quarta-feira, 18 de maio de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 10



Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 10

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

RITINHA
PAULA
DIANA
JERÔNIMO
SINHANA
JOÃO
RECEPCIONISTA

CENA 1  -  RIO DE JANEIRO  -  APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.

Ritinha, deitada, voltou o pensamento á sua cidade. Sua gente. Ali, no Glória, tudo era tão contrário da simplicidade de Coroado. O telefone tocou.


RECEPCIONISTA  -  Madame. Tem uma moça na portaria que quer subir para falar com a senhora.

RITINHA  -  Quem é?

RECEPCIONISTA  -  Dona Carmen Valéria.

RITINHA  -  Carmen? Ah, sei! A cantora. Estou esperando por ela. Faça o favor de mandar subir. Ah, e pode ver também a minha conta. Em nome de Eduardo Coragem.

Ritinha levantou-se célere. Ajeitou alguns pertences na mala. Rapidamente contou o dinheiro na bolsa. A campainha soou.

Paula entrou.

PAULA  -  Boa noite! É a mulher do Duda?

RITINHA  -  Sou. É Dona Carmen?

PAULA  -  Sou Carmen Valéria. A mulher do Neca.

RITINHA  -  Que bom que a senhora veio. Estava me sentindo sozinha... parecia que habitava outro planeta... ou que estava perdida, rodando em órbita, no espaço...

Paula examinava-a de todos os ângulos.

PAULA  -  Você, então, é a jovenzinha que agarrou o Duda, do interior, hein?

RITINHA  -  Agarrei? Como?

PAULA  -  Ele me contou, rapidamente, por telefone, em que circunstância teve que casar com você. Foi... obrigado, não foi?

RITINHA  -  Não. Não foi bem assim...

PAULA  -  Vocês, meninas do interior, são mais espertas que as da cidade. Vou te contar! Que golpe deram no rapaz!

Ritinha se sentiu chocada com a grosseria da outra.

RITINHA  -  Eu... eu não forcei ele a nada. Não queria o casamento... Não queria obrigar Eduardo, nem havia motivo pra ele se casar comigo... A senhora me entende?

PAULA  -  Pois é. Mas o fato é que ele está casado. E você vai ser uma pedra na vida dele.

RITINHA  -  Pedra?

PAULA  -  Pedra, rochedo, ou coisa parecida.

RITINHA  -  Por quê?

PAULA  -  Por quê? Porque Duda não tem tempo para se dedicar a esposa, nem a filhos. Tem uma vida louca. Nunca lhe disseram o que é a vida de um jogador de futebol, menina?

Ritinha se sentia aborrecida com a conversa da estranha amiga do marido.

RITINHA  -  Ele me disse por alto.

PAULA  -  Bem. Então você vai ter a experiência. Vamos embora. (Chama o boy)  Rapaz, leve estas malas. Ela vai deixar o apartamento. (e para Ritinha) Já jantou?


RITINHA  -  Não. Fiquei com vergonha de ir no restaurante, sozinha.

PAULA  -  Pois eu te levo num lugar pra comer.

RITINHA  -  Que não seja longe da minha casa, Dona Carmen.

PAULA  -  (sem se conter)  Sua casa, hein? Golpe de sorte! Sim, senhor! Duda aluga apartamento para se casar com outra... a outra ajeita as coisas, compra tudo a seu gosto. De repente, você aparece casada com ele... e rouba tudo da outra.

RITINHA  -  (chocada)  Que outra?

PAULA  -  Duda não te disse? Safado. Devia ter contado que estava de casamento marcado com outra mulher.

RITINHA  -  Casamento marcado?

PAULA  -  (fingiu mudar de assunto)  Vamos embora. Tenho de te proteger. Sabe como é. Se a outra te encontra é capaz de te esganar...

Ritinha se assustou. Pegou a bolsa e saiu. Paula seguiu atrás, tendo refletida nos olhos toda a revolta que a dominava.

CORTA PARA:

CENA 2  -  RANCHO DOS CORAGEM  -  EXT.   -  DIA.

Diana livrou-se dos sapatos e examinava os pés, observada com hostilidade por Jerônimo.


DIANA  -  ô garotão, me arruma um pouco de agua quente, vai. Preciso lavar os pés.

Jerônimo virou-se e entrou na casa, voltando alguns minutos depois com uma panela de água fervente. Aproximou-se da jovem, colocou a água ao seu lado e esbarrou, propositadamente. 

DIANA   -  (soltou um grito de dor)   Aiiiiiiiiiii!!!  Viu o que voce fez? Queimou minha perna! Quer saber? Não fico mais aqui. Pra mim chega!

JERôNIMO  -  (murmurou, entrando na casa)  Já vai tarde!

A moça deixou o rancho, capengando, e se dirigiu, lentamente para o centro de Coroado.

CORTA PARA:

CENA 3  -  RANCHO CORAGEM  -  INT.  -  DIA.  


O tropel do cavalo acordou Sinhana do longo cochilo. Jerônimo levantou-se da  esteira.


JERÕNIMO  -  Continua dormindo, mãe. João vem aí.

SINHANA  -  Jão? Ele vai perguntar, Jerome.

JERÔNIMO  -  Eu respondo prele. Vai.

Sinhana entrou no quarto, receosa do resultado da conversa dos irmãos. João entrou.


JOÃO  -  Cadê mãe? E a moça? Como é que ela chama, mesmo? Ah, Diana. Êta nome bonito. Nunca pensei que fosse casar com mulher de nome Diana.

JERÔNIMO  -  E cê pensa em casar com uma mulher que mal sabe o nome? Uma mulher que nem sabe quem é?

JOÃO  -  Ela é o que é. Eu gosto porque gosto. Quem ela é não tem importância. Nem um nome. Pode ser Lara ou Diana. O pai dela pode ser Pedro Barros ou Antonio. Ela não tem culpa de ser filha de quem é. Cada um de nós é dono de si mesmo. Tu me entende, mano? Demorei porque fui acordar o Padre Bento. Ele tá disposto a fazer o casamento e dá sua bênção.

JERÔNIMO  -  Mas, o que carece ocê saber, irmão, é que ela podia ser Lara ou Diana... de acôrdo, que não tem a menor importância. Quando a mulher é boa, honesta. Quando a gente gosta porque ela merece... tudo dá certo. Mas, quando a mulher é doida... só pensa na sua liberdade... quando a mulher diz as coisas que a Lara ou Diana disse aqui... o caso muda de figura.

JOÃO  -  O que foi que ela disse?

JERÔNIMO  -  Honra... moral... ela não conhece. Só conhece uma coisa: a liberdade. Ela não se amarra a ninguém. Se isso acontece, ela bota na tua cabeça um chapéu furado...

JOÃO  -  (irritado com os modos do irmão)  Te pedi pra respeitar ela!

JERÔNIMO  -  Mas, respeito ela não merece!

JOÃO  -  Jerônimo, acho que, pela primeira vez na vida, vamos ter que brigar, irmão.

Sinhana surgiu na porta do quarto, enrolada num xale.

SINHANA  -  Ainda não disse prêle?

JOÃO  -  O quê?
  
JERÔNIMO  -  A tua noiva foi... embora.

João ficou estático. Dirigiu-se a Sinhana.


JOÃO  -  Já vi tudo. Cê mandou ela ir?

SINHANA  -  Ela foi de gosto, filho.

Furioso, João encarava a mãe e o irmão.


JOÃO  -  De gosto não pode ser! Não pode ser!

A porta escancarou-se com a violência do rapaz. No fundo da noite, apenas o canto dos grilos e o mugir dolente do gado. A escuridão tomava conta de tudo. Até mesmo de João Coragem.


FIM DO CAPÍTULO 10 
João (Tarcísio Meira) e Diana (Gloria Menezes)
 

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

# CARMEN VALÉRIA AMEAÇA CONTAR TODA A VERDADE A RITINHA, MAS PAULA A
CONVENCE A FICAR QUIETA E CONTINUAR ENGANANDO A CAIPIRA DE COROADO.

#O PROMOTOR RODRIGO TENTA CONVENCER JOÃO A ELEGER-SE PRESIDENTE DA
ASSOCIAÇÃO DOS GARIMPEIROS.

#POTIRA TENTA SEDUZIR JERÔNIMO, QUE REAGE COM VIOLÊNCIA.

NÃO PERCA O CAPÍTULO 11 DE

Um comentário:

  1. Começou o mau pedaço passado pela ingênua Ritinha! E João, cada vez mais enfeitiçado rsrsrs, por Diana! Eu adorava a maneira de falar de Sinhana, dá uma saudade...Muito bom!

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