sábado, 31 de janeiro de 2015
PARA MEDITAR
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PARA MEDITAR
SESSÃO FOTONOVELA - DEUS ME DEU UM AMOR
A
fotonovela abaixo pertence à revista Amiga – TV Tudo nr. 183, publicada em 20
de novembro de 1973.
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ler esta ou outra matéria em tamanho maior, caso use o Explorer ou Chrome,
clique sobre a figura com o botão direito do mouse e selecione a opção
"abrir link em uma nova guia". Na nova guia, clique com o botão
esquerdo do mouse e, pronto, terá acesso a uma ampliação da página. Caso o
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selecione a opção "abrir em nova aba". Em seguida, proceda como no
caso dos dois outros navegadores citados.
Boa leitura!
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DEUS ME DEU UM AMOR,
SESSÃO FOTONOVELA
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 117 - TONI FIGUEIRA
Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 117
últimos capítulos!
últimos capítulos!
Participam deste capítulo
Prof. Valdez - Ênio Santos
Bárbara - Zilka Salaberry
Orjana - Neusa Amaral
Ricardo - Edney Giovenazzi
Delegado - Vinícius Salvatori
Inspetor
Tavares
Coice de Mula - Dary Reis
Catarina - Lídia Mattos
Otto - Jardel Filho
Dr. Toledo
Vanda - Dina Sfat
Cyro - Tarcísio Meira
CENA 1 - PORTO AZUL - CASA DE BÁRBARA - SALA - INTERIOR - DIA
O PROFESSOR VALDEZ ENTROU, SALTITANTE.
D. BÁRBARA - Já sabemos que o meteorito foi encontrado!
PROF. VALDEZ - Foi! Foi sim! (confirmou, excitado, beijando a mulher) É uma verdadeira maravilha!
RICARDO - Uma pedra comum, professor.
PROF. VALDEZ - Não. Você não pode dizer isso. É uma pedra que possui um brilho fora do normal. Estranho. Deve ter vindo de um planeta muito especial. O planeta... do qual enviaram a mensagem por intermédio de Cyro!
RICARDO - (fez um gesto de desaprovação) Lá vem o senhor de novo com essa história!
PROF. VALDEZ - (falou, sério) Não estou brincando, Ricardo. Os raios que emanaram da pedra, quando caiu na Terra... tiveram influência no cérebro de Cyro. Isto é preciso ser estudado, pesquisado muito bem.
D. BÁRBARA - É uma hipótese lógica.
ORJANA - Também acho.
RICARDO - Em que base o senhor pode afirmar isso?
PROF. VALDEZ - Na realidade, Cyro não é um homem comum. E ele foi escolhido, entre milhões e milhões de seres... para dizer alguma coisa através de atos... e exemplos.
RICARDO - Não diga tolices, professor! Eu não acredito em vida noutro planeta!
PROF. VALDEZ - Mas existe. E são seres que possuem inteligência muito acima da nossa. Dentro de mais algumas horas saberemos o resultado do exame da pedra. Existe uma outra... que foi dada a André por um homem do espaço... Segundo as palavras dele... o ser desceu da nave espacial... deu-lhe a pedra e partiu... e possuía certa semelhança com Cyro! André morreu afirmando que a pedra era verdadeira e que trazia uma mensagem. Se o material coincidir... então... então...
RICARDO - Então, o quê?
PROF. VALDEZ - (sem conter a emoção que o dominava) Minha versão será a verdadeira. Existe vida em outros planetas. E Cyro foi escolhido para mensageiro de alguma coisa muito importante para nós, aqui na Terra!
CORTA PARA:
CENA 2 - PORTO AZUL - DELEGACIA - INTERIOR - DIA.
O INSPETOR REUNIU OS CAPANGAS DE OTTO MULLER NUMA MESMA SALA, FORTEMENTE VIGIADA PELOS POLICIAIS ARMADOS. ESTER E JÚLIA ESTAVAM PRESENTES AO INTERROGATÓRIO.
DELEGADO - (passeou os olhos pelos bandidos e ameaçou) Vocês estão todos perdidos! Dr. Paulus acabou de confessar tudo. Vocês mataram Cyro Valdez!
TAVARES - (perdeu o controle e gritou, histérico, sentindo-se derrotado) Foi ele quem mandô!
CAPANGA - (berrou, com energia) Idiota! Cala essa boca!
TAVARES - (depois de uma pausa incômoda, prosseguiu) A gente... só obedeceu ordem!
O DELEGADO ENCAMINHOU-SE PARA O PISTOLEIRO QUE TREMIA DESCONTROLADAMENTE. TAVARES RECUOU, AMEDRONTADO, OLHANDO OS GUARDAS DE ARMA EM PUNHO.
DELEGADO - Você vai dizer tudo... Onde esconderam o corpo de Cyro?
TAVARES - Foi o Valter! Ele é que fez o serviço! E eu não sei onde ele está! Juro que não sei!
CORTA PARA:
CENA 3 - HOSPITAL DE PORTO AZUL - QUARTO DE OTTO - INTERIOR - DIA
NO CASARÃO DO PREFEITO, AS COISAS COMEÇAVAM A DESANDAR. OTTO ENTRARA EM NOVA CRISE PERIGOSA E FORA REMOVIDO ÀS PRESSAS PARA O HOSPITAL. TODO O APARELHAMENTO TINHA SIDO REQUISITADO PARA O QUARTO DO PREFEITO DE PORTO AZUL. OTTO ARFAVA NA CAMA. TULA ENTREGOU UM PAPEL A DOIS MÉDICOS QUE CONVERSAVAM BAIXO.
TULA - São os resultados dos exames.
DR. TOLEDO - Obrigado, Tula!
CATARINA - (apressou-se a saber a verdade) A crise é muito grave, doutor?
DR. TOLEDO - O estado dele se agrava.
CATARINA - E vocês não podem fazer nada?
DR. TOLEDO - Estamos fazendo tudo o que é possível, minha senhora.
CATARINA - O soro... o soro que acalmava as crises...
DR. TOLEDO - Está sendo aplicado.
CATARINA - (atordoada com a ameaça que rondava o leito do filho) Dr. Cyro sempre o tirava das crises... e o Dr. Max seguia religiosamente o tratamento dele.
DR. TOLEDO - Todos nós estamos fazendo o que eles teriam feito.
CATARINA - Tragam então o Dr. Cyro. Ele é um médico... não vai se negar a curar meu menino! (tomou uma decisão inesperada) Eu mesma... vou procurá-lo! Vou sim! Dr. Cyro vai salvá-lo!
OTTO - (ainda falava, no semi-inconsciente em que se encontrava) Mamãe...
CATARINA - Estou aqui, meu filhinho...
OTTO - Não quero morrer, mamãe...
OS MÉDICOS ASSISTIAM AO DIÁLOGO PATÉTICO.
CATARINA - Que é isso? Você não vai morrer, meu amor. Olhe... eu vou sair para buscar a única pessoa que o pode tirar desta crise...
OTTO - Quem, mamãe?
CATARINA - O Dr. Cyro Valdez, meu querido!
OTTO - Cy... ro Valdez?! Então chame... diga a ele que eu... darei uma fortuna para ele vir...
CATARINA - Ele virá, Ottinho. Ele virá.
OTTO - Mamãe?
CATARINA - Diga, meu querido...
OTTO - Ainda sou... o homem mais bonito do mundo?
CATARINA - Ainda, meu bem. Ainda.
OTTO - Faz leãozinho... faz...
CATARINA SORRIU E IMITOU UM FILHOTE DE LEÃO MIMADO.
CENA 4 - CASEBRE NAS MONTANHAS - SALA - INTERIOR - DIA
O LOCAL ERA QUASE INACESSÍVEL, UM PEQUENO CASEBRE ISOLADO ENTRE MONTANHAS, A QUILÔMETROS DE PORTO AZUL. VANDA VIDAL TINHA SEGUIDO UMA PISTA E ALCANÇARA A CASA DE SANTIAGO, UM DOS HOMENS A QUEM CYRO HAVIA PROTEGIDO DURANTE SUA PEREGRINAÇÃO PELO INTERIOR. IRACEMA, A MULHER, VEIO ATENDÊ-LA À PORTA. ROUPA POBRE DE CHITÃO, OS PÉS DESCALÇOS. VANDA VIDAL DIVISOU A FIGURA DO CAPATAZ DE OTTO MULLER E CORREU ATÉ ELE.
VANDA - Valter! Cyro está aqui? Diga que está! Diga que ele não morreu!
COICE DE MULA - (confirmou com um aceno de cabeça) Ele está aqui sim...
VANDA - (abafou um soluço com a mão e arrancou toda a coragem que ainda armazenava no fundo do peito, ao perguntar) Está vivo... não está?
IRACEMA ABRAÇOU-A E CONVIDOU-A A ENTRAR NA CASA. UM VENTO FORTE PENETRAVA AS DEPENDÊNCIAS, FUSTIGANDO AS IMAGENS DE SANTOS QUE PENDIAM DAS PAREDES.
IRACEMA - Entre... ele está naquele quarto, minha filha!
VANDA ENXUGOU OS OLHOS COM AS COSTAS DA MÃO E ENCOSTOU A MOCHILA DE VIAGEM A UM CANTO DA PAREDE. AJEITOU UM POUCO OS CABELOS DESGRENHADOS, TENTOU SORRIR E ENTROU NO QUARTO. SANTIAGO, SENTADO À BEIRA DA CAMA, MOLHAVA COM UM PANO FINO AS COSTAS LANHADAS DO MÉDICO. CYRO GEMIA A CADA TOQUE NA CARNE VIVA.
VANDA - Oi, Cyro!
CYRO - (moveu o pescoço, gemendo a cada segundo) Vanda! O que... você está... fazendo aqui?
VANDA - Vim no teu rastro, ué!
ELA O ABRAÇOU IMPETUOSAMENTE.
CYRO - Doidinha!
VANDA - Pensou que pudesse fugir de mim?
CYRO - (notou que a jovem chorava) Que é isso? Pra que as lágrimas?
VANDA - Pensei... todo mundo pensou... que você tivesse morrido. Vim por estas estradas... meio doida! Pedia carona... sem rumo... pedindo a Deus pra me dar uma pista do lugar onde você se achava!
CYRO - E como foi que deu com este sítio?
VANDA - Olhe... eu nem sei! Foi um pressentimento... daqueles que você me dizia. O homem quando quer pode usar seu pensamento em favor do bem. Aí eu me concentrei pra burro... forcei meu pensamento em você... levei ele até Deus... e pedi ajuda: “Deus, me leve até ele, senão eu morro... Deus, tenha pena de mim... Deus, esse homem é a minha vida! Tem pena de mim!”
CYRO - E Ele teve!
VANDA - Eu te achei, não achei?
CYRO - Eu não estava escondido, Vanda. Aliás... já devia ter voltado... mas é que desta vez... quase me mataram...
VANDA OBSERVOU VALTER, QUE ENTRAVA NO QUARTO.
VANDA - Foi ele?
CYRO - Não. Valter me salvou a vida. A ordem era para me eliminar.
COICE DE MULA - Nunca... em nenhum momento... tive a ideia de cumprir aquela ordem maldita!
CYRO - Eu acredito, Valter!
COICE DE MULA - Aceitei o trabalho, porque pensei que só eu podia lhe salvar a vida. Se não aceitasse... ele teria mandado aqueles outros... e eles iam obedecer cegamente à ordem dele.
VANDA - De Otto Muller?
CYRO - Otto Muller e Victor Paulus.
EM POUCOS INSTANTES VANDA VIDAL PÔS O MÉDICO A PAR DOS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS DE PORTO AZUL. A MORTE DO DR. MAX, A PRISÃO DE PAULUS, A CONFISSÃO DE DAS DORES E DOS CAPANGAS E O ESTADO DE SAÚDE DE OTTO MULLER.
COICE DE MULA - Bem que o senhor disse, Dr. Cyro! Isso estava no fim...
CYRO - Nós precisamos voltar... para que tudo se esclareça. Valter...
VANDA VIRA O ESTADO DAS COSTAS DO MÉDICO. HORRORIZOU-SE DIANTE DA SELVAGERIA.
VANDA - Cyro! O que fizeram com você?! Que horror!
SANTIAGO - A gente fez o que pôde... mas juro... quando Seu Valter trouxe ele pra cá... eu e minha mulher pensamo que tivesse morto.
COICE DE MULA - Por um momento, também pensei!
VANDA LEMBROU-SE DE ESTER. E TENTOU AFASTAR DO PENSAMENTO DO HOMEM A QUEM AMAVA A IDEIA DE REGRESSAR A PORTO AZUL.
VANDA - Cyro... meu amor... não vamos voltar... Otto Muller pode se levantar da cama de novo, como aconteceu outras vezes... vai continuar te perseguindo. A gente podia... eu e você... tomar outro rumo.
CYRO - Você continua falando as coisas sem pensar!
VANDA - Tá bom, a gente volta. Mas olha, eu me grudo em você e agora, nem o céu, nem o inferno vai nos separar.
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O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 117,
TONI FIGUEIRA
SESSÃO CAPAS E PÔSTERES
A
capa e o pôster abaixo pertencem à revista Amiga – TV Tudo nr. 183, publicada
em 20 de novembro de 1973.
Boa diversão!
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SESSÃO CAPAS E PÔSTERES
SESSÃO FOTO QUIZ
A
foto da semana passada pertence ao cantor Ronnie Von.
Agora
tentem descobrir quem é o bebê da foto.
Eis
algumas pistas:
1)
Este cantor e compositor, já falecido, nasceu no interior do estado do Espírito
Santo no ano de 1944.
2)
Morreu prematuramente com trinta e poucos anos.
3)
Foi um dos precursores do estilo que foi denominado, mais tarde, de
brega-romântico.
Boa diversão!
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BRINCADEIRA,
FOTO QUIZ,
SESSÃO
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 116 - TONI FIGUEIRA
Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 116
últimos capítulos!
últimos capítulos!
Participam deste capítulo
Baby - Cláudio Cavalcanti
Inês - Betty Faria
Comendador Liberato - Macedo Neto
Paulus - Emiliano Queiroz
Ester - Glória Menezes
Delegado - Vinícius Salvatori
Das Dores - Ruth de Souza
Padre Miguel - Artur Costa Filho
Naná / Elisa - Mary Daniel
Lia - Arlete Salles
Dr. Garcia
Inspetor
CENA 1 - PORTO AZUL - HOSPITAL - QUARTO DE NANÁ - INTERIOR - NOITE
MILAGRE OU NÃO, NANÁ ACABARA POR RESISTIR AO FERIMENTO. E, MESMO COM O DR. MAX MORTO, ELA CONTINUAVA RECEBENDO ATENÇÕES ESPECIAIS NO HOSPITAL DE PORTO AZUL.
ERA NOITE. UMA LUZ BAÇA ILUMINAVA O QUARTO DA DOENTE.
INÊS - (apertando o braço do sogro) Comendador... já limpei os olhos dela três vezes. Continua saindo água... será que isso é lágrima?
COMENDADOR - Não é possível. Para ser lágrima... ela deve estar sentindo alguma emoção...
INÊS - (baixou o rosto e fitou com atenção o rosto da velha mulher) Comendador... mas ela está sentindo emoção!
E, NA VERDADE, OS OLHOS DE NANÁ PARECIAM REFLETIR ALGUMA COISA INDEFINIDA. LIBERATO APROXIMOU-SE UM POUCO MAIS.
NANÁ - Augusto... Inês... Augusto...
INÊS - Não estou dizendo?
COMENDADOR - Elisa... Elisa, será possível? Você está me vendo? Está me ouvindo?
NANÁ - (a voz fraca) Estou... estou.
INÊS - Meu Deus do Céu! Isso é fantástico!
NANÁ - (voltou a falar, fracamente) Onde... está meu filho? Por que não veio?
INÊS - (garantiu) Ele vem, viu? Ele vem!
NANÁ - Digam a ele... que eu não tive culpa... fui traída... o Dr. Paulus... falsificou papéis... a procuração... foi o Dr. Paulus... eu juro... foi ele...
INÊS E O COMENDADOR ENTREOLHARAM-SE, AFLITOS. COMPREENDIAM, AGORA, TODA A TRAMA ELABORADA PELO DIABÓLICO ADVOGADO.
COMENDADOR - (perguntou, nervoso, sentindo o suor escorrer-lhe pelas costas) Acha que pode repetir isso na presença do delegado?
NANÁ - (num esforço, confirmou) Posso... chamem... chamem...
CORTA PARA:
Baby (Claudio Cavalcanti) e Mestre Jonas (Gilberto Martinho) |
CENA 2 - PORTO AZUL - DELEGACIA - INTERIOR - NOITE
ENQUANTO ISSO, MEIO BÊBADA, LIA FORÇOU ENTRADA NA DELEGACIA. VIU O DR. MOREIRA E O INSPETOR REMEXENDO PAPÉIS. A MULHER ENCOSTOU-SE A UMA PILASTRA PARA NÃO DESABAR POR INTEIRO. VIA TUDO RODAR.
LIA - Ei... olha aí... olhem para mim! (os dois homens voltaram-se a um só tempo) Tenho uma revelação pra fazer. Dr. Cyro está morto! E sabem quem mandou matar? Sabem? Foram Victor Paulus e meu marido, o prefeito desta cidade! Vocês... estão... me ouvindo? Eu disse... que eles... os dois... mandaram liqui... dar o Doutor Cyro!
DELEGADO - (levando-a a sentar-se) Calma! Calma, Dona Lia! Parece que a senhora bebeu demais!
LIA - E por que acha que eu bebi? Porque ando desesperada da vida! Me casei com um homem que não gosta de mim. Ele sempre quis se afirmar... entende? Em mim e Ester... porque ele não é um homem pra valer! Não é de nada! Entenderam? Eu bebi pra ter coragem de acusar e devia ter feito isso há muito tempo. Aquele homem... o Alcides, um capanga, chegou lá... dando a notícia da morte do Dr. Cyro! Eles o retiraram da cadeia para matá-lo! E tem mais: existe um processo aí... de roubo, contra o Dr. Cyro... recepção de roubo... sabe por que até hoje ele não se defendeu? Para me ajudar! Porque é bom... porque não queria me destruir! Mas sabe quem foi que retirou o material do hospital para dar a ele? Fui eu, seu delegado. Eu, a mulher do prefeito. Dei tudo pra ele. Foi a ele que mataram. Esse homem que recebe as bofetadas... que não se defende... só pra fazer a gente entender alguma coisa mais importante do que tudo isso! A bondade humana! Mas ninguém entende! Porque o Dr. Cyro está enganado com essa humanidade! Ninguém é bom! Ele sozinho não pode consertar o mundo!
O DELEGADO OFERECEU UM CAFÉ FORTE À ESPOSA DO PREFEITO. LIA SORVEU-O DE UM TRAGO.
DELEGADO - Acha que ela está falando sério?
INSPETOR - Acho que sim.
LIA - (afirmou) Eu estou falando sério!
NAQUELE MOMENTO, INÊS CHEGAVA EXTENUADA E COM VOZ OFEGANTE.
INÊS - Delegado! Inspetor! Venham depressa! Dona Naná está recobrando a consciência e está dizendo tudo... tudo!
DELEGADO - Tudo o quê, Inês?
INÊS - A procuração que falsificaram! Ela não deu autorização pra ninguém fazer aquilo! Ela está acusando só uma pessoa! Só uma!
INSPETOR - Quem?
INÊS - O Dr. Paulus!
LIA - (sorriu com ar de vitória) Eu não estou dizendo? Acredita agora em mim?
CORTA PARA:
CENA 3 - HOSPITAL - QUARTO DE NANÁ - INTERIOR - NOITE
EM POUCOS MINUTOS, O INSPETOR MIGUEZ ALCANÇOU O HOSPITAL DA CIDADE. IA TRANQUILO, CERTO DE QUE TUDO SE DESVENDARIA DAÍ PRA FRENTE. O TERRÍVEL MISTÉRIO DE PORTO AZUL ESTAVA CHEGANDO AO FIM. CUMPRIMENTOU O COMENDADOR LIBERATO AO ENTRAR NO SILENCIOSO E TRISTONHO QUARTO PARTICULAR.
INSPETOR - Como está ela?
COMENDADOR - Preparada para dizer a verdade. (Naná abriu os olhos e o comendador ajeitou a cabeça da doente no travesseiro largo) Elisa... este senhor é a autoridade... para quem você deve dizer a verdade.
NANÁ MOVIMENTOU-SE COM DIFICULDADE, PROCURANDO UMA POSIÇÃO MAIS CONFORTÁVEL.
NANÁ - (balbuciou) Foi tudo uma trama, doutor... e me envolveram... falsificando uma procuração... que eu teria passado para o Dr. Paulus...
INSPETOR - Quem falsificou?
NANÁ - Von Muller falsificou a assinatura... mas o Dr. Paulus a usou... para impedir os homens de tomarem conta de suas casas... coisa que... jamais eu teria feito.
CORTA PARA:
CENA 4 - CASA DE ESTER - QUARTO - INTERIOR - NOITE
ESTER - Paulus! Como vem entrando assim?!
ESTER LEVANTOU-SE IMPELIDA PELO ÓDIO QUE COMEÇAVA A SENTIR PELO HOMEM RESPONSÁVEL POR TODO O SEU SOFRIMENTO.
SEM DAR RESPOTA, O ADVOGADO ABRIU O GUARDA-ROUPA E, RETIRANDO UMA MALETA DE VIAGEM, COMEÇOU A ENCHÊ-LA COM AS ROUPAS ÍNTIMAS QUE LHE PERTENCIAM. ESTER ENRUBESCEU.
ESTER - Que é isso? Que está fazendo?
PAULUS - Não tenho tempo para resposta! Vista-se e saia comigo!
ESTER - Para onde?
PAULUS - Não sei. Tenho de sair daqui imediatamente. Parece que Lia andou dizendo coisas que não devia à polícia!
ESTER - Lia contou seus crimes à polícia?
PAULUS - Não interessa! (agarrou a mulher, grosseiramente, pelo pulso, magoando-a) Depois conversaremos!
ESTER - Largue-me! Ir com você? Quem pensa que eu sou? Um boneco, do qual você faz o que bem entende?
PAULUS - (ameaçou) Você não tem saída, Ester!
ESTER - Eu não cometi crimes e não preciso fugir!
PAULUS - Vai ficar aqui pra quê? Para esperar Dr. Cyro?
ESTER - Sim. É isto o que eu vou fazer. Vou esperar por ele. E não há nada que me impeça de aguardar o pai do meu filho.
PAULUS ENFURECEU-SE E SENTIU DESEJO DE ESBOFETEÁ-LA ALI MESMO. MATÁ-LA, TALVEZ.
PAULUS - Sua idiota... a esta hora esse homem já está no outro mundo. Mortinho da silva... com uma bala na cabeça!
ESTER - (gargalhou) Não minta, Paulus! Estou farta de suas mentiras!
PAULUS - (ergueu os punhos, contraindo as mãos) Ester... Otto mandou matar Cyro. Alcides voltou do local onde o liquidaram. Ele está mortinho! Enterrado! Valter fez todo o serviço! Hoje!
ESTER - Mentira! Mentira! Não acredito! É mentira sua! Vá embora! Eu quero esquecer que você existe!
ESTER ACENDEU UM CIGARRO, COM AS MÃOS TRÊMULAS, ENQUANTO O ADVOGADO, COMO UM POSSESSO, DESCEU AS ESCADAS E MERGULHOU NA ESCURIDÃO DAS RUAS.
CORTA PARA:
CENA 5 - PORTO AZUL - RUA - EXTERIOR - NOITE
PAULUS NÃO CHEGOU A DAR MEIA DÚZIA DE PASSOS. AS MÃOS FEROZES DOS GUARDAS DO DR. MOREIRA O IMOBILIZARAM. O PRÓPRIO DELEGADO ENFIOU-LHE NOS PULSOS AS ALGEMAS CROMADAS. PAULUS BERROU HISTERICAMENTE, QUEBRANDO O SILENCIO PESADO DA MADRUGADA. AJOELHOU-SE DIANTE DOS HOMENS, PEDINDO CLEMÊNCIA.
PAULUS - Eu não fiz nada! Não tenho culpa de nada! Só obedecia ordens! Não fiz nada!
CORTA PARA:
CENA 6 - HOSPITAL - QUARTO DE NANÁ - INTERIOR - DIA
BABY SENTOU-SE CUIDADOSAMENTE AO LADO DA MÃE. OUVIU O RESFOLEGAR PROFUNDO DA PACIENTE. AO FUNDO, O RUÍDO ESTRIDENTE DE UMA AMBULÂNCIA QUE CHEGAVA.
BABY – (aproximou os lábios do ouvido de Naná e falou) Mãe! Mãe! Está me ouvindo?
NANÁ - (balbuciou feliz, os olhos semi-abertos) Estou... meu filho.
BABY - Olha... não vai piorar não, viu? Você está legal. Com ótimo aspecto!
NANÁ - Não diga isso. Devo estar horrível... sem pintura... não queria que você me visse... assim.
BABY - Que nada. Assim é que eu queria te ver.
NANÁ - Verdade mesmo?
BABY - No duro. Descobri porque não podia aceitar você como a imagem da mulher que imaginei como mãe.
NANÁ - E por quê?
BABY - Mãe... a gente imagina muito simples... sem pintura nenhuma... sem cílios postiços... cabelos mais simples... pode ser bobagem da gente. Egoísmo de filho, sei lá... Mas era assim que eu te via. Mãe muito empetecada não convence como mãe.
NANÁ - (sorriu) É mesmo? Imagine... e eu que perdi tanto tempo... querendo ficar bonita pra você me achar sempre linda. Pra dizer: “Puxa! Como minha mãe é jovem!”
BABY - Mãe... agora tudo mudou. Vai viver comigo... cuidar do seu neto...
NANÁ - Mas sou tão desajeitada com criança... sabe... eu nunca... Não sei dizer...
BABY - Aprende. Tudo se aprende. Eu também aprendi muita coisa. A gente aprende e não erra nunca mais. O chato é ter de errar tanto para aprender.
NANÁ - Você não errou, meu filho. Você é muito bacana.
BABY - Puxa, se errei! Acreditei que você fosse capaz de... de fazer aquela coisa horrível contra mim... Você não está chateada, está?
NANÁ - Eu te amo, meu filho. Preciso dizer mais alguma coisa?
BABY - (beijou-lhe as mãos) Gozado... era assim... assim mesmo, desse jeito... que te imaginava. Nas minhas birras, nas minhas crises de menino frustrado... era assim que eu te chamava: mãe, onde você está? Aí, você me aparecia... assim mesmo... com esse cabelo simples... o rosto pálido... sem pintura.
NANÁ - (ergueu-se, num esforço, para abraçar o rapaz) Eu estou aqui... estou aqui para sempre... meu filho! Desta vez é para sempre!
CORTA PARA:
CENA 7 - DELEGACIA - INTERIOR - DIA
NA DELEGACIA, DAS DORES TINHA TOMADO CORAGEM. A CONSCIÊNCIA LHE DOERA DEMAIS. DIA E NOITE, NOITE E DIA, AQUELA ANGÚSTIA. FALAVA COM VOZ ENTRECORTADA.
DAS DORES - ...aí Mestre Jonas foi buscá o Doutô Cyro. Levou ele até Dona Zélia... e ela fez aquele pedido doido. Ele recuso. Mas no dia seguinte... ela mandô me chamá às pressas...
O DELEGADO RESPIROU FUNDO. O ESCRIVÃO ANOTAVA O DEPOIMENTO.
DAS DORES - Isso foi tudo. Quem matô Dona Zélia... foi eu... mas foi sem querer...
DELEGADO - E o marido dela tinha conhecimento de tudo?
DAS DORES - Tinha sim, doutô. Mas quando eu procurei ele pra dizê que ia contá a verdade, ele, mais aquele estrangeiro do inferno, que já tá com o Cão... me ameaçaro. Dissero que ia matá meu filho. E por diversas veiz tentaro. Até agrediro meu Luca. E a noiva do meu Luca. Eles queriam que eu me calasse pra comprometê Doutô Cyro.
O PADRE MIGUEL INTERVEIO, AUXILIANDO A NEGRA. O VIGÁRIO TINHA SIDO A FORÇA MAIOR NA DECISÃO DE DAS DORES EM REVELAR TUDO. PADRE MIGUEL ABRAÇOU A VELHA HUMILDE.
PADRE MIGUEL - A pobre mulher estava apavorada. Ela até agora não estava preparada para enfrentar as consequências de sua culpa.
DAS DORES - Tinha muito medo... O que vai me acontecê? Vão me prendê? Tou perdida, não tou?
INSPETOR - Não. O delegado vai instaurar o processo. Pode aguardar o julgamento em liberdade.
CORTA PARA:
CENA 8 - HOSPITAL - QUARTO DE NANÁ - INTERIOR - DIA
O DR. GARCIA ENTREGOU A ESFEROGRÁFICA A ELISA LIBERATO.
DR. GARCIA - A senhora só tem de assinar estes papéis para ficar tudo legalizado.
COMENDADOR - (perguntou, carinhoso) Você aguenta?
NANÁ - Aguento sim.
NANÁ ASSINOU, COM LETRA FIRME, OS DOCUMENTOS QUE O ADVOGADO COLOCOU NUMA PRANCHA À SUA FRENTE. BABY E INÊS APRECIAVAM A DISPOSIÇÃO DA VELHA. O ADVOGADO VOLTOU A FALAR, COM AR DE CONTENTAMENTO.
DR. GARCIA - Deste momento em diante, não existe nenhum problema nas ex-propriedades Liberato, em Porto Azul. Agora elas pertencem aos seus novos donos.
BABY - (pulou como um menino que ganhou um brinquedo) A rapaziada vai ficar contente pra burro. Eu vou dar a noticia a eles. E vou dizer também que, tanto a minha mãe, quanto o meu pai... foram muito bacanas... porque entenderam bem a minha intenção. Afinal... tudo deu certo!
INÊS - Por que é que as coisas não podem ser tão simples? Depois você diz que eu sou burra, Leandro. Eu não entendo mesmo. As pessoas deviam seguir uma linha certa... direta. Eu quero aquilo... vou até o fim. Mas olha... a linha tem de ser torta, perigosa, sofrida... até chegar a esse final bacana a que a gente chegou.
BABY NOTOU AS LÁGRIMAS QUE ENCHIAM OS OLHOS DA ESPOSA. ABRAÇOU-A.
BABY - Você não entende, porque é muito burrinha. E, agora, vamos acabar com tanta conversa. Mamãe precisa descansar... (beijou a testa de Naná e virou-se para o pai) Você não vem?
COMENDADOR - Não... eu fico... estou sempre aqui... agora não nos separamos mais...
NANÁ ESTENDEU A MÃO E APERTOU FRACAMENTE A DO VELHO.
NO CORREDOR DO HOSPITAL, NUM ÚLTIMO OLHAR PARA OS DOIS, INÊS BALANÇOU A CABEÇA, SORRIDENTE.
INÊS - Puxa! Dá gosto ver esses dois. Quanto o comendador gostava dela! Teve de ver ela quase morta pra esquecer tudo e perdoar. Isso é que é amor, viu, seu bobo?
BABY - (beliscou-a no braço) É... tudo fica esquecido. O erro dela foi grande... mas a vingança dele também foi imensa.
INÊS - Puxa! É romântico demais! Leandro... eu quero ser amada assim! Com essa loucura!
Baby - Vá! Vá! Deixa de fazer drama!
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O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 116,
TONI FIGUEIRA
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