domingo, 3 de julho de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 30



Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 30

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

SINHANA
SEBASTIÃO
JERÔNIMO
JOÃO
DIANA
RITINHA
DR. MACIEL
PEDRO BARROS
RODRIGO
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ

CENA 1  -  RANCHO CORAGEM  -  INT. -   NOITE.

SINHANA  -    (ao marido, á luz do lampião)  Tem certeza de que guardô a escritura das terra do Matão?

SEBASTIÃO  -  Pois não tenho, mulhé? Você não se lembra? Ela devia ta aqui, no meio dessa papelada...
  
JERÔNIMO  -  Se a gente não achá essa escritura, a gente tá frito. Eles engole a gente com roupa e tudo...

Enquanto Sinhana procurava o documento, Jerônimo encaminhou-se para o quarto a chamado do irmão.

CORTA PARA:

CENA 2  -  RANCHO CORAGEM  - QUARTO  -  INT.  -  NOITE.

João cavava um buraco profundo, de uns 30 centímetros de diâmetro, utilizando-se de uma pequena colher de pedreiro. Trabalhava duro.


JERÔNIMO  -  Precisa de ajuda?

JOÃO  -  Não, tá quase terminado. Te chamei pra dá opinião. Vê se o local tá bão.

Jerônimo examinou o buraco e voltou os olhos pelos quatro cantos do cômodo.

JERÔNIMO  -  Acha que o certo é enterrá aí o diamante? Não seria melhor se você fosse logo pra capital, fazê negócio?
 
JOÃO  -  E eu vou. Só que não pode sê agora. Preciso resolvê umas coisa... Eu quero que ocê seja o chefe dos garimpeiros, antes da gente vendê a pedra.

JERÔNIMO  -  (concordou)  Nisso ocê tem razão.  Senão, vão dizê que os home me escolhero só porque a gente tá cheio do dinheiro.

Ajoelhou-se e ajudou o irmão a aprofundar a cavidade no solo barrento.

JOÃO  -  Acho que já tá bom, não tá?

JERÔNIMO  -  Parece...

Calmamente, retirou a bolsinha de couro da cintura, descosendo o bolso costurado por Sinhana e enterrou-a, colocando entre ela e a superfície do chão, uma enorme pedra de coloração ferruginosa.

JERÔNIMO  -  (balbuciou, com a cabeça inclinada para o chão)  Ninguém vai desconfiá que ele taí...

Levantaram-se, apoiados um no outro, e abraçados dirigiram-se á cozinha.
  
JOÃO  -  Acho que mais uma semana só e a gente vai pra capital... pra fazê negócio. Depois é a riqueza!

CENA 3  -  RANCHO CORAGEM  -  GALPÃO  -  INT.  -  NOITE.

João e Diana estavam deitados no capim seco do galpão.


DIANA  -  Estou com fome, grandalhão...

JOÃO  -  (levantando-se)  Fique aí. Vou buscar alguma coisa pra gente comê.

CORTA PARA:

CENA 4  -  RANCHO CORAGEM  -  GALPÃO  -  EXT.  - NOITE.

O assalto ocorreu sem que João contasse com boa chance de reação, quando foi atacado. Durante segundos os dois homens rolaram pelo chão e não fôra a intervenção decidida da moça, arrancando pedaços da pele do rosto do assaltante com as unhas, a luta teria terminado com a vitória do bandido. Caído ao solo, o homem parecia á mercê de João Coragem. Houve um instante de descuido, um murro aplicado com violência e o garimpeiro foi ao solo, semidesacordado.


DIANA  -  Você só tem tamanho, grandalhão. Podia ter liquidado com a vida daquele safado...

JOÃO  -  O covarde me pegou de surpresa...  

DIANA  -  Ora, você tem que ser mais esperto! Mas de uma coisa eu tenho certeza: lanhei toda a cara do tipo! E sei muito bem quem é ele: Lourenço D'Avila! Tenho quase certeza! Amanhã vou tirar a prova!

A jovem, aborrecida, retornou ao abrigo do velho galpão de madeira.

CORTA PARA:

CENA 5  -  RIO DE JANEIRO  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

Ritinha entregou o telegrama ao pai.


RITINHA  -  Acabou de chegar. É de Coroado.

Com as mãos trêmulas, o médico abriu o envelope.

DR. MACIEL  -  (leu em voz alta)  "Por determinação judicial, Dr. Maciel intimado prestar depoimento delegacia Coroado". (trincou os dentes, danado da vida) Era só o que faltava!

RITINHA  -  Acho que o senhor vai ter que ir... ou pode até ser preso, não é, papai?

CENA 6 -  COROADO  -  CASA DO DR. MACIEL  -  INT.  -  DIA.

O médico entrou em casa, depositou a  pequena mala empoeirada no chão e dirigiu-se ao bar em busca de uma bebida. Domingas tossiu, propositadamente. Maciel voltou-se e só então percebeu a presença de Pedro Barros que o aguardava sentado no sofá da sala.


DR. MACIEL  -  Coronel, que surpresa... acabei de chegar...

PEDRO BARROS  -  Eu sei, doutô. Por isso vim aqui lhe esperá. Precisava lhe falá com urgencia.

DR. MACIEL  -  Pode falar, meu amigo. Sou todo ouvidos!

PEDRO BARROS  -  Juca Cipó foi preso.  Preso porque o senhor andou falando demais. Falou que ele subiu no telhado da sua casa pra atirá no prefeito Jorginho.

DR. MACIEL  -  Eles me pressionaram, coronel... eu não sabia o que fazer... Por isso viajei para o Rio de Janeiro. Ia passar um tempo longe daqui... mas eles descobriram onde eu estava e me fizeram voltar...

PEDRO BARROS  -  (autoritário)  Ou o senhor nega tudo ou é um homem liquidado! Só deixei eles prenderem o coitado do Juca porque levei como certa a sua negativa nessa história! O senhor, doutô, vai decidir agora o destino do Juca Cipó!

CENA 7  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.

E  agora, diante da mesa do delegado, Maciel sentia que as forças lhe faltavam.


DR. MACIEL  -  Não posso responder nada com a goela seca. Preciso de um gole.

Olhou nervosamente para o promotor Rodrigo Cesar.

RODRIGO CESAR  -  Não.  O senhor tem que estar em plena posse de suas faculdades. Tem  que estar lúcido, consciente para confirmar sua confissão.
   
DELEGADO FALCÃO  -  É verdade que o senhor afirmou que Juca Cipó subiu no telhado de sua casa para atirar no Prefeito Jorginho?

DR. MACIEL  -  Pois bem. Não é preciso fazer mais perguntas tolas. Eu estou consciente e sei bem o que responder.  (apontou com a bengala para Rodrigo com visível desprezo)  Este homem mentiu... mentiu!

Rodrigo estremeceu nos alicerces, enquanto Juca Cipó gargalhava demoníacamente.


JUCA CIPÓ  -  Meu patrão venceu...

DR. MACIEL  -  Mentiu deslavada e vergonhosamente! Usou meu nome para dar um golpe sujo!

RODRIGO  -  (aproximou-se bastante, com ódio na voz)  Eu avisei que o senhor pagaria caro se mentisse.

DELEGADO FALCÃO  -  (com alegria)  Neste caso fica o dito por não dito.  Juca está livre!

DR. MACIEL  -  E eu?

RODRIGO  -  Terá que voltar. Para explicar o mistério que envolve a morte de sua mulher, Dona Alzira Maciel.

DR. MACIEL  -  (trêmulo, de do em riste) Isso... isso é uma covardia!

RODRIGO  - (voltou-se para o delegado)  Sr. Falcão, a pedido do Ministério Público, o senhor vai abrir um inquérito em torno disso. Quero apurar as causas da morte de Dona Alzira. Mesmo ocorrido há 18 ou 20 anos, um crime é sempre um crime. Não importa o tempo que passou.

Deixou a delegacia sem sequer cumprimentar os dois interlocutores. Maciel abandonou-se á frustração. De seus olhos grossas lágrimas desciam. Debruçou-se sobre a mesa a soluçar. Falcão pôs o chapéu na cabeça, moveu o palito entre os dentes e cerrou a porta da delegacia, deixando o velho entregue ao seu desespero.

FIM DO CAPÍTULO 30 
João (Tarcisio Meira) e Lara (Gloria Menezes)

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

#  RITINHA TEM SEU APARTAMENTO INVADIDO POR PAULA E HERNANI. A AMANTE DO MARIDO AFIRMA QUE COMPROU SEU APARTAMENTO E EXIGE QUE DESOCUPE O IMÓVEL O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL! SOZINHA, SEM A PRESENÇA DO MARIDO, RITINHA SE DESESPERA, SEM SABER O QUE
FAZER!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 31  DE

2 comentários:

  1. Pobres irmãos Coragem, pensando que o diamante estaria protegido... Já começou a violência por causa da pedra! E Pedro Barros, sempre se dando bem!

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  2. É verdade, Maria do Sul. O drama está começando agora! Grandes emoções vem por aí, tchan tchan tchan ...rsrsrs

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