domingo, 31 de agosto de 2014
PARA MEDITAR
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Biscoito, café e novela
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PARA MEDITAR
sábado, 30 de agosto de 2014
PARA MEDITAR
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Biscoito, café e novela
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PARA MEDITAR
SESSÃO FOTONOVELA - SEGREDO DE FAMÍLIA
A fotonovela abaixo pertence à revista Sétimo
Céu – Série Amor, número 97, publicada em fevereiro de 1981.
Para ler esta ou outra matéria em
tamanho maior, caso use o Explorer ou Chrome, clique sobre a figura com o botão
direito do mouse e selecione a opção "abrir link em uma nova guia".
Na nova guia, clique com o botão esquerdo do mouse e, pronto, terá acesso a uma
ampliação da página. Caso o navegador seja o Firefox, clique sobre a figura com
o botão direito do mouse e selecione a opção "abrir em nova aba". Em
seguida, proceda como no caso dos dois outros navegadores citados.
Boa leitura!
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Biscoito, café e novela
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SEGREDO DE FAMÍLIA,
SESSÃO FOTONOVELA
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 51 - TONI FIGUEIRA
Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 51
Participam deste
capítulo
Cyro -
Tarcísio Meira
Dr. Avelar
Dr. Roberto - Paulo Cesar Pereio
Comendador Liberato -
Macedo Neto
Inês -
Betty Faria
Zoraida - Jurema Penna
Vera - Louise Macedo
Orjana -
Neusa Amaral
CENA
1 - PORTO AZUL - CASA
DE BÁRBARA - SALA - INTERIOR
- NOITE
O TELEFONE SOOU E ORJANA LEVANTOU-SE PARA ATENDÊ-LO.
OLHOU O RELOGIO: DUAS E MEIA DA MADRUGADA. PERCEBEU QUE SE TRATAVA DE UMA
CHAMADA DE URGÊNCIA PARA O FILHO. E REALMENTE A INFORMAÇÃO ERA GRAVÍSSIMA. DOUTOR AVELAR
COMUNICAVA O AGRAVAMENTO DO ESTADO GERAL DE OTTO MULLER, MAS O QUE ERA MAIS
IMPORTANTE: A ENTRADA DE UM ACIDENTADO SEM CONDIÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA COM
PERMISSÃO DA FAMILIA PARA DOAÇÃO DO MÚSCULO CARDÍACO. AVELAR PEDIA O
COMPARECIMENTO DE CYRO COM A MÁXIMA BREVIDADE.
CORTA PARA:
CENA
2 -
FLORIANÓPOLIS - HOSPITAL
- SALA DOS MÉDICOS -
INTERIOR - NOITE
CYRO ACABARA DE DAR TODAS AS ORDENS E RECOMENDAÇÕES
NECESSÁRIAS. O ACIDENTADO ESTAVA SENDO ASSISTIDO PELO DR. ROBERTO, MAS NÃO
HAVIA NENHUMA POSSIBILIDADE DE RECUPERAÇÃO. FRATURA DA BASE DO CRÂNIO, COM
AFUNDAMENTO E DIVERSAS RUPTURAS INTERNAS. ATROPELADO POR UM ÔNIBUS INTERESTADUAL.
CYRO - E como está o boletim clínico do provável
doador?
DR. AVELAR
- Acabo de dar ordem ao
Departamento de Imunologia para nos darem um resultado urgente. Temos de saber
se o coração do doador é do tipo semelhante ao do paciente.
CYRO - A família não colocou obstáculos?
DR. AVELAR -
Não. Estão conformados. E isto eu considero a etapa mais difícil que
conseguimos transpor. Já esteve com Otto Muller?
CYRO - Vou vê-lo agora.
DR. AVELAR
- O coração dele está batendo
muito mal. Tem fibrilado sucessivamente e esta noite cheguei a pensar que fosse
o fim.
CORTA PARA:
CENA
3 -
HOSPITAL - QUARTO DE OTTO - INTERIOR
- DIA
ENQUANTO O CIRURGIÃO PREPARAVA SEUS APARELHOS E O
EQUIPAMENTO PESSOAL PARA O ATO CIRÚRGICO, O DOUTOR ROBERTO APARECEU NO QUARTO.
VINHA AGITADO.
CYRO - Tudo em ordem? Podemos pensar em termos de
operação?
O MÉDICO BAIXOU OS OLHOS. TINHA AS FEIÇÕES TRANCADAS DE QUEM SE ABORRECERA DEMASIADAMENTE.
DR. ROBERTO
- Tudo fracassou, Cyro!
CYRO - Como?
DR. ROBERTO
- O doador... acaba de falecer. O
coração parou. Fizemos tudo o que foi possível.
CYRO - Eu sei. Isto não é matemático. Deseja-se e
nem sempre consegue-se um coração em condições favoráveis para salvar uma vida.
Não! É muito difícil. Suspenda as providencias para a cirurgia até segunda
ordem.
CORTA PARA:
CENA
4 -
PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO
- SALA -
INTERIOR - DIA
ERA MANHÃ QUANDO O COMENDADOR AUGUSTO LIBERATO,
SONOLENTO, COM FUNDAS OLHEIRAS ARROXEADAS, RETORNOU À MANSÃO.
VERA, A CRIADA, ATENDEU-O, JÁ QUE A GOVERNANTA AINDA
DORMIA.
COMENDADOR LIBERATO
- (jogando-se no sofá da sala)
Tudo bem por aqui?
VERA - (com incerteza) Mais ou menos, patrão.
COMENDADOR LIBERATO
- Meu filho... foi viajar?
VERA - Bem... não, senhor. Ele voltou ontem, mas não
veio dormir em casa.
COMENDADOR LIBERATO
- (descalçou as botas ali mesmo,
na sala, atirando-as sobre o tapete) Olha, estou pregado. Vou descansar e não
me chame para coisa
alguma, a não
ser que seja do
hospital, onde meu sobrinho está internado. Vou ficar no quarto dos
hóspedes, que é mais isolado.
A EMPREGADA LEMBROU-SE DA REFERÊNCIA. O QUARTO DE
HÓSPEDES. FÔRA LÁ QUE ZORAIDA ENFIARA A ESPOSA DE BABY. TREMEU ANTE A HIPÓTESE
DE O COMENDADOR DAR DE CARA COM A NORA A QUEM NEM CONHECIA.
VERA - (berrou, quase) Comendador! Naquele quarto
não!
O VELHO LIBERATO NÃO LHE DEU A MENOR ATENÇÃO E SUBIU
AS ESCADAS, DESCALÇO, ARREGAÇANDO A CALÇA DE CASEMIRA ESTRANGEIRA.
VERA CORREU PARA O INTERIOR DA MANSÃO.
CORTA PARA:
CENA
5 -
PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO
- QUARTO DE ZORAIDA -
INTERIOR - DIA
VERA ENTROU NO QUARTO DA GOVERNANTA, OFEGANTE, MAL
PODENDO RESPIRAR.
VERA - O comendador subiu e foi descansar... no
quarto de hóspedes!
A GOVERNANTA FEZ O SINAL DA CRUZ COM EXPRESSÃO DE
PAVOR E VESTIU APRESSADAMENTE A ROUPA. ANTES MESMO DE CALÇAR OS SAPATOS, JÁ A
VOZ DO PATRÃO ENCHIA A MANSÃO SILENCIOSA.
COMENDADOR LIBERATO
- (off) Zoraida! Zoraida! O que é
isso?
CORTA PARA:
Baby (Claudio Cavalcanti) |
CENA
6 -
PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO
- QUARTO DE HÓSPEDES -
INTERIOR - DIA
A VELHA CHEGOU SEGUNDOS DEPOIS, COM OS CABELOS AINDA
DESGRENHADOS E OS OLHOS VERMELHOS E IRRITADOS.
ZORAIDA - Eu vim correndo lhe avisar!
COMENDADOR LIBERATO
- Quem é essa moça?
INÊS DORMIA PLACIDAMENTE, ESTICADA NA CAMA, DE
CALCINHA E SUTIÃ. O VELHO NÃO CABIA EM SI DE ESPANTO.
ZORAIDA - (cobrindo a jovem com o lençol) Não
reconhece?
COMENDADOR LIBERATO
- A filha do pescador?
ZORAIDA FECHOU A PORTA, GIRANDO A MAÇANETA E CONDUZIU
O SURPRESO COMENDADOR PARA O SEU QUARTO.
CORTA PARA:
CENA
7 -
PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO
- QUARTO DO COMENDADOR -
INTERIOR - DIA
O VELHO INSISTIU NA PERGUNTA, SABENDO DE ANTEMÃO A
RESPOSTA. ZORAIDA NÃO PODIA MAIS ESCONDER A VERDADE.
COMENDADOR LIBERATO
- É ela... a filha do pescador?
ZORAIDA - Diga antes... sua nora. Agora... ela é a
esposa de Baby!
AUGUSTO LIBERATO SENTOU-SE NA BEIRA DA CAMA PARA
SUPORTAR A REVELAÇÃO.
COMENDADOR LIBERATO
- Você enlouqueceu?
ZORAIDA - Acho que quem enlouqueceu foi seu filho!
COMENDADOR LIBERATO
- Mas... como... como essa moça é
a esposa do Baby?
ZORAIDA - De papel passado e tudo. Baby se casou com
ela, patrão. No dia de ontem. Domingo.
COMENDADOR LIBERATO
- Isso é um disparate! Um
absurdo! Baby não pode abusar assim da minha tolerância! Ele casa, descasa,
traz qualquer uma para cá e nós temos que nos sujeitar?
DITO ISTO, O COMENDADOR CORREU PARA O QUARTO DA MOÇA.
CORTA PARA:
CENA
8 -
PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO
- QUARTO DE HÓSPEDES -
INTERIOR - DIA
LIBERATO ACORDOU INÊS AOS TRANCOS. A JOVEM ABRIU OS
OLHOS, ADMIRADA. NÃO RECONHECERA
DE IMEDIATO A
CASA ONDE SE ENCONTRAVA. JULGAVA-SE AINDA, NA SONOLENCIA, EM SUA
CHOUPANA DE PORTO AZUL.
COMENDADOR LIBERATO
- Escute, moça! (disse, com
Zoraida a seu lado, contendo um sorriso indiscreto) Baby não pode ter se casado
consciente!
A SITUAÇÃO TENDIA PARA A COMICIDADE.
INÊS PERCEBEU O QUE SE PASSAVA. A CASA. A VELHA
GOVERNANTA. O COMENDADOR. SIM, ERA MULHER DE BABY, QUISESSEM OU NÃO.
INÊS - Ele se casou consciente.
COMENDADOR LIBERATO
- Mas como é possível, senhorita?
Não fui avisado, não me participaram nada! Chego em casa e encontro a senhorita
aqui e tenho um choque destes! E onde está seu marido, agora?
INÊS - (deu de ombros) Sei não senhor. Ele num
durmiu aqui...
COMENDADOR LIBERATO
- Pois fique sabendo que fez
muito mal em casar com ele!
INÊS - Tou sabendo agora, sim senhor! (cobriu-se
mais) Me desculpa... não fiz por mal, juro! Eu gosto dele pra burro, Seu
comendador. Pensei que tudo fosse mais fácil. Mas fica descansado. Eu pego
minha trouxa e vou pra casa de meu pai de novo. Pode ficá certo!
COMENDADOR LIBERATO
- Agora não! Agora é mulher dele!
CORTA PARA:
CENA
9 -
PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO
- SALA -
INTERIOR - DIA
COMENDADOR LIBERATO
- (desceu as escadas correndo e berrando
para a criadagem) Procurem Baby! Onde ele estiver! Achem aquele maluco! Achem
ele!
A MANSÃO SE TRANSFORMARA NUMA CASA DE LOUCOS.
FIM DO
CAPÍTULO 51
... E NA PRÓXIMA TERÇA, CAPÍTULO INÉDITO!
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O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 51,
TONI FIGUEIRA
SESSÃO CAPAS E PÔSTERES
A capa pertence à revista Sétimo Céu –
Série Amor, número 97, publicada em fevereiro de 1981.
Já o pôster à revista Sétimo Céu, número
322, publicada em maio de 1983.
Boa diversão!
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00:30
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SESSÃO CAPAS E PÔSTERES
SESSÃO FOTO QUIZ
A foto da semana passada é da atriz e
cantora Inezita Barroso.
Agora tentem descobrir quem é a bebezinha
da foto.
Eis algumas pistas:
1) Esta atriz ainda viva nasceu na Espanha
no ano de 1935.
2) Estreou em telenovelas em Marcados
pelo Amor, no ano de 1964, na TV Record.
3) Dentre outras, participou das
seguintes novelas: A Grande Viagem, na TV Excelsior; O Direito de Nascer, na
Rede Tupi e Braço de Ferro, na Rede Bandeirantes.
Boa diversão!
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Biscoito, café e novela
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BRINCADEIRA,
FOTO QUIZ,
SESSÃO
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 50 - TONI FIGUEIRA
Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 50
Participam deste capítulo
Cyro - Tarcísio Meira
Ester - Gloria Menezes
Baby - Claudio Cavalcanti
Ricardo - Edney Giovenazzi
Otto - Jardel Filho
Lia - Arlete Sales
Catarina - Lidia Mattos
Paulus - Emiliano Queiroz
Dr. Avelar - Álvaro Aguiar
Dr. Roberto - Paulo Cesar Pereio
CENA 1 - PORTO AZUL - IGREJA - INTERIOR - DIA
INÊS APARECEU NA ENTRADA DA IGREJINHA CONDUZIDA PELO VELHO PESCADOR. O VESTIDO DE NOIVA, SIMPLES, MAS DE BOM GOSTO, REALÇAVA-LHE OS TRAÇOS BELOS, CONTRASTANDO COM A PELE QUEIMADA DE SOL. TODOS OS OLHOS SE VOLTARAM PARA O PAR. OS MINEIROS ENCHIAM O PEQUENO TEMPLO, AO LADO DO GRANDE NÚMERO DE PESCADORES DA REGIÃO, ONDE MESTRE JONAS ERA RESPEITADO E QUERIDO.
O PADRE RECEBEU-OS DIANTE DO ALTAR.
PADRE MIGUEL - Deus a abençoe, minha filha!
MESTRE JONAS - (intrigado, olhando os arredores) Cadê o noivo, padre?
PADRE MIGUEL - Ainda não veio, mas não deve demorar.
DANIEL - (se aproximou) Pai, ele vem. A gente chegamos lá e ele já tinha vindo pra cá.
INÊS - (não escondia o nervosismo) E se ele não aparece? Que é que eu faço da minha vida?
PADRE MIGUEL - O trânsito por essas estradas está péssimo. Hoje é domingo e todo mundo procura as praias mais distantes. Vamos aguardar um pouco. Vamos aguardar!
CORTA PARA:
CENA 2 - PORTO AZUL - IGREJA - INTERIOR - DIA
OS RELÓGIOS MARCAVAM 4 HORAS. UM POUCO MAIS. E BABY LIBERATO NÃO APARECIA. HÁ DUAS HORAS, TODA A IGREJA AGUARDAVA ANSIOSA A PRESENÇA DO PRESIDENTE DAS MINAS. QUERIA VER SUA UNIÃO COM A MOÇA SIMPLES E POBRE DAS PRAIAS. MAS AGORA A INQUIETAÇÃO ERA FLAGRANTE. ALGUMAS VELHAS COMEÇAVAM A COCHICHAR, ENQUANTO OS CONVIDADOS - MUITOS DELES - PRINCIPIAVAM A ABANDONAR O INTERIOR E OUTROS SE POSTAVAM NAS ESCADARIAS, OLHOS NA ESTRADA, À ESPERA DO NOIVO.
INÊS CHORAVA, DISCRETAMENTE.
MESTRE JONAS - (desfigurado, dizia baixinho) Eu vou sair. Vou procurá esse miserável desse ricaço e trago ele, nem que seja amarrado!
INÊS - (explodiu num soluço alto e incontrolável) Gente... me leva daqui! Eu quero ir embora! Vou enfiá minha cara num buraco! (deitou a cabeça no ombro da mãe em choro convulsivo) Nunca mais quero ver ninguém!
INESPERADAMENTE, A VOZ DE BABY LIBERATO OUVIU-SE CLARA EM MEIO AO REPENTINO SILENCIO NO INTERIOR DO TEMPLO.
BABY - Desculpe, gente... o atraso!
TODOS OS OLHARES CONCENTRAVAM-SE NO RAPAZ, DESCABELADO, SUJO DE GRAXA, COM AS MÃOS NEGRAS, COMO SE HOUVESSE SOBREVIVIDO À EXPLOSÃO DE UM POÇO DE PETRÓLEO.
BABY - (caminhou até o altar) Boa tarde... boa tarde para todos. Olha aí, padre, me perdoe. Foi um pneu bandido que me deixou na estrada (beliscou o queixo da noiva, paralisada) Oi, Inês! Oi, Dona Rosa! Olá, velho! (deu um tapa nas costas de Mestre Jonas, atônito. – Virou-se para os mineiros, felizes, sorridentes, confiantes) Daniel! Pé-na-Cova! Pedrão! Ei, rapaziada, tamos aí! (bateu palmas, saudado ruidosamente pelos mineiros da Companhia de Valongo) Alegria! Alegria!
PADRE MIGUEL - As alianças, meus filhos...
BABY - Hem?
INÊS - (cutucando o noivo) As alianças, Leandro!
BABY - (sem saída, procurou uma desculpa) Poxa! Me esqueci! (mentiu) Ficou lá em casa!
MESTRE JONAS ADIANTOU-SE E ENTREGOU DUAS ALIANÇAS AO VIGÁRIO DE PORTO AZUL.
MESTRE JONAS - Eu fiz uma vaquinha... e comprei.
O CASAMENTO TINHA SIDO UM SUCESSO. INFORMAL DIANTE DO JEITÃO-QUALQUER-MANEIRA DE BABY LIBERATO. BÁRBARA E O PROFESSOR VALDEZ, PADRINHOS DO NOIVO, VEZ POR OUTRA PUXAVAM-NO PARA A REALIDADE. ERA COMO SE O MILIONÁRIO ESTIVESSE A MIL QUILÔMETROS DALI.
PADRE MIGUEL CHEGAVA AO FIM DA CERIMÔNIA RELIGIOSA: BENZEU AS ALIANÇAS E ENTREGOU-AS AOS NUBENTES. INÊS SEGUROU AS MÃOS SUJAS DO RAPAZ E ENFIOU-LHE A JOIA PELO ANULAR ESQUERDO. O SACERDOTE FEZ SINAL PARA QUE SE LEVANTASSEM.
PADRE MIGUEL - Estão casados, meus filhos! São marido e mulher!
BABY - (explodiu, muito à vontade) Já? Legal às pampas! E agora que é que a gente faz?
MESTRE JONAS - (alegre) Vamos pra minha casa. Comprei fiado um barril de chope. A gente vai dá uma festinha. Se o Seu Baby não repara...
BABY - Estamos aí! (fez um gesto largo com o braço) Vamos lá, minha gente! Vamos lá!
A CHUVA DE ARROZ COBRIU DE BRANCO O CASAL. PORTO AZUL VIBRAVA. CORRERIA DAS MOCINHAS DE VESTIDOS COLORIDOS DE CHITA E SEDA ORDINÁRIA, QUERENDO VER O NOIVO. PADRE MIGUEL MANDOU O SACRISTÃO BADALAR O SINO. TUDO ERA FESTA NO VILAREJO.
E O MAIS IMPORTANTE: BABY RENOVAVA A CONFIANÇA PERANTE OS HOMENS SIMPLES DAS MINAS DE CARVÃO. AGORA, ERA UM DELES.
CORTA PARA:
Inês (Betty Faria) |
CENA 3 - FLORIANÓPOLIS - HOSPITAL - CONSULTÓRIO DE CYRO - INTERIOR - DIA
DOUTOR AVELAR ENTROU AGITADO NO CONSULTÓRIO DE CYRO. MAL FECHOU A PORTA.
DR. AVELAR - Vim avisá-lo: entrou há poucos minutos um acidentado. Caso perdido. Fratura de crânio com perda de substância. Em coma. Avisei a família e mencionei a possibilidade de ser um possível doador.
CYRO - (ergue-se abruptamente) E então?
DR. AVELAR - Houve uma reação negativa, a princípio. Ficaram chocados com a possibilidade de aproveitarmos o coração do rapaz.
CYRO - Então, nada feito?
DR. AVELAR - Uma irmã do acidentado fez ponderações, tentando convencer o pai. Dona Lia está lá, conversando com ele.
A PORTA SE ABRIU E A MULHER ENTROU, ESBAFORIDA.
LIA - Dr. Cyro. Dr. Avelar. A família do rapaz está disposta a conversar com os senhores. Esperam na sala 215, onde o moço está morrendo.
CYRO SAIU, PRESSUROSO, ACOMPANHADO PELO COLEGA.
CORTA PARA:
CENA 4 - HOSPITAL - SALA 215 - INTERIOR - DIA
UMA JOVEM ROBUSTA, DE PERNAS GROSSAS E FARTOS SEIOS, ATENDEU AOS MÉDICOS.
MULHER - Desculpem meu pai. Está fora de si.
CYRO - Perfeitamente compreensível. Nós entendemos o seu drama.
A UM CANTO, ATIRADO SOBRE UMA POLTRONA, O HOMEM, AINDA NOVO, BEIRANDO OS 50 ANOS, ERA A IMAGEM DA DESOLAÇÃO. OLHOS FITOS NO TETO. ALHEIO AO MUNDO. CYRO APROXIMOU-SE DELE E SENTOU-SE NA CADEIRA DE FERRO. TOCOU-LHE O BRAÇO, DE LEVE.
CYRO - É muito difícil para nós, médicos, fazermos um pedido destes. Me chamo Cyro Valdez, meu amigo. Cirurgião deste hospital. É mais do que difícil. É terrível. Eu me coloco no seu lugar e entendo perfeitamente a sua dor.
O HOMEM MOVEU A CABEÇA E FIXOU O MÉDICO. HAVIA DESESPERO EM SEUS OLHOS.
HOMEM - O senhor... não vai me pedir permissão para que meu filho, que está morrendo... seja o doador de coração... para outro que também está morrendo?
CYRO - (confirmou) Eu vim lhe pedir. Já não tenho coragem. Ninguém pode fazer um pedido destes. Digo-lhe apenas que uma das duas vidas deve ser salva. Que mais posso lhe dizer? A de seu filho está perdida. Podemos salvar a outra. Seu filho pode salvá-la...
A JOVEM ROBUSTA ABRAÇOU O HOMEM.
MULHER - Pai, o coração de meu irmão vai ficar batendo no peito de outro homem! Pense nisso! A gente não vai perder de todo o nosso Dadinho!
HOMEM - (a voz sofrida, abafada) Eu não quero! Não posso aceitar isso! Compreendo o propósito de vocês, mas não aceito!
CYRO - (apertou com força a mão do homem) Nós compreendemos. Ninguém pode forçá-lo a aceitar. Por favor, esqueça o pedido que lhe fizemos.
QUALQUER COISA HAVIA TOCADO FUNDO O SENTIMENTO DO PAI DESESPERADO. OLHOU FUNDO NOS OLHOS DO CIRURGIÃO, APERTANDO A MÃO QUE COMPRIMIA A SUA.
HOMEM - Doutor... o que é que eu faço? O que é que eu faço?
O MÉDICO LEVOU-O PARA A JANELA QUE DESCORTINAVA UM PANORAMA BUCÓLICO: ÁRVORES FRONDOSAS, AGORA TOMADAS PELAS SOMBRAS DA NOITE QUE SE INSINUAVA.
CYRO - Só existe um remédio capaz de amenizar a sua dor. Procure encontrar sementes de qualquer planta, colhidas pela mão de alguém que nunca passou por nenhuma dor... por alguém que tenha vivos todos os seus parentes. Quando encontrar... me traga aqui... e eu prometo preparar uma poção que há de curá-lo do seu sofrimento.
O HOMEM ENTENDEU. NADA MAIS HAVIA A FALAR. A DOR NÃO ATINGIA APENAS UMA PESSOA NO MUNDO. ERA DA HUMANIDADE. PODIA SER RICO, BRANCO OU NEGRO – A TODOS ELA ALCANÇA, EM QUALQUER ETAPA DA VIDA. CYRO DEIXOU O QUARTO, NO MOMENTO EM QUE O MÉDICO E OS ENFERMEIROS REMOVIAM O CORPO IMÓVEL DO JOVEM. A CABEÇA ESTAVA ENVOLVIDA EM GAZE E O ROSTO COMPLETAMENTE TOMADO PELOS TALHOS QUE SE CRUZAVAM DE LADO A LADO.
CORTA PARA:
CENA 5 - PORTO AZUL - CHOUPANA DE MESTRE JONAS - INTERIOR - NOITE
BABY LEVANTOU OS DOIS BRAÇOS E GRITOU NO MEIO DA PEQUENA SALA ENTUPIDA DE GENTE.
BABY - Bem... meus caros. Meus amigos. Eu e minha querida esposa vamos nos mandar. Temos que ir mais cedo porque ainda temos muita coisa a fazer (beijou-a na testa) Não é, Inês?
A MOÇA ENCOLHEU-SE, ENVERGONHADA. MESTRE JONAS SORRIU, MEIO EMBRIAGADO. ROSA CHORAVA DE SATISFAÇÃO.
PEDRÃO - (com malícia) É. Muita coisa mesmo! Danou-se!
BABY TORNOU A GRITAR COM EXPRESSÃO DE ALEGRIA.
ERA O CENTRO DAS ATENÇÕES.
BABY - Quem quiser dançar com a noiva... pela última vez, que aproveite! Depois não dá mais!
CESÁRIO TIROU INÊS, ADIANTANDO-SE AOS DEMAIS. ERA O NOVO CAPATAZ DAS MINAS, ESCOLHIDO PELO PRESIDENTE, POR INDICAÇÃO DOS MINEIROS.
BABY - (ao chefe da bandinha) Música, maestro!
UMA MOÇA DESDENTADA, ESQUELÉTICA, PELE ACINZENTADA, ADIANTOU-SE.
MOÇA - (berrou, esperançosa) Joga o véu!
INÊS ATIROU VÉU E BUQUÊ PARA O GRUPO.
BABY PUXOU-A PELO BRAÇO.
BABY - Agora chega! A noiva vai embora com o noivo! Mas a festa continua! (virou-se para Mestre Jonas e Daniel) Taqui mais dinheiro! Manda buscar mais comida e bebida pra esta gente dançar a noite toda, sem fome! E sem sede!
DESAPARECERAM PORTA A FORA E POUCO DEPOIS O CARRO VERMELHO VOAVA PELA ESTRADA LITORÂNEA DE PORTO AZUL.
CORTA PARA:
CENA 6 - FLORIANÓPOLIS - PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO - PORTÃO - EXTERIOR - NOITE.
MINUTOS APÓS, COM ESTARDALHAÇO, BABY FREOU O AUTOMÓVEL DIANTE DA PORTA DO PALACETE. SALTOU, ABRIU O PORTÃO DE ENTRADA DOS VEÍCULOS E EMBICOU NA DIREÇÃO DA MANSÃO.
CORTA PARA:
CENA 7 - PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO - SALA - INTERIOR - NOITE
POR UNS SEGUNDOS, ZORAIDA FIXOU A MOÇA, PROCURANDO RECONHECÊ-LA. POR FIM, A GOVERNANTA CERTIFICOU-SE DE JAMAIS A TER VISTO NAQUELA CASA. NEM NAS FESTAS QUE BABY COSTUMAVA DAR NOS JARDINS DA RESIDENCIA LUXUOSA.
INÊS OLHAVA O AMBIENTE COMO NUM CONTO DE FADAS.
BABY - (cortou a estupefação das duas) Quero te apresentar Inês!
ZORAIDA ESTENDEU A MÃO PARA A JOVEM VESTIDA DE NOIVA.
BABY - Vai ficar morando aqui.
ZORAIDA - É que... não estamos precisando de criada, meu filho. O quadro está completo!
BABY - (amuado) Quem disse que vai ficar como criada?
ZORAIDA - Pensei...
BABY - (cortou) De pensar morreu um burro! Inês é minha mulher!
A GOVERNANTA SEGUROU-SE AO PORTAL PARA NÃO CAIR. A SURPRESA FORA DEMAIS.
ZORAIDA - Como?!
BABY - Mulher! Esposa! (completou, forçando entrada na residência) Será que estou falando grego? Veja o quarto dela. Ela precisa tomar banho, mudar esta roupa, para jantar comigo.
ZORAIDA - (sem acreditar) Baby, espera aí... brincadeira tem hora!
INÊS - (com voz macia, mostrando a certidão) A gente tá casado mesmo. De papel e tudo. Padre Miguel juntou a gente. Agora, casamento no religioso tem validade pra tudo. Num precisa juiz. Leandro, diz a ela...
ZORAIDA - (colocou as mãos sobre a testa, os olhos esbugalhados) Que loucura foi essa, meu filho? Seu pai sabe disso?
BABY - Não, mas vai saber. Cadê ele?
ZORAIDA - O comendador foi para o hospital, a chamado da irmã. Dona Catarina pediu que ele fosse ao seu encontro. Trata-se da doença do Senhor Otto.
BABY - (virou-se para a esposa) Olha... você fica bonitinha aí, que eu vou dar um giro.
INÊS - Onde?
BABY - Vou por aí. Não durmo cedo. São só onze horas. Lá pelas duas eu estou em casa.
INÊS - Deixa eu ir com você. A gente agora é marido e mulher. Pai disse que mulher tem sempre que acompanhar o marido, em todo canto.
BABY FOI ATÉ O BAR E COMPLETOU UMA DOSE DE UÍSQUE.
BABY - Sabe o que é? O negócio é o seguinte. Eu vou ao clube... lá só tem barbado... a gente joga, bebe, fala de negócios... sabe como é? Não é ambiente pra você. Agora, quando eu for num lugar onde tenha senhoras, damas da alta... eu te levo. Aí você vai se esbaldar.
INÊS - E eu vou ter... de frequentar essa tal de alta?
BABY - É. Alta roda. Onde as mulheres se vestem bem, falam mal da vida alheia e fofocam, como qualquer mulher do povo.
INÊS - Hoje... nossa noite de núpcias... você não podia deixar de ir nesse clube? Hoje, a gente se casou, Leandro! (abraçou-o pelas costas, enquanto ele bebia um gole de uísque) Puxa vida, tou contente pra burro! E você?
BABY - (com clara ironia) Estou felicíssimo... por estar amarrado numa boboca como você.
INÊS O SOLTOU, MAGOADA.
BABY - (sorriu, pegando-lhe o queixo) E não é boboca? Chorona, manteiga derretida?
INÊS - Leandro... (olhou-o com um brilho estranho nos olhos) Você gosta de mim?
BABY - (rodopiou na sala, abrindo os braços teatralmente) Caramba! Não gosto dela! Estou casado com ela e vem com essa novidade!
INÊS - Por que você se casou comigo?
BABY - Por que, por quê? Tudo tem de ter um porquê! Porque quis, ora! Se não quisesse, nem teu pai, nem teu irmão, iam me obrigar! Achei que ia ficar bem pra mim diante dos meus empregados! Achei que ia agradá-los com esse gesto. É gente muito boa, que já brigou por minha causa. Não ia lhes dar uma decepção, fugindo ao compromisso.
INÊS - (chocada) Então... você casou... pra agradar seus empregados? Só por isso?
BABY - É uma justificativa justa, ou você não acha? Vou precisar deles, amanhã, depois, sei lá! Nunca se sabe o que vai acontecer. É gente honesta, leal. Eu tinha de ser também honesto, também leal.
INÊS - Por que precisa deles?
BABY - Porque gosto deles, pombas! O que que é isso? Um inquérito? (fez um gesto teatral, como se estivesse declamando) Vil pecador! (ajoelhou-se) Por que se casou com esta mulher? Responda! Nem vem, Inês! Chega, tá? Olha, eu volto daqui a pouco. Tchau!
SAIU APRESSADO SEM TOMAR CONHECIMENTO DAS REAÇÕES DA MOÇA. INÊS OLHOU O CASARÃO VAZIO. OUVIU A VOZ DA GOVERNANTA QUE VOLTAVA À SALA.
ZORAIDA - A senhora quer fazer o favor? O seu quarto está pronto.
A GOVERNANTA SEGUROU A MALETA DA JOVEM E DIRIGIU-SE PARA A ESCADA, INÊS ACOMPANHOU-A.
FIM DO CAPÍTULO 50
... E NA PRÓXIMA SEXTA, CAPÍTULO INÉDITO!
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Biscoito, café e novela
às
00:14
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TONI FIGUEIRA
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