quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 119 - TONI FIGUEIRA


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 119

penúltimo capítulo!

Participam deste capítulo

Cyro  -  Tarcísio Meira
Ester  -  Glória Menezes
Vanda  -  Dina Sfat
Lia  -  Arlete Salles
Catarina  -  Lídia Mattos
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Valter  -  Dary Reis
Delegado  -  Vinícius Salvatori
Inspetor
Baby  -  Cláudio Cavalcanti



CENA 1  -  PORTO AZUL  -  DELEGACIA  -  INTERIOR  -  NOITE

CYRO  - Boa noite, Dr. Miguez!

INSPETOR  -  (inteiriçou-se ao ver o rapaz) Dr. Cyro! Julgávamos que estivesse morto.

VALTER  -  E que eu o tivesse matado...

INSPETOR  -  Exato. Que você o tivesse matado.

CYRO  - (abraçou o ex-inimigo com gesto carinhoso) Valter veio comigo... e eu faço questão de dizer que ele me salvou a vida. Aceitou a ordem para me eliminar... e sua intenção foi apenas impedir que outros o fizessem.

VALTER  -  Eu não fiz mais do que minha obrigação.

CYRO  -  Bem, Dr. Miguez... Dr. Moreira... eu estou às ordens de ambos. Voltei porque tenho muita coisa a esclarecer... mas voltei, também, para deslindar meu caso com a justiça.

INSPETOR  -  O senhor nada deve à justiça.

CYRO  -  (atônito) Como assim?

DELEGADO  -  Os culpados já confessaram os seus crimes.

VANDA  -  (abraçou-o, alegre) Puxa! Que bacana! Então... ele está livre?

INSPETOR  -  Será levado a julgamento, apesar de tudo, mas as novas provas irão absolvê-lo.

CYRO  -  Obrigado... isso me alegra... era aí que eu queria chegar... embora falte ainda alguma coisa... talvez o mais importante para ser esclarecido. Eu me refiro à morte de Ivanzinho, o filho de Ester.

DELEGADO  -  (aproximou-se do médico, fisionomia grave) O senhor sabe quem matou o menino?

CYRO  -  (fez uma pausa de alguns segundos, antes de responder) Sim... eu sei. E sei também quem deu a ordem para matá-lo.

DELEGADO  -  Para matar o menino?!

CYRO  -   Exatamente. Aquele tiro não era para mim. Era para a criança.

A VOZ NERVOSA DA MULHER DO PREFEITO ECOOU NA SALA E LIA APARECEU CAMBALEANTE, MAL RESPIRAVA.

LIA  -  Cyro!

CYRO  -  Lia!

OS DOIS ABRAÇARAM-SE.

LIA  -  Venha comigo! Precisamos de você! Telefonaram do hospital e disseram que Otto acabou de morrer! Eu não acredito! Você chegou e pode salvar a vida dele!

VANDA  -  (intercedeu, mostrando as costas do médico) Cyro também está muito ferido. Olhem... vejam as costas dele. Estão em carne viva! Seu Otto mandou matar Cyro e querem que Cyro vá até lá pra salvar sua vida! Essa não!

CYRO  -  (falou tranquilo) Espere, Vanda! Os outros médicos tem capacidade de salvá-lo. É só seguirem o que o Dr. Max vinha fazendo...

LIA  -  (insistiu) Não podemos perder tempo!

VANDA  -  (berrou) Cyro! Você ainda vai salvar a vida desse assassino?

CORTA PARA:

CENA 2  -  HOSPITAL  -  QUARTO DE OTTO  -  INTERIOR  -  NOITE

DONA CATARINA CONTINUAVA ABRAÇADA SOBRE O CORPO DO FILHO. A PORTA SE ABRIU E CYRO ENTROU EM COMPANHIA DA ESPOSA DO PREFEITO. ESTER FICOU PARALISADA.

ESTER  -  Cyro!

O JOVEM ABRAÇOU-A APERTADAMENTE, ENQUANTO IDENTIFICAVA, UM A UM, TODOS OS PRESENTES: PADRE MIGUEL E SEU LIVRO DE ORAÇÕES, CATARINA, TULA, DONA CONCEIÇÃO, A NEGRA, OS MÉDICOS E RICARDO.

LIA  -  (balançou, excitada, o corpo da mãe em desespero) Dona Catarina... Cyro chegou. Cyro vai salvar Otto!

CATARINA  -  (levantou-se molemente, liberando o corpo) Veja... se é possível... ainda... se fazer alguma coisa.

CYRO APROXIMOU-SE DO LEITO E EXAMINOU, COM MÃOS HÁBEIS, OS OLHOS DO MORTO. BAIXOU A CABEÇA, PENALIZADO.

CYRO  -  Não há mais nada a fazer! Eu faria alguma coisa se tivesse chegado a tempo.

ESTER  -  Mesmo sabendo que ele mandou dar cabo de sua vida?

CYRO  -  Ele não era responsável por tudo. Não que eu queira inocentá-lo. Não... era um temperamental... doentio e perigoso. Por isso mesmo, fácil de ser manejado. As pessoas que o cercavam o orientavam mal.

ESTER  -  Mas deve existir um responsável!

CYRO  -  E existe! Ester... eu quero que venha comigo até a cadeia. Você vai saber tudo a respeito da morte de Ivanzinho.

A MULHER ESTREMECEU. SAÍRAM JUNTOS.

QUATRO VELAS JÁ ILUMINAVAM O CORPO DO PREFEITO DE PORTO AZUL.

CORTA PARA:


CENA 3  -  PORTO AZUL  -  DELEGACIA  -  INTERIOR  -  NOITE

DELEGADO  -  Espere aí!

PAULUS, ABORRECIDO, ESFREGAVA OS OLHOS, SONOLENTO. PASSAVA DAS DUAS HORAS DA MADRUGADA.

PAULUS  -  Para que me trouxeram para cá? O que querem de mim a esta hora?

CYRO  -  Achei que Ester devia estar presente, inspetor.

PAULUS ESTREMECEU AO OUVIR A VOZ DO HOMEM QUE ACREDITAVA MORTO E ENTERRADO.

CYRO  -  venha, Ester... eu quero que você olhe bem para esse homem (apontou o advogado) Você não está diante de gente... Está diante de um monstro. Ele mandou atirar na praça, naquele domingo, depois da missa. (Paulus esbugalhou os olhos) O tiro não era para mim. Era para seu filho, porque ele sabia que, se o menino morresse, você se voltaria contra mim... e o menino representava um empecilho aos desejos dele. Sabia que poderia convencê-la de que eu era indiretamente culpado. Sabia que você se tornaria um joguete em suas mãos. Ele premeditou tudo.

ESTER ESTAVA HORRORIZADA E SUAS FEIÇÕES LEMBRAVAM UMA MÁSCARA MORTUÁRIA DE UM TORTURADO.

ESTER  -  A ordem... então... era para matar Ivan?

CYRO  -  Era.

ESTER  -  Você não se defende, Paulus?

O ADVOGADO MANTINHA A CABEÇA ABAIXADA CONTRA O PEITO, ARRASADO.

CYRO  -  Ele não tem defesa!

ESTER  -  (descontrolou-se e investiu contra o bandido) Monstro! Assassino! Assassino!

CYRO AGARROU-A COM FORÇA E ABRAÇOU-A. ESTER SOLUÇAVA AGARRADA A ELE.

PAULUS  -  (insensível diante do quadro) Deixem-me ir embora. Não há mais nada a dizer, não é?

INSPETOR  -  Ainda há, sim. Existem dois crimes, também hediondos, que precisam ser esclarecidos.

CYRO  -  Baby está aí?

DELEGADO -  Está.

CYRO  -  Pois, faça-o entrar, por favor.

O RAPAZ DEU ENTRADA NO RECINTO E ABRAÇOU O AMIGO.

BABY  -  Que bom ver você de volta são e salvo, Cyro!

INSPETOR  -  O Dr. Cyro fez questão de sua presença.

CYRO  -  É a nossa hora da verdade, Baby, e eu quero que você saiba quem mandou acender o estopim da dinamite que ocasionou a morte dos mineiros.

BABY  -  (olhou para Paulus com ódio) Eu tenho uma desconfiança de que foi ele.

CYRO  -  Você não se enganou!

PAULUS  -  Eu só cumpria ordens de Otto e Von Muller. Foram eles que me forçaram a mandar a mina pelos ares!

BABY  -  Para jogarem a culpa sobre mim?

PAULUS  -  Eu não tinha nada contra você, Baby!

BABY  -  Miserável!

O DELEGADO MAL TEVE TEMPO DE CONTER O JOVEM. O SEU PUNHO JÁ HAVIA ATINGIDO VIOLENTAMENTE A CARA DO ADVOGADO. PAULUS CAIU AO CHÃO COM A BOCA CHEIA DE SANGUE.

DELEGADO  -  (gritou) Espere! Não pode ser assim!

INSPETOR  -  (manuseando as anotações) Existe ainda a morte de Pedrão. Resta esta explicação. Também tem resposta para isto, Dr. Cyro?

CYRO  -  Foi a mesma pessoa que o matou... o executor das ordens de Paulus. Aquela bala era para mim, mas acertou no meu amigo.

DURANTE ALGUNS SEGUNDOS, UM SILENCIO DESAGRADÁVEL CAIU SOBRE A SALA. TODOS ESPERAVAM A SOLUÇÃO DO MISTÉRIO, A PALAVRA FINAL, O NOME DO EXECUTOR.

BABY  -  (transtornado) Quem é esse miserável pistoleiro, Cyro?

CYRO APONTOU PARA O DR. PAULUS, QUE LIMPAVA O SANGUE QUE LHE ESCORRIA DO FERIMENTO. UM DENTE ESTAVA PARTIDO.

O DR. MOREIRA DEU TRÊS PASSOS E SEGUROU FIRME O BRAÇO DO DR. PAULUS. TODOS OS OLHARES FIXAVAM-SE NO ADVOGADO. PAULUS DEMOROU A ATENDER A ORDEM QUE O DELEGADO ACABARA DE LHE DAR.

DELEGADO  -  Vamos, diga quem era o carrasco que executava suas ordens,Dr. Paulus!

PAULUS  -  Era... Cesário!

O INSPETOR PROCUROU DE IMEDIATO O OLHAR DO COMPANHEIRO DE TRABALHO. FEZ UM SINAL IMPERCEPTÍVEL.

ESTER  -  Cesário!

PAULUS  -  Sempre foi pago para isso... Regiamente pago.

INSPETOR  -  Prenda esse sujeito, imediatamente!

CYRO  -  Sabem onde ele está?

DELEGADO  -  Sim, nós sabemos! Está na casa de Dona Bárbara, dormindo no quarto dos fundos.

CYRO  -  (adiantou-se e pediu aos policiais) Eu quero falar com ele. Você pode me esperar, Ester?

A MULHER ESTAVA PÁLIDA E QUASE DESFALECENDO.

INSPETOR  -  (preocupado) Está sentindo alguma coisa, Dona Ester?

ESTER  -  Não, Dr. Miguez. Apenas nojo... na presença desse homem, sinto ânsias de vomitar de horror.

BABY OFERECEU-SE PARA LEVÁ-LA EM CASA.

FIM DO CAPÍTULO 119

E NESTA SEXTA, NÃO PERCA O ÚLTIMO CAPÍTULO!

3 comentários:

  1. Engraçado, o desfecho do caso de Otto me frustrou. Achei que Cyro iria salvá-lo e seria uma grande lição de humanidade, pois ensinaria que não devemos desejar a morte de ninguém, mesmo dos maus. Mas, enfim, acho que se fosse assim, a censura proibiria.

    ResponderExcluir
  2. JE, eu tb esperava algo mais impactante, tipo, Cyro poderia salvå-lo e ele morreira, depois, assassonado por Lia, Paulus ou Coice de Mula. Enfim, acho que foi coerente.

    ResponderExcluir
  3. Finalmente se soube quem era o grande vilão dessa história, Paulus! E eu pensando que era Otto...E, Cesário que era o executor, deve ir para a cadeia também. Muito bom esse capítulo!

    ResponderExcluir