Novela de Toni Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Personagens deste capítulo:
ERAM 2:30 HS. DA MADRUGADA QUANDO O CARRO DE OLIVEIRA RAMOS ESTACIONOU NO PÁTIO DA DELEGACIA. O MOTORISTA ABRIU A PORTA E O BANQUEIRO ENTROU NO PRÉDIO.
CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA DE POLÍCIA - INT. - NOITE.
OLIVEIRA RAMOS ENTROU NA SALA DO DELEGADO FONTOURA, APREENSIVO.
OLIVEIRA RAMOS - Onde está minha filha? O que aconteceu com ela?
DELEGADO FONTOURA - Fique tranquilo, sua filha está bem, doutor. Fiz questão que o senhor viesse aqui porque ela quase depredou a delegacia!
OLIVEIRA RAMOS - Mas como? Por quê ela fez isso?
DELEGADO FONTOURA - Sua filha foi prêsa com um grupo de rapazes quando dirigia na contramão apostando corrida na Curva do Calombo.
OLIVEIRA RAMOS - (arregalou os olhos, sem acreditar) Meu Deus,que absurdo! Ela está cada vez pior...
DELEGADO FONTOURA - (embaraçado) Eu entendo como se sente, Dr. Oliveira. Infelizmente... meus filhos, Mario e Verinha estavam com ela, e também a amiga deles, Nívea Louzada, e um tal de Ricardinho.
OLIVEIRA RAMOS - E... onde eles estão, seu delegado?
DELEGADO FONTOURA - Mandei prender todos, fôsse quem fôsse!
OLIVEIRA RAMOS - Fez muito bem, eu faria o mesmo no seu lugar. Delegado, minha filha Helô tem crises nervosas que vem se agravando últimamente. Eu quero pagar todo o prejuízo que ela causou á sua delegacia... Eu vim buscar minha filha. Vou levá-la para casa.
DELEGADO FONTOURA - (lembrando) Além do prejuízo, tem a fiança dela e da outra moça, Nívea...
OLIVEIRA RAMOS - Eu pago! Por favor, mande soltar minha filha e a amiga dela, Nívea.
DELEGADO FONTOURA - (para o cabo Jorge) Pode soltar D. Heloísa Ramos e D. Nívea Louzada! E diga aos outros que só saem amanhã, mediante pagamento de fiança!
CORTA PARA:
CENA 3 - RUAS DE IPANEMA - EXT. - NOITE
MEIA HORA DEPOIS, A MERCEDES DE OLIVEIRA RAMOS, DIRIGIDA PELO MOTORISTA, PERCORRIA AS RUAS TRANQUILAS DE IPANEMA NAQUELA MADRUGADA. NO INTERIOR DO VEÍCULO, NO BANCO TRASEIRO, ESTAVAM O BANQUEIRO, HELÔ E NÍVEA.
NÍVEA - (constrangida, dirigiu-se a Oliveira) Doutor Olivera, eu... eu estou muito envergonhada por ter tirado o senhor da sua casa a esta hora. Me perdoe, por favor!...
OLIVEIRA RAMOS - (aborrecido) Que vexame! Vocês passaram de todos os limites! (e para a filha) Helô, minha filha, você não pode me envergonhar dessa maneira!
HELÔ - (encarou o pai, com firmeza) Nívea não tem que se desculpar de nada. Ela não queria participar do pega. Só foi porque eu insisti e a arrastei pro carro. Se quer dar o seu sermão, papai, fale comigo. Mas aviso logo que, enquanto estiver envolvido com aquela interesseira da Susi, não vou lhe dar ouvidos!
OLIVEIRA RAMOS - Minha filha, você precisa crescer, parar com essas infantilidades! Agora, corro o risco de ter meu nome estampado amanhã em todos os jornais. Você sabe que isso pode interferir nos meus negócios!
O MOTORISTA PAROU O CARRO EM FRENTE A UM EDIFÍCIO E DIRIGIU-SE AO BANQUEIRO.
MOTORISTA - Residência de Dona Nívea...
HELÔ - (para a amiga) Nívea, você não quer ir para minha casa? Depois pode ligar pra seus pais e vir mais tarde...
NÍVEA - (cortou, decidida) Não, Helô, eu agradeço o convite, mas preciso ficar sozinha. Olha, não é por estar na frente do seu pai, mas estou cansada dessas loucuras que, volta e meia, a gente apronta. Preciso pensar. Tou sentindo necessidade de mudar, de crescer, como seu pai falou (abriu a porta do carro, dirigiu-se ao banqueiro) Doutor Oliveira... mais uma vez, mil perdões. Só mais uma coisa... eu queria lhes fazer um pedido!
OLIVEIRA RAMOS - Pode falar, Nívea.
NÍVEA - Eu preferia que meus pais não soubessem do que aconteceu esta noite. Meu pai ainda não está totalmente restabelecido e queria evitar mais problemas ...
OLIVEIRA RAMOS - Fique tranquila, Nívea. Esse assunto morre aqui. Vá em paz.
NÍVEA - Obrigada... muito obrigada. Boa noite, Doutor. Boa noite. Helô. Depois nos falamos. Chau.
NÍVEA SALTOU DO AUTOMÓVEL E DIRIGIU-SE PARA A PORTARIA DO PRÉDIO, ENQUANTO O MOTORISTA DAVA PARTIDA E SEGUIA PARA A RESIDÊNCIA DE OLIVEIRA RAMOS.
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE RENATÃO - INT. - DIA.
FIM DO CAPÍTULO 8
NÍVEA (Renata Sorrah)
MARIETA ( Wanda Lacerda)
SUSI (Maria Cláudia)
RENATÃO (Jardel Filho)
DELEGADO FONTOURA (Urbano Lóes)
OLIVEIRA RAMOS (Mario Lago)
ADELAIDE (Agnes Fontoura)
MARIO MALUCO (Osmar Prado)
VERINHA (Djenane Machado)
RICARDINHO (Carlos Vereza)
JUREMA (Arlete Salles)
CABO JORGE
ERAM 2:30 HS. DA MADRUGADA QUANDO O CARRO DE OLIVEIRA RAMOS ESTACIONOU NO PÁTIO DA DELEGACIA. O MOTORISTA ABRIU A PORTA E O BANQUEIRO ENTROU NO PRÉDIO.
CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA DE POLÍCIA - INT. - NOITE.
OLIVEIRA RAMOS ENTROU NA SALA DO DELEGADO FONTOURA, APREENSIVO.
OLIVEIRA RAMOS - Onde está minha filha? O que aconteceu com ela?
DELEGADO FONTOURA - Fique tranquilo, sua filha está bem, doutor. Fiz questão que o senhor viesse aqui porque ela quase depredou a delegacia!
OLIVEIRA RAMOS - Mas como? Por quê ela fez isso?
DELEGADO FONTOURA - Sua filha foi prêsa com um grupo de rapazes quando dirigia na contramão apostando corrida na Curva do Calombo.
OLIVEIRA RAMOS - (arregalou os olhos, sem acreditar) Meu Deus,que absurdo! Ela está cada vez pior...
DELEGADO FONTOURA - (embaraçado) Eu entendo como se sente, Dr. Oliveira. Infelizmente... meus filhos, Mario e Verinha estavam com ela, e também a amiga deles, Nívea Louzada, e um tal de Ricardinho.
OLIVEIRA RAMOS - E... onde eles estão, seu delegado?
DELEGADO FONTOURA - Mandei prender todos, fôsse quem fôsse!
OLIVEIRA RAMOS - Fez muito bem, eu faria o mesmo no seu lugar. Delegado, minha filha Helô tem crises nervosas que vem se agravando últimamente. Eu quero pagar todo o prejuízo que ela causou á sua delegacia... Eu vim buscar minha filha. Vou levá-la para casa.
DELEGADO FONTOURA - (lembrando) Além do prejuízo, tem a fiança dela e da outra moça, Nívea...
OLIVEIRA RAMOS - Eu pago! Por favor, mande soltar minha filha e a amiga dela, Nívea.
DELEGADO FONTOURA - (para o cabo Jorge) Pode soltar D. Heloísa Ramos e D. Nívea Louzada! E diga aos outros que só saem amanhã, mediante pagamento de fiança!
CORTA PARA:
CENA 3 - RUAS DE IPANEMA - EXT. - NOITE
MEIA HORA DEPOIS, A MERCEDES DE OLIVEIRA RAMOS, DIRIGIDA PELO MOTORISTA, PERCORRIA AS RUAS TRANQUILAS DE IPANEMA NAQUELA MADRUGADA. NO INTERIOR DO VEÍCULO, NO BANCO TRASEIRO, ESTAVAM O BANQUEIRO, HELÔ E NÍVEA.
NÍVEA - (constrangida, dirigiu-se a Oliveira) Doutor Olivera, eu... eu estou muito envergonhada por ter tirado o senhor da sua casa a esta hora. Me perdoe, por favor!...
OLIVEIRA RAMOS - (aborrecido) Que vexame! Vocês passaram de todos os limites! (e para a filha) Helô, minha filha, você não pode me envergonhar dessa maneira!
HELÔ - (encarou o pai, com firmeza) Nívea não tem que se desculpar de nada. Ela não queria participar do pega. Só foi porque eu insisti e a arrastei pro carro. Se quer dar o seu sermão, papai, fale comigo. Mas aviso logo que, enquanto estiver envolvido com aquela interesseira da Susi, não vou lhe dar ouvidos!
OLIVEIRA RAMOS - Minha filha, você precisa crescer, parar com essas infantilidades! Agora, corro o risco de ter meu nome estampado amanhã em todos os jornais. Você sabe que isso pode interferir nos meus negócios!
O MOTORISTA PAROU O CARRO EM FRENTE A UM EDIFÍCIO E DIRIGIU-SE AO BANQUEIRO.
MOTORISTA - Residência de Dona Nívea...
HELÔ - (para a amiga) Nívea, você não quer ir para minha casa? Depois pode ligar pra seus pais e vir mais tarde...
NÍVEA - (cortou, decidida) Não, Helô, eu agradeço o convite, mas preciso ficar sozinha. Olha, não é por estar na frente do seu pai, mas estou cansada dessas loucuras que, volta e meia, a gente apronta. Preciso pensar. Tou sentindo necessidade de mudar, de crescer, como seu pai falou (abriu a porta do carro, dirigiu-se ao banqueiro) Doutor Oliveira... mais uma vez, mil perdões. Só mais uma coisa... eu queria lhes fazer um pedido!
OLIVEIRA RAMOS - Pode falar, Nívea.
NÍVEA - Eu preferia que meus pais não soubessem do que aconteceu esta noite. Meu pai ainda não está totalmente restabelecido e queria evitar mais problemas ...
OLIVEIRA RAMOS - Fique tranquila, Nívea. Esse assunto morre aqui. Vá em paz.
NÍVEA - Obrigada... muito obrigada. Boa noite, Doutor. Boa noite. Helô. Depois nos falamos. Chau.
NÍVEA SALTOU DO AUTOMÓVEL E DIRIGIU-SE PARA A PORTARIA DO PRÉDIO, ENQUANTO O MOTORISTA DAVA PARTIDA E SEGUIA PARA A RESIDÊNCIA DE OLIVEIRA RAMOS.
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE RENATÃO - INT. - DIA.
RENATÃO ABRAÇOU SUSI, TENTANDO ACALMÁ-LA. A JOVEM CHEGOU AO SEU APARTAMENTO BASTANTE IRRITADA COM OS ACONTECIMENTOS DA NOITE ANTERIOR.
RENATÃO - Você tem que ter paciência, meu amor. As coisas não são tão fáceis como a gente quer... Helô é uma menina do bem. Tem que saber lidar com seus ataques...
SUSI - Tá difícil, sabia? Ontem eu quase mandei ela e o pai praquêle lugar! Ela provoca o tempo todo, que saco!
RENATÃO - Se voce não tiver sangue frio pra lidar com isso, vai pôr tudo a perder! Pense quando estiver casada, quando for esposa do Oliveira Ramos! Ela vai ter que se conformar e tudo vai ficar mais fácil...
SUSI - Tá bom, eu vou tentar....
RENATÃO - Promete?
SUSI - Prometo.
RENATÃO A AGARROU MAIS FORTEMENTE, ENCOSTANDO OS LÁBIOS NOS SEUS, ENQUANTO SEUS DEDOS EXPLORAVAM O CORPO DA JOVEM. PUXOU-A PARA A CAMA.
RENATÃO - (sedutor) Agora vem cá, vem... Tava com saudades... vem...
CORTA PARA:
CENA 5 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
DELEGADO FONTOURA - Cabo Jorge, mande soltar esse Ricardo Miranda e meus filhos, Mario e Verinha. Adelaide, minha mulher, está ameaçando vir aqui se eu não libertar esses arruaceiros!
CABO JORGE - Devo trazer eles aqui, na sua sala, doutor?
DELEGADO FONTOURA - Não. Já conversei com todos eles. Diga a meus filhos que conversaremos mais tarde, em casa. Ponha todos na rua!
CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE EMILIANO - CORREDOR - INT. - DIA.
MARIETA BATEU NA PORTA DO QUARTO DA FILHA. PANCADAS LEVES COM OS NÓS DOS DEDOS.
MARIETA - Filha... quero falar com você.
NÍVEA ABRIU A PORTA PARA A MÃE ENTRAR.
CORTA PARA:
CENA 7 - QUARTO DE NÍVEA - INT. - DIA.
MARIETA - (procurando as palavras com cuidado) Eu estou preocupada com você... Saiu ontem á noite e chegou quase de manhã...
NÍVEA - Hoje é meu primeiro dia de férias, mãe, esqueceu?
MARIETA - Não, não esqueci. É que... estou achando você diferente. Está quieta, pensativa...
NÍVEA - Você sabe que os últimos dias foram terríveis, mãe... acho que estou cansada, sei lá...
MARIETA - Você já sabe o que vai fazer nas suas férias?
NÍVEA - Estava pensando nisso... e já decidi: vou para Ibiúna! Quero passar uns dias com meus avós.
MARIETA - (animada) Que bom, filha! Eles vão adorar. E vai ser muito bom pra você sair um pouco daqui... dessas companhias... Você sabe que não aprovo sua amizade com essa tal de Helô...
NÍVEA - (ar de reprovação) Ah, mãe! Não vai querer escolher minhas amizades agora, vai!
MARIETA - (resignada) Eu sei que ela ajudou seu pai, emprestando o dinheiro, mas... criei uma cisma...
NÍVEA - (mudando de assunto) Vou ligar pra empresa de ônibus e marcar a passagem!
MARIETA - Sim, faz isso, filha! Aproveita suas férias!
CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DO DELEGADO FONTOURA - SALA - INT. - NOITE.
O DELEGADO FONTOURA ABRIU A PORTA E ENTROU EM CASA, EXAUSTO, APÓS MAIS UM DIA DE TRABALHO. MARIO ESTAVA DEITADO NO SOFÁ, Á VONTADE. AO VER A EXPRESSÃO ABORRECIDA E O CENHO FRANZIDO DO PAI, SENTOU-SE, QUASE NUM PULO. ADELAIDE VEIO AO ENCONTRO DO MARIDO.
ADELAIDE - Até que enfim você chegou, meu velho.
FONTOURA - Tive um dia cansativo... e muito aborrecido.
ADELAIDE - (mostrando indignação) Como teve coragem de prender nossos filhos numa cela, como dois marginais?
FONTOURA - (explodiu) Adelaide, você precisa sair desse seu mundinho e cair na real! Precisa conhecer seus filhos e saber que eles agem como dois marginais, sim!
ADELAIDE - Meu Deus, como pode falar uma barbaridade dessas? Eu conheço meus filhos, e muito bem!
MARIO MALUCO - Pega leve, velho... Você tá exagerando. Foi só uma brincadeira...
FONTOURA - (levou as mãos á cabeça, colérico) Uma brincadeira! Ouviu isso, Adelaide? Colocam a vida de pessoas em risco, apostando corrida e dirigindo na contramão, e para eles, isso é apenas uma brincadeira!
ADELAIDE - Calma, homem, senão vai ter um infarto!
FONTOURA - Onde está Verinha?
VERINHA SURGIU NA SALA, VINDA DO QUARTO.
VERINHA - (olhos arregalados) Oi, pai.
FONTOURA - (apontando para os filhos, enraivecido) Vocês dois, meus filhos, são a negação de tudo o que sempre acreditei como uma família de verdade! Vejo em vocês tudo aquilo contra que sempre lutei!
VERINHA - (olhos marejados) Pai.... não fala assim, pai.... Foi horrível passar a noite naquela cela...
FONTOURA - Agradeçam à sua mãe por não estarem lá até agora. Vou dar um aviso pra vocês dois: se isso acontecer outra vez, vão ficar presos por uma semana!
VERINHA CORREU PARA O QUARTO, MAGOADA. FONTOURA BUFOU, AR CANSADO.
FONTOURA - Vou tomar um banho, que hoje o dia foi terrível!
CORTA PARA:
CENA 9 - PRÉDIO DO APARTAMENTO DE JUREMA - EXT. - NOITE.
RICARDINHO ESTACIONOU A MOTO EM FRENTE AO PRÉDIO E DIRIGIU-SE PARA A PORTARIA. CUMPRIMENTOU O PORTEIRO E ENTROU NO ELEVADOR.
CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE JUREMA - INT. - NOITE
A CAMPAINHA SOOU E JUREMA, BELA MULHER DE POUCO MAIS DE 35 ANOS, APRESSOU-SE EM ABRIR A PORTA. RICARDINHO ENTROU. JUREMA BEIJOU-O NA BOCA, MAS O RAPAZ VIROU O ROSTO, EVITANDO-A.
JUREMA - O que houve com você? Tá com uma cara de cansado...
RICARDINHO - (desabando no sofá) E tou mesmo, ô minha. Dormi na cadeia ontem á noite...
JUREMA - (surpresa) Como? Prêso? Por quê, meu Deus? O que você aprontou desta vez?
RICARDINHO - Nada demais... tava fazendo um pega na Curva do Calombo com a turma, a polícia chegou e levou todos em cana.
JUREMA - (desconfiada) Que turma? Quem estava com você?
RICARDINHO - Mario Maluco, Verinha, Helô e Nívea.
JUREMA - Foi o que imaginei... essa Nívea tinha que estar no meio...
RICARDINHO - Claro, ela é minha namorada, pô!
JUREMA MAL CONSEGUIA DISFARÇAR O CIÚME QUE A CORROÍA POR DENTRO.
JUREMA - Quer dizer que agora chama a tal lourinha de namorada.... Você não tem remorsos de vir me contar seus casos? Não se importa com meus sentimentos?
RICARDINHO - Sem essa, Jurema. Nosso tempo já passou. Hoje, você pra mim é uma velha amiga, o meu refúgio...
JUREMA - Velha amiga... refúgio... odeio quando fala isso. Sempre fui fiel a você, apesar de tudo o que já me fez... Sei que, de você, não devo esperar nada... ou quase nada...
RICARDINHO - Me trás um uísque, vai!
JUREMA - (falava, enquanto preparava a bebida) Sou uma mulher bonita, jovem ainda... Sou boa atriz, ganho meu próprio sustento com meu trabalho no teatro... uma ponta aqui, outra ali... mas um dia, escreve o que vou te dizer, Ricardinho: vou ser uma estrela, ter meu talento reconhecido e ganhar muito dinheiro! Quero ver se, ainda assim, vai me chamar de “velha amiga”!
RICARDINHO - Sabe que eu torço por você... e ainda quero ver essa estrela brilhar. Todo mundo aplaudindo de pé a grande Jurema de Alencar!
JUREMA - (entregando-lhe o uísque) O que eu preciso, Ricardinho, é que você me dê valor. Já passei cada pedaço com você... até agredida eu já fui ... e sempre estou aqui, de braços abertos, te esperando.
RICARDINHO - (divertido, insensível) Você tá bem dramática hoje, hem? Pára de representar, mulher, isso aqui não é palco!
JUREMA - Só de uma coisa eu tenho a certeza: ninguém vai tirar você de mim! Pode ter seus casos, como já teve muitos, mas todos passageiros... Até hoje nenhum firme, pra valer... Por isso não tomei nenhuma atitude. Sempre relevando...
RICARDINHO - Que é isso, você tá me assustando... qual é, Jurema...
JUREMA - (continuou) ... se isso acontecer, eu, Jurema de Alencar, que intimamente sou sua verdadeira mulher, saberei o que fazer!
RENATÃO - Você tem que ter paciência, meu amor. As coisas não são tão fáceis como a gente quer... Helô é uma menina do bem. Tem que saber lidar com seus ataques...
SUSI - Tá difícil, sabia? Ontem eu quase mandei ela e o pai praquêle lugar! Ela provoca o tempo todo, que saco!
RENATÃO - Se voce não tiver sangue frio pra lidar com isso, vai pôr tudo a perder! Pense quando estiver casada, quando for esposa do Oliveira Ramos! Ela vai ter que se conformar e tudo vai ficar mais fácil...
SUSI - Tá bom, eu vou tentar....
RENATÃO - Promete?
SUSI - Prometo.
RENATÃO A AGARROU MAIS FORTEMENTE, ENCOSTANDO OS LÁBIOS NOS SEUS, ENQUANTO SEUS DEDOS EXPLORAVAM O CORPO DA JOVEM. PUXOU-A PARA A CAMA.
RENATÃO - (sedutor) Agora vem cá, vem... Tava com saudades... vem...
CORTA PARA:
CENA 5 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
DELEGADO FONTOURA - Cabo Jorge, mande soltar esse Ricardo Miranda e meus filhos, Mario e Verinha. Adelaide, minha mulher, está ameaçando vir aqui se eu não libertar esses arruaceiros!
CABO JORGE - Devo trazer eles aqui, na sua sala, doutor?
DELEGADO FONTOURA - Não. Já conversei com todos eles. Diga a meus filhos que conversaremos mais tarde, em casa. Ponha todos na rua!
CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE EMILIANO - CORREDOR - INT. - DIA.
MARIETA BATEU NA PORTA DO QUARTO DA FILHA. PANCADAS LEVES COM OS NÓS DOS DEDOS.
MARIETA - Filha... quero falar com você.
NÍVEA ABRIU A PORTA PARA A MÃE ENTRAR.
CORTA PARA:
CENA 7 - QUARTO DE NÍVEA - INT. - DIA.
MARIETA - (procurando as palavras com cuidado) Eu estou preocupada com você... Saiu ontem á noite e chegou quase de manhã...
NÍVEA - Hoje é meu primeiro dia de férias, mãe, esqueceu?
MARIETA - Não, não esqueci. É que... estou achando você diferente. Está quieta, pensativa...
NÍVEA - Você sabe que os últimos dias foram terríveis, mãe... acho que estou cansada, sei lá...
MARIETA - Você já sabe o que vai fazer nas suas férias?
NÍVEA - Estava pensando nisso... e já decidi: vou para Ibiúna! Quero passar uns dias com meus avós.
MARIETA - (animada) Que bom, filha! Eles vão adorar. E vai ser muito bom pra você sair um pouco daqui... dessas companhias... Você sabe que não aprovo sua amizade com essa tal de Helô...
NÍVEA - (ar de reprovação) Ah, mãe! Não vai querer escolher minhas amizades agora, vai!
MARIETA - (resignada) Eu sei que ela ajudou seu pai, emprestando o dinheiro, mas... criei uma cisma...
NÍVEA - (mudando de assunto) Vou ligar pra empresa de ônibus e marcar a passagem!
MARIETA - Sim, faz isso, filha! Aproveita suas férias!
CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DO DELEGADO FONTOURA - SALA - INT. - NOITE.
O DELEGADO FONTOURA ABRIU A PORTA E ENTROU EM CASA, EXAUSTO, APÓS MAIS UM DIA DE TRABALHO. MARIO ESTAVA DEITADO NO SOFÁ, Á VONTADE. AO VER A EXPRESSÃO ABORRECIDA E O CENHO FRANZIDO DO PAI, SENTOU-SE, QUASE NUM PULO. ADELAIDE VEIO AO ENCONTRO DO MARIDO.
ADELAIDE - Até que enfim você chegou, meu velho.
FONTOURA - Tive um dia cansativo... e muito aborrecido.
ADELAIDE - (mostrando indignação) Como teve coragem de prender nossos filhos numa cela, como dois marginais?
FONTOURA - (explodiu) Adelaide, você precisa sair desse seu mundinho e cair na real! Precisa conhecer seus filhos e saber que eles agem como dois marginais, sim!
ADELAIDE - Meu Deus, como pode falar uma barbaridade dessas? Eu conheço meus filhos, e muito bem!
MARIO MALUCO - Pega leve, velho... Você tá exagerando. Foi só uma brincadeira...
FONTOURA - (levou as mãos á cabeça, colérico) Uma brincadeira! Ouviu isso, Adelaide? Colocam a vida de pessoas em risco, apostando corrida e dirigindo na contramão, e para eles, isso é apenas uma brincadeira!
ADELAIDE - Calma, homem, senão vai ter um infarto!
FONTOURA - Onde está Verinha?
VERINHA SURGIU NA SALA, VINDA DO QUARTO.
VERINHA - (olhos arregalados) Oi, pai.
FONTOURA - (apontando para os filhos, enraivecido) Vocês dois, meus filhos, são a negação de tudo o que sempre acreditei como uma família de verdade! Vejo em vocês tudo aquilo contra que sempre lutei!
VERINHA - (olhos marejados) Pai.... não fala assim, pai.... Foi horrível passar a noite naquela cela...
FONTOURA - Agradeçam à sua mãe por não estarem lá até agora. Vou dar um aviso pra vocês dois: se isso acontecer outra vez, vão ficar presos por uma semana!
VERINHA CORREU PARA O QUARTO, MAGOADA. FONTOURA BUFOU, AR CANSADO.
FONTOURA - Vou tomar um banho, que hoje o dia foi terrível!
CORTA PARA:
CENA 9 - PRÉDIO DO APARTAMENTO DE JUREMA - EXT. - NOITE.
RICARDINHO ESTACIONOU A MOTO EM FRENTE AO PRÉDIO E DIRIGIU-SE PARA A PORTARIA. CUMPRIMENTOU O PORTEIRO E ENTROU NO ELEVADOR.
CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE JUREMA - INT. - NOITE
A CAMPAINHA SOOU E JUREMA, BELA MULHER DE POUCO MAIS DE 35 ANOS, APRESSOU-SE EM ABRIR A PORTA. RICARDINHO ENTROU. JUREMA BEIJOU-O NA BOCA, MAS O RAPAZ VIROU O ROSTO, EVITANDO-A.
JUREMA - O que houve com você? Tá com uma cara de cansado...
RICARDINHO - (desabando no sofá) E tou mesmo, ô minha. Dormi na cadeia ontem á noite...
JUREMA - (surpresa) Como? Prêso? Por quê, meu Deus? O que você aprontou desta vez?
RICARDINHO - Nada demais... tava fazendo um pega na Curva do Calombo com a turma, a polícia chegou e levou todos em cana.
JUREMA - (desconfiada) Que turma? Quem estava com você?
RICARDINHO - Mario Maluco, Verinha, Helô e Nívea.
JUREMA - Foi o que imaginei... essa Nívea tinha que estar no meio...
RICARDINHO - Claro, ela é minha namorada, pô!
JUREMA MAL CONSEGUIA DISFARÇAR O CIÚME QUE A CORROÍA POR DENTRO.
JUREMA - Quer dizer que agora chama a tal lourinha de namorada.... Você não tem remorsos de vir me contar seus casos? Não se importa com meus sentimentos?
RICARDINHO - Sem essa, Jurema. Nosso tempo já passou. Hoje, você pra mim é uma velha amiga, o meu refúgio...
JUREMA - Velha amiga... refúgio... odeio quando fala isso. Sempre fui fiel a você, apesar de tudo o que já me fez... Sei que, de você, não devo esperar nada... ou quase nada...
RICARDINHO - Me trás um uísque, vai!
JUREMA - (falava, enquanto preparava a bebida) Sou uma mulher bonita, jovem ainda... Sou boa atriz, ganho meu próprio sustento com meu trabalho no teatro... uma ponta aqui, outra ali... mas um dia, escreve o que vou te dizer, Ricardinho: vou ser uma estrela, ter meu talento reconhecido e ganhar muito dinheiro! Quero ver se, ainda assim, vai me chamar de “velha amiga”!
RICARDINHO - Sabe que eu torço por você... e ainda quero ver essa estrela brilhar. Todo mundo aplaudindo de pé a grande Jurema de Alencar!
JUREMA - (entregando-lhe o uísque) O que eu preciso, Ricardinho, é que você me dê valor. Já passei cada pedaço com você... até agredida eu já fui ... e sempre estou aqui, de braços abertos, te esperando.
RICARDINHO - (divertido, insensível) Você tá bem dramática hoje, hem? Pára de representar, mulher, isso aqui não é palco!
JUREMA - Só de uma coisa eu tenho a certeza: ninguém vai tirar você de mim! Pode ter seus casos, como já teve muitos, mas todos passageiros... Até hoje nenhum firme, pra valer... Por isso não tomei nenhuma atitude. Sempre relevando...
RICARDINHO - Que é isso, você tá me assustando... qual é, Jurema...
JUREMA - (continuou) ... se isso acontecer, eu, Jurema de Alencar, que intimamente sou sua verdadeira mulher, saberei o que fazer!
FIM DO CAPÍTULO 8
e no próximo capítulo...
*** Decidida a mudar de vida, Nívea conversa com Ricardinho e deixa-o furioso quando diz que quer terminar o namoro e que vai passar as férias em Ibiúna. Qual será a reação de Ricardinho?
*** Nívea está viajando para Ibiúna, sentindo o coração bater mais forte, mas sabe que não é só por saudades dos avós. Sua ansiedade tem um nome: Padre Vítor!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 9 DE
Toni que legal, gostei do procedimento de Oliveira Ramos, pensava que ele iria insultar o delegado, mas não, ficou contra o comportamento da filha. E Nívea coitada, meteu-se nessa encrenca e acho que vem mais confusão para ela! Essa história está muito agradável de ler, estou gostando demais! Bjs.
ResponderExcluirMaria, os comentários são muito importantes pra mim, porque, pelo meu envolvimento com a história, poderia acreditar que estou contando de um jeito, e, no entanto, poderia estar contando de outro. Vc falou a palavra chave "agradável de ler"! rsrsrs É assim que me sinto quando escrevo: com a sensação de estar contando uma história agradável, dinâmica e gostosa de ler! Então estou no caminho certo! rsrsrs
ResponderExcluirRealmente, Nívea, sem se dar conta, está cercada de gente perigosa. Oliveira Ramos, apesar de um banqueiro poderoso, não chega a ser mau caráter. Acho ele até dependente das vontades da filha, que tem personalidade mais forte. Ele tem medo que ela tenha novas "crises" e, por isso, prefere não provocá-la. Bjs!
Toni, fiquei surpreso com o comportamento do banqueiro, achei que ia tentar tirar a filha na marra. Concordo com a Maria, ele teve uma boa atitude. Parece que Nívea está amadurecendo. Ah e a história do delegado com os filhos está muito legal. Estou gostando muito da história.
ResponderExcluirValeu, Eugênio! Oliveira Ramos, como eu disse antes, não chega a ser mau, mas tb não é flor que se cheire rsrsr Prova disso é que, mais à frente, vai tentar manipular e envolver pessoas em benefício próprio. Qto. a Nívea, por ser de origem mais humilde que seus amigos, e ter formação mais rígida, começa a acordar pra vida, mas isso tb graças ao seu interesse pelo Padre Vítor, que é um poço de virtudes e bom caráter!
ResponderExcluirAbraço!
Toni, o banqueiro se preocupa com a filha mesmo ou em primeiro lugar está a sua posição, como homem bem sucedidi, influente e coisa e tal.....ele não me convenceu e a Helô, não é nervosa é mimada pelo menos é o que eu pens(kkkkkk). Gostei muito que hoje o Renatão apareceu, lógico que também aprontando, mas ele não chega a fazer as malvadezas do Ricardinho (não tô sendo nenhum pouco uimparcial né?). Muito bom a novela tá legal até o proximo capítulo. Um Abraço
ResponderExcluirOi Toni, nem comentei sobre essa personagem a Jurema eu gostei dela, apesar de parecer proprietária do Ricardinho, acho que vai ajudá-lo também a ser menos superficial....Aguardo.
ResponderExcluirSilvania, é verdade. o Ricardinho é sem escrúpulos, bem diferente do Renatão, que é o playboy inconsequente, irresponsável, mas que tem bom coração, como vai provar em muitas cenas mais á frente. Inclusive, vai surpreender com suas atitudes. Jurema é aquela mulher, como tem muitas, que se apaixonou por um cara que não a valoriza, que a espanca, a usa, e mesmo assim, cega de amor, é capaz de tudo por ele, sempre perdoando e acreditando que ele pode mudar.
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