domingo, 4 de dezembro de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 96


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 96

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

RITINHA
DUDA
DR. MACIEL
ALBERTO

CENA 1  -  COROADO  -  PREFEITURA  -  INT.  -  DIA.

Durante um jogo, Duda fôra atingido na perna, justamente no lugar anteriormente operado por causa da bala. Sofrera nova intervenção cirúrgica e afinal recebera autorização para descansar em casa por algum tempo. Um taxi-aéreo o levara, num vôo direto, de Congonhas a Coroado.


Na tarde daquele dia Eduardo Coragem ouvira do irmão a confissão do êrro e o desenrolar dos acontecimentos que mancharam a honra do promotor e abalaram  o prestígio popular que o levara à chefia administrativa  e política da pequena cidade do interior mineiro. A pressão moral de Pedro Barros e o domínio que vinha exercendo sobre o jovem haviam provocado a decisão definitiva. Ou tudo ou nada. E Jerônimo preferira optar pela liberdade. Mesmo sabendo de antemão que a vingança do velho seria impiedosa. Duda ouvira atento as explicações. Achava que, passado o período crítico, o promotor voltaria à razão, ao raciocínio lógico e, consequentemente, procuraria entender a realidade. Um homem da lei jamais poderia se deixar levar pelos sentimentos. Duda não acreditava que Rodrigo se entregasse ao descontrôle. “Amanhã ele estará normal”, disse.


Agora, lá estava ele na ante-sala do gabinete. Bateu à porta e entrou, sem autorização. Ritinha estremeceu.


RITINHA  -  Eduardo! Nossa Senhora! Já tava aflita. Já ia lá na casa da Sinhana pra saber notícias tuas...

DUDA  -  Pois é... cheguei hoje (anunciou, beijando a esposa)  Cheguei cedinho na casa da mãe e perguntei: Uai, mãe, cadê Ritinha? Ela me disse que você não quis ficar lá.

RITINHA  -  Não quis, não. Não pude. Ainda não ajeitei as coisas lá em casa.

DUDA  -  E eu, desde que cheguei, não vi minha filhinha.

RITINHA  -  Não seja por isso... Olha ela ali! (apontou com o dedo o pequeno carrinho, escondido por trás da mesa).

DUDA  -  (correu para o carrinho)  Uai, você tá trabalhando com ela?

RITINHA  -  Que remédio? Mingas me deixou. Não tem podido me ajudar. Eu trago a Gabi pra cá. Ela fica quietinha...

Duda levantou a menininha do carro, embriagado de contentamento. Ritinha observava as reações do marido. E sorria diante das sucessivas expressões de espanto que modificavam a cara do rapaz.


DUDA  -  Nossa mãe! Como tá grande! (voltou-se para a mulher)  Quero que tu volte para casa. Não sou mais jogador de futebol. Pronto. Vou lá e digo isso a eles. A gente vai viver junto e vai viver bem. Vem cá.

Tornou a deitar a criança no carrinho estofado. Obrigou a mulher a sentar-se em seu colo. Ritinha tentou reagir, encabulada.

RITINHA  -  Não, Eduardo, não faz isso, aqui não!

DUDA  -  Bobagem, que é que tem?

RITINHA  -  Tua perna!

DUDA  -  Você tá sentada em cima da outra, ora!

RITINHA  -  Mas... Eduardo, tem mais gente...

Os dedos dela perderam-se por entre os cabelos do marido, enquanto so lábios colavam-se num beijo demorado, ao qual Ritinha se entregou apaixonadamente. Nos olhos de Duda havia qualquer coisa de diferente, uma espécie de raiva incontida, ao terminar o beijo.

DUDA  -  Onde foi que você aprendeu a beijar assim?

RITINHA  -  Assim, como, Eduardo?

DUDA  -  Você nunca beijou desse jeito, Ritinha!

RITINHA  -  Benzinho, tava com saudade!

DUDA  -  Alguém andou beijando você na minha ausencia?

RITINHA  -  Você me ofende, Eduardo!  Eu lá ia beijar alguém?

DUDA  -  Não vem com essa de querer bancar outra mulher pra cima de mim (falou, mais por brincadeira).

RITINHA  -  Outra mulher?

DUDA  -  Que nem a mulher do João. Ela era Lara, foi Diana, agora é Márcia. Diabo de tanta mulher numa só! Se uma já é difícil... e João aguenta tudo. Eu não aguento, não!

RITINHA  -  (com ingenuidade)  Mas eu sou só Ritinha...

DUDA  -  Aquele beijo, Ritinha, que você deu há pouco... parecia que era de outra mulher!

Ritinha principiava a se zangar com a teimosia do marido. Ou tudo não passava de brincadeira?


RITINHA  -  Isso é porque você é que tá com vontade de beijar outra mulher!

DUDA  -  Me beija de novo! Eu só quero ver uma coisa, tirar uma cisma! Anda! (tornou a puxar a mulher e mais uma vez beijou-a longamente, as mãos percorrendo-lhe as formas roliças).

RITINHA  -  (com um trejeito)  Então?

DR. MACIEL  -  Minha filha, eu quero que... (estacou na porta, boquiaberto com a visão, e exclamou, aborrecido)  Que... que... que pouca vergonha!

Rita saltou do colo do marido, pegou a criança e encaminhou-se para a saída, por onde Maciel desaparecera, zangado.

RITINHA  -  Ai, meu Deus, que a bola agora é comigo! Vou ter que amansar meu pai.

Deixou correndo a sala da secretaria.

Duda coçava a cabeça, desconsolado. Pela janela assistia à corrida da mulher em busca do pai, zangado. 


DUDA  -  Se precisar, eu falo com ele. Ah, falo! Peço permissão pra beijar minha mulher! (sorria ao sair puxando a perna).

CORTA PARA:

CENA 2  -  ALDEIA DE JOÃO  -  EXT.  -  DIA.
  
Por um instante, Alberto D’Ávila teve um pressentimento. Mau pressentimento. Entregou o jornal a Duda que estava a seu lado, tomando banho de sol.


ALBERTO  -  Olha pra isto.

DUDA  -  Que é?

ALBERTO  -  Olha. Aqui... esta notícia... desastre de carro na estrada de Belo Horizonte.

Eduardo pegou da folha e leu por alto.

DUDA  -  Caramba! Um desastre e tanto! Mas... isso é coisa comum nas grandes estradas. Só tem louco correndo por aí.

O dedo comprido do rapazola parou em cima do registro do acidente.

ALBERTO  -  Você não leu direito. Um desastre... com minha mãe... tá escrito aí, não tá? Branca D’Ávila... e leia o resto.

Interessado, repentinamente, Duda ergueu o corpo a meio e leu a notícia do acontecimento.

DUDA  -  Branca D’Ávila e... e Ernesto Bianchinni! (de um salto explodiu numa exclamação)  Eu não disse? Ernesto Bianchinni! O homem existe mesmo! E é ele... de nome trocado.

ALBERTO  -  (de olhos arregalados)  Como?

DUDA  -  É o sujeito que eu vi em São Paulo! O mesmo que reconheci como sendo teu pai!

ALBERTO  -  Tem certeza de que o nome é esse?

DUDA  -  Absoluta! É muita coincidencia, você não acha? Ser justamente esse o homem que foi acidentado com sua mãe. (bateu com a mão no jornal)  Taí. Não tem mais dúvida. Esse cara é teu pai. Os dois estão muito feridos. Diz aí. Foram removidos pro Pronto-Socorro de Belo Horizonte.

Movido pela necessidade de tirar tudo a limpo, Alberto tomara a decisão.

ALBERTO  -  (com a voz ligeiramente entrecortada)  Eu vou ao Hospital de Belo Horizonte... pra ver se é verdade que esse homem é meu pai.

DUDA  -  (sério)  Eu vou com você!

ALBERTO  -  Você não pode .  Fez esforço demais com essa perna operada.

DUDA  -  (careteou, apertado a perna)  É... tá me incomodando um pouco... mas eu tenho que ir. É um caso muito importante.

ALBERTO  -  Não tem confiança em mim? (colocou a mão no ombro do companheiro, em atitude de amizade).

DUDA  -  Não se trata disso. É que eu preciso agarrar esse homem pra salvar meu irmão da cadeia. E eu tou certo de que você não vai fazer isso. Você é filho dele.

ALBERTO  -  (apertou os lábios, era óbvio que lutava interiormente)  Se é verdade que Ernesto Bianchinni é meu pai, eu não vou perdoar ele.

DUDA  -  O fato de não querer que eu vá, já me diz que você não está do nosso lado.

ALBERTO  -  Não admito que duvide da minha lealdade ao João!

DUDA  -  Quer saber de uma coisa? (estava furioso)  Eu não confio em ninguém. Vou a Belo Horizonte... (gemeu penosamente ao deslocar a perna de um para outro ponto da cadeira) Essa maldita tá me incomodando pra cachorro. Posso não ir hoje... mas vou amanhã, quando estiver descansado. A viagem é longa e eu sei que hoje não aguento mais nada...

ALBERTO  -  Pois eu também deixo pra ir amanhã.  A gente pode ir junto... quando você estiver mais descansado.

DUDA  -  (parou na porta. Voltou-se para o rapaz)  E se eles deixarem o hospital?

ALBERTO  -  No estado em que estão? Estão muito feridos. Ernesto Bianchinni... muito mais do que minha mãe, segundo diz o jornal.

DUDA  -  Volto aqui amanhã a esta hora... se estiver melhor.

ALBERTO  -  Espere um pouco... uma hora mais ou menos. Se você não aparecer... vou sozinho.

Duda fitou demoradamente, com desconfiança, o interlocutor. Olhos claros e uma expressão tranquila, de bom caráter. Sorriu ao despedir-se de Alberto.


FIM DO CAPÍTULO  96
Ritinha e Duda se reencontram

e no próximo capítulo...
     
*** Alberto encontra os pais internados num hospital em Belo Horizonte e descobre toda a farsa!

*** Branca faz chantagem emocional para que o filho guarde segredo e não conte a João que Lourenço está vivo!


NÃO PERCA O CAPÍTULO 97 DE


3 comentários:

  1. Toni, pobre Alberto, que decepção vai ter ao descobrir que o pai forjou a própria morte! Gostei também dessa cena de Ritinha e Duda, legal esse casalzinho briguento, rsrsrs. Bjs

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  2. Lindos qdo jovens Regina Duarte e Cláudio Marzo! apesar que ela continua ainda muito bonita!

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  3. Também curto muito o casal Duda e Ritinha, Maria do Sul. Curiosidade: eles estão em suas últimas cenas, visto que saem de cena antes da novela acabar. Isso porquê foram escalados para protagonizar "Minha Doce Namorada".

    Mari, também sou fã da Regina Duarte e acho-a maravilhosa em qualquer tempo!

    Bjs!

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