sábado, 30 de junho de 2012

PARA MEDITAR

"Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar." (ANÔNIMO)

SESSÃO FOTONOVELA - ENFIM, O FUTURO

A fotonovela que reproduzimos abaixo foi na revista revista Sétimo Céu Intimidade, número 22, de abril de 1980.
Nossos agradecimentos à amiga Maria do Sul pela remessa do material.
Boa leitura!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

POSTAGEM 2000

É com alegria que atingimos a postagem de número 2000 e estamos bem próximos de completar 2 anos na net. Nada disso seria possível sem nossos amigos fiéis. Por isso, hoje, queremos agradecer a todos, os que ainda continuam conosco e os que desapareceram, mas não de nossos corações, enfim, aos amigos que passaram por esse blog, comentando ou participando do bate-papo.
Essa postagem 2000 é em homenagem a vocês!


ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - CAPÍTULO 65 - AUTOR: TONI FIGUEIRA

Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes



Fonte: http://youtu.be/zIuryHGvAVc

CAPÍTULO 65

 Personagens deste capítulo:

VÍTOR
HELÔ
OLIVEIRA RAMOS
EMILIANO
RENATÃO
SAMUCA
D. MARIETA
KONSTANTÓPULUS
MISS JULY
JOANINHA
 

CENA  1  -  ARPOADOR  -  CALÇADÃO  -  EXT.  -  DIA.

Continuação Imediata da Última Cena do Capítulo Anterior.
DIANTE DO BELO ESPETÁCULO DO PÔR-DO-SOL DE IPANEMA, AO LONGE, EM MEIO A DEZENAS DE PESSOAS QUE CAMINHAVAM NAQUELE FIM DE TARDE, VÍTOR E HELÔ SE RECONHECERAM E CAMINHARAM UM AO ENCONTRO DO OUTRO, COMO QUE ATRAÍDOS POR UM ÍMÂ.

ERA COMO SE NINGUÉM MAIS EXISTISSE, ALÉM DELES, NA FACE DA TERRA. APROXIMARAM-SE MAIS E MAIS, E SEM DIZER QUALQUER PALAVRA, ABRAÇARAM-SE, EMOCIONADOS, E BEIJARAM-SE NOS LÁBIOS, COM ARDOR.

VÍTOR  -  (murmurou ao seu ouvido) Senti muito a sua falta!...

HELÔ NÃO CABIA EM SI DE FELICIDADE. SORRIA, ENTRE LÁGRIMAS.
 

HELÔ  -  Eu te amo, Vítor Mariano.

VÍTOR  -  Eu também te amo, Heloísa.

CAMINHARAM DE MÃOS DADAS ATÉ A PEDRA DO ARPOADOR.

HELÔ  -  Tenho uma proposta pra te fazer! Mas não vale dizer não!

VÍTOR  -  Então não é uma proposta, é uma intimação!

HELÔ  -  É. Uma intimação! Vamos subir a serra, passar o fim de semana no sítio de Teresópolis? Quero andar a cavalo, sentir o cheiro do mato, andar descalça,enfim... curtir a natureza com você. Topa?

VÍTOR  -  Poxa, depois de ficar trancafiado naquela cadeia, como eu recusaria um convite desses? Ainda mais ao lado de uma mulher maravilhosa.... (ficou sério, de repente) Helô... tem uma coisa que eu preciso lhe contar.

PARARAM NUM LOCAL MAIS AFASTADO. HELÔ FITOU-O NOS OLHOS.

VÍTOR  -  Eu descobri que foi seu pai quem armou aquela cilada pra me pôr na cadeia!

HELÔ  -  (incrédula) Meu... meu pai?! Você tem certeza do que está me dizendo?

VÍTOR  -  (assentiu com a cabeça) Sinto muito, mas é preciso que você saiba.

HELÔ  -  Mas como meu pai pôde descer tão baixo? Eu sabia que ele tava indignado com as reportagens, mas chegar a esse ponto!...


VÍTOR  -  Ele contou com a ajuda do Renatão. Foi ele que contratou aqueles dois marginais, o Bola 2 e o Mãozinha, pra plantarem a droga embaixo do meu colchão. Susi, sua ex-madrasta também ajudou.

HELÔ  -  (arregalou os olhos) Susi?!

VÍTOR  -  Ela participou me atraido pra fora da Pensão, enquanto um dos bandidos fazia o serviço.

HELÔ  -  (chocada) Meu Deus, que horror!  Eu sempre soube que Renatão era um cafajeste e Susi uma vigarista, mas meu próprio pai!... (falou, indignada) Mas isso não vai ficar assim! Ah, não vai!

VÍTOR  -  (segurou-lhe os braços) Calma, Helô. Não devemos fazer nada de cabeça quente.

HELÔ  -  É um absurdo! Meu amor, nem sei o que dizer... no fundo, eu desconfiava que meu pai tinha algo a ver com essa história, mas é diferente de ter certeza! Eu... eu tou chocada! O que vamos fazer? Eles tem que pagar por isso!

VÍTOR  -  (falou com tranquilidade) Calma. Não vamos nos precipitar. Estamos falando do seu pai. Eu sei que nada justifica o que ele fez, mas pensei bastante.... eu sei que ele se sentiu atacado com as coisas que publiquei nos jornais. Foi o jeito que ele encontrou pra me fazer parar.

HELÔ  -  (balançou a cabeça, nervosa) Ah, não acredito, Vítor! Só um santo encontraria argumentos pra defender meu pai, depois de tudo o que ele fez!

VÍTOR  -  Não estou defendendo. Só tentei entender os seus motivos. Escuta, Helô: o importante é que a gente está aqui, junto. Estamos felizes, isso é o que importa. Quanto a eles... a vida vai se encarregar de dar o merecido castigo. Mas isso, pra mim, já não tem a menor importância, entende?

HELÔ OLHOU-O, COM ADMIRAÇÃO.


HELÔ  -  (falou, emocionada) Quanto mais te conheço, mais eu te amo e te admiro (e com lágrimas nos olhos) Eu preciso muito de você, Vítor. Obrigada por me ensinar a ser uma pessoa melhor.

VÍTOR  -  Que isso, Helô... Sou um homem cheio de defeitos. Também tenho meus momentos de fúria, vivo sempre tentando acertar...

HELÔ  -  Jura que nunca mais vai me deixar?

VÍTOR  -  Eu prometo. E se você tropeçar, vou estar sempre por perto pra te segurar.

ABRAÇARAM-SE POR LONGO TEMPO. AO FUNDO, O BARULHO DAS ONDAS CHOCANDO-SE NAS PEDRAS.

CORTA PARA:

CENA 2  -  APARTAMENTO DE RENATÃO  -  SALA   -  INT.  -  DIA.

RENATÃO ESTAVA DEITADO NO DIVÃ, COM UM COPO DE UÍSQUE NA MÃO. KONSTANTÓPULUS ENTROU NA SALA, TRAZENDO UM ENVELOPE.

KONSTANTÓPULUS  -  Meu patrão, chegou um convite pro senhor.

RENATÃO  -  (olhando para o teto) Não tou interessado, Konstan. Deixa aí...

KONSTANTÓPULUS  -  (insistiu, preocupado com o estado de prostração do playboy) Nem quer saber quem mandou?

RENATÃO  -  (entediado) Tá bem, Konstan. Veja de quem é o convite e pra quê...

KONSTANTÓPULUS  -  (abriu o envelope e leu) O senhor não vai acreditar! O convite é... do casamento de Rodolfo Augusto e Maria Regina! 


RENATÃO  -  (bebendo mais um gole) Tá vendo só, Konstan? Até aquela “borboleta” do Rodolfo Augusto arrumou alguém, e eu aqui, sozinho...

KONSTANTÓPULUS  -  Seu Renatão, não esqueça que o senhor tá sozinho porque não quer compromisso sério com ninguém!

RENATÃO  -  E eu tou errado por considerar o casamento uma instituição falida? Quem foi que inventou que uma argola no dedo é sinônimo de segurança? Eu desisto de tentar entender as mulheres, Konstan. Vou virar monge. Vou morar no Tibete.

SAMUCA SURGIU NA SALA, ANIMADO.

SAMUCA  -  (esfregando as mãos de contentamento) Velho, vou sair. Adivinha: finalmente a Joaninha aceitou sair comigo pra conversar! Devagar, vou conseguir amansar a fera.

RENATÃO RESPONDEU, COM TRISTEZA NO OLHAR.

RENATÃO  -  Boa sorte.

SAMUCA  -  O que é isso? Ô cara, que baixo astral é esse? Cê não acha que tá na hora de acabar com esse “luto”?

KONSTANTÓPULUS  -  Ele está assim desde ontem, quando dona Babi foi embora.

SAMUCA  -  Então chega, velho! Dois dias é tempo suficiente pra sair dessa e voltar ao ataque. Faz o seguinte: toma um banho, pôe uma roupa maneira e vem comigo pro Castelinho. Lá eu fico com a Joana e você encontra a turma. Vamos?

RENATÃO ENTREGOU O COPO A KONSTANTÓPULUS E ERGUEU-SE.

RENATÃO  -  É, acho que você tem razão. Eu tava pensando aqui  e  cheguei a uma conclusão: esse negócio de depressão, dor-de-cotovelo, não combina comigo. Já deu! (levantou-se) Você me espera?

SAMUCA E KONSTANTÓPULUS SORRIRAM, ALIVIADOS.

SAMUCA  -  Claro que eu espero, velho! Vai, vai lá! Não demora, hem!

CORTA PARA:

CENA 3  -  CASTELINHO  -  EXT.  -  NOITE.
SAMUCA E RENATÃO FORAM CAMINHANDO ATÉ O CASTELINHO.

RENATÃO OLHOU PARA DENTRO DO RECINTO ATRAVÉS DO VIDRO DA JANELA, DIVISOU UM GRUPO DE PESSOAS QUE BEBIAM E CONVERSAVAM ANIMADAMENTE. ENTRE ELES, NELSON MOTA, RICARDINHO E MARIO MALUCO. ACENOU.

RENATÃO  -  (para Samuca) E aí, vai entrar?

SAMUCA  -  Não. Marquei aqui com Joaninha. Vou esperar ela chegar.

RENATÃO  -  Bom, então mais tarde a gente se vê.

RENATÃO ENTROU NO BAR. SAMUCA FICOU PARADO ALGUNS MINUTOS E SORRIU AO VER JOANINHA CHEGAR.

SAMUCA  -  Oi.

JOANINHA  -  Oi.

SAMUCA INCLINOU-SE PARA BEIJÁ-LA, MAS A JOVEM ESQUIVOU-SE.

SAMUCA  -  Quer... entrar? Tomar um chopinho?

JOANINHA  -  Não. Você sabe que eu não bebo.


SAMUCA  -  Quer pegar um cineminha?

JOANINHA  -  Não tá meio tarde pra isso?

SAMUCA  -  Ah, é... desculpe.

JOANINHA  -  Escuta, Samuca: só vim porque você insistiu muito. Diga o que você quer, porque amanhã eu pego no batente e não posso demorar.

SAMUCA  -  Tá, tá... vamos... caminhar um pouco? Ou prefere sentar num banco, na praia?

JOANINHA  -  (deu de ombros) Tanto faz. Vamos.

ATRAVESSARAM A RUA, LADO A LADO, E SENTARAM-SE NUM BANCO DE CONCRETO NO CALÇADÃO.

SAMUCA  -  Senti muito a sua falta.

JOANINHA  -  A escolha foi sua. Preferiu casar com a velha a ficar comigo...

SAMUCA  -  Joana, você sabe que tudo o que eu fiz foi por...

JOANINHA  -  (cortou) Já sei, já conheço essa história. Agora que a velha morreu... pelo menos você realizou o sonho de ficar rico? Herdou toda a fortuna dela?

SAMUCA  -  Não. Ela me enganou. Estava falida.

JOANINHA ARREGALOU OS OLHOS, SURPRESA.

JOANINHA  -  O quê?! Não!

SAMUCA  -  (confirmou) Infelizmente, é verdade. A velha comprou mansão, carro e fez outras dívidas com o empréstimo do Banco Oliveira Ramos. Com a morte dela, tive que devolver tudo e    sair da mansão. Voltei pro apê do Renatão, com uma mão na frente e outra atrás.


JOANINHA NÃO CONSEGUIU SE SEGURAR. COMEÇOU A GARGALHAR HISTÈRICAMENTE, CHEGANDO A DOBRAR-SE, QUASE ENCOSTANDO A CABEÇA NAS PERNAS. SAMUCA, A PRINCÍPIO, FICOU SEM AÇÃO, E EM SEGUIDA, COMEÇOU A RIR AO MESMO TEMPO. PESSOAS QUE PASSEAVAM NO CALÇADÃO OLHAVAM COM CURIOSIDADE O CASAL DE MALUCOS QUE GARGALHAVA SEM PARAR.

CORTA PARA:

CENA  4  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  SALA DE JANTAR  -  INT.  -  DIA.

OLIVEIRA RAMOS E HELÔ TOMAVAM O CAFÉ DA MANHÃ. O BANQUEIRO LIA O JORNAL, ENQUANTO TOMAVA UMA XÍCARA DE CAFÉ. MISS JULY ENTROU COM O CELULAR DE HELÔ.

MISS JULY  -  Querida, seu celular estava tocando sem parar, no seu quarto.

HELÔ PEGOU O APARELHO, ANSIOSA E OLHOU NO VISOR.

HELÔ  -  Obrigada, Miss July. É Vítor!

OLIVEIRA ESTREMECEU. DISCRETAMENTE, ACOMPANHOU A CONVERSA, POR TRÁS DO JORNAL.

HELÔ  -  Oi, meu amor! Já tou morrendo de saudade! Sim, claro. Então você vai à casa do seu Emiliano, enquanto eu faço as malas e passo na pensão pra te pegar em duas horas. Ok. Um beijo!

OLIVEIRA RAMOS SOLTOU O JORNAL NA MESA E DIRIGIU-SE À FILHA, AUTORITÁRIO.

OLIVEIRA RAMOS  -  Posso saber o que está acontecendo? Será que eu entendi bem ou você fez as pazes com seu ex-marido e estava combinando viajar com ele? Que loucura é essa, Helô?

HELÔ  -  (balançou a cabeça, sorrindo) Não é nenhuma loucura, meu pai. E Vítor não é ex porque não nos separamos pra valer. Fiz as pazes com meu marido, sim, e como você ouviu, vamos viajar juntos!

OLIVEIRA RAMOS  -  (indignado) Mas... mas isso é um despropósito! Esse rapaz acabou de sair da cadeia, acusado de tráfico de drogas e...

HELÔ  -  (levantou-se, esforçando-se para controlar a revolta) Chega, papai! Não seja cínico! Nós já sabemos de tudo. Pode acabar com seu teatro!

OLIVEIRA RAMOS  -  (empalideceu) Do... do que você está falando?

HELÔ  -  (a voz cortante) Da trama sórdida que você engendrou, ajudado pelo Renatão, pra pôr meu marido na cadeia!

MISS JULY  -  Meu Deus!

HELÔ  -  (dirigiu-se a Miss July, aproveitando seu espanto ante a revelação) É isso mesmo que você ouviu, Miss July. Meu querido papai teve a coragem de bolar um plano maquiavélico, tendo como cúmplices, além do Renatão e a pilantra da Susi, dois marginais de quinta!

OLIVEIRA RAMOS  -  (acuado, apelou) Cale-se, Helô! Não admito que fale assim comigo! Sou seu pai e exijo respeito!

HELÔ  -  (encarou-o com desprêzo) Respeito? Como pode exigir, meu pai, uma coisa que você nem sabe o que é: respeito pelo ser humano?

OLIVEIRA RAMOS, VENCIDO, LEVOU A MÃO AO PEITO E DEIXOU-SE CAIR NA CADEIRA.

OLIVEIRA RAMOS  -  Ai... estou com falta de ar... Miss July, por favor.... me traga um calmante... Ai...


MISS JULY  -  (apavorada) Meu Deus, Doutor, fique calmo, vou depressa...

HELÔ  -  (sem se abalar) Não se preocupe, Miss July. Ele vai ficar bem.  Meu  pai  é  forte  como  um  touro. Isso é só encenação. (deu-lhe as costas e parou, na porta) Ah, já ia esquecendo: eu e Vítor conhecemos toda a verdade, não precisa fingir mais. E meu marido, como o homem generoso que é, perdoou você!

HELÔ SAIU DA SALA. IMEDIATAMENTE, OLIVEIRA POSICIONOU-SE NA CADEIRA E SUSPIROU, ALIVIADO. MISS JULY VOLTOU, ESBAFORIDA, COM O CALMANTE.

MISS JULY  -  Aqui está, Doutor!

OLIVEIRA RAMOS  -  (falou calmamente) Já estou bem, obrigado, Miss July. Por favor, sirva mais café. Hoje estou com uma fome de lobo!

CORTA PARA:

CENA 5  -  APARTAMENTO DE EMILIANO  -  SALA  -  INT.  -  DIA.
VÍTOR E EMILIANO CONVERSAVAM, ENQUANTO MARIETA SERVIA UM CAFEZINHO.

EMILIANO  -  Vítor, você sabe  que eu te considero quase um filho. Gosto muito quando vem nos visitar... Sinto que, com sua presença, nossa Nívea fica mais próxima de nós.

VÍTOR  -  Eu compreendo, seu Emiliano. Isso me deixa muito feliz, porque Nívea vai ter sempre um lugar muito especial no meu coração.

MARIETA  -  (entregando-lhe a xícara de café) Então podia vir nos ver com mais frequencia. Passa semanas sem dar notícias!

VÍTOR  -  Que é isso, D. Marieta. Sempre que posso, venho aqui. Passei um tempinho sem vir porque... bem, vocês sabem... com a minha prisão...


MARIETA  -  Ficamos indignados com a injustiça que fizeram com você! Falando nisso... já descobriram quem armou essa infâmia pra te prejudicar?

VÍTOR  -  (sem jeito) Dona Marieta, eu... preferia não falar sobre isso. O importante é que eu estou aqui, livre, e a vida continua.

EMILIANO  -  Isso mesmo, vamos mudar de assunto. Você poderia vir almoçar com a gente, no domingo. O que acha?

VÍTOR  -  Desculpem... domingo eu não posso.

MARIETA  -  Mas como... não pode por quê?

VÍTOR  -  (baixou os olhos, ruborizado, e mentiu) É que... eu vou viajar. Vou a São Paulo.

MARIETA  -  Vai a São Paulo... sozinho?

VÍTOR  - Vou. 

CORTA PARA:

CENA  6  -  PENSÃO PRIMAVERA  -  FRENTE  -  EXT.  -  DIA.

HELÔ PAROU O CARRO EM FRENTE À PENSÃO. EM SEGUIDA, VÍTOR APROXIMOU-SE, COM UMA MOCHILA NAS COSTAS. HELÔ SAIU DO CARRO, CORREU AO SEU ENCONTRO E ABRAÇOU-O, EMOCIONADA.

HELÔ  -  Meu amor eu lembrei! Eu lembrei!

VÍTOR  -  Lembrou o que? Não vá me dizer que...

HELÔ  -  (cortou) Eu lembrei do momento que dei a Nívea o medalhão! Foi muito antes de ela ser assassinada! Isso quer dizer que... que não fui eu! Eu não a matei! Não sou uma assassina! Eu não matei Nívea!

FIM DO CAPÍTULO 65

e no próximo capítulo...

*** Marieta fica indignada ao descobrir que Vítor mentiu; que não viajou para S. Paulo, e sim para Teresópolis em companhia de Helô, após terem feito as pazes.

 *** Em Teresópolis, Vítor sugere a Helô que chame o Dr. Leivas para que a hipnotize e, assim, ajude-a a lembrar de todos os seus passos na noite me que Nívea morreu. Helô concorda e o médico é convidado a subir a serra.

*** Rodolfo Augusto e Maria Regina comemoram a primeira capa de revista com a foto do casal.

*** Helô submete-se à hipnose e começa a lembrar da noite em que Nívea morreu!

momentos decisivos!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 66 DE 

SESSÃO CAPAS E PÔSTERES

A capa que reproduzimos abaixo foi publicada na revista Intervalo, nr. 169, de 03 a 09/04/66.
Com essa publicação, homenageamos e agradecemos a contribuição de nossa amiga Maria do Sul, grande fã de Vanderlei Cardoso.
Boa diversão!


SESSÃO FOTOQUIZ

A foto da semana passada é da atriz Lélia Abramo.
Agora tentem descobrir quem é o ator da foto.
Eis algumas pistas:
1) Nasceu no Rio de Janeiro em 1920.
2) Estreou em telenovelas em 1970, na novela E Nós, Aonde Vamos?, da TV Tupi.
3) Participou de novelas como O Pulo do Gato, na Rede Globo; Cavalo Amarelo, na Rede Bandeirantes e Jogo do Amor, no SBT.
Boa diversão!


quinta-feira, 28 de junho de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 4 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

Capítulo IV - Decisões


Alguns dias se passam. Rosa não volta para assinar o contrato, nem telefona. Nada de email. Não atende ao celular.

Claude por sua vez está de mau humor, e não quer dar o braço a torcer. Fim de expediente, só Claude e Frazão no escritório.

C: Frazon, a Janete não tem nenhuma notícia de Rosa? Um recado?

F: Não. A Rosa foi passar uns dias com os pais dela, lá no casarão. E não quer nem ouvir seu nome. Você pisou na bola né francês! Admite que está gostando dela e pede desculpas...

C: Eu vou é pra casa, hã? Vou dormir.

F: Isso mesmo, foge meu querido, foge. Mas só pra sua informação, ela volta hoje pro apartamento. Você já sabe, é o número vinte e cinco.

Enquanto dirige, Claude vai lembrando dos acontecimentos que o envolveram com Rosa. E no primeiro retorno ele volta, indo até o prédio de Rosa. No caminho ele compra bombom.

Já saindo do elevador, ele segue pelo corredor até o apartamento. Enquanto isso, dentro do apartamento, Janete conversa com Rosa.

J: Rosa, o Dr. Claude está na maior “deprê”. Nunca vi ele assim, tão pra baixo. Todo dia ele pergunta de você.

R: Ah é? Eu não devia voltar mais lá. Mas esse dinheiro eu estou precisando muito, para acertar umas contas lá de casa, ajudar minha mãe. Acho que já dei um tempo suficiente. Amanhã eu vou falar com ele.

O som da campainha interrompe a conversa.

R: Deixa que eu atendo.  O Frazão ficou de vir aqui hoje?

J: Não.  Mas você vai abrir a porta assim de pija... - Tarde demais, Rosa já abria a porta e se deparava com Claude.

J: Bom, eu vou ver TV, no quarto, com licença!

R: Claude!
 

C: Oi Rosa. Podemos conversar?

R: Agora? Não pode esperar até amanhã não?

C: Non. Preciso resolver isso hoje, hã? Posso entrar ou vamos conversar aqui no corredor?

R: Claro, me desculpa, entra. Vamos sentar aqui no sofá. - Rosa percebe que está com seu pijama de bichinhos diante do olhar insinuante de Claude e vai até o quarto por um roupão. - É... desculpa eu te receber assim... eu ia ler um pouco e dormir.

C: Non que isso! Eu que sou mal educado, devia ter ligado antes! Mas fiquei com medo que você non me atendesse de novo.

R: Bom, mas eu estou aqui te escutando, agora!  E acho que já sei o que você quer: cancelar o serviço, não é?

C: Non. Eu quero que você comece a restauraçon, oui? Assim que puder.

R: Mas assim sem assinar o contrato... não sei não! - Fala em tom de gozação.

C: D`accord! Eu mereço ouvir isso, non? Mas falando sério, eu quero pedir desculpas. Apesar de que você non me deu tempo de explicar, hã? Eu gostaria que você sugerisse algumas árvores frutíferas. Eu quero fazer um pequeno pomar nos fundos, realizar o sonho de minha mãe. E também gostaria que me ajudasse no interior da casa, na decoraçon... Claro que vou agregar valores aos seus serviços.

R: Nossa, você pedindo desculpas!  Sua fama não condiz isso não...

C: Nem tudo é o que parece. Já andaram envenenando sua cabeça, hã? Mas eu vou falar de novo: você me perdoa, me desculpa? E faz cara de cachorro que caiu da mudança...

R: Falando assim e fazendo essa cara. Rsrsrsrs! Fica difícil não desculpar.

Os dois caem na gargalhada, olhos nos olhos. Silêncio. E nem um nem outro se mexe...

Claude então se levanta e diz:

C: Já que estou desculpado, vamos comemorar! – E tira o bombom do bolso.

R: Hummmm, adoro bombom!  – Ele desembrulha, dá uma mordida e oferece a outra metade a Rosa.

C: Enton, te espero amanhã, oui? A gente assina o contrato, tudo certinho, hã? Eu vou pra casa agora...

R: Eu te levo até a porta.

Claude já está além da porta, quando se volta e diz sedutoramente:

C: Ah! E eu non to pedindo desculpas pelo beijo, hã? - E passa a ponta dos dedos nos lábios de Rosa, que se arrepia toda. - Adorei seu pijaminha... Boa noite, chérie! - E vai pro elevador, deixando Rosa trêmula, com as pernas bambas e um sorriso sonhador...


Na manhã seguinte, Rosa vai até a construtora e enquanto aguarda para entrar na sala de Claude, conversa com Janete. Enquanto isso na sala de Claude:

C: Frazon, lê esse email, hã? Que mais falta acontecer comigo?

F: “Prezados senhores, devido à proposta de investimento, de outra empresa, sua concorrente, e conscientes da necessidade da preservação do meio ambiente, e da sustentabilidade mundial - itens que ficaram em segundo plano nas duas propostas - pedimos que nos encaminhem novos projetos, que primem por estes itens. A melhor proposta, será negociada. O prazo para envio é de vinte dias.”
             
F: O Coutinho conseguiu atrapalhar mesmo!

C: Frazon, como eu vou conseguir outro projeto em ton pouco tempo? E ainda incluir esses itens aí, hã? Eu sozinho non vou dar conta, nesse prazo apertadinho. Tem muito para pesquisar, analisar... E se eu non fecho com eles, é desistir mesmo e parar com tudo. E voltar pra França!

F: E acabar com seus sonhos? Despedir toda essa gente? Você só pode estar brincando né o francês?

C: Bem que eu queria que isso tudo fosse só brincadeira. Onde é que eu vou encontrar alguém, em ton pouco tempo, que possa me ajudar nisso, hã?

Neste momento, Janete bate à porta e anuncia Rosa, que entra, enquanto os dois olham pra ela, se olham, sorriem, voltam-se pra ela e dizem juntos:

F&C: Rosa!!!

R: Nossa, eu fiz alguma coisa errada?

F: E nem vai fazer minha querida. Mas você pode salvar a gente e a construtora. Não é Claude?

C: Oui, oui.  Rosa, presta atençon! Os americanos querem um novo projeto, pras casas populares, com muita proteção ao meio ambiente, sustentabilidade, etc. O Coutinho, que era meu engenheiro chefe, passou pra uma concorrente e armou tudo isso. Eu tenho vinte dias pra enviar um novo projeto e conseguir o contrato, caso eles optem pelo nosso projeto.

R: Americanos?  Contrato? Nosso projeto?

F: Americanos, Rosa! Eles vão injetar dez milhões nos sonho do francês aqui: fazer casas populares para pessoas de menor renda, com baixo custo, mas de qualidade!

C: Se eu non conseguir montar esse novo projeto, adeus contrato, sonho e adeus Brasil! Mas você concordar e quiser nos ajudar, é claro que você será remunerada e terá seu nome no novo projeto. Isso pode ser muito bom pro seu currículo também.

R: Mas e a restauração da sua casa?

C: A gente adia. Este projeto é mais importante no momento.

R: Se você concordar, eu posso começar a restauração, com um pessoal que me apoia. Assim. paras primeiras providências: limpeza, retirada de pragas. Tudo o que se tem que fazer, nesses casos.

C: Isso quer dizer que você aceita?

R: Adoro desafios. Eu aceito, mas eu não tenho muita experiência, será que eu dou conta?

F: Você não vai estar sozinha. Nós vamos dar suporte pra você. Claude e eu ficaremos com a parte burocrática e você com a parte dos desenhos, do “verde”.

C: E se precisar a gente contrata mais alguém.

R: Bem... Então eu vou ligar pro Colibri, passar daqui, pegar meu carro e ir lá fazer a lista do que vai precisar. É que eu fui lá esses dias, com ele – fala meio sem graça – Fui pegar a caixa de primeiros socorros e a tesoura, mas não os encontrei.

C: É, eu trouxe pra você, mas eston em minha casa. E quem é esse “Colibri”? Seu namoradinho?

R: Não, Claude, ele mora lá no cortiço. A gente cresceu junto. Ele é como um irmão. Mas se fosse era problema meu, não? Eu fico perguntando se você tem namoradinha?

Ambos estavam lembrando do primeiro beijo e falavam como se estivessem a sós, até que Frazão dá uma tossidinha:

F: Han han, coff, coff! - Desculpa atrapalhar os pombinhos, mas será que podemos mostrar o projeto original pra Rosa? Não temos tempo a perder.

Os dois se voltam pra Frazão, fazem uma careta e vão pra mesa de reuniões.

Eles começam a rever os projetos. Rosa percebe o quanto Claude se sente orgulhoso em explicar tudo a ela: a realização do seu sonho. Colibri passa por lá, abraça Rosa e Claude fica incomodado com a cena. Frazão percebe e diz:

F: Já está começando a se queimar, hem? Rsrsrsr

C: Frazon... Vai ver se eu to na esquina, vendendo croissant, hã?

Os três passam o resto do dia analisando o projeto e qual a melhor maneira de reestrutura-lo. Janete é chamada toda hora pra ajudar: tirar cópias, refazer um trecho da planilha descritiva, enfim todos se envolvem no trabalho e quando percebem já e noite.

Janete e Frazão saem “à francesa”, deixando Claude e Rosa ainda anotando as modificações necessárias. De repente Rosa se dá conta que estão sozinhos, olha pro relógio e diz:

R: Nossa, cadê todo mundo? Eu não acredito que a Janete me deixou aqui...

F: Frazon e Janete eston de namorinho, hã! Com certeza foram pra uma balada.

R: Eu vou chamar um táxi, então!

C: Que isso? Nem pensar! Eu te levo, faço queston!

Ao chegarem em frente ao prédio, Rosa se despede, mas antes que saia do carro, escuta:

C: Olha, obrigado, hã? Mas obrigado mesmo... Se você non aceitasse, non quisesse me ajudar non sei como faria. Porque eu non confio mais nos engenheiros que o Coutinho indicava. É bom saber que posso contar contigo!

R: Seu sonho é muito nobre. Eu admiro muito o seu esforço. Não desistiu no primeiro obstáculo!

Claude segura a mão dela, deposita um suave beijo ali e diz roucamente:

C: Eu não costumo desistir dos meus sonhos e desejos, Serafina...

R: Nem eu, Claude. E desce do carro, enquanto ele a segue com o olhar até perdê-la de vista, no elevador...