Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 11
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
RITINHA
PAULA
CARMEN VALÉRIA
RODRIGO
JOÃO
POTIRA
GARIMPEIRO 1
RITINHA
PAULA
CARMEN VALÉRIA
RODRIGO
JOÃO
POTIRA
GARIMPEIRO 1
CENA 1 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
O dia nascera belo. Claro e quente como são os dias de verão no Rio. O apartamento de Eduardo Coragem, num edifício moderno, abria ampla visão para o mar, para as belezas das praias cariocas, coloridas de biquínis, formigando de gente. Ritinha perdeu minutos na admiração de tudo aquilo. Tão diverso da simplicidade interiorana de Coroado. Assim mesmo iniciou seus afazeres de dona de casa. Aqui, restos de bebidas. Ali, uma camisa de Duda, amarrotada, jogada a um canto do sofá. Ritinha beijou e apertou contra o seio a camisa amarfanhada. Era um pedaço dele.
O dia nascera belo. Claro e quente como são os dias de verão no Rio. O apartamento de Eduardo Coragem, num edifício moderno, abria ampla visão para o mar, para as belezas das praias cariocas, coloridas de biquínis, formigando de gente. Ritinha perdeu minutos na admiração de tudo aquilo. Tão diverso da simplicidade interiorana de Coroado. Assim mesmo iniciou seus afazeres de dona de casa. Aqui, restos de bebidas. Ali, uma camisa de Duda, amarrotada, jogada a um canto do sofá. Ritinha beijou e apertou contra o seio a camisa amarfanhada. Era um pedaço dele.
De repente a porta se abriu e Paula entrou. Ainda na pele de Carmen Valéria, esposa de Neca, amigo e companheiro de Duda, no Flamengo.
RITINHA - Bom dia, Dona Carmen. Tudo aqui estava muito sujo. Também, homem não sabe fazer limpeza, não é?
Paula sentou-se, displicentemente. Tirou um cigarro do maço, quase cheio, e o acendeu.
RITINHA - Quer tomar um café? Fiz agora mesmo.
PAULA - Não. Pode deixar.
RITINHA - Zangada, Dona Carmen?
PAULA - (grosseira) Não enche!
RITINHA - Eu... estava aqui sozinha... e estava pensando... que eu bem podia ir ver meu marido na tal de concentração.
Paula sorriu, soltando uma baforada de fumaça.
PAULA - Ah, você quer ir, é?
RITINHA - Eu posso?
PAULA - Mas, claro que pode! Você chega lá e diz: sou mulher do Duda. Recém-casada. Acho que tenho o direito de ficar com o meu marido. Você vai ver como tudo é fácil.
Ritinha animou-se, em sua inocência.
RITINHA - Eles deixam?
PAULA - Lógico! Vá, vá se arrumar. Eu te deixo, num carro, no prédio da concentração. Você salta e manda chamar o técnico, Fausto Paiva. Guarde bem o nome. Fausto Paiva. Ele é um anjo...
Ritinha dirigiu-se ao quarto para mudar de roupa. A campainha da porta soou. Paula atendeu. Era Carmen Valéria.
PAULA -Carmen! (E em voz baixa, para que Ritinha não ouvisse) Que é que está fazendo aqui?
CARMEN - Me deixa entrar. Quero explicar a confusão que você fez com a mulher do Duda.
PAULA - Calma! Calma!
CARMEN - Vou dizer a ela quem você é.
PAULA - Você vai é complicar as coisas. Dê o fora que eu vou me encontrar contigo longe daqui e te dou todas as explicações.
CARMEN - (insistiu) Cadê a guria? Telefonei hoje cedinho e a coitada falou comigo como se me conhecesse. Na hora não entendi. Depois, fiquei queimando as pestanas e dei com a coisa. Você disse que era eu, não disse?
Paula confirmou, balançando a cabeça.
CARMEN - Isso é sujeira da grossa! Eu ia pegar a menina no hotel, ontem á noite. Você foi na minha frente. Cheguei lá, ela já tinha saído. Tentei telefonar para cá, ninguém atendia. Mas hoje eu boto esse troço em pratos limpos. Não quero confusão com o Duda. Pra cima da mamãe aqui, não!
Paula percebia a dificuldade da situação. Mais um minuto e tudo estaria perdido. Quem sabe? – até mesmo o Duda – para sempre. Não viu outra saída.
PAULA - É pena você botar as coisas em pratos limpos. Eu estava pensando em te dar uma mãozinha na carreira, em troca desse favor.
Carmen ouvia sem dizer nada.
PAULA - Pois é, eu ia te apresentar ao Nelson Mota, que pode te arranjar um contrato na Phillips...
CARMEN - Você está me gozando...
PAULA - Falo sério. Ele é meu chapa. E conheço, também, a turma da pesada da Globo. Sou assim com a mulher do Chacrinha! Sou liga do Borjalo, amiga do Pacote. Andei pelos corredores da Globo e recebi dois imensos sorrisos do Boni! Sabe que eu tenho cara de chegar lá e exigir: olhe aí, quero que vocês dêem uma oportunidade pra minha amiga, a grande sambista Carmen Valéria!
CARMEN - (voz baixa) Não sabia que você tinha tantos conhecimentos...
PAULA - Aguenta mão aí com o nosso segredo e você vai ver só uma coisa...
Ritinha acabara de aprontar-se e assomara á porta.
RITINHA - Estou pronta...
Paula fez a apresentação.
PAULA - Esta é a mulher do Duda... E esta é a esposa de um jogador da reserva.
Ritinha e Carmen Valéria deram-se as mãos.
PAULA - Vamos até a concentração do Flamengo.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - ASSOCIAÇÃO DOS GARIMPEIROS - INT. - DIA.
Em Coroado, o promotor Rodrigo comentava o fim da gestão do Presidente da Associação dos Garimpeiros.
RODRIGO - Quem vai ser o novo presidente?
GARIMPEIRO 1 - Quem escolhe são os garimpeiros. Mas os coitados são obrigados a escolher aquele que Pedro Barros quiser. Sabe como é. Pra essa pouca-vergonha de exploração continuar...
Rodrigo ouvia atento.
GARIMPEIRO 1 - Olha, eu lhe digo. Um dos Coragens é que devia ir pro lugar do Maneco. Só assim a gente derrubava o Pedro Barros...
RODRIGO - (pensativo) Talvez fosse mesmo a saída para o impasse!
Rodrigo pôs o paletó e saiu apressado.
CORTA PARA:
CENA 3 - GARIMPO DE JOÃO CORAGEM - EXT. - DIA.
RODRIGO - Alô, João. Quero te dar duas palavrinhas. Pode vir até aqui?
João se impacientou. Não gostava de ser interrompido quando estava no garimpo.
JOÃO - Diabo de gente que agora vem atrapalhar o trabalho!
Rodrigo, sorrindo, sentou-se numa pedra enquanto João depositava a peneira em cima do mato rasteiro.
RODRIGO - Sabe o que é, companheiro. Eu me preocupo com a próxima escolha do presidente da Associação dos Garimpeiros. Acho que é uma oportunidade de vocês elegerem um homem que defenda os interesses de vocês e não os de Pedro Barros. Você ou seu irmão podem ser esse homem.
Estava lançada a isca. João balançou a cabeça, negativamente.
RODRIGO - (insistiu) Você pode fazer muito por sua gente, pelos seus garimpeiros. Pode realizar seus velhos sonhos... melhorar a condição de vida deles... pode fazer um trabalho de esclarecimento junto a esses homens, mostrando a eles os seus direitos e o valor daquilo que acham. Vocês podem terminar com o jugo do seu maior inimigo, o Pedro Barros.
O jovem Coragem levantou-se, abriu os braços num ângulo de 180 graus e, mostrando o garimpo, disse ao promotor.
JOÃO - Minha esperança toda tá ali. Se eu bamburro... se acho pedra boa... um diamante pra valer... faço tudo isso que o senhor me disse. Preciso só de dinheiro. Dou emprego pra muita gente e boto máquina no garimpo. Largando isso... eu não faço nada por ninguém. Não, seu doutor, o cargo não me atrai.
RODRIGO - (sem se dar por vencido) E o seu irmão? Ele também tem boa fama.
JOÃO - Meu irmão é dono da vida dele.
RODRIGO - Vou falar com ele. Onde está?
JOÃO - Em casa, eu acho.
CORTA PARA:
CENA 4 - RANCHO CORAGEM - COZINHA - INT. - DIA.
Jerônimo estava chegando do garimpo, ainda sujo de barro, com os cabelos desgrenhados e as botas cobertas de lama. Foi direto ao pote de água, na cozinha. A sêde era muita depois de horas e horas ao sol do rio. Não se deu conta de Potira, que o esperava, fumando, perna estendida sobre uma cadeira. O rapaz assustou-se ao deparar com a cena, a ponto de se engasgar com a água fresca.
CENA 4 - RANCHO CORAGEM - COZINHA - INT. - DIA.
Jerônimo estava chegando do garimpo, ainda sujo de barro, com os cabelos desgrenhados e as botas cobertas de lama. Foi direto ao pote de água, na cozinha. A sêde era muita depois de horas e horas ao sol do rio. Não se deu conta de Potira, que o esperava, fumando, perna estendida sobre uma cadeira. O rapaz assustou-se ao deparar com a cena, a ponto de se engasgar com a água fresca.
POTIRA - (rindo) Que é isso, Jerome?
Aproximou-se do rapaz, imitando os trejeitos mundanos de Diana.
POTIRA - Tudo legal?
JERÔNIMO - (escandalizado) Tá doente, índia?
POTIRA - Nada disso. Tou morando na minha filosofia.
JERÔNIMO - Sua quê?
POTIRA - As filosofia da vida. Sabe qual é a minha? Rir, correr, ser livre... amar, quando quero.
Enlaçou o pescoço do rapaz.
POTIRA - Me livrar de tudo que angustia... fazer o que der na telha... pôr a alma pra fora... dizer o que sinto. Beijar quando tenho vontade...
As últimas palavras da índia misturaram-se ao beijo desesperado que uniu os seus lábios aos de Jerônimo. Espantado, surpreso com a atitude da irmã-de-criação, Jerônimo se entregou aos apelos da jovem. Ao fundo da sala, dois olhos assistiam a toda a cena: Sinhana. A velha mãe dos garimpeiros se afastou, procurando o sossego do fundo do quintal. Jerônimo reagiu após os primeiros instantes de excitação e com gestos grosseiros, bateu violentamente no rosto de Potira.
POTIRA - Jerome, chega! Chega!
JERÔNIMO - Sua... sua... doida!
Potira soluçava, cabeça caída ao peito.
JERÔNIMO - Desavergonhada! Precisa tomá vergonha nessa cara!
FIM DO CAPÍTULO 11
João (Tarcísio Meira) e Braz (Milton Gonçalves)
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
RITINHA É DEIXADA POR PAULA NA CONCENTRAÇÃO DO FLAMENGO E É HUMILHADA E EXPULSA PELO TÉCNICO FAUSTO PAIVA.
JOÃO ENCONTRA LARA NA IGREJA E VAI TOMAR SATISFAÇÕES, JULGANDO TRATAR-SE DE DIANA, E DEIXA TIA DALVA INDIGNADA.
RITINHA É DEIXADA POR PAULA NA CONCENTRAÇÃO DO FLAMENGO E É HUMILHADA E EXPULSA PELO TÉCNICO FAUSTO PAIVA.
JOÃO ENCONTRA LARA NA IGREJA E VAI TOMAR SATISFAÇÕES, JULGANDO TRATAR-SE DE DIANA, E DEIXA TIA DALVA INDIGNADA.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 12 DE
Toni, essa cena de Potira imitando Diana, é super engraçada! Mas fiquei com pena dela, por causa da bofetada que levou de Jerônimo... E com pena de Ritinha, tão bobinha, coitada! Muito bom! Bj.
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