sábado, 31 de março de 2012

HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DA CLEUSA - COLABORAÇÃO: FERNANDA SOUZA



PARA MEDITAR

“Nunca puxe o tapete dos outros, afinal você também pode estar em cima dele.” (Provérbio popular)

SESSÃO FOTONOVELA - AMOR LELÉ DA CUCA

A fotonovela que reproduzimos abaixo foi publicada na revista Sétimo Céu, em número que desconhecemos, no ano de 1972.
Nossos agradecimentos à amiga Maria do Sul pela remessa do material.
Boa leitura!

















sexta-feira, 30 de março de 2012

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - CAPÍTULO 26 - AUTOR: TONI FIGUEIRA

Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes


http://youtu.be/zIuryHGvAVc

CAPÍTULO 26

Participam deste capítulo:

MARIA LÚCIA (Aizita Nascimento)
JOANINHA (Susana Moraes)
RENATÃO (Jardel Filho)
SAMUCA (Paulo José)
VÍTOR (Francisco Cuoco)
HELÔ (Dina Sfat)
EMILIANO (Paulo Padilha)
MARIETA (Wanda Lacerda)
NELSON MOTA (Nelson Mota)
D. DIDI (Gracinda Freire)
VERINHA (Djenane Machado)
DELEGADO FONTOURA (Urbano Lóes)
ADELAIDE (Agnes Fontoura)

CENA 1  -  APARTAMENTO DE EMILIANO  -  SALA  -  INT.  -  DIA.
O TELEFONE TOCOU E MARIETA, QUE ACABARA DE CHEGAR DO SALÃO DE BELEZA, CORREU A ATENDER. PÔS A MÃO NO BOCAL E OLHOU PARA VÍTOR E EMILIANO, COM AR DE SURPRÊSA.

MARIETA  -  Vítor... é para você. É o doutor Oliveira Ramos!

VÍTOR ADIANTOU-SE E ATENDEU, SOB O OLHAR DE CURIOSIDADE DO CASAL.

VÍTOR  -  Pois não, doutor Oliveira. Sei... sei... acho que... certo... Está bem, eu aceito o convite. Entendi. Pode contar comigo. Eu vou. Muito obrigado. Combinado. Até logo.

PÔS O FONE NO GANCHO.

MARIETA  -  (sem se conter) O que esse homem queria com você?

EMILIANO  -  (repreendeu a esposa) Marieta! Isso são modos?

VÍTOR  -  O doutor Oliveira Ramos me convidou para passar o fim de semana em seu sítio em Teresópolis.

MARIETA  -  Mas que absurdo! Vocês mal se conhecem! Nem tem intimidade pra um convite desses! E você... aceitou?

VÍTOR  -  (sem se abalar)  Sim, aceitei, dona Marieta. Achei muito gentil da parte dele... Com licença. Vou ver as coisas que terei que levar.

VÍTOR DIRIGIU-SE PARA O QUARTO. MARIETA CRUZOU OS BRAÇOS, EMBURRADA.

MARIETA  -  Vítor é muito ingênuo! Não percebe a armadilha para a qual está sendo atraído! Tá na cara que a intenção do banqueiro é arranjar marido para Helô, a filhinha encalhada!

EMILIANO  -  Pois eu não concordo. Acho que é o contrário: ingênuos são eles, se julgam que vão agarrá-lo assim, tão facilmente.

MARIETA  -  Vítor deveria ter mais respeito pela memória da nossa Nívea! Faz tão pouco tempo que ela nos deixou...

EMILIANO  -  Nós não temos o direito de exigir que ele seja fiel à memória de nossa filha. Pois se nem eram marido e mulher!

CORTA PARA:

CENA 2  -  PEDRA DO ARPOADOR  -  EXT.  -  ENTARDECER.

SENTADOS NO ALTO DA ENORME ROCHA, SAMUCA E JOANINHA BEIJAVAM-SE, EMOLDURADOS PELA BELEZA DO MAR ONDE DEZENAS DE SURFISTAS FAZIAM MANOBRAS, EQUILIBRANDO-SE SOBRE AS ONDAS.

JOANINHA  -  Amor, tou tão feliz que você tá aqui comigo... Tive tanto medo de te perder...

SAMUCA  -  Eu tive que voltar pra você, amor.  Pra casar com você!

SAMUCA  -  Ai, Samuca, você não sabe o que eu sofri vendo você dentro daquele caixão! Quase morri com você!

SAMUCA  -  Joana, não fale mais nisso, tá! Não quero mais lembrar do sufoco que eu passei naquele dia...  (fez uma pausa) Me fala: você continua guardando dinheiro pro enxoval?

JOANINHA  -  (sorriu, feliz)  Religiosamente. Não mexo nesse dinheiro por nada! Faz três anos que tou economizando!

SAMUCA  -  Amor, eu posso triplicar esse dinheiro na maior moleza! Você confia em mim?

JOANINHA  -  (desconfiada) Lá vem você com suas idéias malucas! Você sabe que eu confio, mas esse dinheiro é sagrado, Samuca! Nele eu não mexo!

SAMUCA  - Amor, escuta: não tem como dar errado! Renatão já ganhou uma fortuna apostando no Andaluz, no mês passado! O Andaluz ganhou o Grande Prêmio Brasil! Ele vai correr hoje á tarde, no Jóquei e nós não podemos perder essa!

JOANINHA  -  Corrida de cavalo, Samuca? Você tá maluco? Quer gastar o dinheiro que tou economizando há três anos pro nosso casamento em corrida de cavalo? Nem pensar!

SAMUCA  -  Joaninha, o Renatão vai apostar no Andaluz outra vez! Vai apostar uma grana preta! Eu sinto que vamos ganhar! Até sonhei com isso! Você não disse que confia, amorzinho?

JOANINHA  -  Ai, amor, eu tenho medo...

SAMUCA  -  Vai por mim, vai dar tudo certo! Assim a gente pode até casar mais depressa, gata!

JOANINHA  -  Ai, Samuca, não sei...

CORTA PARA:

CENA 3  -  TERESÓPOLIS  -  CASA DO SÍTIO DE OLIVEIRA RAMOS  -  INT.  -  DIA.

VÍTOR VIAJOU PARA O SÍTIO EM COMPANHIA DE HELÔ, OLIVEIRA RAMOS E SUSI. FAZIA UM DIA BONITO, DE CÉU LIMPO E CLARO. SUSI APROVEITAVA O SOL À BEIRA DA PISCINA, ENQUANTO O BANQUEIRO DAVA INSTRUÇÕES AO CASEIRO. VÍTOR E HELÔ SAÍRAM PARA CAMINHAR NAS REDONDEZAS.

HELÔ  -  Espero que esteja gostando do passeio...

VÍTOR  -  Eu só tenho que agradecer a você e seu pai, Helô. Essa pequena viagem para esse lugar calmo e tranquilo me trouxe muitas esperanças, sobretudo a de reconquistar minha paz interior.

CAMINHARAM SOBRE UMA PONTE DE MADEIRA, LADO A LADO, ADMIRANDO AS ÁGUAS CRISTALINAS DO RIACHO QUE CORRIA LOGO ABAIXO DELES.

HELÔ  -  (fitou-o nos olhos, com ternura)  Eu amo você, Vítor, e vou fazer tudo para você acreditar em mim. Eu sinto que meu comportamento se modificou... e devo isso a esse amor.

VÍTOR  -  (concordou)  Isso é verdade... não vejo mais agressividade em você. Está mais segura, mais serena... Isso é muito bom.

HELÔ  -  Sinto necessidade de me aproximar mais de você, me sinto segura ao seu lado...

VÍTOR  -  Pra ser sincero, às vezes ainda fico um pouco confuso... Com a morte de Nívea, eu me fechei novamente para o mundo, fiquei mais individualista... Sinto-me meio perdido e em choque comigo mesmo. As lembranças de Nívea, o quarto dela, seus pertences, a presença dos pais dela... acho que tudo isso aumenta esse conflito. Não quero magoar você, por nada... receio não estar preparado para me envolver com outra pessoa...

HELÔ  -  No fundo você ainda está preso a uma série de tabus. No fundo, você ainda é um padre. Sua alma ainda está de batina.

VÍTOR  -  Helô,  acho você uma pessoa incrível e só posso retribuir todo esse carinho e atenção sendo muito verdadeiro com você.

HELÔ  -  (decepcionada) Já entendi tudo. Essa é uma forma educada e sutil de me dar um fora. Vamos voltar pra casa?

HELÔ DEU-LHE AS COSTAS E CAMINHOU DE VOLTA Á CASA DO SÍTIO. VÍTOR SEGUIU-A.

VÍTOR  -  Helô, espere! Não é bem assim, vamos conversar!

HELÔ  -  (falou, sem encará-lo)  Melhor não. Vou poupar você de, com a maior educação do mundo, ter de dizer que não me quer. Só me resta, agora, voltar pra minha vida, pros meus amigos. Eu me afastei um pouco deles, acreditei que podia mudar, ter uma vida diferente... mas vejo que me enganei.  

CORTA PARA:

CENA 4  -  JÓQUEI CLUBE  - ARQUIBANCADA  -  EXT.  -  DIA.

EM MEIO AO BURBURINHO DA ARQUIBANCADA LOTADA, RENATÃO E SAMUCA TORCIAM, DESESPERADAMENTE, NOS MOMENTOS FINAIS DA CORRIDA.

LOCUTOR  -  “O páreo saiu com ritmo acelerado, o ligeiro Blood Horse tomou a ponta de largada e foi seguido de perto pelos   favoritos, Andaluz e Cambino. Entrada a reta, os ponteiros começaram a esmorecer, foi quando surgiu com grande ação Galactic Hero, na tocada de Jonas Fernandes, passando ràpidamente para a ponta e livrando dois corpos de vantagem sobre o segundo colocado, Andaluz, que entrou para a reta sem conseguir engrenar a tempo! Em final eletrizante, Galactic Hero foi o grande favorito do páreo, deixando logo atrás Andaluz, Blood Horse e Cambino, em terceira posição. Galactic Hero chegou a sua primeira vitória, surpreendendo a todos! O vencedor contou com o preparo de Teófilo Oliveira...”

SAMUCA EMPALIDECEU, SEM ACREDITAR NO QUE VIA. OLHOU PARA RENATÃO, DESESPERADO. LEVOU AS DUAS MÃOS À CABEÇA E ABAIXOU-SE ATÉ OS JOELHOS.

SAMUCA  -  (balbuciou)  Não acredito! Isso não tá acontecendo! As economias da Joaninha pro casamento... foram pro espaço!....

RENATÃO  -  (apertou o ombro do amigo, solidário)  Sinto muito, Samuca... Eu também perdi uma graninha...                                                   Faz parte do jogo...

SAMUCA  -  Como eu vou contar isso pra Joana? Como? Ela vai me matar, Renatão!

CORTA PARA:

CENA 5  -  PENSÃO PRIMAVERA  -  EXT.  -  NOITE.

IMAGENS NOTURNAS DO LEBLON E IPANEMA, MOSTRANDO A PRAIA, O TRÂNSITO INTENSO E, POR FIM, A PENSÃO PRIMAVERA.

CENA 6  -  PENSÃO PRIMAVERA   -  SALA  -  INT.  -  NOITE
D. DIDI SERVIA O JANTAR PARA UM HÓSPEDE E MARIA LÚCIA ATENDIA UM CLIENTE NA RECEPÇÃO, QUANDO JOANINHA CHEGOU, A EXPRESSÃO CARREGADA.

JOANINHA  -  Oi, Maria Lúcia! Samuca tá aí?

MARIA LÚCIA  -  Oi, Joaninha! Tá no quarto dele, sim. Tá meio estranho, sabe... Até comentei com minha mãe... ele nem quis jantar... Chegou cedo, sem falar com ninguém, se trancou no quarto e não saiu mais de lá!

JOANINHA FECHOU A CARA. CERROU OS OLHOS E RESPIROU FUNDO, PREPARANDO-SE PARA O PIOR.

JOANINHA  -  (voz trêmula) Tentei falar com ele o dia todo pelo celular e ele não atendeu...

MARIA LÚCIA  -  Vocês brigaram?

JOANINHA  -  Ainda não! Mas hoje eu acho que vou matar o meu noivo com minhas próprias mãos, Maria Lúcia! Posso ir até o quarto dele?

MARIA LÚCIA  -  Nossa, Joaninha, você tá me assustando! Melhor se acalmar antes de falar com ele. (segurou a jovem pelo braço e levou-a até o sofá)  Vem, senta aqui. Vou buscar um copo d’água pra você. Não saia daí!

MARIA LÚCIA DIRIGIU-SE PARA A COPA. JOANINHA LEVANTOU-SE, NUM IMPULSO E GANHOU O CORREDOR ONDE FICAVA O QUARTO DE SAMUCA E ALBERTO.         

CORTA PARA:

CENA  7  -  PENSÃO PRIMAVERA  -  QUARTO DE SAMUCA  -  INT.  -  NOITE.

JOANINHA  -  Samuel!

SAMUCA – Jo... Joaninha!

O RAPAZ ESTAVA PARADO JUNTO À JANELA, OLHANDO PARA A RUA, TORTURADO PELO REMORSO E O TEMOR DE ENFRENTAR A NOIVA. VOLTOU-SE, ASSUSTADO. ELA ESTAVA ALI, Á SUA FRENTE.

JOANINHA  -  (seca, foi direto ao assunto)  O cavalo que você apostou... o Andaluz... ganhou a corrida? É essa a notícia que você tem pra me dar, não é, Samuca?

SAMUCA  -  (procurou ganhar tempo)  Calma, amor, você tá nervosa. Senta aqui. Vamos conversar.

JOANINHA DEU-LHE UM TAPA NA MÃO, REAGINDO COM GROSSERIA.

JOANINHA  -  Não tem conversa, Samuca! Me responde só uma coisa, pelo amor de Deus! Você... perdeu o dinheiro na corrida?

SAMUCA BAIXOU A CABEÇA, DERROTADO. FORA DE SI, JOANINHA AVANÇOU DANDO-LHE UMA SUCESSÃO DE SÔCOS NO PEITO.

SAMUCA  -  (deixou-se agredir, sem esboçar reação)  Perdão, Joaninha! Perdão, meu amor! Pode bater... eu mereço!

JOANINHA CONTINUOU BATENDO, DESCARREGANDO TODA SUA REVOLTA. EXAUSTA, PAROU E, TOMADA PELA EMOÇÃO,   COMEÇOU A CHORAR. SAMUCA ABRAÇOU-A, EMOCIONADO. A MOÇA TREMIA, DESCONTROLADA.

JOANINHA  -  (falou, abraçada a ele, entre lágrimas) Cachorro! Cafajeste! Passei três anos economizando aquele dinheirinho, Samuca! Almocei barrinha de cereal e misto quente um monte de vezes, pra economizar! Três anos! Eu devia acabar com sua raça! Devia te matar!

SAMUCA  -  (chorava, a voz embargada) Perdão, amor! Eu sei que não mereço, mas só posso te pedir isso... me perdoa! Me perdoa!

JOANINHA, INCONFORMADA, DEU-LHE SOCOS MAIS LEVES, CHORANDO BAIXINHO.

JOANINHA  -  Cachorro! Desgraçado! Eu devia te matar! Devia te matar!

CORTA PARA:

CENA  8  -  APARTAMENTO DO DELEGADO FONTOURA  -  INT.  -  NOITE.

FONTOURA LIA O JORNAL, QUANDO A CAMPAINHA TOCOU. ADELAIDE ABRIU A PORTA. ERA HELÔ.

HELÔ  -  Boa noite, dona Adelaide. Boa noite, seu delegado. Combinei de sair com Verinha...

VERINHA, JÁ ARRUMADA, SURGIU NA SALA.

VERINHA  -  Oi, Helô! Tou pronta! (e para os pais) Mãe, pai, vamos sair pra dar umas voltas, tá!

ADELAIDE  -  Aonde é que vocês vão? Cinema?

VERINHA  -  Que cinema, mãe. Corta essa... cinema tá superado...

FONTOURA TINHA PRESTADO ATENÇÃO A TODA A CONVERSA, OLHANDO POR CIMA DO JORNAL.

DELEGADO FONTOURA  - Escute, moça, você não conheceu Nívea Louzada?

HELÔ  -  Sim, conheci. Éramos muito amigas...

DELEGADO FONTOURA  -  Ela esteve na sua casa na noite anterior à que foi assassinada?

HELÔ  -  Foi, e daí?

DELEGADO FONTOURA  -  Daí, talvez você possa nos ajudar. Talvez eu precise lhe chamar para depor.

HELÔ  -  Eu não vou!

DELEGADO FONTOURA  -  Não vai? Ora, essa é muito boa! Tem que ir, é obrigada! Vai nem que seja presa!

ADELAIDE  -  Calma, Zelio; ela é filha do Oliveira Ramos, vai com calma...

DELEGADO FONTOURA  -  Pode ser filha do diabo que a carregue! Já prendi ela uma vez e prendo de novo!

HELÔ ENCAROU O DELEGADO, COM AR DE SUPERIORIDADE, E ENCAMINHOU-SE PARA A PORTA.

HELÔ  -  Você vem, Verinha?

VERINHA  -  (embaraçada, recriminou o pai) Pai! (e para Helô) Desculpa, Helô! Vamos! 

CENA 9  -  CASTELINHO  -  INT.  -  NOITE

HELÔ E VERINHA ESTAVAM NO CASTELINHO TOMANDO UM CHOPE. VERINHA PERCEBEU O COMPORTAMENTO AUSENTE DA AMIGA.

VERINHA  -  Helô, o quê que você tem? Tô fazendo um monólogo há uma hora e você só diz: “aham, aham”... O quê que tá acontecendo, hem?

HELÔ  -  Desculpe, Verinha... eu não tou legal hoje... te chamei pra sair pra tentar me distrair um pouco, mas acho que tô estragando tua noite... Tou sendo egoísta, né...

NELSON MOTA ACABAVA DE CHEGAR E, AO VER HELÔ E VERINHA, APROXIMOU-SE DA MESA.

NELSON MOTA  -  Olha só quem está por aqui! As maiores gatas de Ipanema!

VERINHA  -  Oi, Nelsinho! Quanto tempo!

NELSON MOTA  -  Posso sentar com vocês?

VERINHA  –  Claro! Toma um chopinho com a gente!

HELÔ APROVEITOU A DEIXA.

HELÔ  -  Gente, perdão, mas tenho um assunto urgente pra resolver... Nelson, cuida da Verinha pra mim, tá? Vou nessa!

HELÔ BEIJOU OS DOIS E RETIROU-SE DO CASTELINHO.

CORTA PARA:

CENA  10  -  PRÉDIO DO APARTAMENTO DE EMILIANO  -  FRENTE - EXT.  -  NOITE.
ERA QUASE MEIA NOITE QUANDO HELÔ PAROU O CARRO EM FRENTE AO  PRÉDIO,  LIGOU  PARA  VÍTOR DO CELULAR E FICOU AGUARDANDO-O POR ALGUNS MINUTOS, ATÉ QUE ELE APARECEU E BATEU NA PORTA DO AUTOMÓVEL.

HELÔ  -  (baixou o vidro e falou, ansiosa)  Obrigada por ter vindo. Entre.

VÍTOR ENTROU NO CARRO E SENTOU-SE NO BANCO DO CARONA.

VÍTOR  -  Fiquei preocupado com seu chamado a essa hora... tá tudo bem?

HELÔ  -  Vítor, eu... não, não está tudo bem, porque... eu não consigo tirar você da minha cabeça nenhum minuto! Não consigo parar de pensar em você! Acho que tou ficando louca....

VÍTOR  -  Helô, eu tenho uma coisa pra te dizer... eu tomei uma decisão!

HELÔ  -  (arregalou os olhos, o coração aos pulos)  Que... que decisão?

VÍTOR  -  Decidi dar um novo rumo pra minha vida. Vou embora pra São Paulo. Definitivamente.

 
FIM DO CAPÍTULO 26

Mario Maluco (Osmar Prado), Verinha (Djenane Machado) e Ricardinho (Carlos Vereza)


e no próximo capítulo...

*** Transtornada, Helô dirige em disparada pela Av. Niemayer e sofre um acidente de trãnsito.

*** Rodolfo Augusto procura Renatão para dizer que sua ex-mulher, Marisa, voltou da Europa e quer ver a filha Carlinha. Renatão fica possesso e afirma que vai impedir esse encontro de qualquer maneira!

*** Garcia Neto, diretor da "Folha do Rio", confia ao jornalista Araken Teixeira a missão de transformar a imagem de Nívea Louzada numa santa!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 27 DE











SESSÃO CAPAS E PÔSTERES

A capa que reproduzimos abaixo foi publicada na revista Contigo, nr. 239, em outubro de 1977.
Nossos agradecimentos ao amigo Césio Vital Gaudereto pela remessa do material.
Boa diversão!


SESSÃO FOTO QUIZ

A foto da semana passada é da atriz Araci Balabanian.
Agora, tentem descobrir quem é a garota da foto.
Eis algumas pistas:
1) Nasceu em Santo André, São Paulo.
2) Sua primeira novela foi A Escrava Isaura, na Rede Globo.
3) Participou de novelas como: Feijão Maravilha, na Rede Globo; Carmem, na Rede Manchete e Dona Anja, no SBT.
Boa diversão!



quinta-feira, 29 de março de 2012

SESSÃO LEITURA - O CARIOCA É. ANTES DE TUDO. - MILLÔR FERNANDES

A crônica que reproduzimos abaixo intitulada “O Carioca é. Antes de Tudo”  é da autoria de Millôr Fernandes, que, infelizmente, faleceu no dia de ontem.
Assim, decidimos homenageá-lo reproduzindo uma de suas crônicas.
Para saber mais sobre o autor, favor consultar: www.releituras.com/millor_bio.asp.
Que descanse em paz!
Boa leitura!

O CARIOCA É. ANTES DE TUDO.

Os paulistanos (!) que me perdoem, mas ser carioca é essencial. Os derrotistas que me desculpem, mas o carioca taí mesmo pra ficar e seu jeito não mudou. Continua livre por mais que o prendam, buscando uma comunicação humana por mais que o agridam, aceitando o pão que o diabo amassou como se fosse o leite da bondade humana. O carioca, todos sabem, é um cara nascido dois terços no Rio e outro terço em Minas, Ceará, Bahia, e São Paulo, sem falar em todos os outros Estados, sobretudo o maior deles o estado de espírito. Tira de letra, o carioca, no futebol como na vida. Não é um conformista -- mas sabe que a vida é aqui e agora e que tristezas não pagam dívidas. Sem fundamental violência, a violência nele é tão rara que a expressão "botei pra quebrar" significa exatamente o contrário, que não botou pra quebrar coisa nenhuma, mas apenas "rasgou a fantasia", conseguiu uma profunda e alegre comunicação -- numa festa, numa reunião, num bate-coxa, num ato de amor ou de paixão -- e se divertiu às pampas. Sem falar que sua diversão é definitivamente coletiva, ligada à dos outros. Pois, ou está na rua, que é de todos, ou no recesso do lar, que, no Rio é sempre, em qualquer classe social, uma open-house, aberta sob o signo humanístico do "pode vir que a casa é sua".
Carioca, é. Moreno e de 1,70 metro de altura na minha geração, com muitos louros de 1,80 metro importados da Escandinávia na geração atual, o carioca pensa que não trabalha. Virador por natureza, janota por defesa psicológica, autocrítico e autogozador não poupando, naturalmente, os amigos e a mãe dos amigos -- ele vai correndo à praia no tempo do almoço apenas pra livrar a cara da vergonhosa pecha de trabalhador incansável. E nisso se opõe frontalmente ao "paulista", que, se tiver que ir à praia nos dias da semana,vai escondido pra ninguém pensar que ele é um vagabundo.
Amante de sua cidade, patriota do seu bairro, o carioca vai de som (na música), vai de olho (é um paquerador incansável e tem um pescoço que gira 360 graus), vai de olfato (o odor é de suprema importância na fisiologia sexual do carioca).
Sem falar, que, em tudo, vai de espírito; digam o que disserem, o papo, invenção carioca, ainda é o melhor do Brasil, incorporando as tendências básicas do discurso nacional: o humanismo mineiro, o pragmatismo paulista, a verborragia baiana.
E basta ouvir pra ver que o nervo de todas as conversas cariocas, a do bar sofisticado como a do botequim pobre e sujo, por isso mesmo sofisticadíssimo, a do living-room granfa, a da cama (antes e depois), é o humor, a crítica, a piada, a graça, o descontraimento. Não há deuses e nada é sagrado no Olimpo da sacanagem. O carioca é, antes de tudo, e acima de tudo, um lúdico. Ainda mais forte e mais otimista do que o homem da anedota clássica que, atravessado de lado a lado por um punhal, dizia: "Só dói quando eu rio", o carioca, envenenado pela poluição, neurotizado pelo tráfego, martirizado pela burocracia, esmagado pela economia, vai levando, defendido pela couraça verbal do seu humor.
Só dói quando ele não ri.
Só dói quando ele não bate papo.
Só dói quando ele não joga no bicho.
Só dói quando ele não vai ao Maracanã.
Só dói quando ele não samba.
Só dói quando ele esquece toda essa folclorada acima, que lhe foi impingida anos a fio com o objetivo de torná-lo objeto de turismo, e enfrenta a dura realidade... carioca.

SESSÃO ABERTURA DE NOVELA - CONFLITO

A novela Conflito foi apresentada pelo SBT, no horário das 19h, de 29 de outubro de 1982 a 10 de janeiro de 1983.
Para maiores informações sobre a novela, favor consultar: www.teledramaturgia.com.br/tele/conflito.asp.
Boa diversão!


quarta-feira, 28 de março de 2012

ANIVERSÁRIO DE UM ANO DO INÍCIO DA REPRISE DE UMA ROSA COM AMOR

Ontem, através de ligação telefônica, lembrou-me a amiga Cris de Presidente Prudente-SP, que o dia de hoje revestia-se de uma importância especial para nós, fãs de Uma Rosa com Amor. Tratava-se do aniversário de um ano do início da reprise da novela.
Recordou-se nossa amiga de como fomos unidos numa amizade tão bonita através da convivência no mural da novela e de como seu final trouxe, apesar de certas críticas ao autor, um sentimento de saudade muito grande. Verdade seja dita, inclusive nesse blog, a cada trinta dias, lembrávamos a data do final. Data essa sempre comemorada com doces recordações.
Por isso, ficamos muito alegres quando foi anunciada a reprise, poucos meses após seu final.
Cris chamou a atenção para o fato da data da estreia da reprise coincidir com o aniversário de Dorinha, mencionando que essa coincidência parecia ser uma espécie de homenagem a ela.
Por conta disso, a Cris queria deixar uma mensagem para comemorar essa data, mas como está, temporariamente, sem internet, pediu-nos que o fizéssemos, juntamente com os parabéns para a amiga Dorinha.

VÍDEO - HOMENAGEM AO NIVER DA DORINHA


SESSÃO SAUDADE - DINO SANTANA

Na arte dramática existem certas figuras que, embora não sejam as principais, tem grande importância para o sucesso do espetáculo. Estamos falando dos coadjuvantes, que no caso do humor são denominados “escadas”.
O programa Os Trapalhões sempre contou com excelentes “escadas” como Carlos Curt e Roberto Guilherme (Sargento Pincel), por exemplo.
É a um desses “escadas” que hoje homenageamos: Dino Santana.
A ideia dessa homenagem surgiu ao assistirmos o filme A Ilha dos Paqueras (1970), em que Dino vive um dos papéis principais ao lado de Renato Aragão e Dedé Santana, seu irmão.
Antes de Didi e Dedé formarem a dupla que daria origem aos Trapalhões, Dino e seu irmão formaram o duo Maloca e Bonitão, que atuava em programa da TV Tupi, em 1965. Posteriormente, quando a dupla se desfez, Dino continuou a trabalhar com o mano em filmes e na TV, atuando como coadjuvante, aliás, um excelente coadjuvante.
Para maiores informações sobre ele, favor consultar: pt.wikipedia.org/wiki/Dino_Santana.
Para homenagear o querido Dino Santana, reproduzimos abaixo um trecho em que contracena com seu irmão na pele dos impagáveis Maloca e Bonitão.
Que descanse em paz!
Boa diversão para nossos leitores!


ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - CAPÍTULO 25 - AUTOR: TONI FIGUEIRA

Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes


http://youtu.be/eUOZVNgs5Do
Quarentão Simpático (Tema de Renatão)

CAPÍTULO 25

Participam deste capítulo:

MARIETA (Wanda Lacerda)
JUREMA (Arlete Salles)
SAMUCA (Paulo José)
EMILIANO (Paulo Padilha)
DON ELISEU (Alex André)
D. DIDI (Grainda Freire)
MARIO MALUCO  (Osmar Prado)
RENATÃO (Jardel Filho)
ZÉ GREGÓRIO (Adalberto Silva)
VÍTOR (Francisco Cuoco)
RICARDINHO  (Carlos Vereza)
MARIA LÚCIA (Aizita Nascimento)
DELEGADO FONTOURA (Ubano Lóes)
MOTOQUEIROS
ALBERTO
CABO JORGE
POLICIAL 2
POLICIAL 1

CENA 1  -  AV. VIEIRA SOUTO  -  EXT.  -  DIA.

RICARDINHO E JUREMA DAVAM UM PASSEIO DE MOTO NA AV. VIEIRA SOUTO, SENTINDO NOS ROSTOS A LEVE BRISA DO MAR NO FINAL DAQUELA TARDE DE OUTONO. VÍTOR ESTAVA PARADO NA ESQUINA DA VINÍCIUS DE MORAIS, ESPERANDO O SINAL ABRIR, QUANDO RICARDINHO O VIU E CHAMOU A ATENÇÃO DA AMANTE.

RICARDINHO  -  (parou a moto alguns metros à frente e mostrou o padre, discretamente) Tá vendo aquele cara, de cavanhaque, parado no sinal?

JUREMA  -  Quem? Ah, de camisa azul? Quem é?

RICARDINHO  -  É o tal padreco, com quem Nívea ia casar! Não vou com os cornos desse cara! Mario Maluco me disse que ele tá ajudando a polícia a encontrar o assassino...

JUREMA  -  (sem se conter) Nossa! Que gato! Um homem desses é padre? Que desperdício...

RICARDINHO NÃO AGUENTOU O COMENTÁRIO. PULOU DA MOTO, VERMELHO DE RAIVA.

RICARDINHO  -  Qual é, Jurema? Tá de gozação com a minha cara? Se gostou, vai lá falar com ele! Quer saber? Enchi de você! Desce! Vai pra casa à pé! Tá pensando que eu sou babaca?

JUREMA  -  (surpresa) Que é isso... ficou louco?

RICARDINHO  -  (gritou, fora de si) Desce! Sai! Sai!

DITO ISTO, PUXOU A MULHER PARA FORA DA MOTO, MONTOU E ARRANCOU, SEM OLHAR PARA TRÁS.

JUREMA  -  (gritou, indignada) Seu... seu grosso! Grosso!

OBRIGADA A PROSSEGUIR À PÉ, JUREMA NÃO SE DEU POR VENCIDA E CAMINHOU EM DIREÇÃO A VÍTOR, QUE COMEÇAVA A ATRAVESSAR A RUA.

JUREMA  -  Ei! Padre! Espere!

VÍTOR VOLTOU-SE, INCONTINENTI, ANTE A APROXIMAÇÃO DA MULHER.

VÍTOR  -  A senhora falou comigo?

JUREMA  -  Desculpe, o senhor não me conhece. Eu sou Jurema de Alencar. Sou... amiga do Ricardinho. Ele foi ex-namorado da Nívea... Sabe, me enrolaram também nessa história. Gostaria de conversar com o senhor, porém em meu apartamento. Moro perto daqui. Quer?

VÍTOR FITOU-A COM CURIOSIDADE E, APÓS ALGUNS SEGUNDOS DE INDECISÃO, CONCORDOU.

VÍTOR  -  Está bem, vamos.

CORTA PARA:

CENA 2  -  APARTAMENTO DE JUREMA  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

JUREMA SERVIU UM CAFÈZINHO E SENTOU-SE NA POLTRONA À FRENTE DE VÍTOR.

JUREMA  -  Loucura tudo isso, não é? A morte dessa moça... Tenho medo que acusem Ricardinho. Padre, ele é inocente!

VÍTOR  -  (medindo bem as palavras) O Delegado Fontoura me disse que a senhora deu um falso álibi para tentar inocentar este rapaz...

JUREMA  -  Eu fiz essa idiotice, é verdade. Mas só fiz porque sei que não foi o Ricardinho que matou Nívea! Tive medo que ele fosse preso!

VÍTOR  -  A senhora ama esse rapaz, não é?

O BARULHO DA PORTA SE ABRINDO CHAMOU A ATENÇÃO DOS DOIS, QUE VOLTARAM-SE AO MESMO TEMPO. RICARDINHO ENTROU E PAROU, SURPRESO, NO MEIO DA SALA.

RICARDINHO  -  Puxa, mas é mesmo um bicho de sacristia... Eu bem que tinha sacado... Bicão sem-vergonha!

JUREMA  -  Ricardinho... ele veio aqui porque eu pedi. Você está interpretando mal. Ele é um padre.

RICARDINHO  -  Padre bicão... E você, sua vagabunda!

SÚBITO, RICARDINHO AVANÇOU PARA JUREMA E A ESBOFETEOU. TENTAVA REPETIR A DOSE QUANDO VÍTOR O SEGUROU VIOLENTAMENTE E DEU-LHE UM SÔCO NO ROSTO, DEITANDO-O POR TERRA.

JUREMA SALTOU DO SOFÁ, ONDE CAÍRA AO SER AGREDIDA PELO PILANTRA, E COLOCOU-SE À FRENTE DE RICARDINHO, EM ATITUDE DE DEFESA.

JUREMA  -  (gritou para Vítor)  Deixa ele! Quem é você pra se meter entre nós? Eu não lhe pedi pra me defender! Vá-se embora daqui! Vá-se embora daqui!

PADRE VÍTOR FICOU TREMENDAMENTE CHOCADO COM AQUELA REAÇÃO. PERPLEXO, VIROU AS COSTAS E SAIU.

JUREMA  -  (agarrou-se no pescoço de Ricardinho)  Você se machucou? Meu amor.... meu amor....

RICARDINHO  -  Caramba! Pra um padre, esse cara tem a mão bem pesada.... (gemeu) Aiiiiiii!

ELA O ABRAÇOU E COBRIU-O DE BEIJOS.

CORTA PARA:

CENA 3  -  DELEGACIA  -  SALA DO DELEGADO FONTOURA  -  INT.  -  DIA.
                        
CABO JORGE  -  Doutor Fontoura, o seu Renato Itararé de Souza acaba de chegar.

DELEGADO FONTOURA  -  Mande-o entrar.

RENATÃO ENTROU E ESTENDEU A MÃO PARA O DELEGADO.

RENATÃO  -  Como vai, delegado? Recebi sua intimação e aqui estou.

DELEGADO FONTOURA  -  Sente-se, por favor, seu Renato. Eu desejava, agora, detalhes sobre as fotos que o senhor tirou de Nívea Louzada. Mera rotina, visto que o prazo para a conclusão do inquérito já se esgotou.

RENATÃO  -  Isso que dizer que... eu ainda sou suspeito de matar essa moça?

DELEGADO FONTOURA  -  Seu Renatão, vou lhe revelar um segredo: para mim, Ricardo Miranda ainda é o suspeito número um!

RENATÃO  -  Fico aliviado, delegado...

DELEGADO FONTOURA  -  Pensando bem... vou mandar o Detetive Jonas buscá-lo pra novo interrogatório. E quanto ao senhor, seu Renato, pode não ser o principal suspeito, mas ainda está na minha lista, até que apareça o verdadeiro culpado!

CORTA PARA:

CENA 4  -  PENSÃO PRIMAVERA  -  SALA  -  INT.  -  DIA

D. DIDI  -  Seu Samuca! Que bom que o senhor está bem, já estávamos preocupados com seu sumiço! 

D. DIDI, ZÉ GREGÓRIO, MARIA LÚCIA E ALBERTO ACERCARAM-SE DE SAMUCA, QUE ACABAVA DE ENTRAR NA PENSÃO COM UMA PEQUENA MALA NA MÃO.

SAMUCA  -  (sem jeito) Como vão vocês, D. Didi, Maria Lúcia, Zé Gregório... Desculpem, eu não tinha como avisar.

ZÉ GREGÓRIO  -  Onde se meteu, Homem de Deus! Depois que ressuscitou, parece que desapareceu no ar!

MARIA LÚCIA  -  Você foi muito ingrato, Samuca! Deixou todos aqui preocupados! Nem pra coitada da Joaninha você disse onde estava!

SAMUCA  -  Foi só uma semana, gente... Eu tava em Búzios. Renatão tem uma casa lá e me convidou pra passar uns dias, pra me recuperar do susto! Afinal, passei o maior perrengue! Sabe o que é quase ser enterrado vivo? Nem gosto de lembrar... E Joaninha, como é que ela tá?

MARIA LÚCIA  -  Coitadinha, só ficou mais tranquila quando foi no apartamento do seu Renatão e o mordomo falou que vocês viajaram juntos...

ALBERTO  -  Bom te ver vivo, companheiro!

CORTA PARA:

CENA 4  -  DELEGACIA  -  SALA DO DELEGADO FONTOURA  -  INT.  -  DIA.

RICARDINHO ESTAVA DIANTE DE FONTOURA, QUE OLHAVA PARA ELE ACUSADORAMENTE.

DELEGADO FONTOURA  -  É melhor que confesse logo de uma vez, porque nós já sabemos de tudo!

RICARDINHO  -  Mas eu não sei de nada e não adianta esse truque pra cima de mim!

DELEGADO FONTOURA  -  Você nega que combinou com certa pessoa pregar um susto em Nívea e no noivo dela?

RICARDINHO  -  Quem lhe disse isso? Ah, já sei. Foi o Mario Maluco.

DELEGADO FONTOURA  -  Foi. Foi ele mesmo.

RICARDINHO  -  Desgraçado! O miserável me entregou! Filho de tira só podia ser dedo-duro!

DELEGADO FONTOURA  -  Ele não me contou pra lhe acusar, mas querendo defender você. Só que, desejando lhe inocentar, ele me deu a chave do mistério.

RICARDINHO  -  Pois eu nego tudo! Sim, eu combinei isso com Mariozinho, mas desfiz o acordo na última hora.

DELEGADO FONTOURA  -  Claro que desfez! Você queria ficar sozinho. Deixou Mario e fingiu que pegava a Av. Niemeyer, mas voltou. Voltou e foi atrás de Nívea. Conseguiu atraí-la para a praia e lá a matou.

RICARDINHO SORRIU COM SARCASMO PARA DISSIMULAR O SEU NERVOSISMO.

RICARDINHO  -  Beleza de imaginação! Você dava pra escrever novela. Tá desperdiçando o seu talento aqui (e falando sério)  Sim, já lhe contei. Eu estava com ódio dela. Foi uma sujeira o que ela fez comigo... me passar pra trás com aquele padreco. Mas não a matei! Não fiz nada nela! Se quer acreditar, acredite! Se não quer, que se dane!

DELEGADO FONTOURA  -  (entredentes)  Sai da minha frente agora, antes que te prenda por desacato! Vai, some daqui!

RICARDINHO  -  (ergueu as duas mãos, com cinismo) Nem precisa falar duas vezes! Até logo, seu delega! Fui!

CORTA PARA:

CENA 5  -  BANCO OLIVEIRA RAMOS  -  SALA DE OLIVEIRA  -  INT.  -  DIA.

D. VIRGÍNIA, A SECRETÁRIA, ANUNCIOU A PRESENÇA DE SAMUCA.

OLIVEIRA RAMOS  -  Mande-o entrar.

SAMUCA ENTROU, TÌMIDAMENTE.

SAMUCA  -  Bom dia, doutor Oliveira. Eu... estou me apresentando de volta ao trabalho. Sei que, depois de tudo o que aconteceu, lhe devo algumas explicações...

OLIVEIRA RAMOS  -  (falou com firmeza) Seu Samuca, poupe sua saliva comigo e dirija-se ao departamento de pessoal para acertar suas contas. O senhor está demitido!

SAMUCA ARREGALOU OS OLHOS, SURPRÊSO.

SAMUCA  -  Mas... mas...

O TELEFONE TOCOU E O BANQUEIRO ATENDEU, IGNORANDO COMPLETAMENTE A PRESENÇA DO RAPAZ NA SUA SALA. SAMUCA DIRIGIU-SE PARA A PORTA, CABISBAIXO.

CORTA PARA:

CENA  5  -  PRAIA DO ARPOADOR  -  CALÇADÃO  -  EXT.  -  NOITE.

O RONCO SURDO DA MOTO DE RICARDINHO CHAMOU A ATENÇÃO DE MARIO MALUCO E MAIS MEIA DÚZIA DE MOTOQUEIROS QUE, DEPOIS DE UM PASSEIO ATÉ A BARRA, RETORNARAM E CURTIAM A NOITE SENTADOS A UM BANCO NO CALÇADÃO, COMO ERA DE COSTUME.

RICARDINHO SALTOU DA MOTO E DIRIGIU-SE PARA O GRUPO, EXPRESSÃO SÉRIA.

MARIO MALUCO  -  Pô, até que enfim tu chegou, meu bróder! Te liguei um montão e não atendeu... esqueceu o celular?

SEM RESPONDER, RICARDINHO ADIANTOU-SE E DEU TREMENDO SÔCO NA CARA DE MARIO MALUCO, FAZENDO-O CAIR PESADAMENTE NO CHÃO, SOB OS OLHARES SURPRÊSOS DA TURMA. O RAPAZ TENTOU LEVANTAR-SE, MAS OUTRO SÔCO O FEZ CAIR OUTRA VEZ, ESTATELANDO-SE CONTRA SUA MOTO, QUE CAIU COM O IMPACTO DE SEU PESO.

RICARDINHO  - (arfando, irado)  Isso é pra tu aprender a deixar de ser dedo-duro, seu otário!

REFEITO DO SUSTO, MARIO LEVANTOU-SE, AINDA TONTO, PASSOU A MÃO NA BÔCA, DE ONDE ESCORRIA UM FILÊTE DE SANGUE, E ATIROU-SE CONTRA RICARDINHO. OS DOIS COMEÇARAM A ROLAR NO CHÃO, ENTRE SÔCOS E PONTAPÉS, CERCADOS PELOS MOTOQUEIROS QUE ASSISTIAM A TUDO, PARALISADOS, SEM ESBOÇAR REAÇÃO. DE REPENTE A SIRENE DA RÁDIO-PATRULHA E SE FEZ OUVIR E SÓ ENTÃO PERCEBEREM A PRESENÇA DE DOIS POLICIAIS QUE SE APROXIMARAM, CORRENDO.

POLICIAL 1  - O que está acontecendo aqui?

RICARDINHO E MARIO LEVANTARAM-SE, ASSUSTADOS.
      
RICARDINHO  -  Não é nada, seu delega! A gente é amigo! Estamos só brincando! Não é, Mario?

DITO ISTO, ABRAÇOU MARIO MALUCO, QUE AINDA TENTAVA SE REFAZER DA AGRESSÃO, E CORRESPONDEU AO ABRAÇO, FINGINDO TRATAR-SE MESMO DE UMA BRINCADEIRA.

MARIO MALUCO  -  É brincadeira sim, delegado! (pôs a mão no coração)  Somos amigos daqui, ó, do peito!

POLICIAL  1 – Circulando, vamos! Não queremos baderneiros aqui! Todo mundo, circulando, ou então vão todos pro distrito!

CORTA PARA:

CENA 6  -  APARTAMENTO DE EMILIANO  -  INT.  -  DIA.

VÍTOR GIROU A CHAVE NA FECHADURA, ENTROU NO APARTAMENTO E DEPAROU COM EMILIANO, MARIETA E UM PADRE AGUARDANDO SUA CHEGADA.

MARIETA  -  Aí está ele! Vítor, D. Eliseu está esperando você já há algum tempo...

VÍTOR DEU UM SORRISO DE SATISFAÇÃO E ABRAÇOU O VELHO AMIGO.

VÍTOR  -  D. Eliseu! Mas que surpresa! Por que não avisou que viria? Eu não o deixaria esperando...

D. ELISEU  -  Que é isso, meu amigo! Foi um prazer. Nem senti o tempo passar, conversando com seu Emiliano e D. Marieta. Além disso, o cafezinho com biscoitos estava delicioso!

MARIETA  -  O senhor é muito amável, D. Eliseu...

VÍTOR  -  (ansioso) Alguma novidade para mim?

D. ELISEU  -  Sua solicitação foi atendida. Você foi desobrigado dos votos. Todos os seus vínculos com a Igreja Católica Apostólica Romana foram cortados. O padre Vítor não existe mais. Você é agora apenas Vítor Mariano, um cidadão comum.
 

FIM DO CAPÍTULO 25



 e no próximo capítulo...

*** Vítor recebe convite de Oliveira Ramos para passar o fim de semana com sua família em seu sítio em Teresópolis, e deixa Marieta se "roendo" de ciúmes!

*** Samuca tenta convencer a noiva, Joaninha, a investir todo seu dinheiro, reserva para o casamento, numa corrida de cavalos! Joaninha concordara?

*** De volta ao Rio, Vítor diz a Helô que tomou uma importante decisão em sua vida! Qual será?

NÃO PERCA O CAPÍTULO 26 DE