O
texto abaixo é de autoria de Carlos Drummond de Andrade.
Para
maiores informações sobre o autor, favor acessar: https://www.ebiografia.com/carlos_drummond/.
Boa
leitura!
FURTO
DE FLOR
Furtei
uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a
para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O
copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a
para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada
composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo
autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso,
mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim.
Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já
murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la
no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
–
Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
Que lindo texto! É isso que acontece quando agimos por impulso, sem pensar nas consequências.
ResponderExcluirPobre flor!
Linda crônica!
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