O
conto que reproduzimos abaixo é do escritor brasileiro Artur Azevedo.
Para
obter maiores informações sobre ele, favor consultar: http://educacao.uol.com.br/biografias/artur-azevedo.jhtm.
Boa
leitura!
O GALO
A
cena passa-se na roça, a uma légua da estação menos importante da Estrada de
Ferro Leopoldina, lugarejo sem denominação geográfica, mas que pertence ao
município do Rio Bonito, e aqui o digo, para que os leitores não suponham que
estou inventando uma historieta.
Havia
no lugarejo em questão uma palhoça habitada por dois roceiros, marido e mulher,
que todos os domingos iam à povoação mais próxima vender os produtos da sua
pequena roça e ouvir missa. Assim atamancavam eles a vida, pedindo a Deus que
não lhes desse muita fazenda mas lhes conservasse a saúde.
Ora,
um belo dia a saúde desapareceu: o marido, apesar de ter a resistência de um
touro, foi para a cama atacado por umas cólicas terríveis, que o faziam ver
estrelas.
A
mulher, coitada!, estava sem saber o que fizesse, pois que já havia em vão
experimentado todas as mesinhas caseiras, quando ali passou por acaso, ao trote
do seu jumento, o Dr. Marcolino, que exercia a medicina ambulante numa zona de
muitas léguas. A roceira agradeceu a Providência que lhe enviava o doutor e
pediu a este que examinasse o doente e o pusesse bom o mais baratinho que lhe
fosse possível.
O
Dr. Marcolino apeou-se, entrou na palhoça, examinou o enfermo, auscultou-o,
martelou-lhe o corpo inteiro com o nó do dedo grande e explicou a moléstia com
palavras difíceis que aquela pobre gente não entendeu. Depois, abriu o saco de
viagem que levava à garupa do animal, tirou alguns vidros, de cujo conteúdo
derramou algumas gotas num copo d'água, e disse doutoralmente:
—
Aqui fica esta poção para ser tomada de três em três horas.
—
Ah! seu doutor, nós aqui não podemos contar as horas, porque não temos relógio!
—
Regulem-se pelo sol. O sol é um excelente relógio quando não chove e o tempo
está seguro.
—
Não sei disso, seu doutor, não entendo do relógio do sol...
—
Nesse caso não sei como... Ah!...
Este
ah!, com que o doutor interrompeu o que ia dizendo, foi produzido pela presença
de um galo que passava no terreiro, majestosamente.
—
Ali está um relógio, continuou o doutor: aquele galo. Todas as vezes que ele
cantar, dê-lhe uma colher do remédio. E adeus! Não será nada: Depois de amanhã
voltarei para ver o doente.
Foi-se
o médico, e daí a dois dias voltou ao trote do seu jumento.
Quem
o recebeu foi o marido:
—
Que é isto?... já de pé...
—
Sim, senhor: estou completamente bom, não tenho mais nada. E não sei como
agradecer...
Mas
a mulher interveio com ar magoado:
—
Sim, ele não tem mais nada, mas o pobre galo morreu.
—
Morreu? Por quê?.
—
Não sei, doutor... ele bebeu todo o remédio.
—
Quem?... o galo?...
—
Sim, senhor; todas as vezes que ele cantava, eu, segundo a recomendação do
doutor, abria-lhe o bico, e derramava-lhe uma colher da droga pela goela
abaixo! Que pena! Era um galo tão bonito!
Fonte: http://pt.wikisource.org/wiki/O_Galo.
kkkkkkkk. Tadinho do galo! Amei esse conto!
ResponderExcluirNossa! Antes o galo do que ele kkkkkkkkkkkkkkkkk
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