Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 30
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
SINHANA
SEBASTIÃO
JERÔNIMO
JOÃO
DIANA
RITINHA
DR. MACIEL
PEDRO BARROS
RODRIGO
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ
CENA 1 - RANCHO CORAGEM - INT. - NOITE.
SINHANA - (ao marido, á luz do lampião) Tem certeza de que guardô a escritura das terra do Matão?
SEBASTIÃO - Pois não tenho, mulhé? Você não se lembra? Ela devia ta aqui, no meio dessa papelada...
JERÔNIMO - Se a gente não achá essa escritura, a gente tá frito. Eles engole a gente com roupa e tudo...
Enquanto Sinhana procurava o documento, Jerônimo encaminhou-se para o quarto a chamado do irmão.
CORTA PARA:
CENA 2 - RANCHO CORAGEM - QUARTO - INT. - NOITE.
João cavava um buraco profundo, de uns 30 centímetros de diâmetro, utilizando-se de uma pequena colher de pedreiro. Trabalhava duro.
JERÔNIMO - Precisa de ajuda?
JOÃO - Não, tá quase terminado. Te chamei pra dá opinião. Vê se o local tá bão.
Jerônimo examinou o buraco e voltou os olhos pelos quatro cantos do cômodo.
JERÔNIMO - Acha que o certo é enterrá aí o diamante? Não seria melhor se você fosse logo pra capital, fazê negócio?
JOÃO - E eu vou. Só que não pode sê agora. Preciso resolvê umas coisa... Eu quero que ocê seja o chefe dos garimpeiros, antes da gente vendê a pedra.
JERÔNIMO - (concordou) Nisso ocê tem razão. Senão, vão dizê que os home me escolhero só porque a gente tá cheio do dinheiro.
Ajoelhou-se e ajudou o irmão a aprofundar a cavidade no solo barrento.
JOÃO - Acho que já tá bom, não tá?
JERÔNIMO - Parece...
Calmamente, retirou a bolsinha de couro da cintura, descosendo o bolso costurado por Sinhana e enterrou-a, colocando entre ela e a superfície do chão, uma enorme pedra de coloração ferruginosa.
JERÔNIMO - (balbuciou, com a cabeça inclinada para o chão) Ninguém vai desconfiá que ele taí...
Levantaram-se, apoiados um no outro, e abraçados dirigiram-se á cozinha.
JOÃO - Acho que mais uma semana só e a gente vai pra capital... pra fazê negócio. Depois é a riqueza!
CENA 3 - RANCHO CORAGEM - GALPÃO - INT. - NOITE.
João e Diana estavam deitados no capim seco do galpão.
DIANA - Estou com fome, grandalhão...
JOÃO - (levantando-se) Fique aí. Vou buscar alguma coisa pra gente comê.
CORTA PARA:
CENA 4 - RANCHO CORAGEM - GALPÃO - EXT. - NOITE.
O assalto ocorreu sem que João contasse com boa chance de reação, quando foi atacado. Durante segundos os dois homens rolaram pelo chão e não fôra a intervenção decidida da moça, arrancando pedaços da pele do rosto do assaltante com as unhas, a luta teria terminado com a vitória do bandido. Caído ao solo, o homem parecia á mercê de João Coragem. Houve um instante de descuido, um murro aplicado com violência e o garimpeiro foi ao solo, semidesacordado.
DIANA - Você só tem tamanho, grandalhão. Podia ter liquidado com a vida daquele safado...
JOÃO - O covarde me pegou de surpresa...
DIANA - Ora, você tem que ser mais esperto! Mas de uma coisa eu tenho certeza: lanhei toda a cara do tipo! E sei muito bem quem é ele: Lourenço D'Avila! Tenho quase certeza! Amanhã vou tirar a prova!
A jovem, aborrecida, retornou ao abrigo do velho galpão de madeira.
CORTA PARA:
CENA 5 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - DIA.
Ritinha entregou o telegrama ao pai.
RITINHA - Acabou de chegar. É de Coroado.
Com as mãos trêmulas, o médico abriu o envelope.
DR. MACIEL - (leu em voz alta) "Por determinação judicial, Dr. Maciel intimado prestar depoimento delegacia Coroado". (trincou os dentes, danado da vida) Era só o que faltava!
RITINHA - Acho que o senhor vai ter que ir... ou pode até ser preso, não é, papai?
CENA 6 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - INT. - DIA.
O médico entrou em casa, depositou a pequena mala empoeirada no chão e dirigiu-se ao bar em busca de uma bebida. Domingas tossiu, propositadamente. Maciel voltou-se e só então percebeu a presença de Pedro Barros que o aguardava sentado no sofá da sala.
DR. MACIEL - Coronel, que surpresa... acabei de chegar...
PEDRO BARROS - Eu sei, doutô. Por isso vim aqui lhe esperá. Precisava lhe falá com urgencia.
DR. MACIEL - Pode falar, meu amigo. Sou todo ouvidos!
PEDRO BARROS - Juca Cipó foi preso. Preso porque o senhor andou falando demais. Falou que ele subiu no telhado da sua casa pra atirá no prefeito Jorginho.
DR. MACIEL - Eles me pressionaram, coronel... eu não sabia o que fazer... Por isso viajei para o Rio de Janeiro. Ia passar um tempo longe daqui... mas eles descobriram onde eu estava e me fizeram voltar...
PEDRO BARROS - (autoritário) Ou o senhor nega tudo ou é um homem liquidado! Só deixei eles prenderem o coitado do Juca porque levei como certa a sua negativa nessa história! O senhor, doutô, vai decidir agora o destino do Juca Cipó!
CENA 7 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
E agora, diante da mesa do delegado, Maciel sentia que as forças lhe faltavam.
DR. MACIEL - Não posso responder nada com a goela seca. Preciso de um gole.
Olhou nervosamente para o promotor Rodrigo Cesar.
RODRIGO CESAR - Não. O senhor tem que estar em plena posse de suas faculdades. Tem que estar lúcido, consciente para confirmar sua confissão.
DELEGADO FALCÃO - É verdade que o senhor afirmou que Juca Cipó subiu no telhado de sua casa para atirar no Prefeito Jorginho?
DR. MACIEL - Pois bem. Não é preciso fazer mais perguntas tolas. Eu estou consciente e sei bem o que responder. (apontou com a bengala para Rodrigo com visível desprezo) Este homem mentiu... mentiu!
Rodrigo estremeceu nos alicerces, enquanto Juca Cipó gargalhava demoníacamente.
JUCA CIPÓ - Meu patrão venceu...
DR. MACIEL - Mentiu deslavada e vergonhosamente! Usou meu nome para dar um golpe sujo!
RODRIGO - (aproximou-se bastante, com ódio na voz) Eu avisei que o senhor pagaria caro se mentisse.
DELEGADO FALCÃO - (com alegria) Neste caso fica o dito por não dito. Juca está livre!
DR. MACIEL - E eu?
RODRIGO - Terá que voltar. Para explicar o mistério que envolve a morte de sua mulher, Dona Alzira Maciel.
DR. MACIEL - (trêmulo, de do em riste) Isso... isso é uma covardia!
RODRIGO - (voltou-se para o delegado) Sr. Falcão, a pedido do Ministério Público, o senhor vai abrir um inquérito em torno disso. Quero apurar as causas da morte de Dona Alzira. Mesmo ocorrido há 18 ou 20 anos, um crime é sempre um crime. Não importa o tempo que passou.
Deixou a delegacia sem sequer cumprimentar os dois interlocutores. Maciel abandonou-se á frustração. De seus olhos grossas lágrimas desciam. Debruçou-se sobre a mesa a soluçar. Falcão pôs o chapéu na cabeça, moveu o palito entre os dentes e cerrou a porta da delegacia, deixando o velho entregue ao seu desespero.
SINHANA - (ao marido, á luz do lampião) Tem certeza de que guardô a escritura das terra do Matão?
SEBASTIÃO - Pois não tenho, mulhé? Você não se lembra? Ela devia ta aqui, no meio dessa papelada...
JERÔNIMO - Se a gente não achá essa escritura, a gente tá frito. Eles engole a gente com roupa e tudo...
Enquanto Sinhana procurava o documento, Jerônimo encaminhou-se para o quarto a chamado do irmão.
CORTA PARA:
CENA 2 - RANCHO CORAGEM - QUARTO - INT. - NOITE.
João cavava um buraco profundo, de uns 30 centímetros de diâmetro, utilizando-se de uma pequena colher de pedreiro. Trabalhava duro.
JERÔNIMO - Precisa de ajuda?
JOÃO - Não, tá quase terminado. Te chamei pra dá opinião. Vê se o local tá bão.
Jerônimo examinou o buraco e voltou os olhos pelos quatro cantos do cômodo.
JERÔNIMO - Acha que o certo é enterrá aí o diamante? Não seria melhor se você fosse logo pra capital, fazê negócio?
JOÃO - E eu vou. Só que não pode sê agora. Preciso resolvê umas coisa... Eu quero que ocê seja o chefe dos garimpeiros, antes da gente vendê a pedra.
JERÔNIMO - (concordou) Nisso ocê tem razão. Senão, vão dizê que os home me escolhero só porque a gente tá cheio do dinheiro.
Ajoelhou-se e ajudou o irmão a aprofundar a cavidade no solo barrento.
JOÃO - Acho que já tá bom, não tá?
JERÔNIMO - Parece...
Calmamente, retirou a bolsinha de couro da cintura, descosendo o bolso costurado por Sinhana e enterrou-a, colocando entre ela e a superfície do chão, uma enorme pedra de coloração ferruginosa.
JERÔNIMO - (balbuciou, com a cabeça inclinada para o chão) Ninguém vai desconfiá que ele taí...
Levantaram-se, apoiados um no outro, e abraçados dirigiram-se á cozinha.
JOÃO - Acho que mais uma semana só e a gente vai pra capital... pra fazê negócio. Depois é a riqueza!
CENA 3 - RANCHO CORAGEM - GALPÃO - INT. - NOITE.
João e Diana estavam deitados no capim seco do galpão.
DIANA - Estou com fome, grandalhão...
JOÃO - (levantando-se) Fique aí. Vou buscar alguma coisa pra gente comê.
CORTA PARA:
CENA 4 - RANCHO CORAGEM - GALPÃO - EXT. - NOITE.
O assalto ocorreu sem que João contasse com boa chance de reação, quando foi atacado. Durante segundos os dois homens rolaram pelo chão e não fôra a intervenção decidida da moça, arrancando pedaços da pele do rosto do assaltante com as unhas, a luta teria terminado com a vitória do bandido. Caído ao solo, o homem parecia á mercê de João Coragem. Houve um instante de descuido, um murro aplicado com violência e o garimpeiro foi ao solo, semidesacordado.
DIANA - Você só tem tamanho, grandalhão. Podia ter liquidado com a vida daquele safado...
JOÃO - O covarde me pegou de surpresa...
DIANA - Ora, você tem que ser mais esperto! Mas de uma coisa eu tenho certeza: lanhei toda a cara do tipo! E sei muito bem quem é ele: Lourenço D'Avila! Tenho quase certeza! Amanhã vou tirar a prova!
A jovem, aborrecida, retornou ao abrigo do velho galpão de madeira.
CORTA PARA:
CENA 5 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - DIA.
Ritinha entregou o telegrama ao pai.
RITINHA - Acabou de chegar. É de Coroado.
Com as mãos trêmulas, o médico abriu o envelope.
DR. MACIEL - (leu em voz alta) "Por determinação judicial, Dr. Maciel intimado prestar depoimento delegacia Coroado". (trincou os dentes, danado da vida) Era só o que faltava!
RITINHA - Acho que o senhor vai ter que ir... ou pode até ser preso, não é, papai?
CENA 6 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - INT. - DIA.
O médico entrou em casa, depositou a pequena mala empoeirada no chão e dirigiu-se ao bar em busca de uma bebida. Domingas tossiu, propositadamente. Maciel voltou-se e só então percebeu a presença de Pedro Barros que o aguardava sentado no sofá da sala.
DR. MACIEL - Coronel, que surpresa... acabei de chegar...
PEDRO BARROS - Eu sei, doutô. Por isso vim aqui lhe esperá. Precisava lhe falá com urgencia.
DR. MACIEL - Pode falar, meu amigo. Sou todo ouvidos!
PEDRO BARROS - Juca Cipó foi preso. Preso porque o senhor andou falando demais. Falou que ele subiu no telhado da sua casa pra atirá no prefeito Jorginho.
DR. MACIEL - Eles me pressionaram, coronel... eu não sabia o que fazer... Por isso viajei para o Rio de Janeiro. Ia passar um tempo longe daqui... mas eles descobriram onde eu estava e me fizeram voltar...
PEDRO BARROS - (autoritário) Ou o senhor nega tudo ou é um homem liquidado! Só deixei eles prenderem o coitado do Juca porque levei como certa a sua negativa nessa história! O senhor, doutô, vai decidir agora o destino do Juca Cipó!
CENA 7 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
E agora, diante da mesa do delegado, Maciel sentia que as forças lhe faltavam.
DR. MACIEL - Não posso responder nada com a goela seca. Preciso de um gole.
Olhou nervosamente para o promotor Rodrigo Cesar.
RODRIGO CESAR - Não. O senhor tem que estar em plena posse de suas faculdades. Tem que estar lúcido, consciente para confirmar sua confissão.
DELEGADO FALCÃO - É verdade que o senhor afirmou que Juca Cipó subiu no telhado de sua casa para atirar no Prefeito Jorginho?
DR. MACIEL - Pois bem. Não é preciso fazer mais perguntas tolas. Eu estou consciente e sei bem o que responder. (apontou com a bengala para Rodrigo com visível desprezo) Este homem mentiu... mentiu!
Rodrigo estremeceu nos alicerces, enquanto Juca Cipó gargalhava demoníacamente.
JUCA CIPÓ - Meu patrão venceu...
DR. MACIEL - Mentiu deslavada e vergonhosamente! Usou meu nome para dar um golpe sujo!
RODRIGO - (aproximou-se bastante, com ódio na voz) Eu avisei que o senhor pagaria caro se mentisse.
DELEGADO FALCÃO - (com alegria) Neste caso fica o dito por não dito. Juca está livre!
DR. MACIEL - E eu?
RODRIGO - Terá que voltar. Para explicar o mistério que envolve a morte de sua mulher, Dona Alzira Maciel.
DR. MACIEL - (trêmulo, de do em riste) Isso... isso é uma covardia!
RODRIGO - (voltou-se para o delegado) Sr. Falcão, a pedido do Ministério Público, o senhor vai abrir um inquérito em torno disso. Quero apurar as causas da morte de Dona Alzira. Mesmo ocorrido há 18 ou 20 anos, um crime é sempre um crime. Não importa o tempo que passou.
Deixou a delegacia sem sequer cumprimentar os dois interlocutores. Maciel abandonou-se á frustração. De seus olhos grossas lágrimas desciam. Debruçou-se sobre a mesa a soluçar. Falcão pôs o chapéu na cabeça, moveu o palito entre os dentes e cerrou a porta da delegacia, deixando o velho entregue ao seu desespero.
FIM DO CAPÍTULO 30
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# RITINHA TEM SEU APARTAMENTO INVADIDO POR PAULA E HERNANI. A AMANTE DO MARIDO AFIRMA QUE COMPROU SEU APARTAMENTO E EXIGE QUE DESOCUPE O IMÓVEL O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL! SOZINHA, SEM A PRESENÇA DO MARIDO, RITINHA SE DESESPERA, SEM SABER O QUE FAZER!
# RITINHA TEM SEU APARTAMENTO INVADIDO POR PAULA E HERNANI. A AMANTE DO MARIDO AFIRMA QUE COMPROU SEU APARTAMENTO E EXIGE QUE DESOCUPE O IMÓVEL O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL! SOZINHA, SEM A PRESENÇA DO MARIDO, RITINHA SE DESESPERA, SEM SABER O QUE FAZER!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 31 DE
Pobres irmãos Coragem, pensando que o diamante estaria protegido... Já começou a violência por causa da pedra! E Pedro Barros, sempre se dando bem!
ResponderExcluirÉ verdade, Maria do Sul. O drama está começando agora! Grandes emoções vem por aí, tchan tchan tchan ...rsrsrs
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