Capítulo 37 – Uma má
notícia
Dr. Tarcísio resolveu fazer uma visita ao Dr. Otávio, a fim de relatar o
que estava acontecendo no grupo, além de outras informações.
— E,
então, que novidades temos? – perguntou Dr. Otávio, sentado em uma poltrona.
Sua saúde estava cada vez melhor.
Tarcísio
entregou uma pasta nas mãos do Dr. Otávio.
—
Lembra-se que me pediu para saber quem vazou as informações daquela vez?
— Sim,
lembro perfeitamente.
— Acabou
que suas suspeitas estavam certas. Seu filho Otávio Jr estava por trás disso.
Otávio
ficou calado por alguns instantes, pensativo.
— Como eu
desconfiei. E conhecendo-o do jeito que conheço, foi tudo para tentar
desmoralizar o meu irmão e tentar tirá-lo da Presidência.
— Me
admira ele não ter pensado na situação difícil que o grupo poderia ficar.
Otávio
riu.
— Ele
sabia que o grupo não iria à falência por algo assim.
— Mas há
algo mais estranho acontecendo, Dr. Otávio.
Otávio
parecia surpreso.
— O quê?
—
Ultimamente, segundo o que ouvi, Otávio Jr. anda fazendo uma busca um tanto
inusitada nos arquivos das empresas do grupo. A desculpa que ele diz é que
precisa de determinados documentos, mas que ele mesmo quer procurar e não
solicita a ajuda de ninguém. O que você acha que ele está tramando agora? O que
ele deve estar procurando?
Dr.
Otávio estava pensativo.
— É
realmente estranho. Mas a única coisa que podemos pensar é que ele está
procurando os documentos que desapareceram na mesma época que Jorge morreu.
Aquele escândalo de roubo de dinheiro, toda a culpa caiu em cima Jorge. E não
importa o quanto procuramos para limpar o nome dele, não encontramos. Mas não
sei por que Otávio Jr. estaria disposto a procurar de novo esses documentos, se
já foi feita uma busca exaustiva anos atrás. Até mesmo eu não tenho mais
esperança de encontrar aqueles documentos.
— Sim,
com esses documentos poderíamos saber quem estava de fato por trás de todo
aquele roubo e escândalo. Infelizmente, o grupo teve que colocar a culpa em seu
filho, caso contrário, isso afetaria ainda mais as empresas. – e como se algo
surgisse em sua mente – Será que Otávio Jr. desconfia de alguém e, por isso,
pode estar procurando os tais documentos?
— De quem
ele estaria desconfiando? Do Marcos?
— Sim,
depois da auditoria e da suposta lavagem de dinheiro, talvez ele esteja
desconfiado. Conhecendo o Otávio Jr, possivelmente, ele acha que encontrando os
documentos, pode se livrar de vez do Marcos.
— Tem
razão. Mas embora eu não confie muito no meu irmão, aquilo foi um grande
escândalo e ele era um dos sócios majoritários. Dessa forma, também foi
prejudicado. Mas, mudando de assunto, e quanto ao caso da Rebeca?
— A carta
e o convite foram para análise de caligrafia. Em breve, teremos os resultados.
– respondeu Tarcísio prontamente. - Quanto à testemunha, o investigador ainda
não conseguiu encontrá-la.
***
No dia seguinte, Viviane saiu cedo para a faculdade. Logo depois,
Mariana estava se arrumando em seu quarto. Alguém bateu à porta. Era Emanuela.
— Não vai descer para o café da manhã?
— Estou indo. – disse Mariana, secando os cabelos.
Emanuela riu.
— Para onde vai? Até parece Viviane quando vai para a faculdade...
— E eu vou.
— Pra onde?
— Eu não te disse? Para a faculdade. – e olhando para a irmã pelo
espelho. – Camila me convidou para ir para a faculdade e de lá, eu, ela e
Viviane faremos umas compras. Não quer vir?
Emanuela pareceu séria.
— O que foi? Está irritada por que não te convidei antes?
— Não é isso... É só que eu tive um sonho ruim...
— Como foi?
Emanuela balançou a cabeça negativamente.
— Não foi nada...
— Ah, vai. Conta! – insistiu.
— Eu já disse Mari, não foi nada. Bobagem. Agora, você devia ir logo, a
dona Camila está esperando na sala.
Mariana arregalou os olhos.
— Sério? – dizendo isso, saiu correndo.
Logo que Mariana se arrumou, desceu e acompanhou Camila. As duas
entraram no carro para a faculdade. Não demorou muito até chegarem lá. Mariana
parecia encantada.
— Nossa... Nunca imaginei uma faculdade assim. Ela é luxuosa demais. – e
olhando os alunos de branco. – Eu já sinto como se estivesse perto de médicos
— Você é muito espirituosa. – comentou Camila.
De repente, Mariana percebeu que Viviane estava conversando com
Verônica.
— Oi! – cumprimentou, se aproximando.
Verônica ficou surpresa com a visita de Mariana.
— Você é a gêmea que quer fazer medicina! – disse Verônica. – E aí, está
gostando do que vê?
Mariana sorriu.
— Sim! É muito bonito aqui! Não vejo a hora de vir para essa faculdade.
Principalmente para estudar tudo sobre medicina. Você e Vivi são realmente
privilegiadas.
Verônica riu.
— Vivi não concordaria com isso. Então, vocês vieram pegar a Vivi?
— Sim. – confirmou Mariana – Vamos fazer um programa de garotas. Não
quer vir com a gente?
Verônica se preparou para responder, mas Camila se intrometeu na hora.
— Tenho certeza que Verônica tem muito a fazer, Mariana. Tão de repente
assim, pode ser até mesmo inconveniente para ela, não é, Verônica?
A garota não teve alternativa a não ser concordar.
— Vamos deixar para outro dia. – disse meio sem jeito.
Viviane chegou e se aproximou de onde elas estavam.
— Ah, vocês estão aqui. – disse ao ver Camila e Mariana - Vou logo
avisando, só vou porque não tenho aula. – e depois sorrindo. – E sinceramente,
fazer compras é a melhor coisa que já inventaram!
Verônica sorriu da mania maluca de Viviane de sempre se render a fazer
compras, não importa quem fosse a companhia.
— Vivi, você deveria experimentar coisas diferentes de vez em quando.
Tipo, acampamento, trilhas, você ia ver que há várias outras formas de se
divertir. – comentou Verônica.
— Verônica tem razão. Nem só de compras vive a mulher moderna. –
concordou Mariana.
Viviane suspirou.
— Não, obrigada. Essa coisa de natureza deixa para os bichos mesmo.
— Com licença, meninas. – disse Camila, interrompendo a conversa das
garotas. – Vou fazer uma ligação. Esqueci de cancelar o cabeleireiro. Volto
rápido. – disse, saindo.
Viviane olhou desconfiada, enquanto Camila se retirava.
— Se era cancelar o cabelereiro, por que teve que se afastar tanto?
— Talvez ela não queira ser incomodada pelo nosso barulho, ou não queira
nos incomodar. – Mariana tentou explicar.
— Ou talvez ela esteja tendo um caso e inventou essa desculpa. – disse
Vivi.
— Como você é cruel, Viviane. – ralhou Verônica.
Não demorou muito para que Camila voltasse.
— Pronto. Vamos?
As três se despediram de Verônica e saíram.
— Eu vou no meu carro. – disse Viviane, dirigindo-se ao estacionamento
da faculdade.
— Não precisa. Se vamos juntas, vamos no meu carro. Por hoje, eu serei a
motorista particular de vocês duas. – insistiu Camila.
Apesar de não gostar muito, Viviane foi de carona no carro da esposa do
tio.
Enquanto Camila dirigia, Mariana ia falando entusiasmada sobre como era
o seu sonho desde pequena de ser médica.
— Então, você quis ser médica por causa das crianças do orfanato? Muito
legal isso. – disse Camila, sorrindo.
— Não vejo nada de legal em medicina. – comentou Viviane, mais para si
mesma do que para as duas.
— Vivi, cada pessoa tem seu gosto. Você deveria encontrar o seu, já que
não gosta de medicina.
Viviane não respondeu. Algo mais chamou sua atenção.
— Camila, por que está vindo por esse caminho? – perguntou um pouco
confusa - Não é mais longo?
— É mesmo? – disse Camila, fingindo perceber o erro. – Desculpa, não
estou acostumada a andar por aqui... Mas vamos chegar do mesmo jeito, então,
não se preocupe. Mas mudando de assunto, estou tão feliz que você tenha
concordado em vir, nunca imaginei que concordaria.
— Não é como se eu quisesse realmente vir. – respondeu Viviane, se
fazendo de difícil. – É porque Mariana insistiu demais, tanto que quase me
enlouquecia.
Camila riu.
Passaram-se alguns minutos, até que Mariana cutucou o braço de Vivi.
— O que foi?
— Olha atrás... – disse, sussurrando - Aqueles carros parecem estar nos
seguindo há um bom tempo.
Viviane pareceu um pouco nervosa de repente. Desde pequena e depois do
seu quase sequestro naquela época, tinha medo de ser seguida.
— Não fala besteira. – disse nervosa. – Você só está imaginando.
Mas, depois de alguns minutos, Viviane teve de concordar com Mariana.
— Camila, você não poderia ir mais rápido? – disse Vivi temerosa - Eu
não estou gostando disso.
Camila acelerou. Mas as suspeitas apenas se confirmaram. O carro que as
estava seguindo acelerou também. Camila tentou passar por outras ruas, tentando
despistar o carro, mas não funcionou. Isso só fez com que pegassem estradas
menos movimentadas.
— Eles realmente são persistentes. Mas o que querem com isso? –
perguntou Mariana.
— Você realmente não sabe? – perguntou Viviane cada vez mais nervosa. –
Isso com certeza é uma tentativa de sequestro.
— Sequestro?! Tem certeza? – perguntou Mariana, ficando apreensiva
também, enquanto olhava para trás.
De repente, Camila pisou no freio.
— Por que parou?! – perguntou Viviane desesperada.
As garotas perceberam o porquê de pararem tão de repente. À frente, um
carro havia fechado o carro de Camila, bloqueando o caminho.
— O que vamos fazer? – perguntou Viviane nervosa.
Antes que Viviane pegasse o celular, Camila saiu do carro.
— Camila, o que está fazendo?! – gritou Mariana.
— Vou tentar atrasá-los, enquanto você liga.
— Mas isso é muito perigoso! – exclamou ela.
Quando Camila desceu, as garotas que se protegiam no carro, perceberam
que pessoas mascaradas também saíram dos outros carros. Enquanto Camila tentava
uma aproximação amigável, um dos outros homens mascarados a agarrou, fazendo
com que as meninas gritassem de dentro do carro. Outros dois homens vieram
correndo em direção ao carro onde as garotas se encontravam e abriram a porta
com violência.
— Solta o celular! – gritou um, quando viu Mariana com o telefone na mão,
fazendo a garota gritar de susto. – Solta logo ou eu atiro!
Viviane não acreditava no que estava acontecendo.
Enquanto isso, Camila tentou se desvencilhar e, de repente, ouviu-se um
tiro que fez as duas meninas que estava dentro do carro gritarem novamente.
Camila havia sido atingida no braço.
— Por favor, pare! – gritou Viviane.
— SAIAM AS DUAS! – gritaram os dois homens que estavam tentando tirar as
garotas do carro. – Se não fizerem isso, ele vai matá-la!
Viviane e Mariana saíram do carro devagar.
— Por favor, não faça mais nada... – pediu Mariana, tentando manter a
calma, enquanto Viviane segurava nervosa e com as mãos geladas o braço de
Mariana.
Mais dois caras desceram de um dos carros e seguraram as duas garotas,
amarrando-as e vendando-as. Logo em seguida, forçaram as duas a entrarem em uma
vã. Camila tentou se levantar, mas a dor era muito forte.
Os carros se afastaram rapidamente, levando as duas garotas.
***
De repente, Emanuela que estava descendo a escada, teve uma sensação
ruim e uma leve tontura. Gabriele, que estava ao seu lado, segurou-a pelo
braço.
— Você deve tomar cuidado? O que aconteceu?
— Nada... De repente, pareceu que o mundo girou.
— Quer ir ao médico? – perguntou Camila preocupada. – Você pode estar
com alguma anemia...
De repente, o telefone da mansão tocou e uma empregada atendeu. Rute
veio em direção às duas que já desciam as escadas.
— Dona Gabriele... Telefone, parece que é urgente.
Gabriele foi até a sala, acompanhada de Emanuela, atendeu ao telefone e
ouviu por alguns minutos. De repente, Emanuela percebeu a cor do rosto de
Gabriele desaparecer. Ela estava prestes a desmaiar.
— Dona Gabriele! – Emanuela tentou ampará-la, enquanto a própria
Gabriele tentava se manter em equilíbrio. – O que aconteceu?
— Emanuela... – disse, olhando nos olhos da garota. – Viviane... Sua
irmã...
— O que tem minha irmã? O que aconteceu?
Gabriele parecia ficar mais pálida.
— Elas... Foram sequestradas. – e com o olhar desesperado – Elas foram
sequestradas.
Emanuela pareceu não acreditar no que ouvira.
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