Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 117
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DOMINGAS
JOÃO
PADRE BENTO
DELEGADO CASTRO
LÁZARO
JERÔNIMO
SINHANA
DR. MACIEL
JOÃO
PADRE BENTO
DELEGADO CASTRO
LÁZARO
JERÔNIMO
SINHANA
DR. MACIEL
CENA 1 - COROADO - PRAÇA - EXT. - DIA.
João Coragem prometeu e procurou cumprir. Voltou a Coroado em busca do filho. Lara precisava vê-lo, pensava.
E Domingas benzeu-se ao deparar com o rapaz na pracinha da cidade.
DOMINGAS - João! Você tá de volta, de novo?
JOÃO - Tarde, Mingas! Tô, sim.
DOMINGAS - E como tá passando tua mulhé?
JOÃO - Tá mais melhor de boa, com a graça de Deus...
Padre Bento se aproximou, divisando o garimpeiro, de longe. A batina esvoaçava ao vento da manhã.
PADRE BENTO - Olá, João...
JOÃO - Oi, Padre Bento... como tão as coisa por aqui?
DOMINGAS - (fez a pergunta, para surpresa do rapaz) É verdade, padre, que chega hoje o reforço policial que o Delegado Gérson de Castro pediu?
DOMINGAS - É, estão esperando que os guardas cheguem a qualquer momento...
JOÃO - Reforço policial, por quê? Que tá acontecendo por aqui?
DOMINGAS - É por causa do seu irmão, João.
JOÃO - Jeromo?
PADRE BENTO - É. Jerônimo. Até ontem o delegado conseguiu manter em segredo, mas hoje já se tornou público. Uma pequena parte dos homens já está aí...
JOÃO - (não entendia a razão do reforço policial) Mas, como, padre? Por quê?
PADRE BENTO - O delegado quer tirar Jerônimo e Lázaro da aldeia, à força.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
Efetivamente, o movimento na cidade era desusado. A cada momento novos policiais e viaturas cortavam as ruelas de Coroado. João encaminhou-se para a sede policial.
JOÃO - Por Deus Nosso Senhô Jesus Cristo que não tô entendendo nada do que tá acontecendo aqui (falou, dirigindo-se ao delegado) Parece que a cidade tá em pé-de-guerra.
DELEGADO CASTRO - E está!
PADRE BENTO - (repreendeu, com um rosário na mão) Não fale assim, delegado!
DELEGADO CASTRO - João, eu fiz tudo para evitar que as coisas chegassem a esse ponto. Mas agora estou disposto a levar isto até o fim...
JOÃO - Isto, o quê... delegado?
DELEGADO CASTRO - A prisão do seu irmão e do companheiro dele...
JOÃO - O senhô tá exagerano! Meu irmão num é esse criminoso perigoso que precisa de tanto aparato policial pra pegá ele, não.
DELEGADO CASTRO - Manuel Boiadeiro morreu... e foi seu irmão quem matou!
JOÃO - Tem certeza?
DELEGADO CASTRO - A lei tem o dever de puni-lo.
JOÃO - Tá certo (ponderou, balançando a cabeça com tristeza) Mas meu irmão disse que atirô no home pra se defendê... senão, quem morria era ele...
DELEGADO CASTRO - Nesse caso, seu irmão que se entregue, com Lázaro. A justiça irá julgá-lo. Vou entrar na aldeia dele com todos os meus homens, dentro de 24 horas. É o prazo que dou a ele pra se entregar. Você tome nota, João. São (olhou para o relógio de pulso) são três horas. Se até amanhã, a esta hora, ele não estiver aqui, na praça, com Lázaro, por livre vontade... eu invado a aldeia. E não me responsabilizo pelo que possa acontecer.
Um frio percorreu a espinha do rapaz. Lembrou-se da sua anterior situação. Idêntica à de seu irmão.
JOÃO - Delegado, sou um home de paz. Mas também sou home pra aceitá um desafio desse e levá até as últimas conseqüências...
DELEGADO CASTRO - Espero a resposta até amanhã, às 3 horas. Não tenho mais nada a dizer, João.
A raiva avermelhou o pescoço do garimpeiro e suas mãos crispadas pareciam querer amassar a pesada mesa de madeira-de-lei. Padre Bento, percebendo as reações do amigo, convidou-o a deixar o recinto. João aquiesceu.
CORTA PARA:
CENA 3 - ALDEIA - EXT. - DIA.
Os dois revólveres na cinta davam ao filho de Sinhana o aspecto de um bandoleiro. Na cinta a fileira de balas e, espetado na sela, por entre dobras de couro, um punhal comprido e afiado. João Coragem mais parecia uma réplica melhorada de Lampião.
Jerônimo, a quem Lázaro informara que a estrada estava coalhada de macacos tomara conhecimento da aproximação de um desconhecido.
LÁZARO - (logo após lhe informou) É teu irmão, João Coragem.
JERÔNIMO - Vou falá com João!
O encontro se deu à entrada da aldeia.
JOÃO - Ia à tua procura, irmão (confidenciou, abraçando-o) Já pensei no teu caso, não faço outra coisa desde que cheguei, e acho que encontrei uma solução...
JERÔNIMO - Eu também encontrei uma... Vamos ver se as nossas idéias combinam.
JOÃO - Qual é a tua, irmão?
JERÔNIMO - Eu vou me mandá por esse mundo a fora... Vou sair da aldeia, de qualquer jeito... driblando os policiais... e vou tentar uma nova fuga. Mas me entregar, esta não... não me entrego, de jeito nenhum!
SINHANA - (que acabara de chegar) João tem solução mais boa!
JOÃO - A minha quase vem de encontro à tua, mano. Eu vou te ajudá a fugi!
LÁZARO - Era o que eu pensava. Ficá pra topá briga com a polícia é que a gente não pode.
JOÃO - (pousando a mão na coronha do revólver) Se a tua decisão fosse essa, eu topava!
JERÔNIMO - Não. Não tenho o direito (ponderou, segurando o braço do irmão) Fala, João!
JOÃO - Pensei em te ajudá a fugi daqui. Com uma fortuna na mão. Te dava muito dinheiro. Pra tu cuidá do teu destino fora daqui. Numa terra distante onde tu pudesse vivê em paz, como home de bem, que tu é. Sabe... eu passei a mesma infelicidade que tu tá passando agora e sei o que é isso, mano. É uma droga de porcaria de se sofrê...
Sem dizer palavra, João entregou o diamante ao irmão.
JERÔNIMO - Mas... o que significa isso, irmão?
JOÃO - Eu te dou meu diamante. Te dou pra tu te arrumá, ajeitá tua vida pro futuro. Te dou pra tu resolvê teus problema. Eu te ponho fora da aldeia, livre da polícia. Tu se manda pelo mundo... te dou ainda algum dinheiro pra consegui escapá pro estrangeiro... (virou-se para Sinhana) Cadê o dinheiro, mãe?
SINHANA - (aproximou-se) Tá aqui. Tem o bastante pra tu ir pra bem distante, filho.
JOÃO - Não aceito negativa, mano.
Jerônimo tentou retrucar, mas o olhar grave do outro o impdiu de reagir.
JERÔNIMO - Gente... cês tão vendo isso... João tá me entregando toda a fortuna dele! Toda a felicidade dele! (a emoção transtornava-o e grossas lágrimas caíam-lhe face abaixo. Mostrou a pedra a Lázaro, também, visìvelmente descontrolado ante a cena de desprendimento do amigo) Tu tá vendo, companheiro?
LÁZARO - Isso é coisa de não se vê na terra!
João voltou a intervir. Ameno. Consolador.
JOÃO - Guarda contigo (apertou a pedra na concha da mão de Jerônimo) Bem junto do teu corpo!
Jerônimo sorria de felicidade, abraçando o irmão, o olhar se perdendo nos olhos da mãe e dos companheiros espalhados pelas imediações.
JERÔNIMO - Agora, sim. Agora eu vou em frente!
LÁZARO - Como é que a gente escapa da aldeia?
JOÃO - Tenho idéia. Dr. Maciel vai agora falá com o delegado.
O médico arquitetou o plano.
DR. MACIEL - Vou agora e aviso ele que você vai se entregar. Pra isso ele deve retirar o aparato policial de todas as estradas.
JOÃO - Vou dar a minha palavra.
JERÔNIMO - (protestou) Mas tu vai faltar com ela...
JOÃO - Uma vez na vida a gente pode faltá, mano. E se faço isso é por uma causa muito justa. Pra salvar a vida do meu irmão.
Jerônimo voltou a abraçá-lo, emocionado.
JERÔNIMO - Eu tou contente pra burro, gente!
Sinhana chorava a um canto.
JOÃO - Chora, não, velha!
Jerônimo abraçou-a e beijou-lhe a fronte.
JERÔNIMO - Eu vou pro estrangeiro... vendo a pedra... e depois mando buscá todo mundo. Pode ser que um dia eu resolva voltar... pra me defender...
SINHANA - (começava a enervar-se) Vai, gente. Não perde tempo!
e no próximo capítulo...
NÃO PERCA O CAPÍTULO 118 DE
João Coragem prometeu e procurou cumprir. Voltou a Coroado em busca do filho. Lara precisava vê-lo, pensava.
E Domingas benzeu-se ao deparar com o rapaz na pracinha da cidade.
DOMINGAS - João! Você tá de volta, de novo?
JOÃO - Tarde, Mingas! Tô, sim.
DOMINGAS - E como tá passando tua mulhé?
JOÃO - Tá mais melhor de boa, com a graça de Deus...
Padre Bento se aproximou, divisando o garimpeiro, de longe. A batina esvoaçava ao vento da manhã.
PADRE BENTO - Olá, João...
JOÃO - Oi, Padre Bento... como tão as coisa por aqui?
DOMINGAS - (fez a pergunta, para surpresa do rapaz) É verdade, padre, que chega hoje o reforço policial que o Delegado Gérson de Castro pediu?
DOMINGAS - É, estão esperando que os guardas cheguem a qualquer momento...
JOÃO - Reforço policial, por quê? Que tá acontecendo por aqui?
DOMINGAS - É por causa do seu irmão, João.
JOÃO - Jeromo?
PADRE BENTO - É. Jerônimo. Até ontem o delegado conseguiu manter em segredo, mas hoje já se tornou público. Uma pequena parte dos homens já está aí...
JOÃO - (não entendia a razão do reforço policial) Mas, como, padre? Por quê?
PADRE BENTO - O delegado quer tirar Jerônimo e Lázaro da aldeia, à força.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
Efetivamente, o movimento na cidade era desusado. A cada momento novos policiais e viaturas cortavam as ruelas de Coroado. João encaminhou-se para a sede policial.
JOÃO - Por Deus Nosso Senhô Jesus Cristo que não tô entendendo nada do que tá acontecendo aqui (falou, dirigindo-se ao delegado) Parece que a cidade tá em pé-de-guerra.
DELEGADO CASTRO - E está!
PADRE BENTO - (repreendeu, com um rosário na mão) Não fale assim, delegado!
DELEGADO CASTRO - João, eu fiz tudo para evitar que as coisas chegassem a esse ponto. Mas agora estou disposto a levar isto até o fim...
JOÃO - Isto, o quê... delegado?
DELEGADO CASTRO - A prisão do seu irmão e do companheiro dele...
JOÃO - O senhô tá exagerano! Meu irmão num é esse criminoso perigoso que precisa de tanto aparato policial pra pegá ele, não.
DELEGADO CASTRO - Manuel Boiadeiro morreu... e foi seu irmão quem matou!
JOÃO - Tem certeza?
DELEGADO CASTRO - A lei tem o dever de puni-lo.
JOÃO - Tá certo (ponderou, balançando a cabeça com tristeza) Mas meu irmão disse que atirô no home pra se defendê... senão, quem morria era ele...
DELEGADO CASTRO - Nesse caso, seu irmão que se entregue, com Lázaro. A justiça irá julgá-lo. Vou entrar na aldeia dele com todos os meus homens, dentro de 24 horas. É o prazo que dou a ele pra se entregar. Você tome nota, João. São (olhou para o relógio de pulso) são três horas. Se até amanhã, a esta hora, ele não estiver aqui, na praça, com Lázaro, por livre vontade... eu invado a aldeia. E não me responsabilizo pelo que possa acontecer.
Um frio percorreu a espinha do rapaz. Lembrou-se da sua anterior situação. Idêntica à de seu irmão.
JOÃO - Delegado, sou um home de paz. Mas também sou home pra aceitá um desafio desse e levá até as últimas conseqüências...
DELEGADO CASTRO - Espero a resposta até amanhã, às 3 horas. Não tenho mais nada a dizer, João.
A raiva avermelhou o pescoço do garimpeiro e suas mãos crispadas pareciam querer amassar a pesada mesa de madeira-de-lei. Padre Bento, percebendo as reações do amigo, convidou-o a deixar o recinto. João aquiesceu.
CORTA PARA:
CENA 3 - ALDEIA - EXT. - DIA.
Os dois revólveres na cinta davam ao filho de Sinhana o aspecto de um bandoleiro. Na cinta a fileira de balas e, espetado na sela, por entre dobras de couro, um punhal comprido e afiado. João Coragem mais parecia uma réplica melhorada de Lampião.
Jerônimo, a quem Lázaro informara que a estrada estava coalhada de macacos tomara conhecimento da aproximação de um desconhecido.
LÁZARO - (logo após lhe informou) É teu irmão, João Coragem.
JERÔNIMO - Vou falá com João!
O encontro se deu à entrada da aldeia.
JOÃO - Ia à tua procura, irmão (confidenciou, abraçando-o) Já pensei no teu caso, não faço outra coisa desde que cheguei, e acho que encontrei uma solução...
JERÔNIMO - Eu também encontrei uma... Vamos ver se as nossas idéias combinam.
JOÃO - Qual é a tua, irmão?
JERÔNIMO - Eu vou me mandá por esse mundo a fora... Vou sair da aldeia, de qualquer jeito... driblando os policiais... e vou tentar uma nova fuga. Mas me entregar, esta não... não me entrego, de jeito nenhum!
SINHANA - (que acabara de chegar) João tem solução mais boa!
JOÃO - A minha quase vem de encontro à tua, mano. Eu vou te ajudá a fugi!
LÁZARO - Era o que eu pensava. Ficá pra topá briga com a polícia é que a gente não pode.
JOÃO - (pousando a mão na coronha do revólver) Se a tua decisão fosse essa, eu topava!
JERÔNIMO - Não. Não tenho o direito (ponderou, segurando o braço do irmão) Fala, João!
JOÃO - Pensei em te ajudá a fugi daqui. Com uma fortuna na mão. Te dava muito dinheiro. Pra tu cuidá do teu destino fora daqui. Numa terra distante onde tu pudesse vivê em paz, como home de bem, que tu é. Sabe... eu passei a mesma infelicidade que tu tá passando agora e sei o que é isso, mano. É uma droga de porcaria de se sofrê...
Sem dizer palavra, João entregou o diamante ao irmão.
JERÔNIMO - Mas... o que significa isso, irmão?
JOÃO - Eu te dou meu diamante. Te dou pra tu te arrumá, ajeitá tua vida pro futuro. Te dou pra tu resolvê teus problema. Eu te ponho fora da aldeia, livre da polícia. Tu se manda pelo mundo... te dou ainda algum dinheiro pra consegui escapá pro estrangeiro... (virou-se para Sinhana) Cadê o dinheiro, mãe?
SINHANA - (aproximou-se) Tá aqui. Tem o bastante pra tu ir pra bem distante, filho.
JOÃO - Não aceito negativa, mano.
Jerônimo tentou retrucar, mas o olhar grave do outro o impdiu de reagir.
JERÔNIMO - Gente... cês tão vendo isso... João tá me entregando toda a fortuna dele! Toda a felicidade dele! (a emoção transtornava-o e grossas lágrimas caíam-lhe face abaixo. Mostrou a pedra a Lázaro, também, visìvelmente descontrolado ante a cena de desprendimento do amigo) Tu tá vendo, companheiro?
LÁZARO - Isso é coisa de não se vê na terra!
João voltou a intervir. Ameno. Consolador.
JOÃO - Guarda contigo (apertou a pedra na concha da mão de Jerônimo) Bem junto do teu corpo!
Jerônimo sorria de felicidade, abraçando o irmão, o olhar se perdendo nos olhos da mãe e dos companheiros espalhados pelas imediações.
JERÔNIMO - Agora, sim. Agora eu vou em frente!
LÁZARO - Como é que a gente escapa da aldeia?
JOÃO - Tenho idéia. Dr. Maciel vai agora falá com o delegado.
O médico arquitetou o plano.
DR. MACIEL - Vou agora e aviso ele que você vai se entregar. Pra isso ele deve retirar o aparato policial de todas as estradas.
JOÃO - Vou dar a minha palavra.
JERÔNIMO - (protestou) Mas tu vai faltar com ela...
JOÃO - Uma vez na vida a gente pode faltá, mano. E se faço isso é por uma causa muito justa. Pra salvar a vida do meu irmão.
Jerônimo voltou a abraçá-lo, emocionado.
JERÔNIMO - Eu tou contente pra burro, gente!
Sinhana chorava a um canto.
JOÃO - Chora, não, velha!
Jerônimo abraçou-a e beijou-lhe a fronte.
JERÔNIMO - Eu vou pro estrangeiro... vendo a pedra... e depois mando buscá todo mundo. Pode ser que um dia eu resolva voltar... pra me defender...
SINHANA - (começava a enervar-se) Vai, gente. Não perde tempo!
FIM DO CAPÍTULO 117
e no próximo capítulo...
* Numa cena dramática, Jerônimo, Potira e Lázaro são encurralados pelo Delegado Castro e seus homens!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 118 DE
EMOÇÕES FINAIS! ÚLTIMOS CAPÍTULOS!
e vem aí...
e vem aí...
estréia dia 01 de fevereiro
Toni, que lindo esse amor de João pelo irmão, deu tudo o que tinha para tentar salvá-lo! E que triste será o desfecho! Emocionante! Bjs.
ResponderExcluirPois é, Maria, e o desfecho de Jerônimo e Potira será no próximo capítulo... Bjs!
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