Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 24
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DELEGADO FALCÃO
PEDRO BARROS
DALVA
JUCA CIPÓ
DR. MACIEL
ESTELA
LOURENÇO
MARIA DE LARA
CENA 1 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA - GRANDE - SALA - INT. - NOITE.
Visivelmente nervoso, Diogo Falcão entrou na casa-grande levando Lara ao colo.
PEDRO BARROS - (berrou para os criados) Mande chamar o doutor! Dalva! Estela!
Dalva surgiu no tôpo da escada, olhos esbugalhados ante a cena – Lara sendo colocada, desmaiada e suja de sangue, sobre a poltrona larga da sala principal.
PEDRO BARROS - Vem cá, Dalva! Faz alguma coisa!
A tia empalideceu ao ver de perto as condições da sobrinha.
DALVA - Meu Deus, que foi isso, Pedro?
PEDRO BARROS - Aqueles malditos! Atiraro pra me acertá! Pegou na minha filha...
DALVA - (mal se sustinha de pé) Atiraram nela? Está morta?
DELEGADO FALCÃO - Não, morta não está.
A senhora levantou a blusa manchada e observou o ferimento. O sangue ainda corria muito lentamente.
DALVA - Deus do céu, como pode ter acontecido isto?
PEDRO BARROS - O tiro foi pra mim, já disse! Pra mim!
JUCA CIPÓ - (indiscreto) Eu disse que esse negoço num ia dá certo, num disse? Avisei, num avisei?
PEDRO BARROS - (ordenou, enérgico) Cala a boca! Você não sabe o que tá dizeno...
Mas Dalva já havia percebido tudo...
DALVA - O que não ia dar certo? O que vocês tramaram?
JUCA CIPÓ - É o tiro que eu não quis dá no meu patrão.
DALVA - (com severidade) Como? Expliquem-se!
Diogo Falcão procurou desviar a conversa. Sabia da fragilidade do jagunço.
DELEGADO FALCÃO - Não... não é nada. Não acha melhor a gente levar ela lá pro quarto, enquanto o doutor não vem?
PEDRO BARROS - É, melhor... Vai, leva ela, Falcão.
O delegado tornou a levantar a moça desfalecida, passando um braço por sob as costas e outro á altura das juntas do joelho.
Barros repreendeu o jagunço, logo após o grupo ter deixado a sala.
PEDRO BARROS - Veja lá o que diz, seu idiota!
JUCA CIPÓ - Será que foi... o Lourenço?
PEDRO BARROS - Claro que foi! Aquele... cachorro! Aquele desgraçado! Estava tudo acertado... pro tiro não pegá em ninguém. E foi pegá logo em quem... na minha filha! Eu mato aquele miserável!
O Doutor Maciel acabava de entrar, trôpego, claramente “tocado” pela cachaça.
DR. MACIEL - Eu já estava dormindo. Que foi isso? Que aconteceu com a senhorita Lara?
PEDRO BARROS - Um tiro... acertaram nela. Salva ela, doutor... e o senhor não se arrepende.
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - SALA - INT. - NOITE.
Estela olhava Lourenço, que parecia inquieto.
ESTELA - Você quer me dizer alguma coisa?
LOURENÇO - Quero! Quero!
ESTELA - Diga!
LOURENÇO - Acho que fiz besteira!
ESTELA - Você esteve lá... no local combinado... etc. etc.?
LOURENÇO - Estive... estive lá. Subi numa árvore, bem distante... e esperei... esperei que o Coronel Barros chegasse.
ESTELA - E ele chegou?
LOURENÇO - Chegou... direitinho como esperava... como a gente tinha combinado. Primeiro... falou o João, depois o Jerônimo... seu promotor disse umas palavras... depois Lara.
Estela assombrou-se com a revelação.
ESTELA - Lara? Minha filha se meteu entre essa gente?
LOURENÇO - Pois é... também pra mim foi uma surpresa. Mas aquele era o momento certo pra forjá o atentado...
A mulher fitava aborrecida o empregado do marido.
ESTELA - Não diga mais nada. Já sei tudo o que quer me dizer. Você atirou... e errou o tiro, como estava combinado. Só para fazer o bonzinho do meu marido ficar de vítima. Ah, meu Deus, que farsa! E você se prestou a ela. Ao menos... se tivesse acertado!
LOURENÇO - (exaltou-se) Mas... eu acertei!
ESTELA - (zombeteira) Não diga!
LOURENÇO - E não foi nele!
ESTELA - Quem foi? Se acertou no Juca, eu lhe dou os parabéns...
O capataz procurou forças para revelar toda a verdade.
LOURENÇO - Foi nela... na sua filha... em Lara!
ESTELA - (estremeceu) Quê?
LOURENÇO - Ocê ouviu...
Com os punhos cerrados, a mulher bateu no peito e no rosto do amante, num desespero incontrolável.
ESTELA - Bandido! Bandido! Por que fez isso! Por quê? Por quê?
Lourenço se desculpava, enquanto retinha o braço da amante entre suas mãos rijas e poderosas.
LOURENÇO - Não foi por querer, Estela! Não foi por querer! Eu não queria acertá em ninguém. Era só o susto!
CORTA PARA:
CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - DIA
Pedro Barros esbofeteava violentamente o capataz. Juca Cipó e um dos capangas agüentavam Lourenço, agarrando-o por trás e o coronel aplicava-lhe o corretivo...
CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - DIA
Pedro Barros esbofeteava violentamente o capataz. Juca Cipó e um dos capangas agüentavam Lourenço, agarrando-o por trás e o coronel aplicava-lhe o corretivo...
PEDRO BARROS - Isto é pela falta de pontaria! (resfolegando, ordenou) Agora, amarrem ele e lemvem pro galpão! Vai ficá lá até eu sabê dos resultados do exame do Doutô Maciel. Se ela morrê... você também será um homem morto...
CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.
Maciel acabara de fazer o curativo na ferida. Estela parou, a poucos passos da cama.
ESTELA - É grave?
DR. MACIEL - Não... felizmente, não. O tiro pegou de raspão. Foi uma hemorragia sem conseqüência. Apenas um desmaio, muito natural.
ESTELA - (aflita, meio desconfiada) Tem certeza... de que a bala não se alojou aí?
DR. MACIEL - Invocando a cunhada) Dona Dalva sabe que não.
DALVA - Que pergunta, Estela! Então o doutor ia se enganar?
Lara gemia fracamente e Estela sentou-se ao seu lado, na beira da cama.
ESTELA - Minha filhinha, minha queridinha! O que está sentindo?
Lara recobrou os sentidos, ainda zonza. O quarto parecia-lhe uma montanha russa. Tudo a girar... a girar...
MARIA DE LARA - O que foi... que me aconteceu?
ESTELA - Atiraram em você, por engano. O tiro era para seu pai, minha querida!
Maciel pigarreou, significativamente.
DALVA - (com azedume) Francamente, eu não estou entendendo esta história. Então vocês sabiam que iam tentar matar o Pedro?
ESTELA - Pois não sabíamos? Era um atentado forjado, para jogar a culpa sobre os nossos adversários (esclareceu, ante os olhares pasmados dos presentes).
MARIA DE LARA - (pôs a mão sobre a boca, horrorizada) Não é possível!
DALVA - Isto é um disparate, Estela!
ESTELA - Disparate, é? Pergunte ao Pedro! Foi ele quem arranjou esta embrulhada...
Lara balançou a cabeça, desalentada, como se falasse consigo mesma.
MARIA DE LARA - Papai havia prometido. Fez juramento de terminar... com essa espécie de coisas. Por que faltou com a palavra? (fez menção de levantar-se)
DR. MACIEL - Não faça isso... não levante ainda, ou corre perigo de nova hemorragia.
MARIA DE LARA - (resignada, dirigiu-se á mãe) Quero falar com papai. Pode chamá-lo?
Maciel deixava o quarto. Barros entrava. Encontraram-se na porta.
PEDRO BARROS - E então?
DR. MACIEL - Tudo bem, meu amigo, tudo bem. Desta ela não se vai. Mas, não é bom facilitar com novos atentados. Vou passar uma receita lá embaixo.
Maciel desceu as escadas em direção á sala de visitas.
Pedro Barros aproximou-se da cama da filha.
PEDRO BARROS - Lara... como tá passando?
MARIA DE LARA - Do ferimento estou melhor, papai. Mas, desolada com o que o senhor tramou. (depois de uma pausa, prosseguiu) Falhou com a sua palavra. Disse que ia terminar com atentados, mentiras, violências... mas o que aconteceu comigo foi um atentado forjado...
PEDRO BARROS - (voltou-se contra a esposa) Será possível, Estela? Você já me pôs contra nossa filha!
A mulher enfrentou a carranca do marido.
ESTELA - Disse a verdade! Você pode me desmentir?
MARIA DE LARA - (angustiada, com as mãos unidas ) Por quê, papai?
O coronel pareceu aceitar as recriminações. Baixou os olhos, quase que se penitenciando do erro que cometera.
PEDRO BARROS - Deus me castigou, minha filha. E foi um castigo duro! Tudo, porque faltei com a promessa que fiz a você.
MARIA DE LARA - (sentida, mas não decididamente contra o pai) Enquanto não provar a si próprio que pode mudar, Deus não vai ajudá-lo. (pausa) Por que me caluniaram, pai?
Barros modificou a expressão do rosto. De tranqüilo para angustiado. A máscara do coronel denotavam as múltiplas emoções que lhe iam n’alma. Percorreu o quarto com passadas lentas, o toc-toc do sapatão quebrando o breve silencio reinante no ambiente.
PEDRO BARROS - (com decisão) Se aproveitaram de uma sujeita que anda por aí fazendo besteira e que se parece com você. Já mandei caçar essa tipa. Mando buscá ela no inferno! Vou mostrá a esses patifes que há muita diferença entre você e essa sujeitinha.
MARIA DE LARA - (aprovou com um sorriso) Isso... tente encontrar essa mulher... faça tudo o que lhe for possível, eu... eu preciso vê-la. Creio que ela é, realmente, a causa de tudo que tem me acontecido.
FIM DO CAPÍTULO 24
Domingas (Ana Ariel), Braz (Milton Gonçalves), Padre Bento (Macedo Netto) e Ritinha (Regina Duarte) |
* JOÃO VAI Á FAZENDO DE PEDRO BARROS E O DESAFIA, DEIXANDO-O FORA DE SI.
* O PROMOTOR RODRIGO, DESCONFIADO, PEDE A SINHANA QUE REVELE TUDO O QUE SABE SOBRE A MORTE DA ESPÔSA DO DR. MACIEL.
* RODRIGO AVISA A POTIRA QUE VAI PEDI-LA EM CASAMENTO.
* PEDRO BARROS FICA TRANSTORNADO QUANDO O DR. MACIEL REVELA QUE LARA ABRIU SEU FERIMENTO COM AS PRÓPRIAS MÃOS!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 25 DE
Puxa, Lourenço ficou em má situação! E que lugar bem atrasado, essa cidade de Coroado: a filha do todo-poderoso Pedro Barros, atendida por um médico embriagado! Está muito emocionante! Bjs.
ResponderExcluirÉ mesmo, Maria do Sul. Eu me divirto com o Juca Cipó! Além de mau até a alma, é muito bobo e engraçado!!!
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