— Pai? –
Mariana não acreditava no que estava vendo.
Aquele
homem que há muito tempo não via, estava ali. Sua aparência estava um pouco envelhecida,
mas não se podia negar.
Rogério
que estava sentado, levantou-se para recebê-la. Mariana correu e abraçou-o tão
forte que Rogério riu.
— Você
estava com tanta saudade assim? – disse ele rindo.
Mariana
escondia o rosto no ombro de Rogério.
— Deixe-me
ver seu rosto… – disse ele, afastando-a com o carinho de um pai. Percebeu
surpreso que ela tinha lágrimas em seus olhos.
— É
claro… – disse ela, enxugando quase que de maneira infantil os olhos com as
mãos.
Emanuela
não se surpreendeu com o choro de Mari, desde pequena a irmã, diferente dela,
não se continha em demonstrar suas emoções.
— Não
precisa chorar… – disse ele acalentando-a. – Como tem passado?
Mariana
sentou-se.
— Bem.
Mas e o senhor? – hesitou um pouco. – O Fernandes veio aqui…
Rogério
se assustou.
— O
Fernandes apareceu por aqui? – perguntou ele.
— Ele veio
aqui perguntando pelo senhor... – respondeu Emanuela - ... quando Mari estava
sozinha em casa.
Rogério
pareceu preocupado.
— Mas
está tudo bem com você? Ele não fez nenhum mal a você, não foi? Por que se ele
fez…
— Calma,
pai. – Mariana tentou acalmar Rogério. – Não aconteceu nada de mais… De
verdade. Mas o que aconteceu exatamente para ele estar com tanta raiva assim do
senhor?
Rogério
sentou-se na cadeira. A expressão de seu rosto se entristeceu.
— A
verdade é que eu denunciei um dos pontos dele... E livrei umas mulheres que iam
ser mandadas para o exterior...
— Mas por
que papai? – Mariana perguntou confusa. – Será que o senhor não sabe que o
Fernandes é muito perigoso?
— Mas eu
não podia deixar… As duas mulheres que tirei de lá iam ser mandadas para a
Europa contra a própria vontade. Eu não podia deixar mesmo que isso me
complicasse um pouco.
— Um
pouco?! – Emanuela que estava calada não podia deixar de se espantar com aquela
expressão. – Você sabe que o Fernandes não deixa nada barato. Onde o senhor
estava com a cabeça?
Rogério
olhou para Emanuela.
— E o que
você faria no meu lugar, Emanuela?
Emanuela
não pode responder.
— Eu
estou com medo, pai. – disse Mari um pouco assustada. – O Fernandes ameaçou
matar o senhor…
— Não se
preocupe tanto. O Fernandes não vai fazer nada. Eu vou dar o meu jeito. Eu
tenho como negociar com ele.
Emanuela
olhou para Rogério. Ela sabia que ele falara aquilo apenas para acalmar
Mariana.
— O senhor
já almoçou? – perguntou Emanuela.
Rogério
balançou a cabeça afirmativamente, depois pareceu lembrar-se de algo. Pegou a
mochila que trazia e tirou de dentro um pacote. Colocou em cima da mesa.
— É para
vocês. Descobri que estão precisando.
— O que é
isso? – perguntou Mariana pegando o envelope.
As irmãs
abriram o envelope e notaram certa quantia de dinheiro.
— Não dá
para pagar o aluguel, mas pelo menos vai ajudar… – disse ele.
— Não
queremos. – disse Emanuela subitamente.
Mariana
olhou para Emanuela, não entendendo a atitude da irmã.
— Por que
não? – perguntou ela confusa. – Estamos realmente precisando!
Emanuela
parecia certa do que estava falando.
— Eu não
sei de onde esse dinheiro veio. – respondeu friamente. – E não quero me meter
em nenhuma confusão.
Mariana
ficou inconformada.
— Como
assim? É assim que você trata o homem que nos ajudou depois de anos sem vê-lo?
Que cuidou da gente quando mais precisamos?
Emanuela
não parecia que ia ceder.
— Eu não
te entendo Manu! Por que você sempre é assim?! Por que nunca aceita as pessoas?
O Rogério que nos trata como filhas, você nunca chamou de pai. E até a Rebeca.
Você nunca a aceitou.
— Tudo
bem, Mariana. – disse Rogério, interrompendo aquela discussão que não levaria a
nada. – Emanuela tem o seu jeito de pensar…
Mariana
não se conformava.
— E o
senhor?! – e olhando para a irmã. – Emanuela, como você pode ser tão cruel às
vezes?
Emanuela
permaneceu calada.
— Se
quiser aceitar… Essa escolha é sua. – disse, por fim, olhando para a irmã. Você
sabe muito bem que seria problemático se fôssemos envolvidas em algo ilegal. Eu
não sei o que as pessoas pensariam de nós, além disso...
— Você
sempre se importando com que as pessoas pensam de nós! – interrompeu Mariana. –
Por que tem que ser assim?
Os três
ficaram em silêncio. Rogério olhou para o relógio.
—
Mariana, posso falar com Emanuela um pouquinho?
A garota olhou
para o pai.
—Tudo
bem. – disse saindo e, em seguida, abrindo a porta. – Se quiserem me encontrar
estarei na casa da Vanessa.
Rogério
arrastou sua cadeira para mais perto da cadeira onde Emanuela estava sentada.
— Você
cresceu bastante. A última vez que a vi, era apenas uma criancinha que sempre
ficava irritada quando via coisas erradas. Agora você já é praticamente uma
adulta.
Emanuela
permaneceu calada.
— Você
sempre foi assim… Desde pequena. – continuou ele. – Sempre desconfiada. Eu te
conheço, Emanuela, mais do que você pensa.
Rogério
pegou o envelope que estava na mesa e colocou na mão de Emanuela.
— Não foi
roubado. Eu trabalhei para isso. Eu sei que meu passado faz com que você não
acredite em mim. Mas, peço que acredite em mim apenas essa vez. – disse olhando para ela. – Olhe para mim...
Você poderia aceitar isso? É pouco, mas eu quero ajudar vocês.
Emanuela
olhou para o rosto de Rogério. Não era mais aquele rosto que ela conhecia,
estava mais envelhecido. Rogério tinha uma expressão de quem sofreu muito na
vida e havia sinceridade no olhar dele. Por alguma razão, ela sentiu um nó na
garganta.
— Você...
Poderia aceitar? – disse ele com um tom de voz quase em súplica.
— Me
desculpe… - disse Emanuela com os olhos cheios de lágrimas – Me desculpe...
Rogério
sorriu.
— Não
precisa se desculpar. – disse levantando-se. – Mas você poderia dar um abraço
nesse homem que te considera como filha?
Emanuela
não pôde conter as lágrimas e o abraçou.
— Me
perdoe. – pediu, enquanto soluçava. – Eu senti muito a sua falta… Me perdoe.
— Minha Emanuela…
– disse ele acariciando os cabelos dela. – Mesmo tão jovem já passou por tanta
coisa. – e afastando-a com carinho. – Você deveria sorrir mais, sabia? Você e
sua irmã ficam mais bonitas quando estão sorrindo… – disse, enquanto enxugava
as lágrimas da filha.
— P-Pai…
Posso perguntar uma coisa?
— Claro.
— Por que
não nos contou que estava preso?
Rogério
pareceu desconcertado.
— Co-Como
você soube?
Emanuela
sorriu ainda com os olhos um pouco vermelhos.
— Eu não
sabia… Até agora.
Rogério
riu admirado.
— É
verdade, minha Emanuela é muito esperta. Mas não conte para Mariana. Ela não
precisa saber disso.
— Você
sabe que ela fica muito irritada quando escondemos as coisas dela, né?
Ele
sorriu.
— É
verdade.
Rogério
se preparou para sair.
— Não se
preocupe, Emanuela. Você e sua irmã não estão mais sozinhas… A partir de hoje,
eu vou cuidar de vocês.
Érica
estava sentada em um dos estofados da sala principal da mansão do Alcântara. De
repente, Viviane entrou, mas logo que a viu deu a meia volta.
— Por que
Viviane? – perguntou Érica, olhando uma revista antes que Vivi saísse.
Viviane
voltou-se.
— Disse algo?
Érica
levantou-se e aproximou-se da garota.
— Os
outros eu até entendo… Mas por que desde que cheguei você não veio falar
comigo?
Viviane
suspirou impaciente.
— Deve
ser porque eu não tenho nada a tratar com pessoas do seu tipo.
Érica
riu-se.
— Você não
tem mais idade para esse tipo de rebeldia. Você já tem quase 18 anos, não é?
Com certeza já está na faculdade.
— Isso
não é da sua conta. – disse Viviane asperamente.
— É claro
que é da minha conta. Eu agora também moro nessa casa e você tem que me respeitar
como membro da família, se não quiser que seu avô saiba da sua atitude comigo.
Viviane
chegou mais perto de Érica.
— Eu não
ligo o que você vai dizer para o meu avô. – disse ela já se afastando para
sair.
— Tem
certeza?
Viviane
parou, não entendendo a pergunta.
— Como
assim? – perguntou confusa, olhando para Érica.
— Eu
soube que seu avô não está muito bem de saúde… Seria horrível para ele em seus
últimos dias de vida, ver como sua neta se tornou... – disse olhando para suas
unhas, despreocupada. – Como uma neta não pode se preocupar com a própria saúde
do avô?
Viviane
olhou diretamente para Érica.
— Você é
louca? – perguntou, saindo em seguida. – Quem disse que meu avô está doente?
Viviane
se afastou subindo as escadas em direção a seu quarto.
Érica não
gostou do modo como a garota a tratou.
— Garota
idiota. – comentou sozinha.
De
repente, ela ouviu um limpar de garganta. Ao virar-se, viu Otávio Jr. parado
próximo a ela.
— Que
coisa feia… Mal chegou e já está desagradando as pessoas ao redor. – comentou
ele.
Érica
sorriu.
— Eu
nasci para isso, meu querido. Nasci para importunar as pessoas à minha volta.
Otávio
sorriu sarcástico.
—
Importunar ou infernar? Ninguém te suporta, Érica. Se você não existisse, com
certeza, o mundo seria um lugar mais agradável.
— Idem,
meu querido. – disse rindo. – Você pode enganar quem quiser, menos a mim.
Otávio
Jr. olhou para ela com desprezo.
— Tenho
um recado para você.
Érica se
sentiu curiosa.
— O que
é? Por que para você vir falar comigo deve ser algo realmente importante.
Otávio
riu, imaginando a reação de Érica.
— O chefe
descobriu o que você fez. – disse ele cochichando no ouvido dela.
Érica
empalideceu.
— O- O
que você está dizendo?
— O que
você acabou de ouvir… – disse ele com um sorriso de prazer ao vê-la em
desespero.
Érica que
até pouco tempo estava calma, se transformara.
— Mas…
Não fui só eu… Você e a Camila…
Otário
Jr. riu da expressão daquela mulher.
— Eu não
tenho qualquer culpa nisso… Nem eu, nem Camila. E não há nada que prove o
contrário.
— Seu pilantra!-
Érica quase gritou. – Como você pode?!
— Ele ia
descobrir mais cedo ou mais tarde. E sinceramente, você serviu direitinho para
os meus planos.
Érica
olhava para ele com ódio.
— Eu vou
contar para ele, que você está planejando algo.
— Você? –
disse ele, rindo-se. – Em quem ele vai acreditar? Em mim ou em você? Não se
esqueça o que você já fez a essa família. Você não é nada confiável, Érica.
Érica
estava completamente transtornada. Parecia que o seu chão desaparecera de
debaixo de seus pés.
— Ah, e mais
uma coisa… – continuou ele. – O chefe quer falar com você.
— O quê?
Ele já voltou para o Brasil?
Otávio
Jr. sorriu.
— Você
sabe como encontrá-lo, afinal ele é seu marido, não é? Apesar de não parecer.
Érica não
acreditava no que acontecera. Ela não podia acreditar. Queria chorar, mas o
desespero era maior que sua tristeza. De repente, ela percebeu que alguém se
aproximava. Era a babá e seu filho.
— Dona
Érica, a senhora está bem? – perguntou a babá percebendo que a patroa não
estava muito bem.
— O Fabinho
já almoçou? – perguntou ela, ignorando a pergunta que lhe fora feita.
— Sim. A
senhora quer passear com ele?
Érica
olhou para o filho, mas seus pensamentos estavam muito longe dali.
— Faça
isso por mim, por favor. Depois o coloque para dormir. Ele deve estar cansado
da viagem.
O menino
olhou para a mãe.
— Mamãe,
me conta uma história?
Érica
evitou olhar nos olhos do filho.
— Hoje
não, Fabinho. Acompanhe a babá, por favor.
Fabiano
andava pela emergência do hospital quando foi chamado pelo Dr. Rafael.
—
Fabiano, preciso falar com você. – disse ele ao chegar mais perto.
Fabiano
percebeu certa ansiedade na voz do colega de profissão.
— Sobre o
que gostaria de falar? – perguntou, enquanto se dirigia para a UTI.
— É sobre
aquela paciente… Ela acordou.
Fabiano
parou de repente.
— Como
assim? Isso não estava previsto para amanhã ou depois?
— Eu me
esqueci de dizer, mas os remédios que a mantinham no coma foram interrompidos…
A pedido da polícia, é claro. De qualquer forma, os outros médicos já
perceberam que não havia necessidade de mantê-la desacordada. A sua recuperação
tem sido muito rápida.
— Isso é
bom. Quando ela acordou?
— Quase
agora. Você não gostaria de vê-la, já que foi você quem a operou?
Fabiano
balançou a cabeça afirmativamente. Os dois se dirigiram para a sala onde a
paciente estava.
— Como
ela está? – perguntou antes de entrar na sala. – Não apresentou nenhum
problema?
Rafael
hesitou um pouco.
— Acho
que é melhor você vê-la.
Fabiano
abriu a porta e, logo que entrou, pode ver a paciente deitada. Ela abriu os
olhos ao perceber que alguém entrara.
— Olá.
Como você vai? Está bem?
— O..Oi.
– respondeu ela com um pouco de dificuldade. – Me sinto um pouco estranha…
Fabiano
sorriu.
— Qual é
o seu nome? Você lembra do que aconteceu? – disse ele, sentando-se ao seu lado.
Ela
pareceu ficar um pouco confusa.
— Eu não…
Eu não lembro…
— Não
lembra do quê? – perguntou ele interessado.
Ela olhou
para ele com um olhar confuso.
— Eu não
me lembro de nada. A única coisa que me vem à mente… É um nome…
— E que
nome é esse?
Ela
parecia um pouco cansada do esforço que fazia. Fabiano percebeu.
— Não
precisa se esforçar tanto… Se não quiser, não responda.
— Re-
Rebeca. – respondeu ela. – É o nome que eu lembro.
Fabiano
sorriu.
—
Descanse um pouco.
Rafael
entrou e olhou para Fabiano. Os dois resolveram sair para conversarem do lado
de fora.
— E aí o
que achou? – perguntou Rafael.
— Parece
que ela perdeu a memória, mas isso pode durar pouco tempo… O que me intriga é
ela apenas lembrar-se de um nome.
— Não
seria esse o nome dela?
Fabiano
concordou.
—
Provavelmente.
Já havia passado
quatro dias e era uma sexta feira. Depois que Rogério reaparecera, ele sempre
passava na casa das irmãs Emanuela e Mariana. Mariana, naquele dia, resolveu
ajudar na casa da vizinha, enquanto Rogério conversava com Emanuela.
—
Obrigada por tudo, minha filha. – disse dona Helô. – Tome aqui. – disse,
entregando uma pequena quantia em dinheiro.
Mariana
sorriu.
— Não
precisa, Dona Helô. Eu fiz porque gosto muito da senhora. Sempre tem me ajudado
tanto.
— Não
seja tão orgulhosa. Apenas aceite.
— Já que
insiste, irei aceitar. – disse sorrindo.
Manuela
abriu a porta de casa e entrou. Logo que entrou percebeu que Emanuela lia um
livro na sala.
— Ué. Cadê
o papai?
Emanuela
respondeu sem tirar os olhos do livro que lia.
— Saiu
faz tempo. Mas disse que voltava… Com certeza vai vir dar boa noite. – disse
rindo.
— Não
seja tão chata, Manu. – disse sentando-se ao lado da irmã. – Você parece estar
de bom humor.
— Eu? –
disse Manu, tirando os olhos do livro por um segundo. - Impressão sua.
Mariana
riu.
— Eu
também estou feliz. Parece que finalmente as coisas estão dando certo para a
gente, depois de tanta coisa...
De
repente, Mariana ficou séria e Emanuela percebeu.
— O que
foi? Você estava sorrindo feito uma boba e agora ficou séria.
— É
que... Estou feliz que estou com medo.
— Por
quê?
— Não é
nada.
Mariana
não quis dizer para a irmã a sensação ruim que estivera tendo nos últimos dias.
De repente, alguém bateu a porta.
— Deve
ser ele. – disse Mariana se animando e indo atender a porta.
Ao abrir
a porta, Mari empalideceu.
—
Fernandes?! – disse quase gritando.
Emanuela
levantou-se rápido e antes que percebesse Fernandes e outros dois homens
estavam dentro da casa.
— O que
está fazendo aqui? – perguntou Mariana nervosa.
Fernandes
riu alto e olhou para Mariana.
—
Mariana… – disse aproximando-se dela e lhe apertando as bochechas com uma certa
violência. – Você disse que não tinha encontrado com Rogério, mas você estava
mentindo. Um dos meus homens o viu sair daqui mais cedo. E aí, o que você me
diz? Vai negar que ele esteve aqui? – disse com raiva na voz.
Emanuela se
interpôs entre Mariana e ele.
— Ele não
está aqui! – disse Manu protegendo a irmã com o corpo. – Por favor, saia dessa
casa. Nós não temos nada a ver com você! Você é tão desprezível que não merece
sequer entrar aqui!
Fernandes
chegou perto.
— Emanuela…
Há quanto tempo! Você não muda, não é? Desde pequena, sempre atrevida. – disse
dando-lhe um tapa.
Mariana
tentou socorrer a irmã.
— Quem
você acha que eu sou, hein?! – Fernandes gritou. – Por acaso, você acha que eu
sou algum garotinho que pode ser facilmente enganado!? Eu acreditei em vocês!
Mas vocês me fizeram de idiota! Em pensar que eu tratei vocês como filhas! E é
assim que me pagam?!
Emanuela
olhou para Fernandes com desprezo, enquanto pegava no rosto dolorido.
— Como
filhas?!Você não sabe nem tratar alguém como ser humano, quanto mais como
filha! Você só pensa em si mesmo. Você nem sequer é humano! – gritou.
Fernandes
olhou com ódio para a garota.
— Como
você ousa! – disse batendo novamente em Emanuela, que com a força da agressão
caiu no chão.
— Manu!!!
– gritou Mariana indo em direção a irmã.
Fernandes
se aproximava de Emanuela para lhe agredir, enquanto estava no chão, quando
alguém gritou:
— Não
ouse tocar nas minhas filhas! – alguém gritou de repente.
Todos
olharam em direção a porta e viram Rogério.
— Pai! –
gritou Mariana desesperada. – Fuja! Eles vão te matar!
Rogério
não tinha a intenção de fugir e investiu contra os dois homens. Ele lutou o
quanto pode, mas logo foi imobilizado pelos outros dois, sendo segurado pelos
dois braços.
— Onde
estão as mulheres que fugiram?! Me diga e deixarei os três em paz. – disse
Fernandes olhando para Rogério.
— Eu não
posso dizer… – respondeu, enquanto era segurado pelos dois homens pelos dois
braços. – Aquelas mulheres não são mercadorias que podem ser vendidas. Você nem
sequer pensou que uma delas tem crianças que dependem dela?
— Isso é
problema delas, não meu. Agora me diga onde elas estão.
Fernandes
se aproximou de Rogério. De repente, sem que ninguém esperasse esmurrou o
estômago de Rogério.
— Fale
agora! – Fernandes mandou, esmurrando-lhe mais uma vez.
Rogério
tossiu quase perdendo o fôlego. Já estava bastante machucado com a briga que
tivera com os dois homens. No entanto, Fernandes repetia a mesma pergunta e o
esmurrava várias e várias vezes.
Mariana e
Emanuela começaram a chorar, enquanto viam seu pai ser torturado. Por mais que
Fernandes perguntasse, ele não dizia. Não importava o quanto o esmurrasse,
Rogério não falou onde estavam as mulheres que havia libertado.
Rogério
já estava quase inconsciente. Vendo que agredi-lo não estava adiantando,
Fernandes sacou a arma e apontou para a cabeça de Mariana.
— Se não
falar, eu vou matá-la. – disse em um ultimato.
Mariana
chorava, enquanto Rogério não tinha mais forças para falar. De repente, Emanuela
tomou uma atitude.
— Não há
uma maneira? Não há um jeito? Algo que podemos fazer para que nos deixe em paz?
– perguntou.
Fernandes
baixou a arma e falou calmamente.
— Já que
perguntou Emanuela, não sei se sua irmã lhe disse, mas fiz a ela uma proposta.
Emanuela
olhou Mariana.
— Por que
não me contou?
Mariana
estava em lágrimas.
—
Desculpa, Manu… – disse. – Mas é tão asquerosa que não tive coragem de dizer…
Emanuela
olhou para Fernandes.
— Qual é
a proposta? – perguntou ela.
Fernandes
riu e se aproximou da garota.
— Eu
quero que vocês duas trabalhem para mim…
Emanuela
não suportou aquela idéia e, por mais que tentasse, começou a chorar de raiva.
— O quê?!
– disse em lágrimas. – Você! Eu nunca…!
— Eu
disse Manu. – disse Mari também em lágrimas. – É uma proposta totalmente indecente.
Fernandes
riu alto, depois aproximou-se de Rogério que ainda estava sendo segurado pelos
dois homens e esmurrou-o mais uma vez, fazendo com que Mariana gritasse em
lágrimas.
— Por
favor! Pare! Ele vai morrer! – suplicou chorando. – Por favor!!! Eu lhe
imploro! – gritou soluçando.
Emanuela
não podia suportar mais aquela cena e tomou uma decisão.
— Tudo
bem. Ok.
Mariana e
Fernandes olharam para Emanuela.
— Manu!?
– Mariana não tinha palavras.
— Eu me
ofereço para trabalhar com você, mas somente eu… Eu quero que você deixe
Rogério e a Mariana em paz. É a única coisa que peço.
Rogério
tentou falar, mas estava muito ferido. Fernandes pareceu pensar.
— Tudo
bem. Você com certeza é de um nível diferente das duas que eu perdi… Mas você
tem que vir comigo agora.
— Agora?!
– perguntou Emanuela surpresa. – Tudo bem. Contanto que você mantenha a
palavra, irei quando você quiser.
Mariana
não se conteve, e recomeçou a chorar.
— Não, Manu!
Não vá, por favor! – disse, abraçando a irmã e soluçando. – Eu não quero que
você vá!
Emanuela
não podia conter as lágrimas.
— Está
tudo bem. – disse olhando para a irmã. – Eu quero que você chame a ambulância
para o Rogério e cuide dele. Tudo bem?
Mariana
chorava desesperada.
— Não!
Não está tudo bem! Tem que haver uma outra maneira! – disse em meio as
lágrimas. – Por favor! Não vá! Você disse que ia cuidar de mim! Você é minha
irmã mais velha!
Emanuela
se levantou e tentou enxugar as lágrimas.
— Estou
pronta para ir. Mas, mantenha a sua palavra, e deixe os dois em paz.
Fernandes
sorriu.
— Isso
mesmo… É assim que se fala, Emanuela. – e para os dois homens. – Solte ele, e
peguem-na.
— Não
precisa. – disse Emanuela de repente. – Eu vou com minhas próprias pernas.
Ao sair,
Emanuela olhou para a irmã e disse sem que pudesse ouvi-la.
— Cuide
do Rogério.
Os quatro
saíram.
Mariana
chegou perto de Rogério que estava deitado no chão quase inconsciente, ele
parecia bastante ferido.
— Pai!
Aguente mais um pouco… Vou pedir ajuda! – disse chorando.
— Ema… Emanuela.
– disse ele com esforço e Mariana pode ver lágrimas que desciam em seu rosto.
Mariana chorava
descontroladamente, enquanto ligava para a ambulância.
— Aguente
mais um pouco, pai.
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