segunda-feira, 2 de março de 2015

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 37 - SEGUNDA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 37 – Uma má notícia

Dr. Tarcísio resolveu fazer uma visita ao Dr. Otávio, a fim de relatar o que estava acontecendo no grupo, além de outras informações.
— E, então, que novidades temos? – perguntou Dr. Otávio, sentado em uma poltrona. Sua saúde estava cada vez melhor.
Tarcísio entregou uma pasta nas mãos do Dr. Otávio.
— Lembra-se que me pediu para saber quem vazou as informações daquela vez?
— Sim, lembro perfeitamente.
— Acabou que suas suspeitas estavam certas. Seu filho Otávio Jr estava por trás disso.
Otávio ficou calado por alguns instantes, pensativo.
— Como eu desconfiei. E conhecendo-o do jeito que conheço, foi tudo para tentar desmoralizar o meu irmão e tentar tirá-lo da Presidência.
— Me admira ele não ter pensado na situação difícil que o grupo poderia ficar.
Otávio riu.
— Ele sabia que o grupo não iria à falência por algo assim.
— Mas há algo mais estranho acontecendo, Dr. Otávio.
Otávio parecia surpreso.
— O quê?
— Ultimamente, segundo o que ouvi, Otávio Jr. anda fazendo uma busca um tanto inusitada nos arquivos das empresas do grupo. A desculpa que ele diz é que precisa de determinados documentos, mas que ele mesmo quer procurar e não solicita a ajuda de ninguém. O que você acha que ele está tramando agora? O que ele deve estar procurando?
Dr. Otávio estava pensativo.
— É realmente estranho. Mas a única coisa que podemos pensar é que ele está procurando os documentos que desapareceram na mesma época que Jorge morreu. Aquele escândalo de roubo de dinheiro, toda a culpa caiu em cima Jorge. E não importa o quanto procuramos para limpar o nome dele, não encontramos. Mas não sei por que Otávio Jr. estaria disposto a procurar de novo esses documentos, se já foi feita uma busca exaustiva anos atrás. Até mesmo eu não tenho mais esperança de encontrar aqueles documentos.
— Sim, com esses documentos poderíamos saber quem estava de fato por trás de todo aquele roubo e escândalo. Infelizmente, o grupo teve que colocar a culpa em seu filho, caso contrário, isso afetaria ainda mais as empresas. – e como se algo surgisse em sua mente – Será que Otávio Jr. desconfia de alguém e, por isso, pode estar procurando os tais documentos?
— De quem ele estaria desconfiando? Do Marcos?
— Sim, depois da auditoria e da suposta lavagem de dinheiro, talvez ele esteja desconfiado. Conhecendo o Otávio Jr, possivelmente, ele acha que encontrando os documentos, pode se livrar de vez do Marcos.
— Tem razão. Mas embora eu não confie muito no meu irmão, aquilo foi um grande escândalo e ele era um dos sócios majoritários. Dessa forma, também foi prejudicado. Mas, mudando de assunto, e quanto ao caso da Rebeca?
— A carta e o convite foram para análise de caligrafia. Em breve, teremos os resultados. – respondeu Tarcísio prontamente. - Quanto à testemunha, o investigador ainda não conseguiu encontrá-la.
***
No dia seguinte, Viviane saiu cedo para a faculdade. Logo depois, Mariana estava se arrumando em seu quarto. Alguém bateu à porta. Era Emanuela.
— Não vai descer para o café da manhã?
— Estou indo. – disse Mariana, secando os cabelos.
Emanuela riu.
— Para onde vai? Até parece Viviane quando vai para a faculdade...
— E eu vou.
— Pra onde?
— Eu não te disse? Para a faculdade. – e olhando para a irmã pelo espelho. – Camila me convidou para ir para a faculdade e de lá, eu, ela e Viviane faremos umas compras. Não quer vir?
Emanuela pareceu séria.
— O que foi? Está irritada por que não te convidei antes?
— Não é isso... É só que eu tive um sonho ruim...
— Como foi?
Emanuela balançou a cabeça negativamente.
— Não foi nada...
— Ah, vai. Conta! – insistiu.
— Eu já disse Mari, não foi nada. Bobagem. Agora, você devia ir logo, a dona Camila está esperando na sala.
Mariana arregalou os olhos.
— Sério? – dizendo isso, saiu correndo.
Logo que Mariana se arrumou, desceu e acompanhou Camila. As duas entraram no carro para a faculdade. Não demorou muito até chegarem lá. Mariana parecia encantada.
— Nossa... Nunca imaginei uma faculdade assim. Ela é luxuosa demais. – e olhando os alunos de branco. – Eu já sinto como se estivesse perto de médicos
— Você é muito espirituosa. – comentou Camila.
De repente, Mariana percebeu que Viviane estava conversando com Verônica.
— Oi! – cumprimentou, se aproximando.
Verônica ficou surpresa com a visita de Mariana.
— Você é a gêmea que quer fazer medicina! – disse Verônica. – E aí, está gostando do que vê?
Mariana sorriu.
— Sim! É muito bonito aqui! Não vejo a hora de vir para essa faculdade. Principalmente para estudar tudo sobre medicina. Você e Vivi são realmente privilegiadas.
Verônica riu.
— Vivi não concordaria com isso. Então, vocês vieram pegar a Vivi?
— Sim. – confirmou Mariana – Vamos fazer um programa de garotas. Não quer vir com a gente?
Verônica se preparou para responder, mas Camila se intrometeu na hora.
— Tenho certeza que Verônica tem muito a fazer, Mariana. Tão de repente assim, pode ser até mesmo inconveniente para ela, não é, Verônica?
A garota não teve alternativa a não ser concordar.
— Vamos deixar para outro dia. – disse meio sem jeito.
Viviane chegou e se aproximou de onde elas estavam.
— Ah, vocês estão aqui. – disse ao ver Camila e Mariana - Vou logo avisando, só vou porque não tenho aula. – e depois sorrindo. – E sinceramente, fazer compras é a melhor coisa que já inventaram!
Verônica sorriu da mania maluca de Viviane de sempre se render a fazer compras, não importa quem fosse a companhia.
— Vivi, você deveria experimentar coisas diferentes de vez em quando. Tipo, acampamento, trilhas, você ia ver que há várias outras formas de se divertir. – comentou Verônica.
— Verônica tem razão. Nem só de compras vive a mulher moderna. – concordou Mariana.
Viviane suspirou.
— Não, obrigada. Essa coisa de natureza deixa para os bichos mesmo.
— Com licença, meninas. – disse Camila, interrompendo a conversa das garotas. – Vou fazer uma ligação. Esqueci de cancelar o cabeleireiro. Volto rápido. – disse, saindo.
Viviane olhou desconfiada, enquanto Camila se retirava.
— Se era cancelar o cabelereiro, por que teve que se afastar tanto?
— Talvez ela não queira ser incomodada pelo nosso barulho, ou não queira nos incomodar. – Mariana tentou explicar.
— Ou talvez ela esteja tendo um caso e inventou essa desculpa. – disse Vivi.
— Como você é cruel, Viviane. – ralhou Verônica.
Não demorou muito para que Camila voltasse.
— Pronto. Vamos?
As três se despediram de Verônica e saíram.
— Eu vou no meu carro. – disse Viviane, dirigindo-se ao estacionamento da faculdade.
— Não precisa. Se vamos juntas, vamos no meu carro. Por hoje, eu serei a motorista particular de vocês duas. – insistiu Camila.
Apesar de não gostar muito, Viviane foi de carona no carro da esposa do tio.
Enquanto Camila dirigia, Mariana ia falando entusiasmada sobre como era o seu sonho desde pequena de ser médica.
— Então, você quis ser médica por causa das crianças do orfanato? Muito legal isso. – disse Camila, sorrindo.
— Não vejo nada de legal em medicina. – comentou Viviane, mais para si mesma do que para as duas.
— Vivi, cada pessoa tem seu gosto. Você deveria encontrar o seu, já que não gosta de medicina.
Viviane não respondeu. Algo mais chamou sua atenção.
— Camila, por que está vindo por esse caminho? – perguntou um pouco confusa - Não é mais longo?
— É mesmo? – disse Camila, fingindo perceber o erro. – Desculpa, não estou acostumada a andar por aqui... Mas vamos chegar do mesmo jeito, então, não se preocupe. Mas mudando de assunto, estou tão feliz que você tenha concordado em vir, nunca imaginei que concordaria.
— Não é como se eu quisesse realmente vir. – respondeu Viviane, se fazendo de difícil. – É porque Mariana insistiu demais, tanto que quase me enlouquecia.
Camila riu.
Passaram-se alguns minutos, até que Mariana cutucou o braço de Vivi.
— O que foi?
— Olha atrás... – disse, sussurrando - Aqueles carros parecem estar nos seguindo há um bom tempo.
Viviane pareceu um pouco nervosa de repente. Desde pequena e depois do seu quase sequestro naquela época, tinha medo de ser seguida.
— Não fala besteira. – disse nervosa. – Você só está imaginando.
Mas, depois de alguns minutos, Viviane teve de concordar com Mariana.
— Camila, você não poderia ir mais rápido? – disse Vivi temerosa - Eu não estou gostando disso.
Camila acelerou. Mas as suspeitas apenas se confirmaram. O carro que as estava seguindo acelerou também. Camila tentou passar por outras ruas, tentando despistar o carro, mas não funcionou. Isso só fez com que pegassem estradas menos movimentadas.
— Eles realmente são persistentes. Mas o que querem com isso? – perguntou Mariana.
— Você realmente não sabe? – perguntou Viviane cada vez mais nervosa. – Isso com certeza é uma tentativa de sequestro.
— Sequestro?! Tem certeza? – perguntou Mariana, ficando apreensiva também, enquanto olhava para trás.
De repente, Camila pisou no freio.
— Por que parou?! – perguntou Viviane desesperada.
As garotas perceberam o porquê de pararem tão de repente. À frente, um carro havia fechado o carro de Camila, bloqueando o caminho.
— O que vamos fazer? – perguntou Viviane nervosa.
Antes que Viviane pegasse o celular, Camila saiu do carro.
— Camila, o que está fazendo?! – gritou Mariana.
— Vou tentar atrasá-los, enquanto você liga.
— Mas isso é muito perigoso! – exclamou ela.
Quando Camila desceu, as garotas que se protegiam no carro, perceberam que pessoas mascaradas também saíram dos outros carros. Enquanto Camila tentava uma aproximação amigável, um dos outros homens mascarados a agarrou, fazendo com que as meninas gritassem de dentro do carro. Outros dois homens vieram correndo em direção ao carro onde as garotas se encontravam e abriram a porta com violência.
— Solta o celular! – gritou um, quando viu Mariana com o telefone na mão, fazendo a garota gritar de susto. – Solta logo ou eu atiro!
Viviane não acreditava no que estava acontecendo.
Enquanto isso, Camila tentou se desvencilhar e, de repente, ouviu-se um tiro que fez as duas meninas que estava dentro do carro gritarem novamente. Camila havia sido atingida no braço.
— Por favor, pare! – gritou Viviane.
— SAIAM AS DUAS! – gritaram os dois homens que estavam tentando tirar as garotas do carro. – Se não fizerem isso, ele vai matá-la!
Viviane e Mariana saíram do carro devagar.
— Por favor, não faça mais nada... – pediu Mariana, tentando manter a calma, enquanto Viviane segurava nervosa e com as mãos geladas o braço de Mariana.
Mais dois caras desceram de um dos carros e seguraram as duas garotas, amarrando-as e vendando-as. Logo em seguida, forçaram as duas a entrarem em uma vã. Camila tentou se levantar, mas a dor era muito forte.
Os carros se afastaram rapidamente, levando as duas garotas.
***
De repente, Emanuela que estava descendo a escada, teve uma sensação ruim e uma leve tontura. Gabriele, que estava ao seu lado, segurou-a pelo braço.
— Você deve tomar cuidado? O que aconteceu?
— Nada... De repente, pareceu que o mundo girou.
— Quer ir ao médico? – perguntou Camila preocupada. – Você pode estar com alguma anemia...
De repente, o telefone da mansão tocou e uma empregada atendeu. Rute veio em direção às duas que já desciam as escadas.
— Dona Gabriele... Telefone, parece que é urgente.
Gabriele foi até a sala, acompanhada de Emanuela, atendeu ao telefone e ouviu por alguns minutos. De repente, Emanuela percebeu a cor do rosto de Gabriele desaparecer. Ela estava prestes a desmaiar.
— Dona Gabriele! – Emanuela tentou ampará-la, enquanto a própria Gabriele tentava se manter em equilíbrio. – O que aconteceu?
— Emanuela... – disse, olhando nos olhos da garota. – Viviane... Sua irmã...
— O que tem minha irmã? O que aconteceu?
Gabriele parecia ficar mais pálida.
— Elas... Foram sequestradas. – e com o olhar desesperado – Elas foram sequestradas.
Emanuela pareceu não acreditar no que ouvira. 

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