segunda-feira, 3 de março de 2014

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 29 - SEGUNDA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 29

A manhã passara rápido. Fabiano esperou pelo colega Rafael para então poder sair do hospital. Ia ver Rebeca. Não tinha tido notícias dela desde a festa de Viviane. E mesmo que tentasse ligar para ela, o telefone parecia sempre estar desligado. Entrou no carro e foi ao prédio dela.
 Ao chegar lá, percebeu que o apartamento estava fechado. Uma senhora idosa que o observava, aproximou-se.
— Você está procurando aquela moça bonita que mora aí?
O médico se aproximou também.
— Sim. A senhora sabe onde ela se encontra?
— Ultimamente, ela tem saído muito. – e com o olhar distante. – Uma boa moça, pena que parece tão preocupada. – e olhando para Fabiano. – Talvez ela esteja perto de chegar. Eu sei por que geralmente ela me faz companhia quando volta.
Fabiano agradeceu. Resolveu esperar embaixo, onde o seu carro estava estacionado.
De repente, percebeu que um carro que lhe pareceu familiar parou uns cinco metros próximo ao prédio. Súbito, lembrou-se de quem era o carro. Observou e o que viu o surpreendeu. Marcos descia do carro e logo em seguida abria a porta para que alguém descesse. Era Rebeca. Ao vê-los, Fabiano foi em sua direção.
— O que está fazendo com ela? – disse, se aproximando.
Marcos se surpreendeu com a aparição quase repentina do sobrinho.
— Olá, sobrinho? – disse com o sorriso de sempre. – O que faz aqui?
Fabiano fez que não ouviu o que o tio falara.
— Eu perguntei o que está fazendo com ela?
Marcos se aproximou do sobrinho.
— Por que não pergunta para ela. Mas, só para lhe adiantar, não a obriguei a fazer qualquer coisa...
Fabrício olhou confuso para Rebeca.
— Isso é verdade? Você está com ele por vontade própria?
Rebeca ia falar algo, mas não conseguiu, pois foi interrompida por Marcos.
— Não se preocupe, Fabiano... Não precisa ficar com ciúmes. Ela apenas está trabalhando para mim. – e curioso. – Mas não sabia que vocês realmente tinham esse tipo de relacionamento.
Rebeca parecia séria.
— E não temos, Dr. Marcos. - disse ela repentinamente –Ele é só um amigo e também foi um dos médicos que acompanhou meu pós-operatório.
Fabiano riu.
— Você a obrigou a isso, não foi? – perguntou olhando para Marcos e ficando sério. – Eu não vou te perdoar se você tentar fazer algum mal a Rebeca!
Marcos riu.
— Eu já disse, eu não a obriguei a nada.
Talvez pela expressão do tio, Fabiano não suportou e se aproximou com o intuito de agredir Marcos.
— Mentiroso! – disse, sendo impedido por Rebeca.
— Ele não está mentindo!  - disse ela, fazendo com que ele olhasse confuso para ela.
— Como assim? - disse ele, se desvencilhando dos braços dela.- Você não está falando sério, não é?
Rebeca estava séria.
— Ele não está mentindo. Eu realmente trabalho para ele agora.
Fabiano não conseguia acreditar no que ouvia.
— Você se aliou a ele?
— E qual o problema nisso? O que você tem a ver com isso?
Fabiano olhou para Rebeca exasperado.
— Esse homem... casou com a minha noiva.
Rebeca pareceu ficar em choque. De repente, ela entendeu porque Érica insistia tanto no fato de saber se Fabiano tinha conhecimento do seu novo trabalho com Marcos.
— Eu... Eu realmente não sabia.
Marcos riu.
— E o que tem de mais? Ela não acabou de dizer que vocês são só amigos? E não é como se eu fosse me casar com ela também.
— O Dr. Marcos tem razão. – disse Rebeca, olhando sério para Fabiano. – Mesmo que você não goste dele por suas razões, não há nada entre a gente que justifique a sua reação.
Fabiano olhou para Rebeca.
— Mesmo sabendo que ele tomou minha noiva... Mesmo assim, você ainda vai trabalhar com ele? Você não sabe o tipo de pessoa que ele é.
Rebeca parecia profundamente triste por ver Fabiano tão arrasado.
— Fabiano, vamos conversar depois. Temos que saber separar as coisas.
— Por que Receba? Por quê? Mesmo que sejamos apenas amigos... Eu pensei que havia pelo menos confiança.
Rebeca se manteve calma.
— Mesmo assim, não posso abandonar o Dr. Marcos por isso... Por favor, não se meta em assuntos que não são seus.
Fabiano riu como que decepcionado.
— Tem razão. O que eu estou pensando... - e olhando para Rebeca. - Talvez fosse por que eu pensei que com você eu pudesse realmente acreditar que existe felicidade... Eu realmente estava sentindo algo por você. O que estou dizendo? – riu – Você tem todo o direito de fazer o que quiser.
Rebeca quis falar algo, mas permaneceu calada. Fabiano se dirigiu ao carro em silêncio, entrou e saiu.
Rebeca pareceu ficar mais séria.
Marcos que estava observando o sobrinho, olhou para Rebeca.
— Rebeca. – disse se aproximando dela. – Você tem que decidir de que lado você está.
Rebeca pareceu suspirar.
— Eu já decidi, Dr. Marcos. – e olhando determinada para ele. – Vou fazer você chegar ao seu objetivo e tudo que é daquele homem passará para você.
Marcos sorriu.
— Mas você ainda não me disse, Rebeca... Por que quer tanto se vingar do Dr. Otávio? O que ele te fez?
Rebeca olhou para Dr. Marcos com desprezo nos olhos.
— Ele tirou de mim o que mais amava.
Marcos olhou e riu.
— Gosto de pessoas como você.  Com determinação. – disse, abrindo a porta do carro. – Vejo você depois, querida Rebeca.
Marcos entrou no carro e saiu. Quando o carro desapareceu de sua vista, suspirou.
— Por que esse suspiro, minha filha? – perguntou alguém que se aproximava.
Rebeca virou-se e viu que se tratava de uma senhora que era sua vizinha.
— Oi, dona Jandira. – disse e virando-se na direção em que o carro havia ido. – Às vezes, me pergunto se realmente estou fazendo o que é certo.
— E por que pergunta isso?
Rebeca virou-se em direção à senhora.
— Se tivesse que fazer algo para conseguir justiça, mas no caminho tivesse que machucar alguém... O que a senhora faria?
— Talvez eu só soubesse se realmente estivesse passando por essa situação. Mas o que seria isso?
Rebeca suspirou.
"Vingança" - pensou.
***
O dia passou rápido. Mesmo não tendo o Dr. Otávio, Emanuela havia ido para a empresa. Mesmo sendo a neta, ainda era uma empregada comum. Chegou um pouco cansada à mansão. Depois de tomar um banho e conversar um pouco com Mariana e Rogério, ela resolveu ir novamente para o quarto, no entanto, parou na sala ao ouvir que alguém tocava no piano. Foi em direção ao salão de festas e viu que Viviane tocava. Antes mesmo de entrar no salão, percebeu que alguém se aproximara. Era Gabriele.
— Acho que o dia dela não foi muito bom...
— E por que diz isso? – perguntou Emanuela intrigada.
Gabriele sorriu tristemente.
— Viviane não gosta muito de tocar piano, a menos que se sinta realmente triste... – disse, se afastando da porta e indo em direção à sala principal.
Gabriele sentou-se em um dos vários sofás que tinha na sala. Emanuela se aproximou.
— Imagino como deve ter sido o dia na faculdade. E como ela não voltou cedo, deve ter ido ao shopping... – Gabriele riu. – Algumas pessoas comem quando se sentem tristes, Viviane apenas compra.
Emanuela sentou-se.
— E quando ela toca... Isso significa que ela realmente está triste?
Gabriele suspirou.
— Pode-se dizer que sim. Talvez essa seja a única coisa que eu realmente saiba sobre ela. – e com o olhar distante. – Eu só me lembro de duas vezes em que ela tocou sem que ninguém pedisse... Uma vez, logo depois de quase ser sequestrada.
— E a outra? – perguntou Emanuela com um pouco de curiosidade.
Gabriele olhou para Emanuela.
— Quando a mãe “bá” dela faleceu...
— Mãe “bá”?
Gabriele balançou a cabeça afirmativamente.
— Era assim que Vivi chamava a sua primeira babá, quando era pequena.  – e olhando para Emanuela. – Mas, mudando de assunto, como foi o dia na empresa?
— Foi normal, apenas, é claro, todas as pessoas comentando sobre o novo presidente interino. E outros já estavam realmente sentindo falta do Dr. Otávio... Imagino quando ele vai poder voltar ao trabalho.
 Talvez logo, ou não. Fazia algum tempo que o Dr. Otávio queria deixar o cargo da presidência, mas não tinha ninguém que realmente pudesse ficar no lugar dele. Se o Dr. Marcos fizer um bom trabalho, ele pode até ser escolhido como presidente efetivo.
Emanuela permaneceu em silêncio, enquanto ouvia a canção que Viviane tocava.
“ É como se eu pudesse sentir a sua tristeza...” – pensou.
***
Fabrício olhou para o relógio. Eram sete da noite. Passara a tarde toda procurando um emprego e indo para entrevistas. Pareceu preocupado. O dinheiro que a irmã lhe dera estava acabando. Entrou no elevador do prédio em que morava. Depois de alguns minutos, estava em frente à porta do apartamento. Abriu a porta e como estava cansado, deitou-se do jeito que estava no estofado da sala. De repente, a campainha tocou.
— Já vai. - disse ele, levantando-se.
Abriu a porta e o que viu o surpreendeu.
— O que está fazendo aqui? - perguntou o rapaz.

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