quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 59 - TONI FIGUEIRA

  
Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 59

Participam deste capítulo

Baby  -  Claudio Cavalcanti
Cesário  -  Carlos Eduardo Dolabela
Delegado  -  Vinicus Salvatori
Cyro  -  Tarcisio Meira
Otto  -  Jardel Filho
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Lia  -  Arlete Sales
Catarina  -  Lídia Matos
Conceição  -  Zeni Pereira



CENA 1  -  DELEGACIA DE VALONGO  -  INTERIOR  -  DIA

(continuação imediata da última cena do capítulo anterior)

DELEGADO  -  Muito bem. Um cara está fazendo chantagem. Quem é ele? Me diga que eu boto as mãos nele, seu Baby. Tenho nojo desse tipo de gente!

CESÁRIO CORREU A MÃO PELO PESCOÇO. UM SUOR FRIO CORRIA-LHE PELO CORPO.

BABY  -  Cesário também conhece. Ele vinha lhe dizer a mesma coisa. Não é verdade, Cesário? Nós apostamos... quem chegaria primeiro... para revelar o nome do bandido. Mas, pensando bem, eu deixo que ele mesmo diga. Afinal, sou pelo direito. Ele chegou na minha frente!

DELEGADO  -  (autoritário) Qual é o nome do cara, Cesário?

CESÁRIO EMUDECERA.

BABY  -  (estimulou-o) Estou mandando, rapaz. Diga o nome do sujeito que anda explorando o nosso amigo!

CESÁRIO  -  (cerrou os punhos, tenso) Não é nada disso. Eu... eu não ia dizer nada. Vamos parar por aqui!

CESÁRIO SAIU APRESSADAMENTE, SEM DAR EXPLICAÇÕES.

DELEGADO  -  (curioso) Bem... diga então o senhor, seu Baby.

BABY  -  Não... deixa pra lá.

DELEGADO  -  Agora eu quero saber!

BABY  -  Vamos fazer uma coisa. Eu... vou esperar mais um pouco. Se o cara continuar a explorar meu amigo, eu venho aqui e lhe digo o nome dele. Tá ok?

BABY VOLTOU ÀS MINAS, ENQUANTO O POLICIAL FICAVA NÃO ENTENDENDO NADA.

CORTA PARA:

CENA 2  -  FLORIANÓPOLIS  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  HALL  -  INTERIOR  -  DIA

OS CRIADOS POSTAVAM-SE, EM FILA, NO HALL DE ENTRADA, ENQUANTO OTTO MULLER OS EXAMINAVA E CUMPRIMENTAVA, UM A UM.

CIDA, A GOVERNANTA, CRIADA MAIS IDOSA E QUE VIRA OTTO MENINO, FALOU EM NOME DO GRUPO.

CIDA  -  Estamos satisfeitos do patrão ter voltado bom. Todos nós... sentimos sua falta nestes dois meses.

OTTO  -  Hum... você é uma empregada muito educada e amiga. Mamãe... aumente o ordenado dela.

CYRO, QUE O ACOMPANHARA, PARECIA RECONHECER A CARA DO MOTORISTA. JÁ O VIRA EM ALGUMA PARTE. NÃO AO VOLANTE DO CARRO DE OTTO. TINHA CERTEZA – PENSAVA.

OTTO  -  (dirigiu-se a uma jovem loura com traços estrangeiros) Você... é nova aqui?

EMPREGADA  -  (nervosa) Sou sim, senhor.

OTTO  -  Quem a empregou?

EMPREGADA  -  A patroa.

OTTO  -  Foi você, mamãe?

CATARINA  -  Foi, meu filho... é uma ótima empregada... Já trabalhou em casas de grandes famílias, inclusive na dos Antunes Graça. Deram-me ótimas informações dela.

MAIS ADIANTE, O ALEMÃO PAROU FRENTE A UMA VELHA GORDA DE CABELOS BRANCOS.

OTTO  -  E você, como se chama?

EMPREGADA 2  -  Conceição.

OTTO  -  Quem a trouxe?

CONCEIÇÃO  -  A patroa também.

CYRO RECONHECEU, DE PRONTO, A VELHA NEGRA.

OTTO  -  (sem tirar os olhos da negra) Que é que ela faz, mãe?

CATARINA  -  Cozinheira, filho. Da mesma forma, tem ótimas referencias.

CONCEIÇÃO  -  O sinhô... vai ficá satisfeito comigo... lhe prometo. Vou fazê de tudo pra lhe agradá. Eu... eu gosto muito do sinhô... pode me acreditá, patrão. Gosto muito mesmo. 

A VELHA PEGOU AS MÃOS DE OTTO, BEIJANDO-AS COM CARINHO. ELE AS RETIROU BRUTALMENTE, EMPURRANDO-A CONTRA O CHÃO. 

OTTO  -  (berrou) Esta mulher está louca! Levem-na daqui!

LIA  -  Podem se retirar! Por favor! Voltem aos seus serviços. O patrão já conhece todos vocês e... agora precisa descansar.

CYRO  -  (ordenou, enérgico) Levem o Sr. Otto para o quarto. Já vou ter com ele. Com licença... voltarei em seguida.

CYRO VIRA O CHOFER QUE SE RETIRAVA DISFARÇADAMENTE E CORREU AO SEU ENCONTRO.

CORTA PARA:
Paulus (Emiliano Queiroz), Cesário (Carlos E. Dolabela) e Mestre Jonas (Gilberto Martilnho),
com uma correção ao erro da revista: Mestre Jonas não era vilão.

CENA 3  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  JARDIM  -  EXTERIOR  -  DIA

O HOMEM HAVIA PENETRADO NO JARDIM DA RESIDENCIA, MAS CYRO NÃO O PERDERA DE VISTA.

CYRO  -  (gritou) Espera aí, rapaz. Quero falar com você!

O MOTORISTA DOBROU UMA DAS ALAS DO PRÉDIO E CORREU PARA O FUNDO DO QUINTAL.

CYRO -  (continuava na perseguição, gritando como um alucinado) Não adianta você fugir. Eu te agarro! Eu sei que foi você quem tentou me matar naquela noite. Está me ouvindo? Sei que foi você!

NUMA DAS CURVAS, CYRO AVISTOU OS PÉS DE UM HOMEM, POR TRÁS DE UNS ARBUSTOS. CAMINHOU PÉ-ANTE-PÉ E AFASTOU O MATO.

O ROSTO DO DR. PAULUS APARECEU POR ENTRE A FOLHAGEM.

PAULUS  -  Falando sozinho, Dr. Cyro?

CYRO  -  Sabe que não, meu caro. Estou seguindo o homem que atentou contra a minha vida em frente à casa de Ester. O senhor pode me dizer onde o escondeu?

PAULUS  -  (não se zangou) Que é isso, Dr. Cyro? Não estou entendendo suas palavras... eu não escondi ninguém. Cheguei aqui, há pouco, e ouvi o senhor chamar por alguém.

CYRO  -  O senhor sabe onde ele está!

PAULUS  -  Não sei... não percebo o que quer insinuar... repito... não estou entendendo!

CYRO  -  Pode abrir o jogo, Dr. Paulus. Estou preparado. Aliás, eu nunca me iludi a seu respeito!

PAULUS  -  Dr. Cyro, o senhor está me fazendo uma acusação muito grave. Se tem alguma dúvida de minha pessoa... por que não deu parte à polícia? Eu prefiro defender-me na justiça do que frente a frente com o senhor. A justiça me dá direitos de defesa. O senhor me acusa... sem provas! Não tenho culpa se o senhor tem muitos inimigos. Se alguém tentou matá-lo, não foi por minha iniciativa ou participação!

CYRO  -  Quem tentou me matar trabalha aqui. Para Otto Muller. É muita coincidência, o senhor não acha?

PAULUS  -  Pois aponte esse sujeito. Se o senhor o reconheceu, diga quem é e vamos tirar isso a limpo. Pode ser que não passe de uma impressão. Diga... quem é o homem a quem procura?

CYRO  -  Seu chofer. Ou melhor, o chofer do seu patrão. O mesmo que estava há poucos minutos diante dele. 

PAULUS  -  O Santos? O chofer particular de Otto é o Santos. Vamos ver se o encontramos. Venha comigo.

SEGUIRAM POR ENTRE AS ALAS DE ARBUSTOS E ÁRVORES, ATÉ UM LOCAL DE CHÃO BATIDO, NUMA ÁREA LARGA, SUJA DE ÓLEO.

PAULUS  -  Felizmente, ali está ele. O senhor pode tirar a dúvida (apontou um homem de terno cinza acocorado próximo a um automóvel luxuoso. Gritou pelo homem) Santos! Venha cá. Quero falar com você.

AO APROXIMAR-SE, CYRO PERCEBEU NÃO TRATAR-SE DO MESMO HOMEM.

CYRO  -  Este... é o chofer do Sr. Otto?

PAULUS  -  Sim... é este. Santos, o Dr. Cyro tem uma pergunta a lhe fazer.

CYRO  -  Não é ele. Tenho perguntas a fazer ao outro sujeito que estava agora mesmo lá dentro. Este é outro homem.

PAULUS  -  É o mesmo, Dr. Cyro.

CYRO  -  Quer me enganar?

PAULUS  -  Diga a ele, Santos. Não foi você quem esteve há poucos minutos na presença do Sr. Otto?

HOMEM  -  Foi. Ele mandou chamar a gente. Por quê?

CYRO  -  (asseverou, aborrecido) Eu persegui o sujeito que deixou a sala... e não foi você!

HOMEM  -  Fui eu, sim. O senhor correu atrás de mim e eu corri do senhor, porque fiquei com medo.

CYRO IRRITOU-SE DE VEZ. PERCEBEU A TRAMA ARQUITETADA PELO PROCURADOR DO SEU PACIENTE. ESTAVA ENTRE CRIMINOSOS HÁBEIS E UNIDOS. NÃO ADIANTAVA FORÇAR A BARRA.

CYRO  -  Vamos parar com essa brincadeira. Por que o senhor ficaria com medo de mim? Sou algum monstro?

HOMEM  -  Dizem que o senhor hipnotiza a gente... tão dizendo... que o senhor faz o que quer da gente. Senti medo disto...

PAULUS  -  (sorridente) Se tem poderes sobre-humanos, Dr. Cyro, deve ver que este homem está falando a verdade.
CYRO  -  Sei me defender muito bem sem usar tais poderes. Eu encontro aquele outro. Pode estar certo.
O CIRURGIÃO REGRESSOU À MANSÃO, ENQUANTO O ADVOGADO ACENDIA UM CIGARRO E FAZIA UM GESTO COM O POLEGAR PARA O MOTORISTA.
PAULUS  -  Você representou muito bem. Mas não pense que o enganamos. Esse homem é astucioso e vivo. Tem uma mente poderosíssima. É um perigo para nós. Em todo, o caso ele não terá provas, por enquanto. Onde está o Santos?
HOMEM  -  Na garagem, escondido.
PAULUS  -  Diga a ele para desaparecer. Evaporar-se. Pelo menos por algum tempo. (tirou um maço de notas do bolso e o entregou ao homem) Dê a ele. E diga ao idiota para aproveitar as férias e exercitar sua pontaria... que é péssima!
CORTA PARA:
CENA 4  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  QUARTO DE OTTO  -  INTERIOR  -  DIA
OTTO  -  (já deitado e agasalhado, perguntou ao médico) Por que saiu correndo para o jardim, Dr. Cyro?
CYRO  -  Tive a impressão de ter visto o homem que tentou me matar no mês passado.
OTTO  -  (espantou-se) Aqui? Quem?
CYRO  -  O seu chofer!
OTTO  -  O Santos? O Santos tentou matá-lo? Chame Paulus aqui, mamãe. Mande trazer o Santos!
CYRO  -  Eu estive com o Santos... ou com o falso Santos. Na verdade não era o homem a quem segui. Era outro. Parece que houve uma oportuna troca de pessoas. Em todo o caso, não vou criar um caso com o senhor. Não deve se preocupar com isso. Eu vou encontrar aquele outro... e ele nos dirá por que tentou me eliminar.
OTTO  -  Não vá pensar o doutor que estou a par de coisas como esta...
CYRO VOLTOU-SE PARA A ENFERMEIRA QUE ACABARA DE APLICAR UMA INJEÇÃO NO PACIENTE E ALI FICARIA POR ALGUM TEMPO, ACOMPANHANDO O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DO OPERADO.
CYRO  -  Qualquer anormalidade no estado geral dele, avise-me imediatamente (depois despediu-se de todos) Até amanhã, gente. Boa tarde para todos.
CORTA PARA:
CENA 5  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  QUARTO DE OTTO  -  INTERIOR  -  DIA
ENQUANTO O MÉDICO TOMAVA O CARRO E A ENFERMEIRA IA AOS SEUS APOSENTOS, OTTO CHAMOU A VELHA.
OTTO  -  Mamãe! Aquele imbecil cretino do Paulus... Vá chamá-lo! Com certeza foi ele... que fez alguma burrada!
PAULUS APARECEU, MINUTOS DEPOIS.
OTTO  -  (berrou, querendo levantar-se para esbofeteá-lo) Quadrúpede! Energúmeno!
PAULUS  -  (enfureceu-se com a atitude do patrão) Otto... Otto, você está me ofendendo. (ameaçou) Uma hora eu não agüento mais, Otto!
OTTO  -  Pois reaja! Vamos. Faça alguma coisa. Reaja, se você tiver um pouco de miolo nesta cabeça. Ou sangue limpo nas suas veias! Reaja!
PAULUS  -  Como vou reagir... se você está num leito? É covardia, Otto. E depois... eu sou seu amigo, não sou? Ou você se esqueceu dos nossos laços de amizade?
OTTO  -  (irônico) E você... pensou nos nossos laços de amizade... quando mandou atirar no homem a quem devo a vida? Você só faz burrada, Paulus!
PAULUS  -  Tudo o que eu faço é só tentando protegê-lo. Dr. Cyro vai fugir com Ester e com o menino, não vai?
OTTO  -  Eu sei como impedir... sem ter de eliminar esse homem! Preciso dele, junto de mim, o resto da vida, Paulus!
PAULUS  -  Acho impossível retê-lo junto de você. Ele está apaixonado por Ester e têm planos juntos! Você sabe disso muito bem!
OTTO  -  Pois chegou o momento... de atingirmos Ester!
PAULUS  -  (interessou-se) Como, Otto? Como? Você só insinua, não chega a uma conclusão do que se deve fazer.


FIM DO CAPÍTULO 59
                                        

... E NA PRÓXIMA SEXTA, CAPÍTULO INÉDITO!

Um comentário:

  1. O que Otto vai fazer contra Este? Tenho a impressão de que é alguma coisa terrível!

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