quarta-feira, 20 de julho de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 37



Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 37

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

PAULA
RITINHA
ISAURA
CRIADA DE PAULA
PADRE BENTO
JOÃO
SINHANA
DR. MACIEL
DELEGADO FALCÃO
DOMINGAS
PEDRO BARROS
 
CENA 1  -  RIO DE JANEIRO  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  INT.  -  DIA.

Duda tinha retornado á equipe e, sob protesto do técnico Fausto Paiva, jogara e fôra o melhor homem em campo na partida contra o Internacional. Mesmo assim, estava ameaçado de sofrer a multa de 60% no ordenado. No Rio, Ritinha lia um romance, com os sentidos tranqüilizados. Duda a queria, o resto não importava. Ouviu a voz da criada atendendo á porta.


CRIADA  -  Que deseja?

PAULA  -  Rita de Cássia está aí?

Reconhecera a voz de Paula. A outra entrou e encaminhou-se para o quarto de Rita de Cássia.

CORTA PARA:

CENA 2  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  QUARTO  -  INT.  -  DIA.


RITINHA  -  (irritada, deixando o livro sobre a mesinha de cabeceira)  Não mandei a senhora entrar .

PAULA  -  Acho que não preciso de ordem para entrar no meu apartamento. Olhe, minha cara, infelizmente, tenho péssimas notícias. Fui obrigada a desocupar meu apartamento e não tenho para onde ir.

RITINHA  -  Não tenho nada com isso...

PAULA  -  Tem sim, porque vou me mudar para cá imediatamente. Me transfiro com toda a minha bagagem.
  
RITINHA  -  (já vermelha de raiva)  Isto, se eu deixar...

PAULA  -  O apartamento é grande. Tem três quartos. Eu ocupo um e deixo o resto pra você.

RITINHA  -  (já de pé)  Não posso ficar vivendo aqui com você .

PAULA  -  Pois então... mude-se.

Paula foi até a porta e fez um sinal para fora.


PAULA  -  Ei! Está dormindo? Venha!

CORTA PARA:

CENA 3  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  SALA.  -  INT.  -  DIA.

A empregada da ex-amante de Duda entrou na sala, carregada de malas e embrulhos. Ritinha se perturbou.


RITINHA  -  Não vou permitir isso, Paula.

A outra nem tomou conhecimento da observação da jovem esposa do jogador.


PAULA  -  Venha, traga tudo para cá... (encaminhou-se para o interior do apartamento)  Eu ocupo o quarto dos fundos. Viu como sou boazinha e compreensiva? Se fosse outra, exigia o quarto da frente.  (empurrou enérgica a empregada)  Leve tudo pra lá. É o terceiro do corredor. Depois vá buscar o resto...

Ritinha se lembrou do que Duda lhe dissera, e o telefone ali estava, solitário, á sua disposição.

RITINHA  -  Sabe o telefone do Distrito, Isaura?

A lista telefônica foi percorrida com rapidez. Ali estava o número: 23754... Ritinha discou, nervosa, o dedo mal enchendo o círculo dos algarismos. Paula percebeu tudo.

PAULA  -  Não adianta chamar a polícia, minha cara. Chegam aqui e vão me dar razão. Afinal, eu te dei tempo para desocupar o apartamento.

RITINHA  -  Não é o tempo dentro da lei.

PAULA  -  Mas, se não tenho pra onde ir, sou obrigada a morar aqui.

O telefone tilintou na outra extremidade do fio.

RITINHA  -  Alô! Da polícia? Quero falar com o delegado. Comissário mesmo, serve. Escuta aqui, quem ta falando é uma senhora que está passando por uma dificuldade. Meu nome é Rita de Cássia Coragem... Qual o problema? Invasão de domicílio! É sim, senhor! Peço uma providencia imediata! Tome nota do endereço...

A empregada de Paula parou, amedrontada.

CRIADA DE PAULA  -  Que é que a gente faz? Negócio com polícia não é comigo, não. Dá enguiço.
   
PAULA  -  (sem medo)  Vá por mim. Leve tudo para dentro. Quero ver se existe polícia que possa me tirar daqui. Anda, manda brasa!

CORTA PARA:

CENA  4  -  RANCHO CORAGEM  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

Era cedo quando Padre Bento bateu á porta do rancho dos Coragem. Batina pardacenta, cheia de pó, procurava João.


SINHANA  -  (para dentro da casa)  João! Padre Bento ta aqui, querendo te falá!
   
JOÃO  -  (apareceu correndo)  Oh, padre... já lhe esperava... bom dia!

PADRE BENTO  -  Bom dia, meu filho! Deus te abençoe... Parece que Pedro Barros resolveu agir com bom senso.

JOÃO  -  Ele se conformou? Tá tudo certo pra hoje?

PADRE BENTO  -  Está, está...

JOÃO  -  Também não tinha outro remédio.

O vigário revelou a conversa que tivera com o dono da fazenda grande, e as exigências por ele enumeradas para que desse permissão a Lara para  casar. O padre ia falando e, á medida que esclarecia as determinações do homem, João acenava com a cabeça. Aceitava as imposições do coronel, com exceção da que o brigava a negociar a pedra preciosa.

JOÃO  -  Eu espero.  Sou paciente. Levei tantos ano pra encontrá uma pedra. Espero mais um mês pra vivê com minha mulhé.

PADRE BENTO  -  (meio sem jeito)  Tem outro coisa, João. Tudo será feito muito discretamente,  na casa dele.

SINHANA  -  Na casa dele! Isso é golpe, pra gente não poder ir. Pode ser até um golpe pra você, meu filho.

JOÃO  -  Calma, mãe! Eu não tenho medo de nada!  (e dirigindo-se ao padre)  A que horas tá marcado?

PADRE BENTO  -  Temos tempo ainda, filho. Será ás 7 horas da noite. Mandei que preparassem um altar lá mesmo, na sala...

CORTA PARA:

CENA 5  -  COROADO  -  CASA DO DR. MACIEL  -  SALA   -  INT.  -  DIA.

 
Muito a contragosto,  aborrecido por ter de cumprir ordem que o punha em posição antagônica ao coronel, o delegado Falcão ouvia o depoimento do Dr. Maciel. Domingas servia café forte e o médico denotava na expressão cansada o constrangimento de que estava possuído.


DR. MACIEL  -  Como lhe disse, minha esposa faleceu em consequência de uma moléstia traiçoeira... e posso provar isso.

Retirou de dentro de um envelope um maço de papéis amarelados pela ação do tempo.

DR. MACIEL  -  Tenho aqui os resultados de exames realizados em hospitais do Rio e de Belo Horizonte... e que confirmam minhas palavras. Eu lhe peço pra ver.

Falcão parecia distante, completamente desligado do trabalho policial que executava.

DOMINGAS  -  Sou Falcão... seu doutô tá lhe falando...

O delegado voltou a si do devaneio.


DELEGADO FALCÃO  -  Hein!?

DR. MACIEL  -  Os exames da minha senhora...

DELEGADO FALCÃO  -  Desculpe. Vamos deixar isto pra outro dia. É hoje o casamento de dona Lara, não é? Pois eu não posso afastar essa desgraça da minha cabeça. Minha vontade é acabar com a raça dos Coragem.
 
DR. MACIEL  -  Eu também. É por causa deles que estou, neste momento, relembrando o falecimento de minha saudosa esposa. Não perdôo essa gente. Nem que viva mil anos, não vou perdoar. Só sinto que meu neto vá ser também um Coragem.

Não podia passar pela cabeça do delegado o porquê do afrouxamento do coronel ao consentir, tão de repente, no casamento de sua filha única com o seu mais terrível inimigo.

DELEGADO FALCÃO  -  Agora, o senhor me explica. Como pode? Como é que Pedro Barros vai consentir numa coisa destas?
   
DOMINGAS  -  Dizem que foi obrigado. E que a moça...

DELEGADO FALCÃO  -  (cortou)  Essa,  não! É forte demais, dona Domingas!

A porta se abriu e a figura de Pedro Barros surgiu, carrancuda, batendo com o chicote de couro amarelado na parte lateral da grossa calça de casimira.

PEDRO BARROS  -  Estão confabulando... contra mim? (pôs a mão no ombro de Falcão)  Muito enfezado, meu caro?

DELEGADO FALCÃO  -  Decepcionado, coronel. Arrasado com a traição que estão fazendo comigo.

PEDRO BARROS  -  Não desanima, homem. Tenho meus planos! As coisas não são tão ruim como parecem.

DELEGADO FALCÃO  -  Mas... o senhor consentiu no casamento de sua filha com João... e me fala em ânimo, coronel!

PEDRO BARROS  -  Só lhe digo que fui forçado, mas que estou disposto a não deixar minha filha se unir a ele. Impus uma condição que eu não sei... ele não vai poder cumprir.

DELEGADO FALCÃO  -  Qual?

PEDRO BARROS  -  É um assunto muito particular e não costumo discutir minha vida nem com meu maior amigo. Mas você, Falcão, é o meu maior amigo, e só posso te dizer: o casamento que vai se realizar hoje, num altar improvisado, na minha casa, não vai ter o menor valor...

Barros abaixou a cabeça, cofiando a barba longa e cada vez mais grisalha.

PEDRO BARROS  -  (resmungou, como se falasse consigo)  Hoje... vou me embebedar. No casamento de minha filha com meu inimigo... não quero estar no meu estado normal. Me acompanhe, doutor. Sei que o senhor nisto é boa companhia. (virando-se para a ama)  Mingas, veja aí uma boa cachaça pra mim.

FIM DO CAPÍTULO 37
João (Tarcisio) e Jerônimo (Claudio Cavalcanti)

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...


*** DESESPERADA COM A INVASÃO DE SEU APARTAMENTO, RITINHA ENTREGA OS PONTOS E DECIDE IR EMBORA!

*** O CLIMA ESTÁ TENSO NA FAZENDA DE PEDRO BARROS, NOS MOMENTOS EM QUE ANTECEDEM O CASAMENTO DE JOÃO E LARA, COM A PRESENÇA DOS GARIMPEIROS EM PESO, LADO A LADO COM A JAGUNÇADA DO CORONEL.


NÃO PERCA O CAPÍTULO 38 DE

2 comentários:

  1. Toni, quase cheguei a ficar com pena de Pedro Barros, ter que consentir que no casamento da filha com seu inimigo! Um castigo, rsrsrs. Bem legal. Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Então aguarde só até amanhã, Maria, que vai voltar a sentir raiva da "raposa matreira" de novo! rsrsrs

    ResponderExcluir