segunda-feira, 10 de junho de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 11 - AUTORA: JULIANA SOUSA


— Pai? – Mariana não acreditava no que estava vendo.
Aquele homem que há muito tempo não via, estava ali. Sua aparência estava um pouco envelhecida, mas não se podia negar.
Rogério que estava sentado, levantou-se para recebê-la. Mariana correu e abraçou-o tão forte que Rogério riu.
— Você estava com tanta saudade assim? – disse ele rindo.
Mariana escondia o rosto no ombro de Rogério.
— Deixe-me ver seu rosto… – disse ele, afastando-a com o carinho de um pai. Percebeu surpreso que ela tinha lágrimas em seus olhos.
— É claro… – disse ela, enxugando quase que de maneira infantil os olhos com as mãos.
Emanuela não se surpreendeu com o choro de Mari, desde pequena a irmã, diferente dela, não se continha em demonstrar suas emoções.
— Não precisa chorar… – disse ele acalentando-a. – Como tem passado?
Mariana sentou-se.
— Bem. Mas e o senhor? – hesitou um pouco. – O Fernandes veio aqui…
Rogério se assustou.
— O Fernandes apareceu por aqui? – perguntou ele.
— Ele veio aqui perguntando pelo senhor... – respondeu Emanuela - ... quando Mari estava sozinha em casa.
Rogério pareceu preocupado.
— Mas está tudo bem com você? Ele não fez nenhum mal a você, não foi? Por que se ele fez…
— Calma, pai. – Mariana tentou acalmar Rogério. – Não aconteceu nada de mais… De verdade. Mas o que aconteceu exatamente para ele estar com tanta raiva assim do senhor?
Rogério sentou-se na cadeira. A expressão de seu rosto se entristeceu.
— A verdade é que eu denunciei um dos pontos dele... E livrei umas mulheres que iam ser mandadas para o exterior...
— Mas por que papai? – Mariana perguntou confusa. – Será que o senhor não sabe que o Fernandes é muito perigoso?
— Mas eu não podia deixar… As duas mulheres que tirei de lá iam ser mandadas para a Europa contra a própria vontade. Eu não podia deixar mesmo que isso me complicasse um pouco.
— Um pouco?! – Emanuela que estava calada não podia deixar de se espantar com aquela expressão. – Você sabe que o Fernandes não deixa nada barato. Onde o senhor estava com a cabeça?
Rogério olhou para Emanuela.
— E o que você faria no meu lugar, Emanuela?
Emanuela não pode responder.
— Eu estou com medo, pai. – disse Mari um pouco assustada. – O Fernandes ameaçou matar o senhor…
— Não se preocupe tanto. O Fernandes não vai fazer nada. Eu vou dar o meu jeito. Eu tenho como negociar com ele.
Emanuela olhou para Rogério. Ela sabia que ele falara aquilo apenas para acalmar Mariana.
— O senhor já almoçou? – perguntou Emanuela.
Rogério balançou a cabeça afirmativamente, depois pareceu lembrar-se de algo. Pegou a mochila que trazia e tirou de dentro um pacote. Colocou em cima da mesa.
— É para vocês. Descobri que estão precisando.
— O que é isso? – perguntou Mariana pegando o envelope.
As irmãs abriram o envelope e notaram certa quantia de dinheiro.
— Não dá para pagar o aluguel, mas pelo menos vai ajudar… – disse ele.
— Não queremos. – disse Emanuela subitamente.
Mariana olhou para Emanuela, não entendendo a atitude da irmã.
— Por que não? – perguntou ela confusa. – Estamos realmente precisando!
Emanuela parecia certa do que estava falando.
— Eu não sei de onde esse dinheiro veio. – respondeu friamente. – E não quero me meter em nenhuma confusão.
Mariana ficou inconformada.
— Como assim? É assim que você trata o homem que nos ajudou depois de anos sem vê-lo? Que cuidou da gente quando mais precisamos?
Emanuela não parecia que ia ceder.
— Eu não te entendo Manu! Por que você sempre é assim?! Por que nunca aceita as pessoas? O Rogério que nos trata como filhas, você nunca chamou de pai. E até a Rebeca. Você nunca a aceitou.
— Tudo bem, Mariana. – disse Rogério, interrompendo aquela discussão que não levaria a nada. – Emanuela tem o seu jeito de pensar…
Mariana não se conformava.
— E o senhor?! – e olhando para a irmã. – Emanuela, como você pode ser tão cruel às vezes?
Emanuela permaneceu calada.
— Se quiser aceitar… Essa escolha é sua. – disse, por fim, olhando para a irmã. Você sabe muito bem que seria problemático se fôssemos envolvidas em algo ilegal. Eu não sei o que as pessoas pensariam de nós, além disso...
— Você sempre se importando com que as pessoas pensam de nós! – interrompeu Mariana. – Por que tem que ser assim?
Os três ficaram em silêncio. Rogério olhou para o relógio.
— Mariana, posso falar com Emanuela um pouquinho?
A garota olhou para o pai.
—Tudo bem. – disse saindo e, em seguida, abrindo a porta. – Se quiserem me encontrar estarei na casa da Vanessa.
Rogério arrastou sua cadeira para mais perto da cadeira onde Emanuela estava sentada.
— Você cresceu bastante. A última vez que a vi, era apenas uma criancinha que sempre ficava irritada quando via coisas erradas. Agora você já é praticamente uma adulta.
Emanuela permaneceu calada.
— Você sempre foi assim… Desde pequena. – continuou ele. – Sempre desconfiada. Eu te conheço, Emanuela, mais do que você pensa.
Rogério pegou o envelope que estava na mesa e colocou na mão de Emanuela.
— Não foi roubado. Eu trabalhei para isso. Eu sei que meu passado faz com que você não acredite em mim. Mas, peço que acredite em mim apenas essa vez.  – disse olhando para ela. – Olhe para mim... Você poderia aceitar isso? É pouco, mas eu quero ajudar vocês.
Emanuela olhou para o rosto de Rogério. Não era mais aquele rosto que ela conhecia, estava mais envelhecido. Rogério tinha uma expressão de quem sofreu muito na vida e havia sinceridade no olhar dele. Por alguma razão, ela sentiu um nó na garganta.
— Você... Poderia aceitar? – disse ele com um tom de voz quase em súplica.
— Me desculpe… - disse Emanuela com os olhos cheios de lágrimas – Me desculpe...
Rogério sorriu.
— Não precisa se desculpar. – disse levantando-se. – Mas você poderia dar um abraço nesse homem que te considera como filha?
Emanuela não pôde conter as lágrimas e o abraçou.
— Me perdoe. – pediu, enquanto soluçava. – Eu senti muito a sua falta… Me perdoe.
— Minha Emanuela… – disse ele acariciando os cabelos dela. – Mesmo tão jovem já passou por tanta coisa. – e afastando-a com carinho. – Você deveria sorrir mais, sabia? Você e sua irmã ficam mais bonitas quando estão sorrindo… – disse, enquanto enxugava as lágrimas da filha.
— P-Pai… Posso perguntar uma coisa?
— Claro.
— Por que não nos contou que estava preso?
Rogério pareceu desconcertado.
— Co-Como você soube?
Emanuela sorriu ainda com os olhos um pouco vermelhos.
— Eu não sabia… Até agora.
Rogério riu admirado.
— É verdade, minha Emanuela é muito esperta. Mas não conte para Mariana. Ela não precisa saber disso.
— Você sabe que ela fica muito irritada quando escondemos as coisas dela, né?
Ele sorriu.
— É verdade.
Rogério se preparou para sair.
— Não se preocupe, Emanuela. Você e sua irmã não estão mais sozinhas… A partir de hoje, eu vou cuidar de vocês.
Érica estava sentada em um dos estofados da sala principal da mansão do Alcântara. De repente, Viviane entrou, mas logo que a viu deu a meia volta.
— Por que Viviane? – perguntou Érica, olhando uma revista antes que Vivi saísse.
Viviane voltou-se.
— Disse algo?
Érica levantou-se e aproximou-se da garota.
— Os outros eu até entendo… Mas por que desde que cheguei você não veio falar comigo?
Viviane suspirou impaciente.
— Deve ser porque eu não tenho nada a tratar com pessoas do seu tipo.
Érica riu-se.
— Você não tem mais idade para esse tipo de rebeldia. Você já tem quase 18 anos, não é? Com certeza já está na faculdade.
— Isso não é da sua conta. – disse Viviane asperamente.
— É claro que é da minha conta. Eu agora também moro nessa casa e você tem que me respeitar como membro da família, se não quiser que seu avô saiba da sua atitude comigo.
Viviane chegou mais perto de Érica.
— Eu não ligo o que você vai dizer para o meu avô. – disse ela já se afastando para sair.
— Tem certeza?
Viviane parou, não entendendo a pergunta.
— Como assim? – perguntou confusa, olhando para Érica.
— Eu soube que seu avô não está muito bem de saúde… Seria horrível para ele em seus últimos dias de vida, ver como sua neta se tornou... – disse olhando para suas unhas, despreocupada. – Como uma neta não pode se preocupar com a própria saúde do avô?
Viviane olhou diretamente para Érica.
— Você é louca? – perguntou, saindo em seguida. – Quem disse que meu avô está doente?
Viviane se afastou subindo as escadas em direção a seu quarto.
Érica não gostou do modo como a garota a tratou.
— Garota idiota. – comentou sozinha.
De repente, ela ouviu um limpar de garganta. Ao virar-se, viu Otávio Jr. parado próximo a ela.
— Que coisa feia… Mal chegou e já está desagradando as pessoas ao redor. – comentou ele.
Érica sorriu.
— Eu nasci para isso, meu querido. Nasci para importunar as pessoas à minha volta.
Otávio sorriu sarcástico.
— Importunar ou infernar? Ninguém te suporta, Érica. Se você não existisse, com certeza, o mundo seria um lugar mais agradável.
— Idem, meu querido. – disse rindo. – Você pode enganar quem quiser, menos a mim.
Otávio Jr. olhou para ela com desprezo.
— Tenho um recado para você.
Érica se sentiu curiosa.
— O que é? Por que para você vir falar comigo deve ser algo realmente importante.
Otávio riu, imaginando a reação de Érica.
— O chefe descobriu o que você fez. – disse ele cochichando no ouvido dela.
Érica empalideceu.
— O- O que você está dizendo?
— O que você acabou de ouvir… – disse ele com um sorriso de prazer ao vê-la em desespero.
Érica que até pouco tempo estava calma, se transformara.
— Mas… Não fui só eu… Você e a Camila…
Otário Jr. riu da expressão daquela mulher.
— Eu não tenho qualquer culpa nisso… Nem eu, nem Camila. E não há nada que prove o contrário.
— Seu pilantra!- Érica quase gritou. – Como você pode?!
— Ele ia descobrir mais cedo ou mais tarde. E sinceramente, você serviu direitinho para os meus planos.
Érica olhava para ele com ódio.
— Eu vou contar para ele, que você está planejando algo.
— Você? – disse ele, rindo-se. – Em quem ele vai acreditar? Em mim ou em você? Não se esqueça o que você já fez a essa família. Você não é nada confiável, Érica.
Érica estava completamente transtornada. Parecia que o seu chão desaparecera de debaixo de seus pés.
— Ah, e mais uma coisa… – continuou ele. – O chefe quer falar com você.
— O quê? Ele já voltou para o Brasil?
Otávio Jr. sorriu.
— Você sabe como encontrá-lo, afinal ele é seu marido, não é? Apesar de não parecer.
Érica não acreditava no que acontecera. Ela não podia acreditar. Queria chorar, mas o desespero era maior que sua tristeza. De repente, ela percebeu que alguém se aproximava. Era a babá e seu filho.
— Dona Érica, a senhora está bem? – perguntou a babá percebendo que a patroa não estava muito bem.
— O Fabinho já almoçou? – perguntou ela, ignorando a pergunta que lhe fora feita.
— Sim. A senhora quer passear com ele?
Érica olhou para o filho, mas seus pensamentos estavam muito longe dali.
— Faça isso por mim, por favor. Depois o coloque para dormir. Ele deve estar cansado da viagem.
O menino olhou para a mãe.
— Mamãe, me conta uma história?
Érica evitou olhar nos olhos do filho.
— Hoje não, Fabinho. Acompanhe a babá, por favor.
Fabiano andava pela emergência do hospital quando foi chamado pelo Dr. Rafael.
— Fabiano, preciso falar com você. – disse ele ao chegar mais perto.
Fabiano percebeu certa ansiedade na voz do colega de profissão.
— Sobre o que gostaria de falar? – perguntou, enquanto se dirigia para a UTI.
— É sobre aquela paciente… Ela acordou.
Fabiano parou de repente.
— Como assim? Isso não estava previsto para amanhã ou depois?
— Eu me esqueci de dizer, mas os remédios que a mantinham no coma foram interrompidos… A pedido da polícia, é claro. De qualquer forma, os outros médicos já perceberam que não havia necessidade de mantê-la desacordada. A sua recuperação tem sido muito rápida.
— Isso é bom. Quando ela acordou?
— Quase agora. Você não gostaria de vê-la, já que foi você quem a operou?
Fabiano balançou a cabeça afirmativamente. Os dois se dirigiram para a sala onde a paciente estava.
— Como ela está? – perguntou antes de entrar na sala. – Não apresentou nenhum problema?
Rafael hesitou um pouco.
— Acho que é melhor você vê-la.
Fabiano abriu a porta e, logo que entrou, pode ver a paciente deitada. Ela abriu os olhos ao perceber que alguém entrara.
— Olá. Como você vai? Está bem?
— O..Oi. – respondeu ela com um pouco de dificuldade. – Me sinto um pouco estranha…
Fabiano sorriu.
— Qual é o seu nome? Você lembra do que aconteceu? – disse ele, sentando-se ao seu lado.
Ela pareceu ficar um pouco confusa.
— Eu não… Eu não lembro…
— Não lembra do quê? – perguntou ele interessado.
Ela olhou para ele com um olhar confuso.
— Eu não me lembro de nada. A única coisa que me vem à mente… É um nome…
— E que nome é esse?
Ela parecia um pouco cansada do esforço que fazia. Fabiano percebeu.
— Não precisa se esforçar tanto… Se não quiser, não responda.
— Re- Rebeca. – respondeu ela. – É o nome que eu lembro.
Fabiano sorriu.
— Descanse um pouco.
Rafael entrou e olhou para Fabiano. Os dois resolveram sair para conversarem do lado de fora.
— E aí o que achou? – perguntou Rafael.
— Parece que ela perdeu a memória, mas isso pode durar pouco tempo… O que me intriga é ela apenas lembrar-se de um nome.
— Não seria esse o nome dela?
Fabiano concordou.
— Provavelmente.
Já havia passado quatro dias e era uma sexta feira. Depois que Rogério reaparecera, ele sempre passava na casa das irmãs Emanuela e Mariana. Mariana, naquele dia, resolveu ajudar na casa da vizinha, enquanto Rogério conversava com Emanuela.
— Obrigada por tudo, minha filha. – disse dona Helô. – Tome aqui. – disse, entregando uma pequena quantia em dinheiro.
Mariana sorriu.
— Não precisa, Dona Helô. Eu fiz porque gosto muito da senhora. Sempre tem me ajudado tanto.
— Não seja tão orgulhosa. Apenas aceite.
— Já que insiste, irei aceitar. – disse sorrindo.
Manuela abriu a porta de casa e entrou. Logo que entrou percebeu que Emanuela lia um livro na sala.
— Ué. Cadê o papai?
Emanuela respondeu sem tirar os olhos do livro que lia.
— Saiu faz tempo. Mas disse que voltava… Com certeza vai vir dar boa noite. – disse rindo.
— Não seja tão chata, Manu. – disse sentando-se ao lado da irmã. – Você parece estar de bom humor.
— Eu? – disse Manu, tirando os olhos do livro por um segundo. - Impressão sua.
Mariana riu.
— Eu também estou feliz. Parece que finalmente as coisas estão dando certo para a gente, depois de tanta coisa...
De repente, Mariana ficou séria e Emanuela percebeu.
— O que foi? Você estava sorrindo feito uma boba e agora ficou séria.
— É que... Estou feliz que estou com medo.
— Por quê?
— Não é nada.
Mariana não quis dizer para a irmã a sensação ruim que estivera tendo nos últimos dias. De repente, alguém bateu a porta.
— Deve ser ele. – disse Mariana se animando e indo atender a porta.
Ao abrir a porta, Mari empalideceu.
— Fernandes?! – disse quase gritando.
Emanuela levantou-se rápido e antes que percebesse Fernandes e outros dois homens estavam dentro da casa.
— O que está fazendo aqui? – perguntou Mariana nervosa.
Fernandes riu alto e olhou para Mariana.
— Mariana… – disse aproximando-se dela e lhe apertando as bochechas com uma certa violência. – Você disse que não tinha encontrado com Rogério, mas você estava mentindo. Um dos meus homens o viu sair daqui mais cedo. E aí, o que você me diz? Vai negar que ele esteve aqui? – disse com raiva na voz.
Emanuela se interpôs entre Mariana e ele.
— Ele não está aqui! – disse Manu protegendo a irmã com o corpo. – Por favor, saia dessa casa. Nós não temos nada a ver com você! Você é tão desprezível que não merece sequer entrar aqui!
Fernandes chegou perto.
— Emanuela… Há quanto tempo! Você não muda, não é? Desde pequena, sempre atrevida. – disse dando-lhe um tapa.
Mariana tentou socorrer a irmã.
— Quem você acha que eu sou, hein?! – Fernandes gritou. – Por acaso, você acha que eu sou algum garotinho que pode ser facilmente enganado!? Eu acreditei em vocês! Mas vocês me fizeram de idiota! Em pensar que eu tratei vocês como filhas! E é assim que me pagam?!
Emanuela olhou para Fernandes com desprezo, enquanto pegava no rosto dolorido.
— Como filhas?!Você não sabe nem tratar alguém como ser humano, quanto mais como filha! Você só pensa em si mesmo. Você nem sequer é humano! – gritou.
Fernandes olhou com ódio para a garota.
— Como você ousa! – disse batendo novamente em Emanuela, que com a força da agressão caiu no chão.
— Manu!!! – gritou Mariana indo em direção a irmã.
Fernandes se aproximava de Emanuela para lhe agredir, enquanto estava no chão, quando alguém gritou:
— Não ouse tocar nas minhas filhas! – alguém gritou de repente.
Todos olharam em direção a porta e viram Rogério.
— Pai! – gritou Mariana desesperada. – Fuja! Eles vão te matar!
Rogério não tinha a intenção de fugir e investiu contra os dois homens. Ele lutou o quanto pode, mas logo foi imobilizado pelos outros dois, sendo segurado pelos dois braços.
— Onde estão as mulheres que fugiram?! Me diga e deixarei os três em paz. – disse Fernandes olhando para Rogério.
— Eu não posso dizer… – respondeu, enquanto era segurado pelos dois homens pelos dois braços. – Aquelas mulheres não são mercadorias que podem ser vendidas. Você nem sequer pensou que uma delas tem crianças que dependem dela?
— Isso é problema delas, não meu. Agora me diga onde elas estão.
Fernandes se aproximou de Rogério. De repente, sem que ninguém esperasse esmurrou o estômago de Rogério.
— Fale agora! – Fernandes mandou, esmurrando-lhe mais uma vez.
Rogério tossiu quase perdendo o fôlego. Já estava bastante machucado com a briga que tivera com os dois homens. No entanto, Fernandes repetia a mesma pergunta e o esmurrava várias e várias vezes.
Mariana e Emanuela começaram a chorar, enquanto viam seu pai ser torturado. Por mais que Fernandes perguntasse, ele não dizia. Não importava o quanto o esmurrasse, Rogério não falou onde estavam as mulheres que havia libertado.
Rogério já estava quase inconsciente. Vendo que agredi-lo não estava adiantando, Fernandes sacou a arma e apontou para a cabeça de Mariana.
— Se não falar, eu vou matá-la. – disse em um ultimato.
Mariana chorava, enquanto Rogério não tinha mais forças para falar. De repente, Emanuela tomou uma atitude.
— Não há uma maneira? Não há um jeito? Algo que podemos fazer para que nos deixe em paz? – perguntou.
Fernandes baixou a arma e falou calmamente.
— Já que perguntou Emanuela, não sei se sua irmã lhe disse, mas fiz a ela uma proposta.
Emanuela olhou Mariana.
— Por que não me contou?
Mariana estava em lágrimas.
— Desculpa, Manu… – disse. – Mas é tão asquerosa que não tive coragem de dizer…
Emanuela olhou para Fernandes.
— Qual é a proposta? – perguntou ela.
Fernandes riu e se aproximou da garota.
— Eu quero que vocês duas trabalhem para mim…
Emanuela não suportou aquela idéia e, por mais que tentasse, começou a chorar de raiva.
— O quê?! – disse em lágrimas. – Você! Eu nunca…!
— Eu disse Manu. – disse Mari também em lágrimas. – É uma proposta totalmente indecente.
Fernandes riu alto, depois aproximou-se de Rogério que ainda estava sendo segurado pelos dois homens e esmurrou-o mais uma vez, fazendo com que Mariana gritasse em lágrimas.
— Por favor! Pare! Ele vai morrer! – suplicou chorando. – Por favor!!! Eu lhe imploro! – gritou soluçando.
Emanuela não podia suportar mais aquela cena e tomou uma decisão.
— Tudo bem. Ok.
Mariana e Fernandes olharam para Emanuela.
— Manu!? – Mariana não tinha palavras.
— Eu me ofereço para trabalhar com você, mas somente eu… Eu quero que você deixe Rogério e a Mariana em paz. É a única coisa que peço.
Rogério tentou falar, mas estava muito ferido. Fernandes pareceu pensar.
— Tudo bem. Você com certeza é de um nível diferente das duas que eu perdi… Mas você tem que vir comigo agora.
— Agora?! – perguntou Emanuela surpresa. – Tudo bem. Contanto que você mantenha a palavra, irei quando você quiser.
Mariana não se conteve, e recomeçou a chorar.
— Não, Manu! Não vá, por favor! – disse, abraçando a irmã e soluçando. – Eu não quero que você vá!
Emanuela não podia conter as lágrimas.
— Está tudo bem. – disse olhando para a irmã. – Eu quero que você chame a ambulância para o Rogério e cuide dele. Tudo bem?
Mariana chorava desesperada.
— Não! Não está tudo bem! Tem que haver uma outra maneira! – disse em meio as lágrimas. – Por favor! Não vá! Você disse que ia cuidar de mim! Você é minha irmã mais velha!
Emanuela se levantou e tentou enxugar as lágrimas.
— Estou pronta para ir. Mas, mantenha a sua palavra, e deixe os dois em paz.
Fernandes sorriu.
— Isso mesmo… É assim que se fala, Emanuela. – e para os dois homens. – Solte ele, e peguem-na.
— Não precisa. – disse Emanuela de repente. – Eu vou com minhas próprias pernas.
Ao sair, Emanuela olhou para a irmã e disse sem que pudesse ouvi-la.
— Cuide do Rogério.
Os quatro saíram.
Mariana chegou perto de Rogério que estava deitado no chão quase inconsciente, ele parecia bastante ferido.
— Pai! Aguente mais um pouco… Vou pedir ajuda! – disse chorando.
— Ema… Emanuela. – disse ele com esforço e Mariana pode ver lágrimas que desciam em seu rosto.
Mariana chorava descontroladamente, enquanto ligava para a ambulância.
— Aguente mais um pouco, pai. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário