segunda-feira, 14 de outubro de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 21 - PRIMEIRA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 21 - Laços

Fabrício olhou para Emanuela não acreditando no que estava vendo. Verônica reconheceu a garota que estivera outro dia em sua casa.
— Ah? Você não é a garota do outro dia? Mas... O que está fazendo aqui?
Emanuela ia falar algo, mas foi interrompida.
— Ela mora aqui. – disse alguém descendo as escadas.
Era Viviane. Emanuela olhou para Vivi e percebeu que ela estava um pouco diferente. Se antes Viviane parecia desgostar de Emanuela, agora parecia que ela a odiava.
— Oi, amiga! Então, já está pronta? – disse Viviane, logo depois que desceu as escadas e percebendo o rapaz. – Como conseguiu convencer o Fabrício? – perguntou ela sorrindo.
— Eu tenho minhas técnicas. – respondeu Verônica sorrindo e, em seguida, olhando para Emanuela. – Então, você disse que ela mora aqui?
Viviane olhou para Emanuela que ainda estava ali.
— É, pelo menos por enquanto. Venham para o meu quarto, assim eu arrumo tudo enquanto conto para vocês.
As duas subiram as escadas, enquanto Fabrício permanecia parado como se não conseguisse se mover.
— É uma surpresa te encontrar aqui. Se eu soubesse, poderia ter evitado. – disse ele um pouco frio.
— Eu... – disse Emanuela sem jeito. – Eu peço desculpas... Pelo que aconteceu naquele dia.
— Não precisa. A culpa foi minha. Eu presumi algo que de fato não era verdade. Com licença. – disse, saindo e subindo as escadas.
Emanuela o observou subir as escadas. Mariana, que estava observando os dois há algum tempo, aproximou-se.
— Nossa, que coincidência mais louca. – disse ela.
Emanuela virou-se.
— Você ouviu?
— Hum... Parece que eu estava certa. Vocês brigaram, não foi? O que aconteceu?
— Não foi nada... – disse Emanuela distante.
Mariana olhou séria para a irmã.
— Ah, entendo.
***
Viviane acabava de contar para Fabrício e Verônica sobre as gêmeas que agora estavam morando na mansão.
— Então, aquela era uma das netas do seu avô? Nossa... Que coincidência. – disse, olhando para Fabrício e falando com Viviane. – Então, você está se dando bem com elas?
Viviane, que estava sentada na cama, olhou irritada para Verônica.
— Do que está falando? Para mim elas não passam de uma farsa. Umas fingidas. E eu vou desmascará-las. No dia do meu aniversário, todos vão ter uma surpresa. E isso é segredo. Ai de vocês se contarem para alguém.
Verônica parecia preocupada.
— Vivi... O que está pensando em fazer? Não faça besteiras.
— Não se preocupe, o que eu vou fazer vai ser para o bem de todos. Todos vão me agradecer depois. Você acredita que uma delas teve a ousadia de dar uma tapa na minha cara?
— Qual delas? – perguntou Verônica surpresa.
— A tal da Emanuela. Mas ela não perde por esperar. A vingança é um prato que se come frio.
Fabrício que também estava no quarto e ouvia a conversa das garotas encostado à parede também reagiu ao ouvir aquilo.
— O que disse a ela, Vivi? – perguntou ele. – Ela não é o tipo de pessoa que bateria em alguém por qualquer coisa.
Viviane olhou irritada para Fabrício.
— O que está falando? Eu fui a vítima, ok? – e olhando curiosa para Fabrício. – Mas você fala como se a conhecesse... De onde a conhece?
— Não é da sua conta. Vou esperar vocês lá embaixo. – disse, saindo.
Vivi olhou em direção à porta pensativa, depois se virou em direção a Verônica.
— Mudando de assunto...  Você vem na minha festa de aniversário, não é?
Verônica sorriu.
— Claro que sim! Mesmo se eu não quisesse vir, você iria até a minha casa e me arrastaria até aqui. – disse Verônica, fazendo cara de desgosto.
— Se não quiser vir, então, não venha.
Verônica riu.
— Nossa, Vivi. É claro que eu venho, sua chata. Principalmente, porque aquele seu primo bonitão vai vir, não é?
— Provavelmente.
Verônica sorriu.
— Então, pode ter certeza que eu venho.
Viviane olhou para a amiga desconfiada.
— Você vai vir por minha causa ou por causa do meu primo?
— Por sua causa! – disse ela de repente. – Óbvio, não?
Viviane olhou para Verônica com desgosto.
— Não vejo nada óbvio.
***
Fabrício descera para a sala novamente. Era quase insuportável ficar ouvindo a conversa da irmã com a Vivi. Olhou a sala como se estivesse procurando alguém, foi em direção à biblioteca e percebeu que a porta estava entreaberta. Olhou para dentro e viu alguém sentado em uma cadeira, lendo um livro que estava em cima da mesa.
Bateu de leve na porta, indicando que estava entrando. A pessoa olhou em direção à porta e sorriu.
— Você é a Mariana, acertei? – disse Fabrício, entrando.
— Sim. – disse Mariana sorrindo, tentando esconder a surpresa. – Estava procurando a minha irmã?
Fabrício desviou o olhar de repente.
— Não... Por que eu procuraria?
— Vocês dois...?
— Vocês dois o quê? – perguntou ele.
— Não, nada.  
Fabrício olhou para Mariana e sentou-se perto dela, ele se inclinou a ela.
— Posso lhe confidenciar algo?
Mariana se sentiu um pouco nervosa. Fabrício estava perto o suficiente para que ela pudesse sentir o cheiro do seu perfume.
— O-o quê?
— A verdade... – disse ele, olhando nos olhos dela.
— A-A verdade...?
— A verdade é que eu não entendo a sua irmã... Não tem como saber o que ela pensa, entende?
Mariana expirou como quem estivesse prendendo a respiração por muito tempo e voltou-se ao livro.
— Ela sempre foi assim. É só você ter um pouco mais de paciência.
— Então... Você acha que eu tenho alguma chance com a sua irmã?
Mariana olhou para Fabrício.
— Ah... Você deveria perguntar isso a ela, não acha? Só conversando vocês dois podem se resolver. A Manu pode parecer um pouco estranha, mas a verdade é que ela só não consegue demonstrar muito o que sente... Mas o que aconteceu exatamente entre vocês dois? Vocês brigaram?
— Ela não te disse?
Mariana balançou a cabeça negativamente. Fabrício olhou para ela, pensando se falaria ou não. Por fim se decidiu.
— Eu a beijei. – disse de repente.
Mariana olhou assustada para o rapaz.
— V-você o quê?
— Eu a beijei. – repetiu ele. – Mas você está bem? Parece pálida de repente.
— Não foi nada... – disse Mariana, tentando esconder a sua surpresa. – E... E o que ela fez em seguida?
— Isso é o mais estranho... Ela não ficou com raiva, mas também não ficou feliz. E disse que eu tinha feito tudo por ela com essa intenção. Como se eu quisesse me aproveitar dela, entende?
Mariana pareceu pensativa, depois sorriu.
— Não leve tão a sério o que a Manu fala. Ela pode parecer insensível, mas tenho certeza que só falou isso porque se sente confusa. Às vezes... É como se ela tivesse medo dos próprios sentimentos e emoções.
Fabrício ficou com uma expressão de quem começava a entender.
— Ah, então deve ser isso. – e sorrindo - Foi bom conversar com você. Me ajudou a entender algumas coisas. – e levantando-se – Mas onde está a sua irmã mesmo?
— Pensei que não perguntaria. – respondeu ela sorrindo – Ela está falando com o Dr. Otávio no momento.
— Ok, então. – disse ele, saindo.
Assim que Fabrício saiu, Mariana respirou fundo. Parecia que não havia respirado há muito tempo.
“Nessas horas eu gostaria tanto de falar com alguém... Se eu estivesse no hospital, poderia falar com o Dr. Rafael.” – pensou, suspirando novamente.
***
Emanuela estava em frente à mesa onde o Dr. Otávio estava. Observava o ambiente ao redor, enquanto esperava que ele terminasse um telefonema.
— Então, Emanuela... Falei com o um responsável do setor de RH e você poderá trabalhar como aprendiz na área Administrativa do Grupo. Poderá ficar auxiliando algum Diretor. Se quiser, pode começar amanhã mesmo, na segunda. Quanto ao pagamento...
— Não precisa me pagar. – disse Emanuela, interrompendo.
— Mas se vai trabalhar, é claro que precisa receber.
— Dr. Otávio, eu quero trabalhar para compensar pelo menos um pouco o fato de eu vir morar aqui com a minha irmã. Se eu receber o pagamento, o fato de eu trabalhar se torna sem sentido. Aí sim as pessoas pensarão que eu e minha irmã estamos nos aproveitando do senhor.
Otávio suspirou.
— Não se preocupe com o que as outras pessoas pensam. Mas se é assim que você quer e se é assim que se sente melhor, então será feito dessa forma. Mas se quiser voltar atrás na sua decisão, é só me falar.
— Claro, seu Otávio.  Então, eu vou saindo.
— Está bem.
De repente, logo após Emanuela sair, Otávio sentiu uma pequena pressão no peito. Pegou um fraco de comprimidos e tomou um. Sentou-se, recostando a cabeça na poltrona, tentando descansar.
Ao sair do escritório do Dr. Otário, Emanuela se deparou com Fabrício que saía da biblioteca. Os dois ficaram surpresos e permaneceram em silêncio por alguns segundos.
— Posso falar com você um segundo? – disse Fabrício.
***
Fabrício e Emanuela estavam no jardim.
— Então, você está se acostumando à nova rotina?
Emanuela virou-se para a mansão a olhando.
— Eu cheguei há muito pouco tempo... Não dá para dizer. – e olhando para Fabrício. – Você já soube como eu vim parar aqui?
— Sim, Viviane me contou algo a respeito.
Emanuela olhou para Fabrício como que querendo perguntar algo, mas hesitava.
— Você e a Viviane... Vocês são amigos há muito tempo?
Fabrício pensou por um instante.
— Sim... Muito tempo... Acho que desde que tínhamos 4 ou 5 anos. Nossa família sempre foi muito próxima da família Alcântara.
— Ah... Entendo.
Fabrício olhou curioso para Emanuela, que parecia estar um pouco tímida naquele momento.
— Você está diferente.
— Ah? Diferente? – disse um pouco surpresa.
Ele se aproximou de Emanuela devagar e ficou bem perto do rosto dela. Emanuela sentiu seu rosto ruborizar.
— Sim. Não sabia que tinha esse lado. Muito diferente da última vez que nos encontramos. – disse ele, afastando-se um pouco.
Emanuela lembrou-se do último encontro que eles tiveram.
— Quanto aquilo... Eu peço desculpas. – disse ela - Acho que fui um tanto rude com você. Depois de tudo o que você fez.
— Eu também não fui muito educado logo quando te vi aqui na mansão. Então, estamos quites.
Súbito, Fabrício se afastou de Emanuela e indo para um canto do jardim, retirou uma flor e a trouxe. De repente, sem que esperasse, ele se ajoelhou apoiando-se em um dos joelhos. Emanuela ficou com a boca aberta como se não estivesse acreditando no que estava vendo.
— O-o que está fazendo? – disse, olhando para os lados - Se levante, por favor.
— Emanuela, você aceita namorar comigo? Talvez eu não tenha coragem de pedir e nem mesmo outra oportunidade, então, estou fazendo isso agora.
Emanuela não sabia o que fazer. Se sentia tão envergonhada e não sabia se saía correndo ou apenas tentava se esconder.
— Por favor, se levante. Você não precisa fazer isso. E se alguém vê? O que vão pensar?
— Não sairei daqui até que aceite. – disse ele resoluto.
Emanuela ficou mais surpresa.
— Tudo bem... Eu aceito. Mas, por favor, se levante.
Fabrício se levantou satisfeito. Pegou a flor e colocou na orelha de Emanuela. Depois, olhou para frente sorrindo.
— Precisa sorrir tanto desse jeito? – perguntou Emanuela um pouco tímida.
— Sim. Eu estou feliz. – disse ele, sorrindo para ela.
Emanuela olhou para o lado, tentando esconder o riso.
— Você também está rindo. – disse ele.
— Não estou. – ela olhou para ele séria, se contendo. E um pouco mais séria. – Você não tem medo?
— De quê?
— Meu mundo é desconhecido até mesmo para mim. Ele é tão complexo que nem mesmo eu posso me entender. Tem coisas sobre mim que nem sequer tenho coragem de dizer em voz alta. – e olhando para ele –"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"... Está realmente preparado para isso?
Fabrício olhou para Emanuela, aproximando-se lentamente, em seguida, beijou-a ternamente.
— Isso responde a sua pergunta? – disse ele - E quanto a você ser complexa, existe realmente alguém que não seja assim nesse mundo? Pode parecer estranho eu dizer isso, mas você é uma garota diferente de todas as que encontrei. Se depender de mim, vou me agarrar a você e nunca mais vou soltá-la.
Emanuela sorriu.
— Você sabe que o que acabou de falar é muito clichê, não é? A maioria dos caras quando querem conquistar uma garota falam isso... E 99,99% das vezes é mentira.
Fabrício sorriu.
— É mesmo? É uma pena... Por causa dessas 99,99% frases ditas como mentira, a minha sinceridade que faz parte dos 0,01% acaba sendo prejudicada.
— Ah, por favor... – Emanuela riu-se - Não seja tão piegas e não faça eu me arrepender pelo que acabei de fazer.
Fabrício olhou para Emanuela e se aproximou.
— Eu gosto de você assim... Não a Emanuela que é fria, mas a Emanuela que sorri e não tem medo de demonstrar o que pensa e o que sente.   
Fabrício se inclinava para beijá-la novamente, quando ouviu alguém o chamou.
Viviane e Verônica aparecerem na porta de entrada da mansão. As duas estavam prontas e Verônica chamou o irmão.
— Agora tenho que ir. – disse ele para a Emanuela - Serei motorista particular por um dia.
Ele se afastou, enquanto Emanuela observava. De repente, ela percebeu que Viviane a observava também.
***

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