O
texto abaixo é da autoria de Domingos Pellegrini.
Para
maiores informações sobre o autor, favor acessar: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa390086/domingos-pellegrini.
Boa
leitura!
GRAMADO,
CANELA E CAFÉ
“Lave
as mãos antes de sair”: o aviso, num sanitário de Gramado, sintetiza a limpeza
e a graça duma cidade que vive do turismo e vive o turismo.
Conta
a lenda que tudo começou com as hortências, plantadas nos jardins, nas
floreiras, nas varandas, nas encostas e até nas estradas, emoldurando uma
cidade com cultura italialemã, compensando com cremes a friagem da serra,
esquentando a alma com chocolates, enchendo os olhos com arquitetura, com
comércio e serviços do melhor dos mundos. E com artesanato autêntico, quase –
quase – sem meidinchina.
Uma
dúzia de museus numa cidade de 35 mil mil almas! Com dois milhões e meio de
turistas por ano, o turismo gera 90% da
renda da população. Sempre tem festivais e eventos, ou, como dizem, Gramado
flore o ano inteiro. Você compra pão artesanal aqui, feito na hora diante de
você. Ali toma um fondue caprichado como que. Aqui, acoli e acolá se come em
restaurantes charmosos, passeia-se em parques que parecem tirados da Europa, as
ruas são animadas de dia e agitadas à noitinha.
A
vizinha Canela é irmã gêmea de Gramado, também com talvez mais arquitetura
alpina que muitas cidades dos Alpes. O comércio é fino, da decoração ao
atendimento, e as ruas são bem cuidadas,
as praças bonitas, os sanitários públicos
limpinhos, e em cada esquina belos bancos de madeira esperam por
conversas.
Então
volto a Londrina e vou ao recém inaugurado Museu do Café, que beleza! Quantos objetos e utensílios a cafeicultura
gerou! E, no Cine Café do museu, que belos documentários sobre o ouro-verde!
Que depoimentos emocionantes de quem viveu do café, mais que uma cultura, uma
paixão! O bazar é uma beleza, com tantas lembranças artesanais para a gente
levar, cafeteiras, louças, bules, coadores de pano como o que coa café na hora
ali no Bar Rubiácea.
Mas
o melhor é sentir no ar o cheirinho de café torrado na hora, em torradeira
manual sobre braseiro, depois moído em moinho manual, os turistas fazem fila
para cada um girar um pouco a manivela. E quantas geléias e doces e licores de
café, além das cervejas com gosto de café, sorvetes e até chicletes de café!
Depois
saímos do Museu e já embarcamos em ônibus direto para uma fazenda histórica da
cafeicultura, com sua sede reformada e decorada tematicamente, as casas da
colônia transformadas em chalés para pernoite, e, no terreiro onde se secava
café, agora dançam catira e cateretê, entre barracas de artesanato e comidas
típicas do colonato. Porco frigindo no tacho, pão saindo do forno de barro,
doces de abóbora e goiaba borbulhando noutros tachos, e, quando sobe a lua,
começa a Folia de Reis.
Lá
pelas tantas bate bumbo, vai começar o batuque, então acordo, estava sonhando
no avião de volta para casa. A comissária (era tão melhor quando eram chamadas
de aeromoças!) oferece bebidas, diz que o café está bom, peço só água.
–
Sou de Londrina, café me dá muita lembrança.
Fonte:
http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/domingos-pellegrini/gramado-canela-e-cafe/.
Gostei dessa crônica, gostosa de ler!
ResponderExcluirMuito bom o conto.
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