Capitulo
12 – Fuga
Emanuela
ia sendo levada de carro. No percurso ia imersa em seus pensamentos e ao pensar
na irmã e no pai seus olhos ficavam marejados de lágrimas.
Depois de
algum tempo, o carro parou. Emanuela, Fernandes e os outros dois homens
desceram. Ela pode perceber que se tratava de uma boate, mas por ainda estar no
começo da noite ainda estava fechada.
Fernandes
entrou pela porta de entrada. Emanuela o acompanhou, enquanto os outros dois
homens ficaram do lado de fora. Ao entrar, a garota percebeu que havia algumas
mulheres, algumas muito jovens, rindo e conversando perto de um pequeno bar do
estabelecimento.
Fernandes
se aproximou trazendo Emanuela.
— Trouxe
uma nova amiga para vocês… – disse ele, se dirigindo para uma das mulheres - Rosália,
você sabe o que fazer.
Uma
mulher se aproximou de Emanuela e indicou um caminho. As duas atravessaram a
boate e saíram por uma porta que ficava nos fundos da boate, de lá passaram por
um corredor e chegaram a uma casa que ficava por trás. Ao chegar lá, Emanuela
percebeu que parecia ser um local onde algumas garotas residiam.
— Aqui é
onde você vai morar de agora em diante. – disse explicando. – Não costumamos
trazer clientes aqui. Quando tiver um cliente, tenha certeza de levá-lo para
outro local. Você sabe, para fins legais, somos apenas garçonetes na boate que
não tem um lugar próprio para morar.
As duas
entraram na casa e se dirigiram para os quartos. Parecia haver vários deles
ali. Rosália entrou em um dos quartos e acendeu a luz. Era um quarto normal,
com duas camas de solteiro e alguns móveis.
— Esse é
o meu quarto. Por enquanto, você pode usar algumas roupas que estão no
guarda-roupa. Você trouxe alguma mala? – disse olhando para Emanuela. – Ah, me esqueci de perguntar… Qual é o seu
nome?
— Emanuela.
– respondeu ela muito introvertida.
Rosália
olhou para Emanuela com curiosidade.
— Você me
parece ser muito jovem e bonita... Por que está aqui? Por que precisa do
dinheiro?
Emanuela
parecia distante.
— Eu...
Nunca faria isso por dinheiro algum no mundo.
Rosália
olhou confusa para a garota.
—
Então... Você não está aqui por vontade própria?
Emanuela
não respondeu, o que fez Rosália não insistir na pergunta.
— Ok. Vou
sair por um minuto, sinta-se a vontade. – disse saindo.
Manu
ficou quieta por um tempo, olhou ao redor e depois suas lágrimas começaram a
correr pelo seu rosto.
“Então, esse
é o meu destino... O que eu estava pensando? Que alguém viria me salvar?” –
pensou.
Rosália
bateu a porta do escritório de Fernandes e em seguida abriu. Fernandes estava
terminando de falar ao telefone, quando Rosália entrou.
—
Fernandes, o que está acontecendo? Quem é aquela garota?
Fernandes
pegou um cigarro e o acendeu com calma, olhando para Rosália com os olhos
semicerrados.
— O que
isso importa?
Rosália
se aproximou da mesa onde estava Fernandes.
—
Importa. Acho que essa garota está aqui forçada. Quem é ela?
— É só
uma conhecida. Não se preocupe, ela veio por conta própria. Não a obriguei.
Rosália
riu-se.
— Fernandes,
eu lhe conheço. Afinal, você é meu meio-irmão. Com certeza, você deve ter usado
um dos seus joguinhos sujos para trazê-la aqui. Não estou certa? Quem é ela?
Fernandes
assoprou colocando a fumaça do cigarro que acabara de inalar para fora.
— Você
quer mesmo saber quem é ela? Ela é filha da Letícia. Letícia Mattos.
Rosália
não acreditou no que ouviu.
— Você
está dizendo que ela é uma das gêmeas?
Fernandes
acenou afirmativamente.
— Sim. E
digo mais, vou conseguir que a irmã dela venha também. Afinal, elas que
decidiram pagar pela dívida do paizinho delas. Isso não lembra alguém?
Rosália
riu-se.
— Se
aproveitando da fragilidade das pessoas para fazerem o que você quer. Você é um
monstro, sabia?
— Eu?
Sério mesmo? Afinal, eu lhe emprestei dinheiro para pagar a dívida de jogo do
seu pai, não foi? Agora, só estou cobrando o que é devido.
— E para
isso me fez vender o meu próprio corpo e ainda trabalhar para você... E quer
fazer o mesmo com essa garota. Você ainda acha que é humano?
Fernandes
se levantou e se aproximou de Rosália.
— Não brinque
comigo, Rosália. Não pense que eu vou respeitar qualquer laço sanguíneo que
existe entre nós.
Fernandes
pegou a mão de Rosália e depois de acariciá-la, de repente, pressionou a ponta
do cigarro ainda acessa que tinha nas mãos conta a palma da mão. Rosália sentiu
muita dor, mas suportou.
— Estou
sendo paciente com você, porque negociamos o tempo da sua gravidez, mas não
pense que pode brincar comigo...
Rosália
se soltou de Rogério com os olhos vermelhos pela dor. Saiu enquanto Fernandes
ria.
— Olha o
que você fez... Que desperdício de cigarro. – disse para si mesmo, rindo da própria
piada.
Érica
estava no elevador. Já eram sete horas da noite. Estava muito nervosa. Se de
fato tinha sido descoberta por ele, com certeza, estava em péssima situação.
Sentiu a dor tão conhecida no estômago.
“Essa dor
é insuportável” – pensou consigo, enquanto colocava a mão sobre o estômago em
uma tentativa inútil de fazer a dor parar.
O elevador parou no andar desejado. A dor de
Érica aumentava só em pensar em encarar aquele homem. Andou por um pequeno
corredor e bateu em uma das portas. Uma jovem atendeu a porta.
— Olá,
dona Érica. – disse a jovem com um sorriso. – O Dr. Marcos a espera.
Érica
abriu a porta de uma segunda sala. Ao entrar, pode ver o Dr. Marcos sentado na
sua mesa com o olhar perdido. Era um homem nos seus 60 anos, cabelo grisalho e
uma expressão no rosto de poucos amigos.
— Ora,
ora… Se não é a minha querida esposa, a mulher mais ambiciosa que eu conheço…
Érica. Como vai? – disse, levantando-se.
Érica não
respondeu.
— Não
fique tão assustada… Afinal, eu não mordo, não é? – disse rindo.
— O que
quer de mim? – perguntou Érica, evitando olhar nos olhos dele.
Marcos
apoiou-se na sua mesa, enquanto pegava um charuto e acendia.
— O que
você acha? – disse ainda calmo.
De
repente, olhou com ódio para Érica.
— VOCÊ ACHA QUE SOU IDIOTA?! – gritou.
Érica se
assustou com a mudança repentina. Como sempre, Marcos sempre lhe causava muito
medo.
— Érica?
Você não vai me responder?! – disse, voltando ao seu tom assustadoramente
calmo.
— N-Não
senhor. Eu não acho que o senhor seja idiota.
Dr.
Marcos riu.
— Não é o
que parece, minha Érica. Você simplesmente insultou a minha inteligência,
achando que eu não descobriria sobre a carta que você fez que chegasse às mãos
do meu irmão Otávio.
— Mas...
Não foi só eu! – disse Érica nervosa, tentando se defender.
Marcos
chegou mais perto. Érica sentiu a dor no estômago aumentar.
— Eu
confiei em você… É uma pena. Eu lhe dei dinheiro… Muito dinheiro. Cuidei dos
seus queridos pais, como queria. E é assim que você me paga. Você tinha uma
linda vida pela frente. Tão jovem. Será que é assim que vão dizer nas notícias
dos jornais quando encontrarem seu corpo?
Érica
empalideceu.
— Por
favor, me desculpe. – pediu ela. – Me dê mais uma chance, eu prometo que não
farei algo assim de novo.
Marcos
sentou-se novamente.
— Só me confirme
uma coisa, minha Érica… Quem mandou você fazer isso?
Érica
desviou o olhar de Marcos.
— Foi o
Otávio Jr, não foi? – perguntou ele.
Érica
balançou a cabeça afirmativamente.
— O que
ele prometeu?
— E-Ele
disse que tem um plano para tirar muito dinheiro do Dr. Otávio. Eu não queria
ajudá-lo, mas ele insistiu, dizendo que iria colocar a culpa em mim de um jeito
ou de outro. Em troca, ele me daria uma quantia em dinheiro.
Marcos
riu.
— Não me
diga que o plano dele era seqüestrar as netas bastardas para ganhar dinheiro
com isso? – perguntou rindo. – Sim… Com certeza ele pensaria nisso. Aquele
idiota.
Érica
ficou sem reação.
— Então,
o senhor sabia?
Marcos
riu alto.
— E como
não saberia? – e um pouco mais sério. – Quem vocês estavam tentando enganar? Eu
sabia desde o início… De alguma forma, eu já tinha pensado em deixar o Otávio
bem ocupado com isso… Eu tenho uma grande quantia de dinheiro para limpar. Não
seria bom ele ficar atento ao Grupo agora. – e olhando para Érica com um olhar
que a fez estremecer. – Essa eu deixo passar, mas na próxima vez que você
tentar me enganar, mando você e o seu filho para sete palmos debaixo do chão. Você
entendeu, não foi, minha Érica?
Érica
estremeceu. Aquele homem era terrível quando se tratava de se vingar. Antes de
conhecê-lo, já ouvira muitas vezes falar da fama que ele tinha. Saiu da sala e
a dor no estômago parecia ficar mais forte, pegou um lenço na bolsa e tossiu.
Olhou para o lenço e viu sangue.
Mariana esperara
do lado de fora da sala onde seu pai estava sendo tratado. De repente, uma das
enfermeiras a chamou.
— Você
está com o paciente?
— Sim. Já
posso entrar para vê-lo?
— Sim. –
respondeu a enfermeira.
Mariana entrou
para ver o pai. A cena chocou um pouco. Rogério estava todo enfaixado e os
hematomas estavam evidentes. Todos aqueles aparelhos ligados a ele medindo seus
sinais vitais a assustavam mais ainda. Ela se aproximou e começou a chorar
silenciosamente. Um médico ainda estava anotando algumas coisas, quando viu
Mariana.
— Você é
a acompanhante? Você ou alguém terá que passar a noite aqui no hospital com
ele. Ele vai precisar descansar bastante. Ele teve muitas fraturas e uma
pequena hemorragia interna que já foi contida. Mas, no momento se encontra inconsciente.
Precisa de absoluto repouso.
— Eu só
preciso pegar algumas coisas em casa, pode ser?
— Claro,
apenas avise a enfermeira.
Mariana
olhou mais uma vez para o pai e antes que começasse a chorar novamente, saiu.
Depois de um longo trajeto de volta, entrou em casa e foi pegar algumas roupas
e coisas para pernoitar no hospital. Ao pegar uma das roupas, um pequeno cartão
caiu do bolso.
—
Fabrício... – disse ela, lembrando-se ao apanhar o cartão.
Rosália
entrou com a mão enfaixada no quarto, o que chamou a atenção de Emanuela.
— O que
houve...?
— Ah,
isso? – disse Rosália sorrindo – Não foi nada. Um pequeno acidente.
Emanuela
continuava sentada na cama, da mesma forma como Rosália a tinha deixado.
— Você
ainda não pegou uma roupa? Então, deixe-me escolher uma para você... – disse,
enquanto se dirigia para o guarda-roupa.
Emanuela
a pegou pelo braço, impedindo-a.
— Eu
tenho que fazer isso hoje?
Rosália
olhou para a garota e percebeu certo desespero em seus olhos e sua voz.
—
Deixarei você ser garçonete por hoje, mas você sabe que mais cedo ou mais tarde
terá que enfrentar isso... Sinto muito... – disse Rosália um pouco triste - Já
é difícil fazer isso por dinheiro, quanto mais por obrigação... Sei exatamente
como se sente.
— Sabe? Como...?
—
Perguntei ao Fernandes.
Rosália
sorriu um sorriso triste.
— Também
tive que fazer isso para pagar a dívida do meu pai... No começo é difícil, mas
com o tempo você...
— Se
acostuma? – interrompeu Emanuela – Não acredito que vou me acostumar a isso...
– disse um pouco distante.
Rosália
sorriu novamente.
— Não ia
dizer isso... Com o tempo, você aprende a suportar.
Foi ao
guarda-roupa e pegou um vestido e um par de sandálias.
— Aí
está. – e olhando para Emanuela – Ah! Preciso lhe mostrar algo.
Emanuela
ficou um pouco surpresa com a mudança repentina de Rosália. Ela a viu pegar uma
caixa em cima do guarda-roupa e abri-la diante dos seus olhos.
Rosália
sentou-se na cama e Emanuela sentou-se ao seu lado.
De dentro
da caixa, Rosália pegou algumas fotos e mostrou uma em especial. Emanuela olhou
para a foto e viu três garotas que aparentavam ter um pouco mais de vinte anos.
— Soube
que você é uma das filhas da Letícia. Ela é a pessoa do meio. A da esquerda é a
Tânia e a da direita é a Rebeca.
Emanuela
olhou para Rosália surpresa.
— Você as
conheceu?
— Apenas
a Rebeca e logo quando ela estava conseguindo sair daqui. Ela me deu essa foto,
a única que ela tinha dela.
Viviane
saíra com Verônica para uma pequena festa na casa de uma amiga. No meio da
festa, Verônica conversava com as amigas quando um rapaz aproximou-se. Ela
percebeu que se tratava de Gabriel.
— E aí,
não vai cumprimentar a Vivi? – disse ela.
— Não.
Obrigado. Já tive minha dose de Viviane para o resto da vida. Me admira uma garota tão legal como você
ser amiga daquela garota. – disse ele um pouco irritado.
Verônica
riu.
— Sinto
um sentimento hostil... – riu-se – Você sabe que do ódio para o amor é como
daqui até ali, não é?
— Não se
preocupe, o sentimento hostil, como diz, que tenho pela sua amiga nunca se
tornará amor ou qualquer coisa semelhante a esta.
Verônica
sorriu.
— É uma
pena... Seria uma bela história. O casal perfeito se odeia, mas depois acaba se
apaixonando. Bem clichê, mas quem disse que os clichês não agradam?
Gabriel
olhou sério para Verônica.
— Você já
está bêbada.
Verônica
riu.
— Desde a
primeira vez que você me apresentou, eu já sabia que não ia gostar dela. -
continuou Gabriel - Não sei nem porque dei ouvidos a você tentando chamá-la
para sair.
— Que
mentira… Você mesmo disse que queria conhecer a sua prometida.
— Você
fala como se estivéssemos no século dezenove…
— Mas ela
não era sua prometida?
— Você
sabe muito bem que isso foram só conjecturas dos nossos pais. Que eu saiba foi
apenas uma conversa informal que eles tiveram.
Verônica
sorriu.
— Ainda
bem que essa época de casamentos arranjados passou. Eu não consigo imaginar ter
que me casar por causa de negócios…
De
repente, Verônica percebeu que Viviane estava se aproximando.
—
Verônica? – disse ela ao chegar mais perto. – Por que está conversando com essa
pessoa?
Verônica
sorriu.
— Amiga…
Não me diga que está com ciúme?
Viviane
sorriu irônica.
— Até
parece… Como se eu quisesse ter alguma coisa com essa pessoa!
Gabriel
riu-se um pouco indignado.
— Você
está enganada. Eu é que nunca vou querer nada com você. – e como para si mesmo
- Garota maluca.
—
Maluca!? Mas, na hora de beijar a maluca aqui, você nem sequer pediu licença,
não foi? Eu posso lhe denunciar por assédio!
Gabriel
parecia transtornado.
— Eu já
disse que foi um acidente! Eu nunca que ia querer beijar você! E você chama
aquilo de beijo?!
— Pois a
maluca aqui está saindo, ok?
Viviane
puxou Verônica para fora da festa.
—
Viviane, meu braço! O que está fazendo? – disse Verônica, massageando o braço
depois que saíram.
Verônica
olhou para Viviane e viu a raiva contida em seu rosto.
— Que
história de beijo foi aquela?
— Você
não ouviu? Foi um acidente! Aquele idiota! Nem para assumir os próprios erros!
Verônica
parecia confusa.
— Se foi
um acidente, porque ele teria que assumir os erros dele?
Viviane
suspirou.
— Tudo
bem, eu vou lhe contar. Você lembra que me apresentou a ele formalmente naquela
festa, lembra?
— Sim,
disso eu lembro.
— Então,
depois que você saiu, ficamos calados... Nem ele, nem eu conseguimos falar
nada... Para falar a verdade, eu só conseguia pensar nos meus pais falando para
eu me casar com ele.
Verônica
riu.
— Sim,
continue.
— Foi
quando aconteceu.
— O quê?
– Verônica perguntou curiosa.
— Bem,
ele tinha se abaixado para pegar algo que tinha caído no chão e então quando
ele ia se levantando, alguém me empurrou por trás e...
— E... –
insistiu Verônica.
— Caí por
cima dele e nossos lábios se encontraram! Pronto! Falei!
Verônica
ficou boquiaberta.
— E você
quer que eu acredite que isso foi um beijo?
— Bem, é
que...
— O quê?
— Você
sabe... Nossos lábios já estavam ali então...
— Oh, my
God!!! – Verônica estava boquiaberta. – Vocês realmente se beijaram?!
Viviane
parecia ter exposto todos os seus pecados.
— Mas,
não fui eu! Foi ele! Por isso eu dei uma tapa na cara dele!
— O quê?!
Você fez o quê?
— O que
queria que eu fizesse? Eu nem tinha trocado uma palavra com ele direito e ele
já veio me beijando!
— E ele
não ficou chateado?
— Ficou,
mas sem razão. Você sabia que ele teve a ousadia de dizer que eu não beijo bem?!
Aquele idiota.
Verônica
começou a rir.
— E, de
repente, o seu grande segredo foi exposto!
— Do que
está falando?
Verônica
olhou para Viviane com uma expressão zombeteira.
— Você
sabe muito bem do que estou falando... Você vive dizendo para todo mundo que já
teve namorado, mas eu, sua amiga, sei muito bem que esse foi o seu primeiro
beijo.
— Shhhh.
– Viviane olhou para os lados e pediu silêncio a amiga. – Você quer que todo
mundo saiba que tive meu primeiro beijo com quase 18 anos e principalmente com
aquele cara?
— Tudo
bem, mas acho que não precisa se envergonhar tanto. Pelo menos não é como
aquelas garotas que tem filhos aos 11 anos de idade.
Viviane
olhou para Verônica incrédula.
— Sério?
— Em que
mundo você vive, Vivi? – perguntou Verônica admirada.
— Bem,
você sabe, eu não assisto TV local.
— É
verdade... Ser herdeira é outro nível... – e sorrindo - Bem, mas pelo menos
terei uma história bem clichê para me entreter.
— Do que
está falando?
— Não,
nada. Vamos voltar para a festa?
— Quem
disse que vamos? Eu não vou e você não vai. Castigo por ter rido de mim.
Verônica
pareceu desanimada.
— Bem que
o Gabriel disse que se admirava de uma garota tão legal como eu ser amiga de
alguém como você. Como alguém pode ser tão chata?
— Mas, eu
sei que você ama a chata aqui.
Verônica
sorriu descontente.
— Tsc,
tsc, tsc... Cada vez me convenço de que sou de fato uma pessoa muito legal.
Emanuela
entrou na boate. A boate já tinha começado a funcionar. Para todo lugar que
olhava via mulheres se insinuado para os homens. A música era alta e, por uns
instantes, teve a sensação de sentir o cheiro de droga no ar. Rosália se
aproximou dela.
— Esse
vestido ficou ótimo em você. – disse, elogiando-a.
Rosália
ia saindo, quando sentiu que Emanuela a pegava pelo braço.
— Eu… –
Manu tentou falar, mas não tinha coragem.
Rosália
sorriu.
— Você
precisa se acalmar... Eu já disse que vou dar um jeito e você apenas será
garçonete por hoje.
Emanuela
balançou a cabeça afirmativamente.
— Vou
inventar para o Fernandes que você não está se sentindo bem. Então só ajude com
a entrega das bebidas. Não se preocupe. Mas, você sabe que não vai ser sempre
assim, não é?
— Eu sei.
É que…
Rosália
sorriu.
— Não precisa
explicar.
Emanuela
seguiu Rosália e a ajudou a entregar as bebidas. O tempo passava e Emanuela se
sentia mais calma. Pelo menos, tinha tempo para pensar em uma solução para o
seu problema. Já passava das 23 horas quando, de repente, Fernandes mandou chamar
as duas. Elas se dirigiram a uma das mesas que ficava em um lugar mais
reservado.
Quando
chegou lá, percebeu que Fernandes estava acompanhado. No entanto, ao ver a
pessoa com quem ele falava, Emanuela empalideceu.
— Está é Emanuela.
Bonita, não? – disse Fernandes ao rapaz.
O rapaz
levantou-se e chegou perto dela.
— É muito
linda…
Emanuela
não acreditava no que via. Rosália tentou interferir.
—
Fernandes, Emanuela não tem se sentido muito bem… Acho que…
—
Rosália, saia. – ordenou Fernandes.
Rosália tentou
falar, mas foi interrompida de novo pelo meio-irmão e por fim teve que se
retirar.
— E aí,
gostou mesmo dela? – perguntou Fernandes.
— E você
ainda pergunta, meu amigo… Para mim, ela é perfeita.
— Ela é
nova aqui, então seja gentil com ela. – disse Fernandes sorrindo.
O rapaz
segurou-a pela cintura e quando já não estavam sobre o olhar de Fernandes
pegou-a pela mão e se apressou.
— Vamos.
— O que
está fazendo aqui, Fabrício? – perguntou Emanuela confusa.
Fabrício
riu.
— O que
você acha? Vim me divertir um pouquinho… – e olhando para ela. – É claro que
vim lhe salvar!
Emanuela
se soltou da mão de Fabrício.
— Eu não
sei o que está fazendo aqui, mas eu não posso ir!
Fabrício
olhou para ela confuso.
— Você
quer ficar aqui? Sua irmã me pediu implorando para eu lhe salvar!
— Mas,
Fernandes vai fazer mal para o meu pai e para a Mariana…
— Não se
preocupe. Seu pai e sua irmã já estão a salvo. Vamos! Não vai demorar muito até
ele achar essa situação estranha. Rápido!
Emanuela
suspirou, detendo-o.
— Você
não está entendendo, não quero viver fugindo como uma criminosa.
Fabrício
percebeu que Emanuela estava muito gelada. Ele via o medo em seus olhos. De
repente, abraçou-a.
— Eu já
disse que você não precisa se preocupar. – disse enquanto a abraçava - Fique
calma, ok? Está tudo bem. Nem que seja a última coisa que faça na vida, vou lhe
tirar daqui imediatamente.
De longe,
Fabrício percebeu que Fernandes estava achando aquela cena estranha e acabou
ordenando alguns homens para ir atrás deles.
— Rápido! Eles estão vindo atrás de nós. Meu carro está
lá fora! Vamos, antes que eles nos alcancem.
Os dois
correram para o lado de fora e entraram no carro. Fabrício arrancou, enquanto
podia ver pelo retrovisor os homens correndo cada vez mais longe.
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