segunda-feira, 7 de outubro de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 20 - SEGUNDA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capitulo 20 -  Surpresa

Ele ficou calado por um instante. Por alguma razão, ele sentia que poderia conversar sobre qualquer coisa com ela.
— Há alguns anos atrás, eu conheci uma jovem... Nos conhecemos em uma boate, eu não sabia muito sobre ela, mas não parecia ser alguém que levava uma vida de uma maneira muito certa, se é que me entende. Ela estava assim como você...
— Também tinha amnésia? – perguntou Rebeca, brincando.
— Não. – respondeu ele, sorrindo. – Mas também não tinha ninguém que cuidasse dela. Ela tinha uma história de vida bem triste. A mãe abandonou o pai e ela junto com os irmãos. O pai era alcoólatra e vivia a agredindo, até que um dia ela não suportou e fugiu. Na rua, ela... Ela foi abusada sexualmente... Um dia, me contando a sua história, ela me desabafou, dizendo que o que ela mais desejava era uma vida em que ela queria viver e não apenas sobreviver.
— E o que aconteceu com ela? – perguntou Rebeca, curiosa.
Fabiano olhou para Rebeca, sem querer acabara falando mais do que deveria.
— Ela conseguiu... Casou com um cara rico e conseguiu a vida que queria. Um final feliz. – disse ele, baixando os olhos.
Rebeca sentia que Fabiano estava omitindo algo, mas resolveu não insistir.
— Que bom então para ela. Espero que eu também tenha um final feliz. – disse ela, sorrindo.
Fabiano a observou durante alguns segundos.
— Não se preocupe, tudo vai dar certo. – e levantando-se – Agora, tenho que ir, tenho alguns compromissos. Descanse.
— Obrigada, Dr. Fabiano, por toda a sua ajuda. Eu não tenho como retribuir isso.
— Não precisa. Apenas veja isso como algo que eu não consegui fazer há um tempo atrás. Se olhar dessa forma, verá que não precisa me retribuir em nada. Eu é que tenho que lhe agradecer. – disse, saindo.
Depois que ele saiu Rebeca ficou pensativa.
“Quem será essa mulher? Depois que ele falou nela, ele ficou tão estranho...” – pensou.
***
Viviane já tinha almoçado. E para alívio dela, as duas irmãs tinham saído com Gabriele para comprarem algumas roupas. Vivi estava na sala, lendo uma revista, quando Camila se aproximou. Fazia pouco tempo que havia chegado.
— Como vai, Viviane? Faz tempo que não converso com você... – disse, sentando-se perto da sobrinha.
— É verdade. – disse Viviane, sem tirar os olhos da revista. – Mas acho que isso não incomoda a você nem a mim, então estamos quites, não é?
Camila riu.
— Parece que sua personalidade piorou um pouco depois que as suas irmãs chegaram.
Viviane olhou irritada para Camila.
— Do que está falando? Irmãs? Mais e mais eu me convenço de que essas duas são uma farsa... – e pensativa. – Só não sei como posso desmascará-las.
Camila fingiu-se de surpresa.
— Então, você também pensa assim?
Viviane olhou para Camila de repente.
— Como assim “também”? Você pensa da mesma forma que eu?
— Claro que sim. – disse Camila, percebendo o interesse da garota. – Principalmente, depois de saber o que eu soube.
— O que você soube? – perguntou Vivi com mais interesse.
— Bem, soube que o pai adotivo que trouxeram junto com elas é um ex-presidiário. E, além disso, tanto a mãe biológica quanto a mulher que as criou não passavam de garotas de programas.
Viviane quase não acreditava no que ouvia.
— Eu sabia! Todos os meus instintos me diziam, mesmo sem eu ter provas.
— Possivelmente, aquela carta também foi forjada. – continuou Camila. – Você não acha estranho, elas serem descobertas só agora? E você encontrar aquela carta nas coisas do seu pai? É claro que foi implantada por alguém.
— Tem razão. – disse Viviane, concordando - Talvez em uma das festas de empresa que teve aqui na mansão, algum cúmplice pode ter colocado aquela carta. Tudo faz sentido! Isso tudo para pegar o dinheiro do meu avô.
Camila sorriu, vendo que seu plano estava dando certo. Ela só precisava de algo mais.
— Mas... – disse Viviane. – E quanto ao exame de DNA?
— Que exame?
— Bem, o meu avô deve ter feito algum exame de DNA, não é?
— Bem... Ele não fez. – disse Camila, torcendo para que Viviane acreditasse naquela mentira.
— Não fez? Por quê?
— Hum... Você sabe como é seu avô, ele é muito crédulo... Mas não tem problema, nós podemos fazer um.
— Podemos? – perguntou interessada.
— Eu tenho um plano. Se você me conseguir amostras do cabelo de uma delas e uma amostra do seu, podemos fazer um exame de DNA e depois podemos desmascará-las na frente de todo mundo no seu aniversário. O que acha?
Viviane olhou para Camila.
— Eu gostei. Mas como você conseguiria um exame em sete dias apenas?
— Você sabe que com dinheiro sete dias é mais do que suficiente. – disse Camila, sorrindo. – Mas esse tem que ser um segredo só nosso.
— Tudo bem. – disse Viviane por fim. - Quanto mais cedo elas forem desmascaradas, menos o meu avô vai sofrer com tudo isso.
***
No dia seguinte, em um domingo, a campainha do apartamento de Fabrício tocou cedo. Ele ainda sonolento foi atender a porta. Ao abrir, percebeu que era Verônica, que parecia pronta para ir à praia.
— Ah, é você? O que está fazendo a essa hora na casa dos outros?
— Como assim “ah, é você”?  Estava esperando outra pessoa? E que casa dos outros? Você é meu irmão, esqueceu?
Fabrício foi até o quarto e deitou-se na cama, enquanto Verônica o seguia.
— Fabrício! – disse Verônica, sentando-se na cama e incomodando o irmão. – O que está fazendo?
— Ah, tão barulhenta. – disse, enquanto colocava o travesseiro na cabeça - Não vê que estou dormindo?
— E por acaso alguém que está dormindo fala?
— Fala... Eu falo dormindo. Sou sonâmbulo. Agora me deixa. – disse com o som abafado pelo travesseiro.
— Fabrício! – insistiu Verônica, enquanto sacudia o irmão. – Vamos.
Fabrício se sentou na cama a contragosto e pegou o relógio despertador que estava em um criado mudo.
— Você sabe que horas são? – disse, mostrando o relógio.
— Claro que eu sei. Não é como se eu não soubesse ler as horas. São oito horas e daí?
— Isso, são oito horas da manhã. Domingo, oito horas da manhã. Pessoas que acordam outras pessoas em um domingo às oito horas da manhã deveriam ser presas. – disse, voltando a se deitar.
Verônica se levantou e pôs as duas mãos na cintura.
— Fabrício, levante-se agora! Sua irmã está mandando!
Fabrício jogou o travesseio em Verônica.
— Isso não foi legal.
***
Uma parte da família estava reunida tomando o café da manhã. Iêda e Bruno, assim como Camila que ainda esperava o marido. Dr. Otávio, as gêmeas e Gabriele também estavam à mesa.
— Parece que as duas acordaram cedo também. – disse Iêda, olhando para as gêmeas.
— Nós temos o costume de acordar muito cedo, então mesmo no domingo, às vezes, acordamos mais cedo também. – respondeu Mariana.
Iêda sorriu.
— Aqui todos nós acordamos muito cedo na semana, então, fica difícil perder o hábito no domingo. Às vezes, problemas da empresa de arquitetura aparecem também no domingo. Eu e Bruno sabemos bem o que é isso, por isso, não tivemos tempo de conversar com vocês. Mas como estão se sentindo? Estão se adaptando bem?
— Mas do que isso... – disse Dr. Otávio. – Mariana está se preparando para a faculdade e Emanuela pode até trabalhar na parte administrativa do grupo, só estou esperando um telefonema de confirmação.
— Sério? – disse Camila – Isso é bom então... – e olhando para Mariana. – Mas que faculdade pretende fazer?
— Eu pretendo fazer Medicina.
— Olha... Parece que medicina está no sangue. – comentou Camila, fazendo com que todos os presentes olhassem para ela.
Todos da família eram proibidos de falar qualquer coisa referente ao fato das duas serem de fato filhas de Jorge até que o próprio Otávio falasse sobre isso.
— Mas mudando de assunto... – disse Camila. – Vocês estão se dando bem com a Viviane?
As duas não souberam como responder. Gabriele percebeu.
— Ah, Camila... Você sabe como Viviane pode ser um pouco desagradável no começo. – disse ela meio sem graça.
— Falando em Viviane, onde ela está agora? – perguntou Bruno, que permanecera calado até aquele momento.
— Acho que ela ainda está dormindo. – disse Gabriele.
De repente, Fabiano chegou.
— E aí? Como está a família mais feliz do Brasil? – disse, enquanto se sentava. – Ane, por favor, me vê aí um café reforçado. Daqueles que só você sabe fazer. – disse, olhando para a cozinheira.
— Fabiano, como sempre, muito animado. – comentou Camila.- Hoje é seu dia de folga?
— Sim. Depois de cobrir o plantão de vários colegas, consegui um dia de descanso. – disse rindo, enquanto recebia o café de Ane. – Obrigado, Ane. - e olhando para Camila. – Mas onde está seu marido, cunhada?
— Acho que está ocupado com algo, mas logo estará aqui.
Dr. Otávio olhou para Camila, sabia exatamente que Otávio Jr. não estava ali porque tentava evitá-lo ao máximo.
***
Verônica estava na sala do apartamento de Fabrício. Olhava dentro da bolsa para ver se não faltava nada. Seu irmão apareceu na sala sem blusa e com a escova de dentes na boca.
— O que está fazendo aqui mesmo? – disse, quase não sendo entendido por causa da escova dentro da boca.
Verônica balançou a cabeça negativamente.
Me pergunto que garota gostaria de você se visse o que estou vendo.
Ele tirou a escova da boca.
— Eu sou muito popular, sabia? Desde que eu me lembro, as garotas sempre correram atrás de mim.  – disse com a boca cheia de espuma.
— Aham... Sei.
Fabrício foi até o banheiro e voltou, segundos depois, com a boca já limpa e com uma camisa.
— O que você quer me acordando tão cedo em um domingo? – perguntou de mau humor.
— Eu quero ir à praia.
— E por que não chama a Vivi?
— Quem disse que ela não vai? Eu só queria que você dirigisse, nós vamos pegá-la, já avisei por telefone.
Fabrício suspirou.
— Você esqueceu que estou sem carro?
— Eu sei disso. Por isso, eu trouxe o meu.
— Ah... – disse ele olhando para a irmã como que entendendo algo. – Então, você só queria que eu fosse seu motorista particular.
Verônica sorriu.
— Bingo!
— Não vou. – disse ele, indo para a cozinha.
Verônica o seguiu.
— Deixa de ser chato. Você sabe que a mãe da Viviane só deixa irmos à praia se formos com um segurança ou se você for junto. E você sabe, um segurança chama muito mais atenção.
— Não quero. – disse, pegando leite na geladeira e outras coisas e olhando para a irmã. – Por que não arranja um namorado? Assim não ficam dependendo de mim.
— Não é como se eu não quisesse... Você sabe como a maioria dos garotos disponíveis que eu conheço, são idiotas... E se é para ter um idiota por perto, é melhor um conhecido do que um que eu mal conheço.
Fabrício olhou para Verônica com cara de quem não gostou da piada.
— Vamos, Fabrício... – disse ela, sacudindo o irmão, enquanto ele tentava tomar um copo de leite.
— Tá. Mas eu posso pelo menos tomar meu café da manhã primeiro?
Verônica levantou as mãos.
— Ok! – disse empolgada.
***
Camila subiu até o quarto, o marido ainda não havia descido para tomar café da manhã.
— Por que não desceu ainda?
— Estava demorando aqui... Desço daqui a pouco. Enquanto eu puder evitar meu pai, melhor. – disse, enquanto arrumava a blusa. E olhando para a esposa. – E quanto aquele seu plano para revelar a verdade sobre as filhas do Jorge?
— Eu já coloquei em prática. – disse ela. – Você tem certeza que as duas já fizeram o exame de DNA, não é? Elas são mesmo netas do Dr. Otávio?
— Claro que tenho certeza. Eu mesmo vi os exames.
Camila sorriu.
— Então, no aniversário de Viviane, todos saberão a verdade... Familiares, amigos e imprensa. – e parecendo um pouco preocupada. – Mas tem certeza que é melhor que isso vá a público? Se todos souberem que elas são netas do Dr. Otávio de verdade, a lista de suspeitos vai ser muito grande. Será difícil relacionar isso ao tio Marcos.
Otávio Jr. suspirou.
— Se isso não for divulgado, os investigadores vão ter apenas os membros da família como suspeitos de serem os mandantes... Isso também é perigoso para nós. Ou você acha que eles vão apenas investigar o tio Marcos? Não quero correr esse risco.
Camila olhou para o marido.
— E o que vai fazer depois?
— Não se preocupe, minha querida. Tudo ao seu tempo...
***
Fabrício tocou a campainha do portão principal. Ele e a irmã foram conduzidos por um dos empregados até a entrada da mansão. Os dois entraram e se dirigiram a sala principal enquanto esperavam Viviane descer. De repente, ouviram passos de alguém se aproximando. Fabrício olhou e não acreditou no que estava vendo. De pé, há uns três metros, Emanuela parou tão assustada quanto ele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário