Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 25
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JERÔNIMO
JOÃO
SINHANA
PEDRO BARROS
MARIA DE LARA
OTO
RODRIGO
DR. MACIEL
CENA 1 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
JERÔNIMO - (irônico e insatisfeito, olhando ora para a mãe, ora para João Coragem) Tá na cara! Ela agora tá do lado do pai. Garanto que ocê tá do lado dele também! Vai... vai atrás dela! Vai pedir a benção pro Pedro Barros! (circundou a grande mesa de madeira e avizinhou-se do irmão) Aquela mulhé te virô a cabeça. Te afrouxô, João! Te acovardô! Tá vendo? O que eles queria era isso! Foi tudo preparado. Ela deu bola pro meu irmão... pra ele ficá contra mim!
JOÃO - Num é nada disso! (e voltando-se para Sinhana) Mãe, manda esse tonto calá a boca!
A velha interpôs-se afastando Jerônimo das proximidades de João.
SINHANA - Deus perdoe ocês... Deus perdoe! Tão ficano doido... sem respeito de irmão. Isso não se faz. (apertou, com força, o pulso do filho) É a mania de grandeza que tá te dominano, Jerome. Isso não agrada a Deus.
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - EXT. - DIA.
Pedro Barros entreabriu o colete e enfrentou o garimpeiro.
PEDRO BARROS - Veio aqui... pra vê minha filha?
João vestia um traje simples, calça de brim, camisa de gola larga e botinas amareladas, de bico muito largo.
JOÃO - Podia dizê que vim... não tava mentino... também podia sê um motivo... mas não o único.
Maria de Lara aproximava-se, a passos lentos e calculados, quase deslizando por sobre a grama do jardim. O pai avistou-a.
PEDRO BARROS - Vai pra dentro, Lara. Não te chamei aqui.
A moça parou por instantes, permanecendo atenta ao diálogo. João voltou-se e dirigiu-lhe a palavra.
JOÃO - Tou veno que a dona tá quase boa, com a graça de Deus.
Era o fio da meada. O filão que Pedro Barros esperava para dinamitar a conversa.
PEDRO BARROS - Não foi você que mandô atirá nela?
MARIA DE LARA - (gritou, histérica) Papai!
JOÃO - O senhô tá dizeno isso da boca pra fora. Sabe muito bem que eu não fiz uma coisa desta!
PEDRO BARROS - (cada vez mais irritado) Eu não sei de nada. Alguém tentou matá minha filha e eu não tenho outro inimigo que não seja você e toda sua raça!
Lara investiu contra o pai, sentindo-se envergonhada diante da inverdade e das acusações mentirosas assacadas contra o jovem garimpeiro.
MARIA DE LARA - Papai... o seu João tá dizendo que seria incapaz...
PEDRO BARROS - (corta) Voce não se mêta! Não te chamei aqui. Vai pra dentro!
Antes que a moça se decidisse pelo acato ás ordens do pai, João entregou-lhe uma pequenina pedra faiscante.
JOÃO - Pra senhora. De presente.
PEDRO BARROS - (dando um tapa na mão da moça) Ela não precisa disso...
O diamante caiu no chão, a alguns metros dali. Lara apanhou-o e saiu correndo para o interior da casa.
JOÃO - (encarou o velho milionário) Minha visita... era só pra dizê pro senhô... que o que tá fazeno com os garimpeiro não vai lhe ajudá em nada.
PEDRO BARROS - Sei o que tou fazendo!
JOÃO - Aumentou o preço da compra do diamante e tá forneceno mantimento de graça. Será que acha que é suficiente pra dá um cargo honesto pra um assassino?
O velho enfureceu-se e, com o rosto avermelhado, atirou um dedo escuro de nicotina diante da cara do rapaz.
PEDRO BARROS - Cuidado com o que diz, João! Juca é um puro!
O moço sorriu da definição do coronel: “Um puro”!
JOÃO - Vim lhe dizê... que aquele malfeitô, o seu jagunço... não vai conseguir o que qué.
PEDRO BARROS - É um desafio, João?
JOÃO - É. É um desafio. Dou a minha palavra que não vai!
As bochechas de Pedro Barros inflamaram-se com a ira que o consumia. Controlou-se, antes de retrucar á ameaça do inimigo.
PEDRO BARROS - Eu aceito. A gente vai vê!
João virou as costas, partindo a passos rápidos.
PEDRO BARROS - (gritou para o jagunço vigia) Olha aqui, Oto... se voce deixá este sujeito passá desse portão novamente... está despedido.
CORTA PARA:
CENA 3 - RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Jerônimo e Rodrigo estavam atentos ás reações de Sinhana. O promotor perguntava-lhe sobre a vida de Maciel.
RODRIGO - Basta que responda como foi que Maciel matou a mulher.
SINHANA - Eu não disse que ele matou.
RODRIGO - Eu não estou querendo prejudicar o médico. Não é ele que eu pretendo pôr na cadeia. É outro... muito mais poderoso.
SINHANA - O que eu sei não dá pra pô ninguém na cadeia.
JERÔNIMO - (estimulou-a) Então diz, mãe... o que sabe?
A velha ensimesmou-se, acreditando na conveniência ou não de revelar o pouco que conhecia da história do médico. Um pouco que se transformaria em muito, uma vez levado ao conhecimento da Justiça.
JERÔNIMO - (insistia, humilde) Diz, mãe! Diz!
Rodrigo assistia atento á cena.
CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - SALA - INT. - DIA.
Maciel descia as escadas. Barros foi ao seu encontro. Como sempre, o médico cheirava fortemente a álcool.
PEDRO BARROS - Que foi que houve com ela, desta vez?
DR. MACIEL - ... o ferimento no ombro, que se abriu de novo.
PEDRO BARROS - (apreensivo) É grave?
DR. MACIEL - Não. Do ferimento ela vai ficar boa. Entretanto... o mal da sua filha... não é bem esse.
Maciel acabou de descer e, cabisbaixo, deu alguns passos pela sala.
PEDRO BARROS - (voltou a insistir) O que é, doutô? Me diga logo!
DR. MACIEL - Já disse e repito... seu mal é mais da alma.
PEDRO BARROS - Por que diz isso?
DR. MACIEL - Porque eu sei... ela sofre por um problema interior. Eu não sou assim tão burro... que não perceba... quando um paciente tem problema dessa natureza!
Segurou a garrafa e desarrolhou-a com os dentes. Encheu um cálice e bebeu. Com uma careta depositou a taça sobre o balcão do bar.
DR. MACIEL - Meu coronel... prepare-se para um susto! (Barros empertigou-se, esperando pelo pior) Ela... abriu aquele ferimento... com suas próprias mãos!
A notícia teve o mesmo efeito que uma notícia de morte. Pedro Barros estremeceu. Procurou o refúgio no sofá. As pernas tremiam-lhe assustadoramente. Maciel, temendo pela saúde do amigo, deu-lhe a beber uma dose forte de aguardente. Aos poucos a cor retornou á face esmaecida do velho chefe. Barros resistira.
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
* O PROMOTOR RODRIGO DIZ A POTIRA QUE VAI PEDI-LA EM CASAMENTO.
* PEDRO BARROS FICA TRANSTORNADO QUANDO O DR. MACIEL REVELA QUE LARA
ABRIU SEU FERIMENTO COM AS PRÓPRIAS MÃOS!
JERÔNIMO - (irônico e insatisfeito, olhando ora para a mãe, ora para João Coragem) Tá na cara! Ela agora tá do lado do pai. Garanto que ocê tá do lado dele também! Vai... vai atrás dela! Vai pedir a benção pro Pedro Barros! (circundou a grande mesa de madeira e avizinhou-se do irmão) Aquela mulhé te virô a cabeça. Te afrouxô, João! Te acovardô! Tá vendo? O que eles queria era isso! Foi tudo preparado. Ela deu bola pro meu irmão... pra ele ficá contra mim!
JOÃO - Num é nada disso! (e voltando-se para Sinhana) Mãe, manda esse tonto calá a boca!
A velha interpôs-se afastando Jerônimo das proximidades de João.
SINHANA - Deus perdoe ocês... Deus perdoe! Tão ficano doido... sem respeito de irmão. Isso não se faz. (apertou, com força, o pulso do filho) É a mania de grandeza que tá te dominano, Jerome. Isso não agrada a Deus.
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - EXT. - DIA.
Pedro Barros entreabriu o colete e enfrentou o garimpeiro.
PEDRO BARROS - Veio aqui... pra vê minha filha?
João vestia um traje simples, calça de brim, camisa de gola larga e botinas amareladas, de bico muito largo.
JOÃO - Podia dizê que vim... não tava mentino... também podia sê um motivo... mas não o único.
Maria de Lara aproximava-se, a passos lentos e calculados, quase deslizando por sobre a grama do jardim. O pai avistou-a.
PEDRO BARROS - Vai pra dentro, Lara. Não te chamei aqui.
A moça parou por instantes, permanecendo atenta ao diálogo. João voltou-se e dirigiu-lhe a palavra.
JOÃO - Tou veno que a dona tá quase boa, com a graça de Deus.
Era o fio da meada. O filão que Pedro Barros esperava para dinamitar a conversa.
PEDRO BARROS - Não foi você que mandô atirá nela?
MARIA DE LARA - (gritou, histérica) Papai!
JOÃO - O senhô tá dizeno isso da boca pra fora. Sabe muito bem que eu não fiz uma coisa desta!
PEDRO BARROS - (cada vez mais irritado) Eu não sei de nada. Alguém tentou matá minha filha e eu não tenho outro inimigo que não seja você e toda sua raça!
Lara investiu contra o pai, sentindo-se envergonhada diante da inverdade e das acusações mentirosas assacadas contra o jovem garimpeiro.
MARIA DE LARA - Papai... o seu João tá dizendo que seria incapaz...
PEDRO BARROS - (corta) Voce não se mêta! Não te chamei aqui. Vai pra dentro!
Antes que a moça se decidisse pelo acato ás ordens do pai, João entregou-lhe uma pequenina pedra faiscante.
JOÃO - Pra senhora. De presente.
PEDRO BARROS - (dando um tapa na mão da moça) Ela não precisa disso...
O diamante caiu no chão, a alguns metros dali. Lara apanhou-o e saiu correndo para o interior da casa.
JOÃO - (encarou o velho milionário) Minha visita... era só pra dizê pro senhô... que o que tá fazeno com os garimpeiro não vai lhe ajudá em nada.
PEDRO BARROS - Sei o que tou fazendo!
JOÃO - Aumentou o preço da compra do diamante e tá forneceno mantimento de graça. Será que acha que é suficiente pra dá um cargo honesto pra um assassino?
O velho enfureceu-se e, com o rosto avermelhado, atirou um dedo escuro de nicotina diante da cara do rapaz.
PEDRO BARROS - Cuidado com o que diz, João! Juca é um puro!
O moço sorriu da definição do coronel: “Um puro”!
JOÃO - Vim lhe dizê... que aquele malfeitô, o seu jagunço... não vai conseguir o que qué.
PEDRO BARROS - É um desafio, João?
JOÃO - É. É um desafio. Dou a minha palavra que não vai!
As bochechas de Pedro Barros inflamaram-se com a ira que o consumia. Controlou-se, antes de retrucar á ameaça do inimigo.
PEDRO BARROS - Eu aceito. A gente vai vê!
João virou as costas, partindo a passos rápidos.
PEDRO BARROS - (gritou para o jagunço vigia) Olha aqui, Oto... se voce deixá este sujeito passá desse portão novamente... está despedido.
CORTA PARA:
CENA 3 - RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Jerônimo e Rodrigo estavam atentos ás reações de Sinhana. O promotor perguntava-lhe sobre a vida de Maciel.
RODRIGO - Basta que responda como foi que Maciel matou a mulher.
SINHANA - Eu não disse que ele matou.
RODRIGO - Eu não estou querendo prejudicar o médico. Não é ele que eu pretendo pôr na cadeia. É outro... muito mais poderoso.
SINHANA - O que eu sei não dá pra pô ninguém na cadeia.
JERÔNIMO - (estimulou-a) Então diz, mãe... o que sabe?
A velha ensimesmou-se, acreditando na conveniência ou não de revelar o pouco que conhecia da história do médico. Um pouco que se transformaria em muito, uma vez levado ao conhecimento da Justiça.
JERÔNIMO - (insistia, humilde) Diz, mãe! Diz!
Rodrigo assistia atento á cena.
CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - SALA - INT. - DIA.
Maciel descia as escadas. Barros foi ao seu encontro. Como sempre, o médico cheirava fortemente a álcool.
PEDRO BARROS - Que foi que houve com ela, desta vez?
DR. MACIEL - ... o ferimento no ombro, que se abriu de novo.
PEDRO BARROS - (apreensivo) É grave?
DR. MACIEL - Não. Do ferimento ela vai ficar boa. Entretanto... o mal da sua filha... não é bem esse.
Maciel acabou de descer e, cabisbaixo, deu alguns passos pela sala.
PEDRO BARROS - (voltou a insistir) O que é, doutô? Me diga logo!
DR. MACIEL - Já disse e repito... seu mal é mais da alma.
PEDRO BARROS - Por que diz isso?
DR. MACIEL - Porque eu sei... ela sofre por um problema interior. Eu não sou assim tão burro... que não perceba... quando um paciente tem problema dessa natureza!
Segurou a garrafa e desarrolhou-a com os dentes. Encheu um cálice e bebeu. Com uma careta depositou a taça sobre o balcão do bar.
DR. MACIEL - Meu coronel... prepare-se para um susto! (Barros empertigou-se, esperando pelo pior) Ela... abriu aquele ferimento... com suas próprias mãos!
A notícia teve o mesmo efeito que uma notícia de morte. Pedro Barros estremeceu. Procurou o refúgio no sofá. As pernas tremiam-lhe assustadoramente. Maciel, temendo pela saúde do amigo, deu-lhe a beber uma dose forte de aguardente. Aos poucos a cor retornou á face esmaecida do velho chefe. Barros resistira.
CAPÍTULO 25
Potira (Lucia Alves), Jerônimo (Claudio Cavalcanti) e Diana (Gloria Menezes) |
* O PROMOTOR RODRIGO DIZ A POTIRA QUE VAI PEDI-LA EM CASAMENTO.
* PEDRO BARROS FICA TRANSTORNADO QUANDO O DR. MACIEL REVELA QUE LARA
ABRIU SEU FERIMENTO COM AS PRÓPRIAS MÃOS!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 26 DE
Ri muito com a frase de Pedro Barros: Juca é um puro! Hilário! Pedro Barros era um vilão, mas era muito engraçado também! E Lara abrindo o ferimento com as mãos, que horror, coisa de doida!
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