O
texto abaixo é de autoria de José Carlos de Oliveira.
Para
maiores informações sobre o autor, favor acessar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Carlos_Oliveira.
Boa
leitura!
O
RECÉM-CASADO
Encontro
um velho companheiro de farras:
—
Estou indo para a Cidade — diz ele. — Agora estou trabalhando no setor imobiliário.
Olha o meu dedo. (Mostra-me a aliança no anular esquerdo.) Casei. É, casei.
Você lembra como a gente brigava. Pois é, mas acabamos casando. Ninguém sabe
como é isso; depois do casamento, não brigamos mais. Casamos porque todo dia a
gente brigava, se separava, e na semana seguinte tudo recomeçava. Ela chegou à
conclusão de que a única maneira de a gente se separar mesmo era casando... O
casamento foi legal. — Nos dois sentidos. Apareceu um juiz togado e ela ficou
uma fera. "Ora vejam!" disse ela. "Por que não me avisaram que o
negócio seria à fantasia?" O juiz ficou encabulado. Nós estávamos um pouco
tontos, esta é que é a verdade. A comemoração começou de manhã cedo. Mas o
casamento só ficou chato quando o juiz começou a falar aquelas palavras que
todo mundo conhece. Perguntou a ela: "A senhora insiste?" Ela
respondeu que sim. E o juiz perguntou: "A senhora persiste?" E ela
respondeu: "Bom, persistir... não chego a tanto. Insistir, insisto, mas
persistir já acho meio forte." Mas o pior foi quando o juiz nos chamou de
nubentes. Ora veja você: nubentes! Eu tive vontade de dizer que nubente era a
vovozinha dele.
—
Ela está descansando na serra. Vou subir no fim da semana. Estamos comprando
uma casinha lá na serra. Quando tudo estiver arrumado, vou reunir a turma. Você
está convidado. Nós não brigamos mais, porém estou proibido de contar as
histórias nossas, da turma. Ela me disse: "Você nunca me contou uma
história de bebedeira que terminasse bem. Todas as suas histórias terminam com
todo mundo brigando ou todo mundo no distrito." E ela tem toda razão. Fiz
um balanço das minhas histórias com a turma e, de fato, todas terminam em
pancadaria. Você se lembra quando fomos presos em Magé? Pois é. Até hoje não
compreendi como é que fomos parar naquela delegacia. E aquele botequim de
Teresópolis? Olha, outro dia estávamos lá e ela quis entrar no boteco para
comprar não sei o quê. Eu disse que não entrava e ela perguntou qual a razão.
Mudei de assunto, ela insistiu, acabamos entrando. Na hora de entrar, pensei: "Pronto,
vai começar tudo de novo." Felizmente, não me reconheceram. Você se lembra
do botequim, não é? O tal que o dono veio contar anedota pornográfica para nós.
A gente estava com a Lili e eu resolvi interpelar o camarada. Ele veio com o
revolver e eu disse: "Vem você com o teu revolver e chama mais dois, pois
eu sou mais eu." O cara medrou, lembra? Pois é. Mas essa história eu não
posso contar a ela, pois termina em briga... Quer dizer, a história termina em
briga, e ela acaba brigando comigo por causa das minhas histórias que sempre
terminam em briga... Não, não tenho visto a turma não. Deixei de ir aos
botecos. Agora sou um homem direito. Eu agora sou nubente, morou? Nubente...
Acontece cada uma! E você? Casou? Ah, não? Quer dizer que continua na farra?
Você é que é feliz...
Coitado, arrependido de ter casado rsrs. Gostei da crônica.
ResponderExcluirMuito legal essa crônica kkkk
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