Capítulo 28
Verônica
e o irmão estavam mais uma vez na entrada da mansão. Fabrício notou que
Verônica estava um pouco ansiosa.
— Desde
que você foi ao meu apartamento me pedir para te acompanhar que você está
assim...
— Assim
como? – perguntou ela, olhando para o irmão, enquanto pegava no cabelo de um
jeito nervoso.
— E
precisa perguntar?
Verônica
suspirou.
— Digamos
que eu estou ansiosa para contar algumas novidades para Vivi.
Fabrício
olhou surpreso para a irmã.
— Então,
a sua intenção original não era visitar a sua amiga que está se recuperando de
um acidente e sim colocar as fofocas em dia!
Verônica
fez uma careta para o irmão.
— É claro
que não, seu chato! – e olhando para o irmão, brincalhona. – E você? Com
certeza não veio aqui só para falar com Vivi... Acha que não sei? Que também está
com muita vontade de ver certa pessoa?
Fabrício se
fez de desentendido.
— Não sei
do que está falando.
Verônica
riu alto.
—
Fabrício, quem não te conhece, que te compre!
A porta
da mansão abriu e os dois entraram. A senhorita Sônia avisou que Viviane
desceria em breve, mas Verônica falou que ela subiria ao quarto. Os dois
começaram a subir a escada, quando Verônica parou e olhou para o irmão.
—
Fabrício, você poderia vir depois? É que é “papo de mulher”, entende?
Fabrício
desceu as escadas, um pouco contrariado, e foi para a sala principal.
Verônica
foi até o quarto de Viviane, bateu na porta e entrou. Viviane tinha acabado de
se levantar.
— Verônica!
– disse ela, sorrindo e dando um abraço em Verônica. – Eu já ia descer!
Verônica
sorriu.
— E eu ia
deixar a minha amiga doente descer as escadas só para me ver? De maneira
nenhuma! – e olhando para o braço de Viviane. – E esse braço, até quando vai
ficar assim?
— Talvez
alguns dias. Não sei exatamente. – e olhando curiosa. – Você veio só me visitar
ou tem alguma coisa para me dizer?
Verônica
ficou séria, de repente.
— Amiga,
tenho algo muito importante para falar. É sério. – disse ela, sentando-se em
uma cadeira.
Viviane
sentou-se na cama.
— O que
seria tão importante para você vir até aqui?
Verônica
ficou calada como que querendo fazer suspense.
— É sobre
o cara que você gosta. Tem uma garota que fica o perseguindo.
O coração
de Viviane acelerou.
— Eu não
acredito! E ela é bonita?
Verônica
balançou a cabeça afirmativamente.
— Muito.
Poderia até ser Miss Brasil.
Viviane
se levantou e começou a andar de um lado para o outro.
— E ele
dá atenção a ela? Digo, ele conversa muito com ela, sorri muito quando está com
ela?
Verônica
balançou novamente a cabeça afirmativamente.
— E como
não? Linda do jeito que ela é e dando mole para ele... Que homem não daria
atenção? Só se ele fosse gay.
Viviane
olhou para Verônica determinada.
— Eu
tenho que fazer alguma coisa então!
Verônica
pareceu entusiasmada.
— E eu
vou ajudar! Aquela Emily vai saber que o Gabriel é seu e de mais ninguém!
Viviane
pareceu confusa de repente.
— Você
disse... Gabriel?
Verônica
estranhou a pergunta.
— Disse.
Por acaso pensou que era outra pessoa?
Viviane
olhou para Verônica quase caindo para trás.
—
Verônica, se eu não estivesse com o braço imobilizado, eu não sei o que faria
agora.
— Ai, que
agressividade! E eu tenho culpa de você pensar que era outra pessoa? – disse
Verônica.
— Eu sei
que você fez de propósito. Eu aqui pensando que não tinha mais chances com o
Rafael.
— E eu
feliz achando que até que enfim você tinha admitido seu amor pelo Gabriel. Acho
que confundimos os anjos.
Viviane
sentou-se, ficando um pouco mais séria.
— Eu não
gosto do Gabriel... Você sabe. Então, não me importo nem um pouco com quem ele
sai ou deixa de sair.
— Tem
certeza? – perguntou Verônica curiosa. – Certeza, certeza, absoluta? Toda
certeza, mesmo?
— Sim. Toda
certeza, certeza mesmo. – respondeu Viviane displicente. – E não entendo a
insistência nessas perguntas.
Verônica
suspirou.
— Mas
vocês fariam um belo par, sabia? Seria até romântico...
Viviane
olhou para Verônica, tentando entender o que seria romântico.
— O que
teria de romântico nisso?
— Sabe...
– continuou ela de forma teatral. – Os dois sendo prometidos desde o nascimento
um para o outro, com vários desencontros pela vida, quando um belo dia, o
destino faz com que os dois se encontrem... No entanto, pelo mesmo destino,
eles acabam se desgostando, mal sabendo eles que na verdade se amam
profundamente e se desejam ardentemente... Não é romântico?
Verônica
olhou para Viviane e percebeu que Vivi acabava de rir.
— Vivi, é
sério! É pra ser romântico, não engraçado! – disse, olhando para a amiga.
Viviane
não parava de rir.
— Mas...
mas... – disse Vivi, tentando parar de rir. – quando você falou... ardentemente...
Foi a gota d’água! É tão impossível isso que se torna hilário. – disse ela,
rindo mais ainda.
Verônica
fez uma expressão descontente.
— É
sério... Era para ser romântico. – disse, enquanto observava Vivi rir de sua
expressão.
***
Fabrício
estava na sala esperando a irmã, quando viu Emanuela. Ela parecia admirada com
o fato de Fabrício estar ali.
— Há
quanto tempo está aqui? – perguntou ela, sentando-se em um dos sofás da sala.
Fabrício
parecia meio sem jeito.
— Não faz
muito tempo. E você? Pensei que ia trabalhar hoje.
Emanuela
suspirou.
— Esqueci
de avisar de novo, né? Vou só amanhã para a empresa. Estava na biblioteca já
que não tenho nada para fazer.
De
repente, o rosto de Fabrício se iluminou.
— Você
não quer sair? Quer dizer, já que não tem nada para fazer e eu sei que minha
irmã pode demorar bastante, acho que a gente podia, sei lá, tomar um sorvete,
comer alguma coisa.
— E se a
sua irmã descer e perceber que você não está aqui, ela não vai ficar chateada?
Gabriel
sorriu.
— Ela
pode esperar um pouco... De qualquer forma, a gente pode avisar para a Sônia e
ela avisa a minha irmã.
— Então,
tudo bem. – concordou ela. – Vou avisar a Gabriele.
Demorou
poucos minutos para Emanuela falar com Gabriele. Logo em seguida, os dois
saíram no carro de Fabrício. Depois que saíram da propriedade da mansão, não
demorou muito até Fabrício parar próximo à praia. Os dois desceram e entraram
em uma lanchonete.
— Que tal
um milk-shake? – perguntou Fabrício, obtendo aprovação de Emanuela.
Os dois saíram
e começaram a caminhar pela calçada.
— E aí,
como está a convivência com a Viviane? – perguntou ele curioso.
Emanuela
sorriu.
— Pode-se
dizer que estamos progredindo... Viviane não é tão difícil de se lidar como a
maioria pensa.
Fabrício
olhou admirado para a garota.
— Sério?
Emanuela
sorriu.
Os dois
sentaram-se em um banco de onde dava para ver o mar.
— Você
mudou um pouco. – comentou Fabrício.
— Mudei?
– perguntou ela, não percebendo em que tinha mudado.
— Está
diferente... – e olhando para cima como se estivesse pensando. – Acho que está
sorrindo mais... Diferente daquela menina que me ameaçou na lanchonete a alguns
meses atrás.
Emanuela
olhou para Fabrício e riu.
— Você
ainda lembra? – e parecendo um pouco envergonhada. – Nossa, pensei que já tinha
esquecido aquilo.
— Não tem
como esquecer... – disse ele. – Você deixou uma profunda impressão em mim.
Pensando nisso, acho que foi amor a primeira vista. Ou a primeira patada.
Emanuela riu.
—
Engraçadinho.
— Viu? –
disse ele. – Não disse que está sorrindo mais?
Emanuela
respirou profundamente como que querendo aproveitar todo o ar que vinha de
encontro a ela.
— Talvez
eu esteja sendo influenciada pela Viviane.
Fabrício
olhou um pouco assustado para Emanuela.
— De
verdade? Acho que a Viviane não é a melhor influência.
Emanuela
riu da expressão de Fabrício.
— Não
estou falando da rebeldia da Viviane. Estou falando da forma como ela sempre é
sincera com o que sente. Quando ela sente raiva, alegria, até mesmo quando está
triste, ela é sincera.
— Apesar
de que, no caso da Vivi, ela costuma ficar com raiva com muita frequência. –
disse ele.
Emanuela
ficou em silêncio por um instante.
— Eu
sempre achei que isso fosse errado... – continuou – Sempre achei que se
entregar às emoções dessa forma fosse totalmente errado. Talvez tenha um lado
bom ser um pouco mais emotiva.
— E
porque achava isso?
— Eu não
sei exatamente... – disse pensativa – Ou talvez eu saiba.
Fabrício
olhou para Emanuela. Ainda havia muitas coisas sobre ela que não sabia. Ao
contrário do que pensava quando a conheceu, aquela garota que parecia se manter
forte o tempo todo, no fundo, parecia ter um profundo medo. Mas, possivelmente,
ela ainda não estivesse pronta para dizer que medos seriam aqueles.
— Você é
muito corajosa, Manu.
Emanuela
olhou surpresa para o rapaz.
— O que
foi isso de repente?
— Não
sei... De repente, me deu vontade de elogiar minha namorada... Dizem que quando
uma pessoa tem coragem não significa que ela não tenha medo, apenas que o
enfrenta sem fugir dele.
Emanuela
balançou a cabeça afirmativamente, pensativa, enquanto olhava para o mar à sua
frente.
***
Camila já
ia dormir quando percebeu que o marido estava sentado em uma poltrona e parecia
pensativo.
— Em que
está pensando?
Otávio
Jr. suspirou, pensativo.
— No
próximo passo do nosso plano. – e olhando para Camila. – O tio Marcos se tornou
o Presidente Interino, é apenas um passo para ele se tornar de fato o
Presidente, se não continuarmos agora, não vamos conseguir tirá-lo de lá.
Camila se
aproximou do marido.
— Não se
preocupe com isso, se tudo correr de acordo com o que a gente planejou, muito
em breve, ele vai ser expulso daquela cadeira.
***
Mariana
já estava dormindo em seu quarto, quando começou uma chuva forte. Acordou de
repente. Mais uma vez, aquele pesadelo atormentava o seu sono. Saiu do quarto.
Pensou em bater à porta do quarto da irmã, mas não ousou acordá-la. Resolveu
passear pela mansão. Desceu as escadas, passou pela sala principal e foi para a
cozinha. Sentou-se em uma cadeira e permaneceu em silêncio. De repente, ouviu
que alguém se aproximava, olhou em direção ao barulho de passos e se assustou.
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