Capítulo
21 – Laços
Emanuela
subiu a escada e entrou no seu quarto. De repente, percebeu que Mariana estava
deitava lendo um livro em sua cama.
— O que
está fazendo aqui? – perguntou um pouco surpresa.
— Bem, eu
me sinto mais confortável aqui e... – e olhando para a irmã. – Ah? O que é
isso? – disse levantando-se.
— “O que
é isso” o quê?
Mariana
se aproximou da irmã e semicerrou os olhos.
— Que ar
diferente é esse?
— Do que
está falando? – perguntou Manu confusa.
— Você...
Você e o Fabrício... Vocês dois? Oh! Estão namorando?
Emanuela
permaneceu calada.
— Oh!
Acertei, né?
— Está tão
óbvio assim?
Mariana
sorriu.
— Você
acha que consegue esconder algo de mim por tanto tempo? Mas estou com ciúmes.
Eu não conhecia esse seu lado fofo antes.
—
Mariana...
Mariana
riu.
— Eu
sabia que mais cedo ou mais tarde. Mas e aí? Como é namorar de verdade?
Emanuela
pareceu séria.
— Eu não
sei... A verdade é quem nem sei exatamente por que aceitei.
Mariana
ficou de boca aberta.
— Como
assim, não sabe? É porque você gosta dele.
Emanuela
se sentou na cama pensativa.
— Você
acha que eu fiz a coisa certa? Pensando agora, talvez eu tenha sido um pouco
impulsiva.
Mariana
riu, sentando ao lado da irmã.
— Manu,
você pensa demais. Por que você sempre tem a mania de querer ser racional
demais?
— Bem,
porque a racionalidade é o caminho certo. Sempre que eu fujo disso, acabo
fazendo coisas irreversíveis. – disse, ficando pensativa de repente.
— Do que
está falando?
Emanuela
pareceu acordar dos seus pensamentos.
— Ah...
Tipo, daquela vez quando eu ameacei o Fabrício na padaria.
— Mas
você estava defendendo uma amiga.
— É, eu
sei.
Mariana
observou a irmã por alguns segundos.
— Mas
está aí algo que nunca pensei. Sempre achei que seu primeiro namorado fosse
alguém super adulto, não alguém tão...
—
Infantil?
— Isso!
— De
fato... – disse Emanuela pensativa. – Acho que se fosse pensar por esse lado,
ele combinaria muito com você.
Mariana
ficou séria por alguns instantes, mas logo sorriu.
— Não
diga bobagens. Agora eu vou para o meu quarto, enquanto você fica pensando no
seu amado e sendo piegas como nunca foi.
Emanuela
riu-se.
— Não é
como se eu fosse ficar sonhando acordada assim.
— Você
que pensa... Pessoas apaixonadas fazem coisas que às vezes dá vergonha alheia.
Emanuela
sorriu sem graça, lembrando-se do que Fabrício tinha feito.
— Eu que
o diga.
Mariana
saiu do quarto da irmã e, em seguida, entrou no dela. Encostou-se na porta com
um olhar triste.
***
Viviane,
Verônica e Fabrício chegaram à praia. Enquanto Fabrício ia comprar alguns
refrigerantes, Vivi e Verônica aproveitavam para se bronzear.
— Qual
exatamente é o relacionamento entre o Fabrício e aquela garota?
— Eu não
sei exatamente... Mas acho que eles têm um lance, aí.
Vivi
olhou para Verônica como não acreditando no que estava ouvindo.
— Você
está brincando, né?
— Não
estou... Outro dia, ele a levou para a nossa casa e ela dormiu lá.
— O quê?
Eles... Eles dormiram juntos?
— Não.
Eles não dormiram juntos. Ela ficou em um quarto de hóspedes.
Viviane
ficou pensativa. Vendo a expressão de Vivi, Verônica ficou curiosa.
— Mas
Vivi, pensei que você sempre visse o Fabrício como um irmão?
— E vejo.
– disse. – Mas não gosto dessas garotas se aproximarem dos meus amigos. Eu
disse a você. Elas são uma farsa. E quando eu desmascará-las, aí você vai ver.
Tenho pena da desilusão que o Fabrício vai sofrer.
Verônica
riu-se.
— Sem
paranoia, Vivi. Você acha que seu avô sendo tão inteligente como ele é, ia
trazer duas garotas para a casa dele sem saber se elas são uma farsa ou são netas
de verdade?
Viviane
ficou calada.
***
No dia
seguinte, na segunda-feira, Vivi e as gêmeas desceram para tomar café da manhã.
O Dr. Otávio e Gabriele também estavam à mesa.
—
Emanuela, você está pronta para ir hoje ao escritório? – perguntou Dr. Otávio.
— Depois
do café da manhã, apenas precisarei mudar de roupa.
Gabriele,
que estava ouvindo a conversa, ficou curiosa.
— Então,
ela vai trabalhar mesmo no escritório do Grupo?
— Sim. –
respondeu ele satisfeito. – Auxiliando na Área Administrativa, enquanto se
decide que faculdade cursar. Quem sabe, ela não queira cursar Administração, não
é? Seria ótimo.
Viviane
olhou de repente para o avô.
— O que
está falando, vovô? Por que seria ótimo? Essa garota não é da família, não é? –
disse Viviane provocativa.
— Espero
que goste. O ambiente de trabalho é muito bom. – disse Otávio, ignorando Viviane.
Viviane
estava começando a se irritar.
— Pois eu
acho que eu me daria melhor do que ela auxiliando. – disse pretensiosa.
Dr.
Otávio olhou sério para a neta.
— Do está
falando, Viviane? Esqueceu que você faz medicina? Futuramente, você pode cuidar
do hospital que é a sua área.
Emanuela
olhou para Viviane e percebeu que a garota havia ficado um pouco triste, mas
pareceu se recompor logo.
— Só
estou dizendo. – disse, se levantando e
saindo.
Emanuela
levantou-se também.
— Vou só
trocar de roupa e estarei pronta.
Ao passar
pela sala, percebeu que Viviane estava vendo uma revista na sala. Quando Vivi a
avistou se pôs no meio do caminho.
— O que
você quer agora, Viviane?
— Se acha
que vai continuar com esse joguinho para sempre, você está muito enganada.
— Eu não
sei do que está falando.
Viviane
pareceu ficar impaciente.
— Você
sabe muito bem do que estou falando. Agora eu sei do plano todo de vocês, mas eu
vou desmascará-las. Mas foi inteligente a ideia da carta. Assim todo mundo
pensaria que foi ao acaso.
— Carta?
– Emanuela perguntou, não entendendo.
— Você
não precisa manter o teatro na minha frente. De qualquer forma, não se preocupe,
no tempo certo vocês terão o que merecem. E vão se arrepender por terem tentado
enganar a família Alcântara. – disse, saindo.
Emanuela parecia
pensativa, mas subiu para o quarto. Momentos depois, enquanto terminava de se
vestir, Mariana entrou. Emanuela parecia pensativa.
— O que
foi Manu?
— Ah? –
Emanuela parecia acordar de seus pensamentos.
— Você
está muito calada... Está preocupada como vai se sair no trabalho?
— Não é
isso. Estou pensando em algo que a Viviane falou. Algo realmente estranho.
— Aquela
garota sempre fala coisas estranhas. – disse Mari indiferente.
— Não. Mas
dessa vez foi diferente. Enquanto ela acusava a gente de planejar algo para
enganar todo mundo, ela disse que a ideia da carta foi inteligente.
— Carta? Que
carta?
— Eu
também perguntei, mas ela não me disse. E eu estava pensando que isso pode
estar relacionado ao fato do Dr. Otávio ter nos procurado.
Mariana
pareceu surpresa.
— Isso
faria muito sentido. Mas quem mandaria essa carta?
— Não
faço ideia. Mas quem quer que tenha mandado, conhecia tanto nossa mãe quanto o
nosso pai.
— Mas é
estranho, não é?
— O quê?
— Tipo,
em uma era de internet, emails, telefone... Uma carta é no mínimo ultrapassada,
mesmo se fosse anônima. Se pudéssemos pelo menos dar uma olhada nela.
— Sim... –
concordou Emanuela. - Mas não vamos poder ver essa tal carta até que o Dr.
Otávio nos revele que somos netas dele...
Mariana
suspirou.
— Tomara
que seja logo. Ficar fingindo não saber esse segredo faz eu me sentir muito
mal. O Dr. Otávio é nosso avô e temos que tratá-lo como estranho. E fora que eu
também queria saber outras coisas.
— Tipo o
quê? – perguntou curiosa.
— Eu
gostaria de saber que tipo de homem foi o nosso pai, quais eram os sonhos dele,
como ele era quando era criança, o que ele pensava... Será que ele teria
gostado de nos conhecer? Eu sempre tive essa curiosidade. Lembra que eu sempre
perguntava isso a Rebeca?
Emanuela riu-se.
— E como
lembro. Você perguntava tanto até que ela teve que inventar aquela história dos
colares para você.
O rosto
de Mariana se iluminou.
— Ah, é
verdade! Aqueles colares de pingente de laços que ela disse que o nosso pai que
tinha dado! Nossa, eu realmente tinha esquecido. Você sabe que passei anos e
anos acreditando naquela história? – disse rindo - Ainda tenho o meu, faz realmente
muito tempo que não uso. – e olhando para a roupa de Emanuela. – Acho que
deveria usar o seu, combinaria com a roupa que está.
— Você
acha? Mas faz tanto tempo...
Emanuela
pegou uma caixinha de bijuterias em cima da penteadeira e tirou um colar com um
pingente de laço e colou no pescoço.
— Bem,
agora vou indo. Acho que o Dr. Otávio já está esperando.
— Boa sorte
no trabalho.
— E você
estude bastante. – disse, saindo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário