quarta-feira, 25 de maio de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 13



Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 13

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

JUCA CIPÓ
PEDRO BARROS
DELEGADO FALCÃO
RITINHA
GERENTE
FAUSTO PAIVA
NECA
DUDA
PLAYBOY

CENA  1  -  COROADO  -  IGREJA  -  EXT.  -  DIA.

 Juca Cipó passeava de um lado para outro, diante da igrejinha. Figura hedionda, detestada pela população de Coroado, que nele via a mão assassina do Coronel Pedro Barros. Juca se benzia, ajoelhado no chão.


JUCA CIPÓ  -  Que Deus Nosso Sinhô me ajude! Que Deus Nosso Sinhô me livre de todo mal! Bala do inimigo e de tudo quanto é praga. Que Deus Nosso Sinhô me ajude...

O coronel viu o ajuntamento. Correu até o local.

PEDRO BARROS  -  Que é que você veio fazer aqui?

JUCA CIPÓ  -  Tenho uma coisa pra lhe dizê, meu patrão...  (e sério)  É uma coisa que eu acabo de saber, na feira da Praça.

PEDRO BARROS  -  Desembucha, home, e deixa de tanta preparação.

JUCA CIPÓ  -  Meu patrão, o Coragem tá pensando que vai ser o presidente da Associação dos Garimpeiros.
  
PEDRO BARROS  -  (estremeceu)  Isso é hora de brincadeira?

JUCA CIPÓ  -  Quem falou, não brincou. O seu Doutor Rodrigo é que meteu na cabeça dele.

PEDRO BARROS  -  Qual dos Coragens?

JUCA CIPÓ  -  O mais moço, o Jeromo.

Pedro Barros atirou, com raiva, o charuto a distancia. Virou-se para o Delegado Falcão.

PEDRO BARROS  -  Como é que deixou acontecer uma coisa destas? É coisa certa, mesmo?

O delegado, terno branco, palito dançando entre os lábios – confirmou a novidade.

DELEGADO FALCÃO  -  Mais do que certo, coronel. No Hotel do Gentil já estão até preparando uma festa, pra essa noite. Vão festejar a decisão do Jerônimo.

PEDRO BARROS  -  Eu não disse? (explodiu)  Tinha que acabar com a raça maldita desse promotor. E agora?

DELEGADO FALCÃO  -  Agora é abrir luta ferrada com eles. A gente não pode facilitar. Agora, é guerra.

CORTA PARA:

CENA 2  -  RIO DE JANEIRO  -  HOTEL GLÓRIA  -  EXT.  -  DIA

Fachada do Hotel Glória. Um taxi pára, Ritinha desce e dirige-se á portaria,  ar desanimado, segurando a pequena mala.

CORTA PARA:


CENA 3  -  RIO DE JANEIRO  -  EXT.  -   NOITE.

A noite invadia a grande cidade. Luzes multicoloridas pintavam o Rio com o brilho dos luminosos.

CENA 4  -  HOTEL GLÓRIA  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  INT.  -  NOITE.

Ritinha pegou o telefone e comunicou-se com a portaria do hotel.


RITINHA  -  O senhor podia telefonar de novo pra esse tal de clube? Eu mando chamar ele.

GERENTE  -  Pois não. Antes, permita-me avisá-la de que amanhã, bem cedo, preciso do apartamento onde a senhora está alojada.

RITINHA  -  Sim, senhor. Faça o favor de ligar pra mim.

CENA 5  -  SEDE DO FLAMENGO  -  INT.  -  NOITE.

O telefone tilintou na sede do clube. Fausto Paiva atendeu.


FAUSTO PAIVA  -  Alô! É, é aqui mesmo. Com quem quer falar? Duda? Não pode atender. Está dormindo. Mulher dele? E o que me importa? Nem que fosse a mãe dele. Agora não posso chamar, mais! Podia ter ligado há meia hora. Ele falava. Agora é impossível. A menos que a mulher dele esteja morrendo. É este o caso? Não? Então, não amole. Mande essa guria esperar até amanhã, de noite. Como enche! Boa noite!

Bateu o fone, com raiva, no gancho.

CORTA PARA:

CENA 6  -  HOTEL GLÓRIA  -  SAGUÃO  -  INT.  -  NOITE.

O gerente comunicou o incidente a Ritinha. A moça sentou-se numa poltrona, no saguão de entrada do luxuoso hotel. Pessoas entravam e saíam.

  
RITINHA  -  (insistiu)  Seu gerente!

GERENTE  -  Ás suas ordens.

RITINHA  -  O senhor tem alguma resposta pra mim?

GERENTE  -  Resposta?

RITINHA  -  Sou a mulher do jogador de futebol. Perdi o endereço de minha casa... Estou neste hotel, desde hoje, cedo... porque não sei pra onde ir...

GERENTE  -  Ah, sim. O seu marido está na concentração do Flamengo. Vai jogar amanhã.

RITINHA  -  É Eduardo... o Duda! O senhor ficou de ver se me arrumava o endereço da minha casa. Lembra?

GERENTE  -  Exatamente. Tive todo o interesse em resolver o seu caso. Telefonei para a sede do clube. Do Flamengo. E tenho uma resposta.

RITINHA  -  Falou com meu marido? Sabe onde eu moro?

GERENTE  -  Não falei com seu marido. Do clube me disseram que o jogador Duda não é casado. Desculpe, mas volto a lembrá-la que amanhã vamos precisar do seu apartamento pela manhã.

CORTA PARA:

CENA 7  -  RIO DE JANEIRO  -  SEDE DO FLAMENGO  -  CONCENTRAÇÃO  -  INT.  -  DIA

Aquela hora os jogadores  descansavam, alguns deitados em poltronas ou sofás, outros estendidos no chão, gozando da umidade doentia do cimento. Duda, alheio ás conversas, parecia perdido em seus pensamentos. Neca sentou-se ao seu lado.


NECA  -  Alguma informação da tua mulher?

DUDA  -  Nada, rapaz.

NECA  -  Ela não ligou pra ti?

DUDA  -  Não. Acho que tudo está bem por lá. Senão já tinha dado sinal de vida. E depois... que adianta eu me preocupar? Não posso fazer nada, não é?
 
NECA  -  O melhor é a gente se desligar de vez dos galhos lá de fora. Mulher é assim mesmo, rapaz. A gente casa, a gente compra amolação. Se não gostasse tanto da Carmen, não agüentava ela, não.

Fausto Paiva interrompeu a sesta dos rapazes.

FAUSTO PAIVA  -  Hora de dormir, rapazes!

Em grupos de dois os jogadores seguiram para o dormitório. Silenciosos. Cabisbaixos.

CORTA PARA:

CENA 8  -  RIO DE JANEIRO  -  HOTEL GLÓRIA  -  SAGUÃO   -  INT.  -  DIA.

Durante o incidente com o chefe do hotel, o rapaz de cabelos longos e roupa moderna – medalhão caindo sobre o peito, não tirara os olhos de Ritinha. Ouvira a conversa e a conclusão do gerente: “Duda não é casado”. As últimas palavras ainda soavam em seus ouvidos, encadeando idéias. O rapaz elaborava um plano.


Aproximou-se da moça.

PLAYBOY  -  Pra que toda essa tristeza, garota? Não vejo drama na sua história.

RITINHA  -  Estou... perdida no Rio de Janeiro. Não sei onde moro.

PLAYBOY  -  Amnésia?

RITINHA  -  Não. Burrice mesmo. Esqueci de tomar nota do endereço do apartamento do meu marido. Sou uma tonta, sabe?

PLAYBOY  -  Mas, vem cá... seu marido não é o Duda, do Flamengo?
 
RITINHA  -  É! Conhece ele?

PLAYBOY  -  Se conheço! Ele é legal comigo!

RITINHA  -  É mesmo? Por acaso sabe onde ele mora?

PLAYBOY  -  Sei onde mora, onde se diverte, onde nasceu, o que faz, o que come! Conheço tudo sobre a vida dele.
  
RITINHA  -  (sorria de satisfação)  Então pode me dar o endereço dele?

PLAYBOY  -  Faço mais. Levo você até lá.

RITINHA  -  Ah, que bom! Ainda bem que a gente encontra amizade em todo canto. Espera aí. Vou pagar minha conta. Não quero voltar mais aqui. Sabe? A sorte sempre chega na horinha certa...

Saem ambos. O rapaz segurando as malas. A moça ajeitando os longos cabelos negros.

RITINHA  -  Puxa! Como tudo aqui é diferente da minha terra!

PLAYBOY  -  Sua terra?

RITINHA  -  Coroado.

Um táxi parou ao aceno do rapaz. Entraram ambos.

PLAYBOY  -  Copacabana!

O rosto de Ritinha, colado ao vidro lateral do carro, revelava a admiração que lhe proporcionava a cidade gigante. Os anúncios corriam como um rolo de celulóide colorido. Os postes gigantescos, as vitrines dos grandes magazins, os viadutos, o túnel, a igrejinha de Santa Terezinha, a saída para o mar. Ritinha deslumbrava-se com o panorama do Rio á noite. Esqueceu até mesmo do rapaz que a acompanhava e de sua excessiva proximidade.

O carro parou diante da boate.

CORTA PARA:

CENA 9  -  RIO DE JANEIRO  -  BOATE  -  INT.  -  NOITE.


Lá dentro a música envolvia por completo o ambiente. Os pares que giravam entonteceram Ritinha. Tentou fugir. Os braços do rapaz a envolviam, qual tenazes. Quis gritar, os lábios do playboy não permitiam. Sentiu que flutuava no espaço. Que tudo escurecia repentinamente. Que o mundo e a vida se apagavam.

FIM DO CAPÍTULO 13
Ritinha (Regina Duarte) e Duda (Claudio Marzo)


E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

#  RITINHA DESCOBRIU QUE ESTAVA SENDO ENGANADA POR PAULA E CARMEN VALÉRIA.

#  JOÃO E DIANA ENCONTRAM-SE NA CHOUPANA DE BRAZ CANOEIRO.

#  RITINHA SOFRE AO VER DUDA E PAULA SE BEIJANDO!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 14 DE

Um comentário:

  1. Pobre Ritinha, que situação! Lembro que esse sofrimento durava muito tempo! Paula era bem malvada...Muito bom, Toni. Bjs.

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