Há certas vozes que são inesquecíveis.
Nessa categoria, se classifica a do nosso homenageado desta semana: o ator,
compositor e cantor Vicente Celestino.
Com seu vozeirão que chegou a
impressionar até Caruso fez sucesso com canções como: Flor do Mal, O Ébrio (sua
canção mais lembrada), Ontem ao Luar, Coração Materno, Mia Gioconda, dentre
outras.
Vicente foi marcante com seu estilo
melodramático e, sem dúvida, deixou marcado seu nome na história da Música
Popular Brasileira.
Obrigado, grande Vicente Celestino, por
tantas canções maravilhosas e marcantes!
Descanse em paz!
Para saber mais sobre esse artista,
favor consultar: http://www.dicionariompb.com.br/vicente-celestino/biografia.
Com o objetivo de homenageá-lo,
reproduzimos abaixo três de seus sucessos: O Ébrio, Mia Gioconda e Ontem ao
Luar.
PRIMEIRO VÍDEO
LETRA
O ÉBRIO
Recitativo -
Falado : Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de
canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos
píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores.
Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me
a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira
fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima
esposa. Um dia, quando eu cantava A Força do Destino, ela fugiu com outro,
deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde,
lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha
filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei
novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça,
bonita... E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino,
Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo,
caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que
acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais
fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura,
chamam-me ébrio. Ébrio...
Tornei-me um
ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata
que eu amava e que me abandonou.
Apedrejado pelas
ruas vivo a sofrer.
Não tenho lar e
nem parentes, tudo terminou...
Só nas tabernas
é que encontro meu abrigo.
Cada colega de
infortúnio é um grande amigo,
Que embora
tenham, como eu, seus sofrimentos,
Me aconselham e
aliviam o meu tormento.
Já fui feliz e
recebido com nobreza. Até
Nadava em ouro e
tinha alcova de cetim
E a cada passo
um grande amigo que depunha fé,
E nos
parentes... confiava, sim!
E hoje ao ver-me
na miséria tudo vejo então:
O falso lar que
amava e que a chorar deixei.
Cada parente,
cada amigo, era um ladrão;
Me abandonaram e
roubaram o que amei.
Falsos amigos,
eu vos peço, imploro a chorar:
Quando eu
morrer, à minha campa nenhuma inscrição.
Deixai que os
vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio
triste e este triste coração.
Quero somente
que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos
como eu venham depositar
Os seus segredos
ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas
de dor ao peito amigo.
SEGUNDO VÍDEO
LETRA
MIA GIOCONDA
Do dia que
nascemos e vivemos para o mundo
Nos falta uma
costela que encontramos num segundo.
Às vezes, muito
perto desejamos encontrá-la,
No entanto é preciso
muito longe ir buscá-la.
Vejamos o
destino de um pracinha brasileiro:
Partindo para a
Itália transformou-se num guerreiro
E lá muito
distante, despontar o amor sentiu
E disse estas
palavras a uma jovem quando a viu:
"Italiana,
La mia vita oggi
sei tu!
Io te voglio
tanto bene,
Partiremo due
insieme.
Ti lasciar non
posso più.
Italiana,
Voglio a ti
piccola bionda,
Ha il viso degli
amori,
La tue lapri son
due fiori.
Tu sarai mia
Gioconda".
Vencido o
inimigo que antes fora varonil,
Recebeu ordem de
embarcar para o Brasil.
Dizia a mesma
ordem: "Quem casou não poderá
Levar consigo a
esposa, a esposa ficará".
Prometeu então o
bravo, ao dar baixa e ser civil:
"Embarcarás
amada, para os céus do meu Brasil!"
E, enquanto ela
esperava lá no cais napolitano,
Repetia estas
palavras no idioma italiano:
"Brasiliano,
La mia vita oggi
sei tu!
Io te voglio
tanto bene,
Chiedo a Dio que
tu venga.
Ti scordar non
posso più!
Brasiliano,
Sono ancora tua
bionda!
Mio sposo hai
lasciato,
Questo cuore
abandonato
Che chiamasti di
Gioconda.
Di Gioconda!
Di
Gioconda!"
TERCEIRO VÍDEO
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=80qDvdAoryM
LETRA
ONTEM AO LUAR
Ontem, ao luar,
Nós dois em
plena solidão,
Tu me perguntaste
o que era a dor
De uma paixão.
Nada respondi!
Calmo assim
fiquei!
Mas, fitando o
azul do azul do céu,
A lua azul eu te
mostrei...
Mostrando-a a
ti,
Dos olhos meus
correr
Senti
Uma nivea
lágrima
E, assim, te
respondi!
Fiquei a sorrir
Por ter o prazer
De ver
A lágrima nos
olhos a sofrer.
A dor da paixão
Não tem
explicação!
Como definir
O que só sei
sentir!
É mister sofrer
Para se saber
O que no peito
O coração
Não quer dizer.
Pergunta ao
luar,
Travesso e tão
taful,
De noite a
chorar
Na onda toda
azul!
Pergunta, ao
luar,
Do mar à canção,
Qual o mistério
Que há na dor de
uma paixão.
Se tu desejas
saber o que é o amor
E sentir o seu
calor,
O amaríssimo
travor
Do seu dulçor,
Sobe um monte á
beira mar,
Ao luar,
Ouve a onda
sobre a areia
A lacrimar!
Ouve o silêncio
a falar
Na solidão
Do calado
coração,
A penar,
A derramar
Os prantos seus!
Ouve o choro
perenal,
A dor silente,
universal
E a dor maior,
Que é a dor de
Deus.
Se tu queres
mais
Saber a fonte
dos meus ais,
Põe o ouvido
aqui
Na rósea flor do
coração,
Ouve a
inquietação
Da merencória
pulsação...
Busca saber qual
a razão
Por que ele
vive, assim, tão triste
A suspirar,
A palpitar,
Tem uma
desesperação,
A teimar,
De amar
Um insensível
coração,
Que a ninguém
dirá
No peito ingrato
em que ele
Está,
Mas que ao
sepúlcro,
Fatalmente, o
levará.
Fonte: http://letras.mus.br/vicente-celestino-musicas/266794/
Que bela voz! Essas canções me emocionaram, pois lembrei de meu pai que era fã de Vicente Celestino e gostava de cantar suas músicas. Linda Sessão Saudade!
ResponderExcluirBela homenagem!
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