Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 41
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
SINHANA
JOÃO
JERÔNIMO
POTIRA
DR. MACIEL
DOMINGAS
MARIA DE LARA
RITINHA
DUDA
SINHANA
JOÃO
JERÔNIMO
POTIRA
DR. MACIEL
DOMINGAS
MARIA DE LARA
RITINHA
DUDA
CENA 1 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Enlameados e com a pele curtida pelo sol, João e Jerônimo entraram céleres pela porta a dentro. A voz firme de Sinhana obrigou-os a parar.
SINHANA - Recebero o recado no garimpo? Pedro Barros mandou cê ir na casa do Doutô Maciel, pra se encontrá com sua mulhé...
No rosto do garimpeiro transpareceu a surpresa que lhe provocara a notícia.
JOÃO - Isso é verdade, mãe?
SINHANA - Verdade. Os home sairo daqui agorica mesmo.
Os olhos dos irmãos fixaram-se no rosto de Sinhana á espera de mais novidades. Entreolharam-se, logo após, espantados.
JERÔNIMO - Que será que tá acontecendo? Essa mudança de repente...
Algo de perigoso devia haver por trás do gesto amigo do coronel.
JOÃO - Uai... um hôme pode se arrependê dos seus erro. Pode ser que ele aprendeu ou tá começando a aprendê a lição que a gente tá dando nele.
JERÔNIMO - Hoje á tarde foi me propor um negócio sujo... de noite muda de idéia e deixa você ver sua mulher... sei não. Me parece esquisito! Cê toma cuidado, mano!
SINHANA - Eu quero ir com cê. Há mais de uma semana tenho tentado falar com Ritinha e o pai dela não me deixa nem me aproximar da casa dele.
Com expressão alegre, João Coragem dirigiu-se ao quarto. Com as mãos nas cadeiras, Sinhana balançava a cabeça, diante da transformação do filho.
JOÃO - Se apressa, mãe. Vamo! Cadê aquela camisa de sêda que eu comprei? E o perfume? Vou ter que ir bem arrumado... ver minha mulhé.
Jerônimo sorriu, discretamente, envolvido pelo contagiante entusiasmo do irmão.
JOÃO - (off) Minha mulhé! Não tem inveja, Jerônimo? Cê não tem mulhé. Precisa arranjá uma, home!
CORTA PARA:
CENA 2 - CASA DO RANCHO CORAGEM - EXT. - DIA.
Enquanto lavava o rosto e o peito de fortes músculos, Jerônimo se dava conta de que alguém o observava. Era Potira.
POTIRA - O seu encelência já chegou? Por acaso já viu a Ritinha?
JERÔNIMO - (com rudeza) Num enche, Potira.
POTIRA - Tá muito importante, num tá? É o chefão dos garimpeiro... só faltava mesmo, ela. Cê num vai vê ela, também? Vai, vai contá a ela a tua prosa e dizê que é importante.
JERÔNIMO - (enfurecido) Olha, se continua com isso, eu te encho a cara!
POTIRA - Encelência de araque!
A índia correu, célere, para o interior da casa. Jerônimo, como uma fera raivosa, partira ao seu encontro.
JERÔNIMO - Índia dos diabos...
De longe continuava insultando o garimpeiro.
POTIRA - Num se envergonha? Cê num tem mulhé! Arranja uma, home! Arranja uma!
Por pouco o sabonete atirado com força pelo rapaz, não atingiu o peito da moça. Espatifou-se de encontro á pilastra atrás da qual ela se escondera, no último instante. Zombeteira, continuava a provocar o homem a quem amava.
POTIRA - Olha aí, seu bobo, num sou garimpeiro. Em mim cê num manda, encelência!
A gargalhada de Jerônimo pôs fim ao conflito amoroso. Era puro ciúme e criancice e, qualquer atitude séria, só poderia intensificar a ira ingênua da moça.
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - NOITE.
Dr. Maciel andava de uma para o outro lado da sala, mãos ás costas, falando nervosamente.
DR. MACIEL - Que idéia bêsta foi essa de Pedro Barros combinar encontro da filha e João na minha casa!
Domingas explicou que o recado lhe fôra dado por Juca Cipó, a mando do coronel.
DR. MACIEL - Negar eu não posso. Tenho de aceitar o pedido dele... ou melhor, é uma ordem, não um pedido. Mas não vou ficar aqui pra ver a cara daquele safado. E ele é bem capaz de vir com aquela feiticeira da mãe dele...
Minutos depois Maria de Lara surgia. Modestamente vestida, como era de seu hábito. Parecia feliz.
DR. MACIEL - Entre, Dona Lara, entre. Esta casa é sua. Eu vou sair, mas minha filha e Domingas estão aí para atendê-la. Fique á vontade. Tenho que sair para atender um paciente...
Lara cumprimentou, cortêsmente, Domingas e Rita.
MARIA DE LARA - (surpresa) Não chegou ninguém... ainda?
DOMINGAS - (tranquilizou-a) Não, mas pode ficar sossegada. Ele não vai deixar de vir.
Ritinha dirigiu-se á recém-chegada em atitude amistosa:
RITINHA - É Lara? Que prazer! Queria muito conhecer você!
CORTA PARA :
CENA 4 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - NOITE.
João Coragem entrou, apreensivo, olhando cuidadosamente o ambiente. Viu Lara e Ritinha. Domingas lhe abriu a porta, sorridente. Dirigiu-se para as moças.
JOÃO - ...noite procêis!
Lara apertou-lhe as mãos, trêmula.
MARIA DE LARA - Como vai, João?
JOÃO - Tou bem. Satisfeito com este encontro. Que foi que deu no seu pai?
MARIA DE LARA - Acho que ele se apiedou de mim. Tenho sofrido muito.
João não acreditava no que ouvia.
JOÃO - (atônito) Por minha causa?
MARIA DE LARA - Por tudo. Eu me sinto bem com você. Você me transmite uma confiança que não tenho em ninguém. Uma segurança de que eu preciso como do ar que respiro.
O jovem apertou carinhosamente a mão que a moça lhe entregava. Beijou-a, com amor, e sentou-se a seu lado. Tudo lhe parecia irreal – as palavras de Lara, os gestos amorosos, a confidência sincera que esta lhe fizera.
JOÃO - É esquisito a gente tá conversano como dois namorado, com arreceio.
Ela sorriu ante as palavras ingênuas e erradas do marido. Rude, inculto, mas bom e honesto.
MARIA DE LARA - Foi ele mesmo quem mandou saber a data certa para o cumprimento do trato. Quer que você lhe diga quando vai poder me levar pra casa...
JOÃO - (incrédulo) Ele mesmo?
MARIA DE LARA - É. Para isso planejou este encontro.
O rapaz pensou, espalmando a mão sobre a fronte.
JOÃO - Bem... no dia trinta meu irmão vai tomá posse no cargo. No dia seguinte, logo cedo, eu penso em viajá pra cidade de Franca. É onde eu vou vendê meu diamante. Já entrei em contato com o comprador. Já tá todo mundo me esperano e vão me pagá um preço justo. (virando-se para a esposa) Quer ir comigo, Lara?
MARIA DE LARA - Eu te espero, João...
JOÃO - ... e quando eu voltá, cheio da nota... aí tudo vai depender do seu pai.
MARIA DE LARA - Depois disso eu quero ir logo viver com você. Não importa para onde você me leve, João. Não me deixe esperar muito. Eu lhe peço...
CORTA PARA:
CENA 5 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - EXT. - DIA.
Os freios rangeram na estrada poeirenta, dianta da casa do Dr. Maciel. Duda estacionou o carro e se lançou, apressado, para o interior da residencia. Durante a viagem refletira longamente, e a conclusão era uma só: tinha de levar Ritinha de volta e reorganizar sua vida, fugir aos excessos de outros tempos, arrancar Paula de sua existência e dedicar as horas disponíveis ao carinho e amor que sua esposa tão lealmente procurava dar-lhe. Amava Ritinha, esta era a verdade. E nem mesmo as homenagens que o Flamengo lhe prestaria e todo o dinheiro acenado com a propaganda comercial foram obstáculos á decisão de voltar a Coroado. Agora, frente a frente com a mulher, usaria de franqueza. Não poderia viver distante dela por mais tempo.
CORTA PARA:
CENA 6 - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - DIA.
Domingas estava só.
DOMINGAS - Ela deve estar no cemitério, Duda. Vai todos os dias visitar a campa da mãe e colocar flores sobre o túmulo.
Duda saiu, apressado.
CORTA PARA:
CENA 7 - COROADO - CEMITÉRIO - EXT. - DIA.
E realmente Ritinha lá se encontrava ao lado de Jerônimo. A possante buzina do automóvel chamou a atenção dos dois e a voz de Eduardo, brincalhona, deixou a moça paralisada.
DUDA - Tá querendo paquerar minha mulher, mano?
A camisa vermelha, com finas listras pretas, destacava-se no fundo claro do carro-esporte. Jerônimo sorriu, acenando para o irmão.
JERÔNIMO - Falando do diabo e... o diabo aparece.
A porta se abriu e Duda correu em direção á esposa. Não havia palavras, apenas o longo beijo poderia expressar o imenso amor que envolvia ambos. Jerônimo assistia a tudo, imperturbável.
JERÔNIMO - É. Eu acho que preciso arranjá uma mulhé!
CORTA PARA:
CENA 8 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
JOÃO - Mas é verdade, mano? O Duda está na terra?
A notícia dada por Jerônimo deixou a família estupefata. Ninguém acreditava que o jovem estivesse de volta a Coroado. Sinhana, com um toque de despeito, voltou-se para o filho.
SINHANA - E por que o sem-vergonha não veio vê a gente?
JERÔNIMO - Primeiro a mulhé, mãe.
SINHANA - (sorriu, sem graça) É... filho depois que arranja mulhé... se esquece até da mãe. Fica que nem filho de chocadeira.
Sentindo a tristeza da mãe, Jerônimo deu um passo e abraçou-a amorosamente.
JERÔNIMO - Tão veno só que velha ciumenta!
Os risos acabaram por contagiar Sinhana e o vozeirão do filho pôs fim á sua contrariedade repentina.
JOÃO - Vamo, vamo buscá o Duda senão a mãe tem um troço!
FIM DO CAPÍTULO 41
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
JOÃO VAI Á CASA DO DR. MACIEL VER O IRMÃO E É EXPULSO PELO MÉDICO BÊBADO, PROVOCANDO A REVOLTA DE DUDA E RITINHA!
ESTELA ADVERTE LARA DE QUE O PAI ESTÁ PREPARANDO UM GOLPE CONTRA JOÃO.
DIANA DESAFIA PEDRO BARROS, E LHE DIZ TODAS AS VERDADES QUE LARA NÃO TERIA CORAGEM FALAR!
JOÃO VAI Á CASA DO DR. MACIEL VER O IRMÃO E É EXPULSO PELO MÉDICO BÊBADO, PROVOCANDO A REVOLTA DE DUDA E RITINHA!
ESTELA ADVERTE LARA DE QUE O PAI ESTÁ PREPARANDO UM GOLPE CONTRA JOÃO.
DIANA DESAFIA PEDRO BARROS, E LHE DIZ TODAS AS VERDADES QUE LARA NÃO TERIA CORAGEM FALAR!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 42 DE
Muito legal esse encontro de Maria de Lara e João! E o encontro de Ritinha e Duda também, apesar de ser no cemitério, rsrsrs. E Lara vai virar Diana novamente!
ResponderExcluirEssa cena do próximo capítulo em que Diana desafia Pedro Barros é muito forte, e muito legal tb, pq ela esculacha o velho e diz a ele todas as verdades que ninguém tem coragem!
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