O texto que apresentamos abaixo é da
autoria de José Carlos de Oliveira.
Para maiores informações sobre o autor,
favor consultar: http://www.releituras.com/jcoliveira_menu.asp.
Boa leitura!
PSICOLOGIA DO TORCEDOR
Acompanhei o jogo ao lado de meu primo
Robertinho. Encostado num carro, em frente ao Café e Bar Silva Cruz (Posto 6),
Robertinho ouvia a partida num rádio de pilha, fazendo comentários que achei
quase tão interessantes quanto a dramática luta da seleção brasileira contra a
do Peru:
— Zero a zero. O negócio não está mole.
Meu Deus, o Aimoré insiste em botar o Tostão jogando pelo lado direito: Meu
Deus, meu Deus… Sadi, segura o homem, Sadi… Segura o homem, Sadi. Segura esse
tal de Bailon, Sadi! Ai meu Deus, é gol.
Peru, 1 a zero.
— Cláudio não tem tamanho para ser
goleiro de seleção. Ele pegou a bola e largou. Pegar a bola e largar, veja só.
E Gérson está jogando muito recuado. Estamos fritos. Ai Jesus, lá vão eles.
Segura os homens, Joel! Não me faça uma coisa dessas Brito! Pronto… É gol… E
agora?
Peru 2, Brasil zero.
— O Rivelino não está jogando bulhufas.
Os homens estão cansados com essa excursão inteiramente maluca. Eles jogam de
dia e viajam de noite; jogam de noite e viajam de dia. Assim não vai. Esse
negócio de ir fazer festa para os crioulos em Moçambique não tem o menor
sentido. Se queremos mostrar o nosso amor pelo Dr. Oliveira Salazar, o certo é
a gente jogar lá mesmo em Lisboa. O pessoal aqui dos botequins ficaria feliz da
mesma forma. Mas essa de Moçambique, essa não é normal. Não é normal;
compreende? Anda, Natal, manda bala! Manda bala, Natal! E gol.
Peru 2, Brasil 1.
— Pelo menos de zero não vamos perder:
Esse Aimoré está completamente por fora, com suas táticas superadas. A derrota
até que vai ser boa, em certo sentido, porque a gente poderá exigir que Zagalo
seja o técnico da seleção. Olha lá que mulher boa esta vindo para cá. Aquela de
mini-saia em frente ao Cinema Caruso. Meu Deus, mini-saia com meias
três-quartos eu não agüento. Essa moda não é normal. Palavra de honra que isso
não é normal: Ai; Lá vão eles. Segura os homens, Sadi! Não posso crer: é gol.
Gol dos peruanos.
Peru 3, Brasil 1.
— Você viu a pelota que a garota me deu?
O papai aqui está agradando mais do que Coca-Cola em festa de criança. O juiz
marcou. Gérson vai cobrar. Dá-lhe, Gérson. Ah, não. Essa não: Chuta em gol, meu
Deus. Manda bala! Gérson deu a Roberto, essa não… E gol! É gol!
Peru 3, Brasil 2.
— Jairzinho está combinando bem com
Roberto. Tostão já deu no pé. Coitado, um grande jogador tendo que se
disciplinar para obedecer à tática do Aimoré. Lá vai Jairzinho. Lá vai e ele. E
o Botafogo, o negócio é o Botafogo! É gol! Empatamos! Conseguimos empatar!
Brasil 3, Peru 3.
— O negócio agora está quente. O que
Gérson está jogando não é normal. Palavra de honra que não é normal. Agora nós
vamos no no embalo. É só ir no embalo. Lá vamos nós. Todo mundo na área
inimiga. Assim é que eu gosto. Carlos Alberto, carimba. Carlos Alberto! E não é
que ele carimbou? É gol! É gol!
Brasil 4, Peru 3.
— Esses peruanos não são de nada.
Vencemos na raça. Conosco ninguém podemos. Eu quero ver a gringalhada lá no
México. Brasil! Brasil!
Fonte: http://contobrasileiro.com.br/?p=893.
Amei essa crônica! E ri muito também! Muito boa!
ResponderExcluirMuito boa!
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