Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 21
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
SINHANA
VIRGÍNIA
PAULA
DUDA
RITINHA
JERÔNIMO
MÉDICO
CENA 1 - RIO DE JANEIRO - INTERIOR DO TAXI - EXT. - DIA.
Sinhana deu o endereço ao motorista e recostou-se no banco traseiro do taxi. Coordenava as idéias e os termos da conversa, enquanto velozmente o veículo cruzava as ruas movimentadas da zona sul. Pagou a corrida e, desajeitada, encaminhou-se para a entrada do prédio.
CORTA PARA:
CENA 2 - HALL E ELEVADOR DO APARTAMENTO DE PAULA - INT. - DIA.
Sinhana entrou no hall do edifício, de paredes espelhadas e farta decoração vegetal, tomou coragem e premiu o botão do elevador.
CENA 3 - APARTAMENTO DE PAULA - CORREDOR - INT. - DIA.
Segundos depois achava-se diante da porta do apartamento. Conferiu o número. Era aquele mesmo. Gorda e com ares de interiorana, a figura de Sinhana despertou a curiosidade da criada. Tentava identificar a mulher que estava á sua frente. Sinhana perguntou, sem maiores rodeios, como se fosse íntima da patroa.
SINHANA - Ela ta em casa?
CRIADA - Tá no banho. A quem anuncio?
Empurrando a porta semicerrada, a velha penetrou no apartamento.
CENA 4 - APARTAMENTO DE PAULA - SALA. - INT. - DIA.
SINHANA - Precisa anunciá nada. Eu espero ela terminá o banho. (ante o espanto da empregada, sentou-se cômodamente no sofá).
CRIADA - Minha senhora, Dona Paula vai demorar!
SINHANA - Não faz mal. Não tenho pressa.
A voz de Paula chegou-lhe aos ouvidos, vinda do fundo do apartamento.
PAULA - (off) Quem é, Virgínia?
Os olhos da criada voltaram-se incontinenti para a mulher estranha que, com total naturalidade, admirava a confortável residência.
CRIADA - É... uma mulher... que não quer dizer o nome!
PAULA - (of) Pergunte se é a mãe da moça que vai ter criança.
A empregada fez a pergunta sugerida por Paula. Com um muxoxo Sinhana virou o rosto fugindo á resposta.
CRIADA - Ela não quer dizer, Dona Paula.
PAULA - (off) Diga a ela que eu já vou.
Sinhana percebeu os olhares insistentes de Virgínia e a tentativa de aproximação que a mulata, simulando trabalho, fazia para dar continuidade á conversa. Decidiu facilitar as coisas e com um sorriso encorajou a jovem.
CRIADA - (parou diante da velha, amparada á vassoura) A gente sabe porque a senhora não quer dizer. Pode confiar em mim que eu conheço o segredo de Dona Paula. Sou liga assim com ela... Olha, foi um custo a gente achar uma pessoa nas condições da sua filha.
SINHANA - (fechando a carranca) Que condição, mulhé?
CRIADA - ... esperando filho pra daqui a sete meses. (Baixando a voz, em tom de confidência) A moça quer mesmo dar a criança logo depois que nascer? (fez uma pausa de alguns segundos esperando a resposta).
Sinhana permanecia muda.
CRIADA - Eu digo isto porque Dona Paula precisa de uma criança pra nascer no tempo certo... no mês que devia nascer o filho dela... isto é... se ela estivesse mesmo esperando criança.
Tudo se esclaracia rapidamente e a velha percebia com clareza o jogo sujo da amante do filho. Mostrou-se interessada.
SINHANA - Como disse?
Virgínia vibrou com o interesse despertado na senhora.
CRIADA - Pois então! (aproximou-se mais de Sinhana e, quase num sussurro, fez a revelação) Dona Paula não está esperando criança coisa nenhuma! Seu Hernani não lhe disse?
SINHANA - Ah... então... ela não tá esperando não?
CRIADA - Não acabei de lhe dizer, dona?
SINHANA - E pra que a... mentira?
CRIADA - (diminuiu ainda mais o volume da voz) Pra amarrar o jogador de futebol. O Duda! Nunca ouviu falar no Duda?
Satisfeita com a revelação da criada, Sinhana respondeu irônica:
SINHANA - Já! Muito!
CRIADA - Pensei que seu Hernani tinha dado o serviço direitinho á senhora. Olha... o negócio tem que ficar em segredo... mas não vamos exagerar, não é? A senhora pode saber.
Com uma toalhinha á guisa de turbante e outra de banho a envolver-lhe o corpo ainda molhado, Paula surgiu na sala. Virgínia apontou para a velha.
CRIADA - Está aí a mulher!
Paula vinha agitada.
PAULA - Prontinho, gente! Desculpem a demora! (E dirigindo-se a Sinhana) Muito prazer. Então a senhora é a mãe da moça... (Não chegou a concluir a frase. De pé, reconhecera a mulher que se encontrava em sua casa).
PAULA - A mãe do Duda!
Virgínia desapareceu pela porta da cozinha.
PAULA - (procurou controlar-se) A que... devo a honra da visita?
SINHANA - Eu vim pra lhe desmascará. Tinha uma coisa que me dizia, aqui dentro – “essa mulhé ta mentindo...”
Paula sorria, sem graça, as pernas tremendo.
PAULA - Como? Não estou entendendo o que a senhora diz. Eu menti? Menti... em quê?
SINHANA - Acho que não precisa dá explicação. A senhora mesmo se desmascarô.
Sinhana deu alguns passos em direção á saída. A jovem tentou interceptá-la.
PAULA - Minha senhora! A senhora me condena por amar o seu filho?
SINHANA - Não é por gostá dele que a senhora mentiu.
PAULA - Quem lhe garante?
SINHANA - A sua cara, dona! (abriu a porta com energia).
PAULA - (revoltada) Minha vingança e´que, nem a senhora nem a esposinha arranjada de última hora vão conseguir afastá-lo de mim. (quase suplicante, procurou saber o que, desde o primeiro instante, tanto temia) – Vai dizer tudo a ele?
SINHANA - (sem piedade na voz) Agora mesmo!
PAULA - Pensa que vai adiantar alguma coisa?
SINHANA - Vai... se ele não for trôxa! Seu desespêro, dona, é o medo de não tê quem lhe pague as conta! Mas, quer sabê de uma coisa? Cria vergonha e vai trabalhá. Pega um cabo de enxada ou mesmo uma vassoura, dona!
PAULA - Ai, que ódio! Que ódio! Que ódio!
Sapateava, histéricamente, enquanto Sinhana descia ao térreo.
CORTA PARA:
CENA 5 - RUA. - EXT. - DIA.
SINHANA - (para si) Quero vê o que o Duda vai falá quando eu contá quem é essa mulhé!
Com o coração alegre e renovadas esperanças, a mãe Coragem fez sinal com o braço estendido e o taxi parou, rangendo os freios.
CORTA PARA:
CENA 6 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
DUDA - Ela está mal, doutor?
Guardando o aparelho de pressão na maleta, o médico sorriu, dando um tapinha nas costas do rapaz.
MÉDICO - Absolutamente... tudo isto é natural no estado dela.
DUDA - Estado! Que estado?
Ritinha escondia o rosto, envergonhada.
MÉDICO - Há quanto tempo estão casados?
DUDA - Um mês e pouco, né, Ritinha?
Por entre a proteção dos travesseiros, Ritinha fez que sim com a cabeça.
MÉDICO - Pois é... Ela deve estar grávida.
DUDA - (atônito) Gra... grávida!
MÉDICO - Parabéns! O bom é assim. Deixar vir os filhos logo no início de casados. (Levantando-se, avisou Ritinha) Qualquer coisa, pode me telefonar. (E para Duda) Dentro de alguns dias ela deverá ir ao meu consultório para iniciarmos os exames pré-natais.
CENA 7 - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
Jerônimo fechou a porta. Sinhana acabara de chegar, esbaforida, pelas sucessivas aventuras no vaivém do elevador.
SINHANA - Diabo! Sê obrigada a entrá naquela joça! Quase que eu perco o ar, lá dentro!
Jerônimo suspirou, tranqüilizado com o regresso da mãe. Vivera instantes de preocupação ante a ausência de Sinhana. Ninguém sabia dizer onde fôra a velha, nem o porquê de tanta demora.
JERÔNIMO - Por onde andou, mãe?
Ignorando a pergunta do filho, Sinhana dirigiu-se a Duda, que se sentara sobre o tapete de feltro.
SINHANA - Olha aí, filho. Fui desmascarar aquela tipa que dizia que ia sê mãe de um filho teu...
DUDA - (ergueu-se como se movido a jato) Qual foi a bobagem que a senhora andou fazendo?
SINHANA - (recriminando-o) Bobagem! Bobagem! Bôbo é você! Pois eu fui lá e fiquei sabendo que ela tá te enganando!
DUDA - O quê? A senhora obrigou ela a dizer isso?
SINHANA - Obriguei, nada. A empregada dela pensou que eu era mãe de uma moça que ia dá uma criança... pra ela te enganá, seu bobalhão! E me deu todo... como é mesmo? Ah... o “serviço”!
DUDA - (absolutamente incrédulo) A senhora está brincando!
JERÔNIMO - Mãe não é disso! Acredita nas palavras dela e não se arrepende, irmão! E vamo acabá logo com essa conversa que tá na hora da gente picá a mula...
Incontinenti, abriu a porta do quarto da cunhada.
JERÔNIMO - Ritinha, tá na hora. Vem ou não vem?
Agarrado á mãe, Eduardo procurava confirmação.
DUDA - Mãe, essa história é pra valer? A senhora descobriu isso mesmo? Não é engano seu?
SINHANA - Engano... engano ia sê o seu, bôbo. Precisa abri os olho com essa mulhé sabida, filho. (Afagou, carinhosamente, a cabeça do rapaz).
Ritinha apareceu com a maleta na mão, vestido simples, de chita, em padrão florido.
RITINHA - Estou pronta. A gente pode ir.
Duda correu a abraçá-la. Instintivamente, a moça recuou, procurando a proteção de Jerônimo.
CENA 8 - APARTAMENTO DE DUDA - QUARTO - INT. - DIA.
Fôra tudo repentino. E a própria Sinhana optou pela reconsideração. Ritinha acabou ficando, para alegria do marido. E agora, meio desajeitado, mas ansioso para mostrar suas aptidões domésticas, Duda levava uma xícara de chá á esposa deitada.
DUDA - Olha, fui eu que fiz. Mãe me ensinou. Não sei se acertei a fazer o chá pra você... (Sentou-se á beira da cama com a xícara na mão).
RITINHA - (ressentida) Obrigada. Não quero dar trabalho.
Duda colocou a xícara na mesinha de cabeceira e pegou na mão da esposa.
DUDA - Vou te arranjar uma empregada. Estou ganhando uma nota, Rita. Ontem, enchi meus bolsos de grana. Fiz 3 gols! Mandei brasa! Você tem que esnobar como esposa do grande Duda!
RITINHA - (revoltada) É... eu compreendo. Você tem mania de grandeza. Por isso tem duas mulheres. É o grande Duda. Tem direito a isso.
DUDA - Não fala bobagem. Não te disse que agora as coisas vão ser diferentes? A sujeita me tapeou. E ninguém ilude o Duda, não! Ah, essa não!
Ritinha, menos enfurecida, aceitou o diálogo.
RITINHA - Afinal... ficou mesmo provado que ela estava mentindo?
DUDA - Peguei Hernani no pulo. O safado deu mil desculpas... “é, eu estava contra, mas sabe... ela é minha irmã, etc., etc.”. (Mudando de tom) Hernani é boa praça, não quero mal a ele. E toma conta dos meus negócios direitinho. A irmã dele... não quero ouvir mais o nome dela.
Passara a raiva e Ritinha era toda ternura.
RITINHA - Jura, Eduardo?
DUDA - É preciso, amor?
Sinhana deu o endereço ao motorista e recostou-se no banco traseiro do taxi. Coordenava as idéias e os termos da conversa, enquanto velozmente o veículo cruzava as ruas movimentadas da zona sul. Pagou a corrida e, desajeitada, encaminhou-se para a entrada do prédio.
CORTA PARA:
CENA 2 - HALL E ELEVADOR DO APARTAMENTO DE PAULA - INT. - DIA.
Sinhana entrou no hall do edifício, de paredes espelhadas e farta decoração vegetal, tomou coragem e premiu o botão do elevador.
CENA 3 - APARTAMENTO DE PAULA - CORREDOR - INT. - DIA.
Segundos depois achava-se diante da porta do apartamento. Conferiu o número. Era aquele mesmo. Gorda e com ares de interiorana, a figura de Sinhana despertou a curiosidade da criada. Tentava identificar a mulher que estava á sua frente. Sinhana perguntou, sem maiores rodeios, como se fosse íntima da patroa.
SINHANA - Ela ta em casa?
CRIADA - Tá no banho. A quem anuncio?
Empurrando a porta semicerrada, a velha penetrou no apartamento.
CENA 4 - APARTAMENTO DE PAULA - SALA. - INT. - DIA.
SINHANA - Precisa anunciá nada. Eu espero ela terminá o banho. (ante o espanto da empregada, sentou-se cômodamente no sofá).
CRIADA - Minha senhora, Dona Paula vai demorar!
SINHANA - Não faz mal. Não tenho pressa.
A voz de Paula chegou-lhe aos ouvidos, vinda do fundo do apartamento.
PAULA - (off) Quem é, Virgínia?
Os olhos da criada voltaram-se incontinenti para a mulher estranha que, com total naturalidade, admirava a confortável residência.
CRIADA - É... uma mulher... que não quer dizer o nome!
PAULA - (of) Pergunte se é a mãe da moça que vai ter criança.
A empregada fez a pergunta sugerida por Paula. Com um muxoxo Sinhana virou o rosto fugindo á resposta.
CRIADA - Ela não quer dizer, Dona Paula.
PAULA - (off) Diga a ela que eu já vou.
Sinhana percebeu os olhares insistentes de Virgínia e a tentativa de aproximação que a mulata, simulando trabalho, fazia para dar continuidade á conversa. Decidiu facilitar as coisas e com um sorriso encorajou a jovem.
CRIADA - (parou diante da velha, amparada á vassoura) A gente sabe porque a senhora não quer dizer. Pode confiar em mim que eu conheço o segredo de Dona Paula. Sou liga assim com ela... Olha, foi um custo a gente achar uma pessoa nas condições da sua filha.
SINHANA - (fechando a carranca) Que condição, mulhé?
CRIADA - ... esperando filho pra daqui a sete meses. (Baixando a voz, em tom de confidência) A moça quer mesmo dar a criança logo depois que nascer? (fez uma pausa de alguns segundos esperando a resposta).
Sinhana permanecia muda.
CRIADA - Eu digo isto porque Dona Paula precisa de uma criança pra nascer no tempo certo... no mês que devia nascer o filho dela... isto é... se ela estivesse mesmo esperando criança.
Tudo se esclaracia rapidamente e a velha percebia com clareza o jogo sujo da amante do filho. Mostrou-se interessada.
SINHANA - Como disse?
Virgínia vibrou com o interesse despertado na senhora.
CRIADA - Pois então! (aproximou-se mais de Sinhana e, quase num sussurro, fez a revelação) Dona Paula não está esperando criança coisa nenhuma! Seu Hernani não lhe disse?
SINHANA - Ah... então... ela não tá esperando não?
CRIADA - Não acabei de lhe dizer, dona?
SINHANA - E pra que a... mentira?
CRIADA - (diminuiu ainda mais o volume da voz) Pra amarrar o jogador de futebol. O Duda! Nunca ouviu falar no Duda?
Satisfeita com a revelação da criada, Sinhana respondeu irônica:
SINHANA - Já! Muito!
CRIADA - Pensei que seu Hernani tinha dado o serviço direitinho á senhora. Olha... o negócio tem que ficar em segredo... mas não vamos exagerar, não é? A senhora pode saber.
Com uma toalhinha á guisa de turbante e outra de banho a envolver-lhe o corpo ainda molhado, Paula surgiu na sala. Virgínia apontou para a velha.
CRIADA - Está aí a mulher!
Paula vinha agitada.
PAULA - Prontinho, gente! Desculpem a demora! (E dirigindo-se a Sinhana) Muito prazer. Então a senhora é a mãe da moça... (Não chegou a concluir a frase. De pé, reconhecera a mulher que se encontrava em sua casa).
PAULA - A mãe do Duda!
Virgínia desapareceu pela porta da cozinha.
PAULA - (procurou controlar-se) A que... devo a honra da visita?
SINHANA - Eu vim pra lhe desmascará. Tinha uma coisa que me dizia, aqui dentro – “essa mulhé ta mentindo...”
Paula sorria, sem graça, as pernas tremendo.
PAULA - Como? Não estou entendendo o que a senhora diz. Eu menti? Menti... em quê?
SINHANA - Acho que não precisa dá explicação. A senhora mesmo se desmascarô.
Sinhana deu alguns passos em direção á saída. A jovem tentou interceptá-la.
PAULA - Minha senhora! A senhora me condena por amar o seu filho?
SINHANA - Não é por gostá dele que a senhora mentiu.
PAULA - Quem lhe garante?
SINHANA - A sua cara, dona! (abriu a porta com energia).
PAULA - (revoltada) Minha vingança e´que, nem a senhora nem a esposinha arranjada de última hora vão conseguir afastá-lo de mim. (quase suplicante, procurou saber o que, desde o primeiro instante, tanto temia) – Vai dizer tudo a ele?
SINHANA - (sem piedade na voz) Agora mesmo!
PAULA - Pensa que vai adiantar alguma coisa?
SINHANA - Vai... se ele não for trôxa! Seu desespêro, dona, é o medo de não tê quem lhe pague as conta! Mas, quer sabê de uma coisa? Cria vergonha e vai trabalhá. Pega um cabo de enxada ou mesmo uma vassoura, dona!
PAULA - Ai, que ódio! Que ódio! Que ódio!
Sapateava, histéricamente, enquanto Sinhana descia ao térreo.
CORTA PARA:
CENA 5 - RUA. - EXT. - DIA.
SINHANA - (para si) Quero vê o que o Duda vai falá quando eu contá quem é essa mulhé!
Com o coração alegre e renovadas esperanças, a mãe Coragem fez sinal com o braço estendido e o taxi parou, rangendo os freios.
CORTA PARA:
CENA 6 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
DUDA - Ela está mal, doutor?
Guardando o aparelho de pressão na maleta, o médico sorriu, dando um tapinha nas costas do rapaz.
MÉDICO - Absolutamente... tudo isto é natural no estado dela.
DUDA - Estado! Que estado?
Ritinha escondia o rosto, envergonhada.
MÉDICO - Há quanto tempo estão casados?
DUDA - Um mês e pouco, né, Ritinha?
Por entre a proteção dos travesseiros, Ritinha fez que sim com a cabeça.
MÉDICO - Pois é... Ela deve estar grávida.
DUDA - (atônito) Gra... grávida!
MÉDICO - Parabéns! O bom é assim. Deixar vir os filhos logo no início de casados. (Levantando-se, avisou Ritinha) Qualquer coisa, pode me telefonar. (E para Duda) Dentro de alguns dias ela deverá ir ao meu consultório para iniciarmos os exames pré-natais.
CENA 7 - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
Jerônimo fechou a porta. Sinhana acabara de chegar, esbaforida, pelas sucessivas aventuras no vaivém do elevador.
SINHANA - Diabo! Sê obrigada a entrá naquela joça! Quase que eu perco o ar, lá dentro!
Jerônimo suspirou, tranqüilizado com o regresso da mãe. Vivera instantes de preocupação ante a ausência de Sinhana. Ninguém sabia dizer onde fôra a velha, nem o porquê de tanta demora.
JERÔNIMO - Por onde andou, mãe?
Ignorando a pergunta do filho, Sinhana dirigiu-se a Duda, que se sentara sobre o tapete de feltro.
SINHANA - Olha aí, filho. Fui desmascarar aquela tipa que dizia que ia sê mãe de um filho teu...
DUDA - (ergueu-se como se movido a jato) Qual foi a bobagem que a senhora andou fazendo?
SINHANA - (recriminando-o) Bobagem! Bobagem! Bôbo é você! Pois eu fui lá e fiquei sabendo que ela tá te enganando!
DUDA - O quê? A senhora obrigou ela a dizer isso?
SINHANA - Obriguei, nada. A empregada dela pensou que eu era mãe de uma moça que ia dá uma criança... pra ela te enganá, seu bobalhão! E me deu todo... como é mesmo? Ah... o “serviço”!
DUDA - (absolutamente incrédulo) A senhora está brincando!
JERÔNIMO - Mãe não é disso! Acredita nas palavras dela e não se arrepende, irmão! E vamo acabá logo com essa conversa que tá na hora da gente picá a mula...
Incontinenti, abriu a porta do quarto da cunhada.
JERÔNIMO - Ritinha, tá na hora. Vem ou não vem?
Agarrado á mãe, Eduardo procurava confirmação.
DUDA - Mãe, essa história é pra valer? A senhora descobriu isso mesmo? Não é engano seu?
SINHANA - Engano... engano ia sê o seu, bôbo. Precisa abri os olho com essa mulhé sabida, filho. (Afagou, carinhosamente, a cabeça do rapaz).
Ritinha apareceu com a maleta na mão, vestido simples, de chita, em padrão florido.
RITINHA - Estou pronta. A gente pode ir.
Duda correu a abraçá-la. Instintivamente, a moça recuou, procurando a proteção de Jerônimo.
CENA 8 - APARTAMENTO DE DUDA - QUARTO - INT. - DIA.
Fôra tudo repentino. E a própria Sinhana optou pela reconsideração. Ritinha acabou ficando, para alegria do marido. E agora, meio desajeitado, mas ansioso para mostrar suas aptidões domésticas, Duda levava uma xícara de chá á esposa deitada.
DUDA - Olha, fui eu que fiz. Mãe me ensinou. Não sei se acertei a fazer o chá pra você... (Sentou-se á beira da cama com a xícara na mão).
RITINHA - (ressentida) Obrigada. Não quero dar trabalho.
Duda colocou a xícara na mesinha de cabeceira e pegou na mão da esposa.
DUDA - Vou te arranjar uma empregada. Estou ganhando uma nota, Rita. Ontem, enchi meus bolsos de grana. Fiz 3 gols! Mandei brasa! Você tem que esnobar como esposa do grande Duda!
RITINHA - (revoltada) É... eu compreendo. Você tem mania de grandeza. Por isso tem duas mulheres. É o grande Duda. Tem direito a isso.
DUDA - Não fala bobagem. Não te disse que agora as coisas vão ser diferentes? A sujeita me tapeou. E ninguém ilude o Duda, não! Ah, essa não!
Ritinha, menos enfurecida, aceitou o diálogo.
RITINHA - Afinal... ficou mesmo provado que ela estava mentindo?
DUDA - Peguei Hernani no pulo. O safado deu mil desculpas... “é, eu estava contra, mas sabe... ela é minha irmã, etc., etc.”. (Mudando de tom) Hernani é boa praça, não quero mal a ele. E toma conta dos meus negócios direitinho. A irmã dele... não quero ouvir mais o nome dela.
Passara a raiva e Ritinha era toda ternura.
RITINHA - Jura, Eduardo?
DUDA - É preciso, amor?
FIM DO CAPÍTULO 21
Ritinha (Regina Duarte) e Duda (Claudio Marzo) |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
JERÔNIMO E SINHANA VOLTAM A COROADO.
O PROMOTOR RODRIGO, NA COMPANHIA DE JOÃO CORAGEM, VAI Á FAZENDA DE PEDRO BARROS E EXIGE QUE JUCA CIPÓ ENTREGUE SUA ARMA PARA SER PERICIADA. CONSEGUIRÃO SEU INTENTO?
TENTANDO DESPERTAR OS CIÚMES DE JERÔNIMO, POTIRA SE INSINUA E DIZ QUE O PROMOTOR A BEIJOU NA BOCA.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 22 DE
Muito bom Toni! Sinhana era esperta! E gostei da atitude dela: tomou um táxi, entrou num elevador, andou sozinha pela cidade grande, tudo para salvar o filho de ser enganado! Era realmente uma mãe- coragem! Vou aguardar o próximo capítulo. Bjs.
ResponderExcluirQuando leio os capitulos...posso rever em minha cabeça as cenas, com estes maravilhosos atores...gente! Claudio Cavalcanti era lindo demais! até hoje sou fã dele...ele agora esta em AR... fazendo como sempre um excelente trabalho...mal posso aguardar o proximo capitulo de "Irmãos Coragem"...bjs
ResponderExcluirMaria do Sul e Sueli, que bom que estão curtindo! A cabeça de Janete Clair "fervilhava" de idéias! São incríveis as reviravoltas que vem por aí! Vocês tornam minha "árdua" tarefa de roteirizar esta novela um prazer, com seus comentários!
ResponderExcluirBjs!