Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 118
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JERÔNIMO
POTIRA
DELEGADO CASTRO
LÁZARO
POTIRA
DELEGADO CASTRO
LÁZARO
CENA 1 - ALDEIA - CHOUPANA - INT. - DIA.
Jerônimo penetrou alegre na sala de barro – chão, paredes, o próprio ar parecia tresandar a barro.
Potira aguardava-o, sentada num tamborete. O enjôo da gravidez começava a torturá-la.
JERÔNIMO - Índia, se alegra! João encontrou a solução pra nós!
POTIRA - Fala, bem, nunca te vi tão animado! Tá até corado, virge!
JERÔNIMO - (mostrou-lhe o diamante) Olha só pra isto!
POTIRA - O que é?
JERÔNIMO - O diamante de João! Ele me deu. Vai ajudar a gente a dar sumiço daqui. A gente vai tentar sair do país e vender ele fora daqui. Nós estamos ricos, bem! Só João é capaz de um ato desses.
POTIRA - Virge mãe! É bão demais!
CORTA PARA:
CENA 2 - MATA ADENTRO - EXT. - NOITE.
A fuga, infelizmente, para os três, não fora perfeita e os homens do delegado vasculhavam o mato, à procura deles como cães atrás de gatos.
DELEGADO CASTRO - Não podem estar longe. Eles desapareceram por aqui. Procurem por todo buraco que existe. Têm de estar por aqui!
Havia algo mais importante para os soldados. Não tanto o fugitivo da lei. E sim o diamante que sabiam encontrar-se com ele.
DELEGADO CASTRO - (ordenou) Aquele que vir os fugitivos, grite!
CORTA PARA:
CENA 2 - MATA ADENTRO - MOITA - EXT. - NOITE.
O grupo enfurnara-se numa moita mais densa, ajudado pela noite sem lua.
Lázaro comentou, em voz baixa, ao perceber o ruído proveniente da queixada do animal que pastava.
LÁZARO - Esse desgraçado vai dedurar a gente.
POTIRA - Temo que rezá preles não descobri esse lugá!
JERÔNIMO - Reza, índia, reza porque aquele maldito animal tá ali pra delatar.
As primeiras vozes chegavam aos ouvidos dos fugitivos e o barulho conhecido das armas, das botinas a pisar na terra. A escuridão dominava tudo. Trevas. Apenas trevas.
LÁZARO - São eles! Tamo perdido!
JERÔNIMO - (com o olhar fixo na jovem companheira, que sofria) Vamo abri fogo!
LÁZARO - Não! (ponderou, mais acostumado às lutas e às fugas) Espera! Tenho uma idéia! Eu vou pegá o animal. Monto ele e sumo, pra despistá os desgraçado.
JERÔNIMO - Não, Lázaro! (previa o perigo da empreitada) Tu não vai fazer isso! Eles te matam! Garanto que você não consegue dar um passo!
LÁZARO - Sou rápido, Jerônimo. Só pra levá eles pra outro lugá. (levantou-se e pulou uma ribanceira. Num salto ágil alcançou o lombo do animal) Adeus, companheiro!
CORTA PARA:
CENA 3 - MATAGAL - EXT. - NOITE.
DELEGADO CASTRO - Pare! Pare!
O cavalo transpunha bom trecho da região, com um vulto debruçado sobre o pescoço negro.
Jerônimo ouviu distintamente o pipocar das armas.
O delegado tornou a gritar, procurando coordenar os movimentos dos soldados.
DELEGADO CASTRO - Cuidado! Eles estão por aqui!
CORTA PARA:
CENA 4 - MATA ADENTRO - MOITA - EXT. - NOITE.
Jerônimo cochichava ao ouvido da mulher, estendido contra o solo.
JERÔNIMO - Lázaro... eles... acertaram nele!
POTIRA - Talvez não, Jeromo.
JERÔNIMO - Mataram... eu vi! (levantou-se de um salto, desvairado) Seus... desgraçados! (premiu o gatilho e atirou, a esmo) Vem pegá a gente! Vem pegar se são homens! Vem seus miseráveis!
Alucinado, o rapaz continuou atirando para todos os lados, iluminando a noite com o clarão avermelhado da arma. Os estampidos enchiam o silencio da mataria. Ouviu por entre o barulho a voz grave do delegado:
DELEGADO CASTRO - Jerônimo Coragem... te dou um minuto pra sair desse buraco! Se você não sai... eu vou atirar pra valer!
JERÔNIMO - Atira! Vem! Vem que você também leva chumbo! Delegado do diabo!
DELEGADO CASTRO - Você está se suicidando, Jerônimo!
JERÔNIMO - Tou esperando o primeiro safado que tiver coragem de se aproximar daqui!
DELEGADO CASTRO - O tempo está passando, Jerônimo!
JERÔNIMO - Eu não tenho mais tempo (replicou, já com a voz alterada) Não tenho mais nada! Vocês me tiraram tudo... o direito de tudo... Mas não me entrego!
POTIRA - (gemeu) Vai sê a morte, Jeromo!
JERÔNIMO - Vai ser a morte pra mim e pra eles!
DELEGADO CASTRO - (a voz do delegado parecia estar a poucos metros. Ou seria ilusão?) Entregue-se, Jerônimo!
JERÔNIMO - Mataram meu companheiro. Não deram nem o direito dele se defender. Vão fazer o mesmo com a gente, índia!
Gérson de Castro ouvira as palavras atemorizadas de Potira e advertiu com sinceridade.
DELEGADO CASTRO - Eu te dou minha palavra de que respeito tua vida Jerônimo. Joga tuas armas!
POTIRA - (gritou) A gente se entrega, delegado!
JERÔNIMO - Cala a boca, índia!
POTIRA - (objetou com sensatez) Eu não quero morrê, Jeromo. Eu quero vivê com você, com nosso filho... A gente tem direito!
A mestiça tentou levantar-se. Jerônimo impediu-a com a mão firme. Possante.
JERÔNIMO - Não faz isso, índia!
POTIRA - É melhor pra gente, Jeromo!
DELEGADO CASTRO - (gritou, resmungão) Tempo esgotado, Jerônimo. O que você resolve?
A mestiça levantou-se aproveitando-se de um descuido do amante.
POTIRA - Eu vou me entregá! Jeromo... se entrega também.
JERÔNIMO - Eles te matam, índia!
POTIRA - (gritou, comunicando-se com o policial) Me dá sua palavra, delegado?
DELEGADO CASTRO - Venha, Potira. Te dou minha palavra.
Com um gesto enfurecido ela se libertou do rapaz e correu para a clareira.
JERÔNIMO - Maluca!
Um dos homens do delegado fez pontaria. O tiro ecoou na mataria. Gerson de Castro pulou, esbofeteando o soldado.
DELEGADO CASTRO - Seu louco! Dei minha palavra!
A índia levou a mão ao peito e caiu nas proximidades do esconderijo. Uma mancha vermelha tingiu-lhe a blusa, enquanto, no chão, uma poça rubra aumentava a cada segundo.
Jerônimo puxou-a para o interior do mato. Enlouquecido.
JERÔNIMO - Índia! Índia! Índia, o que foi isso? Mataram ela! A índia tá morta! (levantou o corpo da mulher nos braços e rugiu para os soldados à sua frente) A índia tá morta... a índia morreu! Mata a mim também, desgraçados. Assassinos! Me mata também! Bandidos! Mataram a minha índia! Me mata também!
O rapaz atirava a esmo na escuridão da noite.
DELEGADO CASTRO - (advertiu-o) Pare de atirar, Jerônimo! Pare!
O rapaz perdera o juízo. Inteiramente desvairado.
JERÔNIMO - Mata a mim também! Mata a mim também!
Uma chuva de balas atingiu-o mortalmente. Num último esforço Jerônimo Coragem olhou a face pálida da mulher a quem amava. As forças fugiam-lhe. Seus joelhos se vergaram. Mas o corpo inanimado da mestiça permanecia seguro. Os tiros haviam cessado. Apenas o silencio e o resfolegar do homem que morria.
Jerônimo encostou os lábios na pele morena da mulher e caiu por terra, sobre o seu corpo.
Jerônimo penetrou alegre na sala de barro – chão, paredes, o próprio ar parecia tresandar a barro.
Potira aguardava-o, sentada num tamborete. O enjôo da gravidez começava a torturá-la.
JERÔNIMO - Índia, se alegra! João encontrou a solução pra nós!
POTIRA - Fala, bem, nunca te vi tão animado! Tá até corado, virge!
JERÔNIMO - (mostrou-lhe o diamante) Olha só pra isto!
POTIRA - O que é?
JERÔNIMO - O diamante de João! Ele me deu. Vai ajudar a gente a dar sumiço daqui. A gente vai tentar sair do país e vender ele fora daqui. Nós estamos ricos, bem! Só João é capaz de um ato desses.
POTIRA - Virge mãe! É bão demais!
CORTA PARA:
CENA 2 - MATA ADENTRO - EXT. - NOITE.
A fuga, infelizmente, para os três, não fora perfeita e os homens do delegado vasculhavam o mato, à procura deles como cães atrás de gatos.
DELEGADO CASTRO - Não podem estar longe. Eles desapareceram por aqui. Procurem por todo buraco que existe. Têm de estar por aqui!
Havia algo mais importante para os soldados. Não tanto o fugitivo da lei. E sim o diamante que sabiam encontrar-se com ele.
DELEGADO CASTRO - (ordenou) Aquele que vir os fugitivos, grite!
CORTA PARA:
CENA 2 - MATA ADENTRO - MOITA - EXT. - NOITE.
O grupo enfurnara-se numa moita mais densa, ajudado pela noite sem lua.
Lázaro comentou, em voz baixa, ao perceber o ruído proveniente da queixada do animal que pastava.
LÁZARO - Esse desgraçado vai dedurar a gente.
POTIRA - Temo que rezá preles não descobri esse lugá!
JERÔNIMO - Reza, índia, reza porque aquele maldito animal tá ali pra delatar.
As primeiras vozes chegavam aos ouvidos dos fugitivos e o barulho conhecido das armas, das botinas a pisar na terra. A escuridão dominava tudo. Trevas. Apenas trevas.
LÁZARO - São eles! Tamo perdido!
JERÔNIMO - (com o olhar fixo na jovem companheira, que sofria) Vamo abri fogo!
LÁZARO - Não! (ponderou, mais acostumado às lutas e às fugas) Espera! Tenho uma idéia! Eu vou pegá o animal. Monto ele e sumo, pra despistá os desgraçado.
JERÔNIMO - Não, Lázaro! (previa o perigo da empreitada) Tu não vai fazer isso! Eles te matam! Garanto que você não consegue dar um passo!
LÁZARO - Sou rápido, Jerônimo. Só pra levá eles pra outro lugá. (levantou-se e pulou uma ribanceira. Num salto ágil alcançou o lombo do animal) Adeus, companheiro!
CORTA PARA:
CENA 3 - MATAGAL - EXT. - NOITE.
DELEGADO CASTRO - Pare! Pare!
O cavalo transpunha bom trecho da região, com um vulto debruçado sobre o pescoço negro.
Jerônimo ouviu distintamente o pipocar das armas.
O delegado tornou a gritar, procurando coordenar os movimentos dos soldados.
DELEGADO CASTRO - Cuidado! Eles estão por aqui!
CORTA PARA:
CENA 4 - MATA ADENTRO - MOITA - EXT. - NOITE.
Jerônimo cochichava ao ouvido da mulher, estendido contra o solo.
JERÔNIMO - Lázaro... eles... acertaram nele!
POTIRA - Talvez não, Jeromo.
JERÔNIMO - Mataram... eu vi! (levantou-se de um salto, desvairado) Seus... desgraçados! (premiu o gatilho e atirou, a esmo) Vem pegá a gente! Vem pegar se são homens! Vem seus miseráveis!
Alucinado, o rapaz continuou atirando para todos os lados, iluminando a noite com o clarão avermelhado da arma. Os estampidos enchiam o silencio da mataria. Ouviu por entre o barulho a voz grave do delegado:
DELEGADO CASTRO - Jerônimo Coragem... te dou um minuto pra sair desse buraco! Se você não sai... eu vou atirar pra valer!
JERÔNIMO - Atira! Vem! Vem que você também leva chumbo! Delegado do diabo!
DELEGADO CASTRO - Você está se suicidando, Jerônimo!
JERÔNIMO - Tou esperando o primeiro safado que tiver coragem de se aproximar daqui!
DELEGADO CASTRO - O tempo está passando, Jerônimo!
JERÔNIMO - Eu não tenho mais tempo (replicou, já com a voz alterada) Não tenho mais nada! Vocês me tiraram tudo... o direito de tudo... Mas não me entrego!
POTIRA - (gemeu) Vai sê a morte, Jeromo!
JERÔNIMO - Vai ser a morte pra mim e pra eles!
DELEGADO CASTRO - (a voz do delegado parecia estar a poucos metros. Ou seria ilusão?) Entregue-se, Jerônimo!
JERÔNIMO - Mataram meu companheiro. Não deram nem o direito dele se defender. Vão fazer o mesmo com a gente, índia!
Gérson de Castro ouvira as palavras atemorizadas de Potira e advertiu com sinceridade.
DELEGADO CASTRO - Eu te dou minha palavra de que respeito tua vida Jerônimo. Joga tuas armas!
POTIRA - (gritou) A gente se entrega, delegado!
JERÔNIMO - Cala a boca, índia!
POTIRA - (objetou com sensatez) Eu não quero morrê, Jeromo. Eu quero vivê com você, com nosso filho... A gente tem direito!
A mestiça tentou levantar-se. Jerônimo impediu-a com a mão firme. Possante.
JERÔNIMO - Não faz isso, índia!
POTIRA - É melhor pra gente, Jeromo!
DELEGADO CASTRO - (gritou, resmungão) Tempo esgotado, Jerônimo. O que você resolve?
A mestiça levantou-se aproveitando-se de um descuido do amante.
POTIRA - Eu vou me entregá! Jeromo... se entrega também.
JERÔNIMO - Eles te matam, índia!
POTIRA - (gritou, comunicando-se com o policial) Me dá sua palavra, delegado?
DELEGADO CASTRO - Venha, Potira. Te dou minha palavra.
Com um gesto enfurecido ela se libertou do rapaz e correu para a clareira.
JERÔNIMO - Maluca!
Um dos homens do delegado fez pontaria. O tiro ecoou na mataria. Gerson de Castro pulou, esbofeteando o soldado.
DELEGADO CASTRO - Seu louco! Dei minha palavra!
A índia levou a mão ao peito e caiu nas proximidades do esconderijo. Uma mancha vermelha tingiu-lhe a blusa, enquanto, no chão, uma poça rubra aumentava a cada segundo.
Jerônimo puxou-a para o interior do mato. Enlouquecido.
JERÔNIMO - Índia! Índia! Índia, o que foi isso? Mataram ela! A índia tá morta! (levantou o corpo da mulher nos braços e rugiu para os soldados à sua frente) A índia tá morta... a índia morreu! Mata a mim também, desgraçados. Assassinos! Me mata também! Bandidos! Mataram a minha índia! Me mata também!
O rapaz atirava a esmo na escuridão da noite.
DELEGADO CASTRO - (advertiu-o) Pare de atirar, Jerônimo! Pare!
O rapaz perdera o juízo. Inteiramente desvairado.
JERÔNIMO - Mata a mim também! Mata a mim também!
Uma chuva de balas atingiu-o mortalmente. Num último esforço Jerônimo Coragem olhou a face pálida da mulher a quem amava. As forças fugiam-lhe. Seus joelhos se vergaram. Mas o corpo inanimado da mestiça permanecia seguro. Os tiros haviam cessado. Apenas o silencio e o resfolegar do homem que morria.
Jerônimo encostou os lábios na pele morena da mulher e caiu por terra, sobre o seu corpo.
FIM DO CAPÍTULO 118
e no próximo capítulo...
NÃO PERCA O PENÚLTIMO CAPÍTULO DE
E VEM AÍ...
ESTRÉIA DIA 01 DE FEVEREIRO
A
ANTOLÓGICA
MORTE DE
JERÔNIMO E POTIRA
e no próximo capítulo...
*** Desvairado, João chora sobre o corpo dos irmãos.
*** Coroado parou para assistir a chegada dos corpos de Jerônimo e Potira
*** Diante da população de Coroado, João partiu o diamante em mil pedaços!
E VEM AÍ...
ESTRÉIA DIA 01 DE FEVEREIRO
Toni que triste esse capítulo! Que final infeliz esse de Potira e Jerônimo! E tudo poderia ter sido diferente, se o velho Sebastião não tivesse feito tanto mistério sobre a origem de Potira. Uma pena! Bjs
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