Capítulo 29
A manhã
passara rápido. Fabiano esperou pelo colega Rafael para então poder sair do
hospital. Ia ver Rebeca. Não tinha tido notícias dela desde a festa de Viviane.
E mesmo que tentasse ligar para ela, o telefone parecia sempre estar desligado.
Entrou no carro e foi ao prédio dela.
Ao chegar lá, percebeu que o apartamento
estava fechado. Uma senhora idosa que o observava, aproximou-se.
— Você
está procurando aquela moça bonita que mora aí?
O médico
se aproximou também.
— Sim. A
senhora sabe onde ela se encontra?
—
Ultimamente, ela tem saído muito. – e com o olhar distante. – Uma boa moça,
pena que parece tão preocupada. – e olhando para Fabiano. – Talvez ela esteja
perto de chegar. Eu sei por que geralmente ela me faz companhia quando volta.
Fabiano
agradeceu. Resolveu esperar embaixo, onde o seu carro estava estacionado.
De
repente, percebeu que um carro que lhe pareceu familiar parou uns cinco metros
próximo ao prédio. Súbito, lembrou-se de quem era o carro. Observou e o que viu
o surpreendeu. Marcos descia do carro e logo em seguida abria a porta para que
alguém descesse. Era Rebeca. Ao vê-los, Fabiano foi em sua direção.
— O que
está fazendo com ela? – disse, se aproximando.
Marcos se
surpreendeu com a aparição quase repentina do sobrinho.
— Olá,
sobrinho? – disse com o sorriso de sempre. – O que faz aqui?
Fabiano
fez que não ouviu o que o tio falara.
— Eu
perguntei o que está fazendo com ela?
Marcos se
aproximou do sobrinho.
— Por que
não pergunta para ela. Mas, só para lhe adiantar, não a obriguei a fazer
qualquer coisa...
Fabrício
olhou confuso para Rebeca.
— Isso é
verdade? Você está com ele por vontade própria?
Rebeca ia
falar algo, mas não conseguiu, pois foi interrompida por Marcos.
— Não se
preocupe, Fabiano... Não precisa ficar com ciúmes. Ela apenas está trabalhando
para mim. – e curioso. – Mas não sabia que vocês realmente tinham esse tipo de
relacionamento.
Rebeca
parecia séria.
— E não
temos, Dr. Marcos. - disse ela repentinamente –Ele é só um amigo e também foi
um dos médicos que acompanhou meu pós-operatório.
Fabiano
riu.
— Você a
obrigou a isso, não foi? – perguntou olhando para Marcos e ficando sério. – Eu
não vou te perdoar se você tentar fazer algum mal a Rebeca!
Marcos
riu.
— Eu já disse,
eu não a obriguei a nada.
Talvez
pela expressão do tio, Fabiano não suportou e se aproximou com o intuito de
agredir Marcos.
—
Mentiroso! – disse, sendo impedido por Rebeca.
— Ele não
está mentindo! - disse ela, fazendo com que ele olhasse confuso para ela.
— Como
assim? - disse ele, se desvencilhando dos braços dela.- Você não está falando
sério, não é?
Rebeca
estava séria.
— Ele não
está mentindo. Eu realmente trabalho para ele agora.
Fabiano não conseguia acreditar no que ouvia.— Você se aliou a ele?
— E qual
o problema nisso? O que você tem a ver com isso?
Fabiano
olhou para Rebeca exasperado.
— Esse
homem... casou com a minha noiva.
Rebeca
pareceu ficar em choque. De repente, ela entendeu porque Érica insistia tanto
no fato de saber se Fabiano tinha conhecimento do seu novo trabalho com Marcos.
— Eu...
Eu realmente não sabia.
Marcos
riu.
— E o que
tem de mais? Ela não acabou de dizer que vocês são só amigos? E não é como se
eu fosse me casar com ela também.
— O Dr.
Marcos tem razão. – disse Rebeca, olhando sério para Fabiano. – Mesmo que você
não goste dele por suas razões, não há nada entre a gente que justifique a sua
reação.
Fabiano
olhou para Rebeca.
— Mesmo
sabendo que ele tomou minha noiva... Mesmo assim, você ainda vai trabalhar com
ele? Você não sabe o tipo de pessoa que ele é.
Rebeca
parecia profundamente triste por ver Fabiano tão arrasado.
—
Fabiano, vamos conversar depois. Temos que saber separar as coisas.
— Por que
Receba? Por quê? Mesmo que sejamos apenas amigos... Eu pensei que havia pelo
menos confiança.
Rebeca se
manteve calma.
— Mesmo
assim, não posso abandonar o Dr. Marcos por isso... Por favor, não se meta em
assuntos que não são seus.
Fabiano
riu como que decepcionado.
— Tem
razão. O que eu estou pensando... - e olhando para Rebeca. - Talvez fosse por
que eu pensei que com você eu pudesse realmente acreditar que existe felicidade...
Eu realmente estava sentindo algo por você. O que estou dizendo? – riu –
Você tem todo o direito de fazer o que quiser.
Rebeca
quis falar algo, mas permaneceu calada. Fabiano se dirigiu ao carro em
silêncio, entrou e saiu.
Rebeca
pareceu ficar mais séria.
Marcos
que estava observando o sobrinho, olhou para Rebeca.
— Rebeca.
– disse se aproximando dela. – Você tem que decidir de que lado você está.
Rebeca
pareceu suspirar.
— Eu já
decidi, Dr. Marcos. – e olhando determinada para ele. – Vou fazer você chegar
ao seu objetivo e tudo que é daquele homem passará para você.
Marcos
sorriu.
— Mas
você ainda não me disse, Rebeca... Por que quer tanto se vingar do Dr. Otávio?
O que ele te fez?
Rebeca
olhou para Dr. Marcos com desprezo nos olhos.
— Ele
tirou de mim o que mais amava.
Marcos
olhou e riu.
— Gosto
de pessoas como você. Com determinação. –
disse, abrindo a porta do carro. – Vejo você depois, querida Rebeca.
Marcos
entrou no carro e saiu. Quando o carro desapareceu de sua vista, suspirou.
— Por que
esse suspiro, minha filha? – perguntou alguém que se aproximava.
Rebeca
virou-se e viu que se tratava de uma senhora que era sua vizinha.
— Oi,
dona Jandira. – disse e virando-se na direção em que o carro havia ido. – Às
vezes, me pergunto se realmente estou fazendo o que é certo.
— E por
que pergunta isso?
Rebeca
virou-se em direção à senhora.
— Se
tivesse que fazer algo para conseguir justiça, mas no caminho tivesse que
machucar alguém... O que a senhora faria?
— Talvez
eu só soubesse se realmente estivesse passando por essa situação. Mas o que
seria isso?
Rebeca
suspirou.
"Vingança"
- pensou.
***
O dia
passou rápido. Mesmo não tendo o Dr. Otávio, Emanuela havia ido para a empresa.
Mesmo sendo a neta, ainda era uma empregada comum. Chegou um pouco cansada à
mansão. Depois de tomar um banho e conversar um pouco com Mariana e Rogério,
ela resolveu ir novamente para o quarto, no entanto, parou na sala ao ouvir que
alguém tocava no piano. Foi em direção ao salão de festas e viu que Viviane
tocava. Antes mesmo de entrar no salão, percebeu que alguém se aproximara. Era
Gabriele.
— Acho
que o dia dela não foi muito bom...
— E por
que diz isso? – perguntou Emanuela intrigada.
Gabriele
sorriu tristemente.
— Viviane
não gosta muito de tocar piano, a menos que se sinta realmente triste... –
disse, se afastando da porta e indo em direção à sala principal.
Gabriele
sentou-se em um dos vários sofás que tinha na sala. Emanuela se aproximou.
— Imagino
como deve ter sido o dia na faculdade. E como ela não voltou cedo, deve ter ido
ao shopping... – Gabriele riu. – Algumas pessoas comem quando se sentem
tristes, Viviane apenas compra.
Emanuela
sentou-se.
— E
quando ela toca... Isso significa que ela realmente está triste?
Gabriele
suspirou.
— Pode-se
dizer que sim. Talvez essa seja a única coisa que eu realmente saiba sobre ela.
– e com o olhar distante. – Eu só me lembro de duas vezes em que ela tocou sem
que ninguém pedisse... Uma vez, logo depois de quase ser sequestrada.
— E a
outra? – perguntou Emanuela com um pouco de curiosidade.
Gabriele
olhou para Emanuela.
— Quando
a mãe “bá” dela faleceu...
— Mãe
“bá”?
Gabriele
balançou a cabeça afirmativamente.
— Era
assim que Vivi chamava a sua primeira babá, quando era pequena. – e
olhando para Emanuela. – Mas, mudando de assunto, como foi o dia na empresa?
— Foi
normal, apenas, é claro, todas as pessoas comentando sobre o novo presidente interino.
E outros já estavam realmente sentindo falta do Dr. Otávio... Imagino quando
ele vai poder voltar ao trabalho.
— Talvez
logo, ou não. Fazia algum tempo que o Dr. Otávio queria deixar o cargo da
presidência, mas não tinha ninguém que realmente pudesse ficar no lugar dele.
Se o Dr. Marcos fizer um bom trabalho, ele pode até ser escolhido como presidente
efetivo.
Emanuela
permaneceu em silêncio, enquanto ouvia a canção que Viviane tocava.
“ É como
se eu pudesse sentir a sua tristeza...” – pensou.
***
Fabrício olhou
para o relógio. Eram sete da noite. Passara a tarde toda procurando um emprego
e indo para entrevistas. Pareceu preocupado. O dinheiro que a irmã lhe dera
estava acabando. Entrou no elevador do prédio em que
morava. Depois de alguns minutos, estava em frente à porta do apartamento.
Abriu a porta e como estava cansado, deitou-se do jeito que estava no estofado
da sala. De repente, a campainha tocou.
— Já vai.
- disse ele, levantando-se.
Abriu a
porta e o que viu o surpreendeu.
— O que
está fazendo aqui? - perguntou o rapaz.
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