvez passe a me odiar... No entanto, talvez agora, ela já esteja começando a me odiar. Então, o que eu deveria fazer?
Dona Jandira sorriu.
— E por que não dizer?
Rebeca ficou confusa.
— Mesmo arriscando tudo?
— Nunca se sabe o que vai acontecer, não é? Às vezes, subestimamos a capacidade de perdoar das pessoas, às vezes, superestimamos. Em todo caso, se acha que ele já está te odiando, então, não tem muita coisa a perder, tem?
Rebeca sorriu, aquela senhora tinha sua lógica, mas mais do que contar, não tinha coragem suficiente para isso. Havia muita coisa envolvida e muitas pessoas também.
***
Fernandes estava em seu escritório na boate, quando alguém bateu à porta. Era a sua irmã.
— O que foi Rosália? – perguntou, logo quando ela entrou.
Rosália olhou para o irmão com o olhar de desaprovação e suspirou.
— O Renato está aí... Quer falar com você.
— Por que não disse para ele entrar? – perguntou ele um pouco irritado.
Rosália abriu a porta e chamou Renato, que se sentou em uma cadeira próxima à mesa de Fernandes.
— Não me diga que já fez o que eu pedi... E aí?
Renato sorriu.
— Não deveria me subestimar. Fiz sim, mas antes quero o pagamento... Você sabe, não posso entregar sem que você me dê o dinheiro.
Fernandes levantou-se, abriu uma gaveta em um móvel próximo e tirou um pacote, entregando-o ao Renato.
— Aqui está. Agora diga o que sabe.
Renato sorriu, conferindo o dinheiro que se encontrava dentro do envelope.
— Não me leve a mal... Você sabe, não costumo confiar nas pessoas.
Fernandes estava sério e Renato percebeu que estava ficando sem paciência.
— Vou lhe contar tudo. Tudo o que sei. – disse ele.

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