Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 90
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
RITINHA
JERÔNIMO
PEDRO BARROS
LÍDIA
LÁZARO
MARIA DE LARA
ALBERTO
CENA 1 - COROADO - PREFEITURA - INT. - DIA.
Como secretária do novo prefeito de Coroado, Ritinha atendia diàriamente, a dezenas de pessoas interessadas em falar ou avistar-se com Jerônimo. Trabalho a que, aos poucos, foi se acostumando. Aquela era a primeira vez que o Coronel Pedro Barros punha os pés na prefeitura, desde que Jerônimo assumira o cargo. Durante alguns minutos o velho arrogante questionou Ritinha, querendo saber de tudo – quanto ganhava? De onde vinha o dinheiro? Por que estava trabalhando, etc. E logo após, passou a criticar a personalidade de Jerônimo: “Um turrão! Cabeça dura! Burro de viseira!” Ritinha absorveu como podia a indelicadeza do coronel. Ele agora cachimbava na sala de espera, aguardando a chegada do prefeito.
Rita de Cássia levantou-se antes que o cunhado abrisse a porta e ingressasse em seu gabinete. Avisou-o da presença de Pedro Barros.
JERÔNIMO - (fechando a cara) Mande entrar.
PEDRO BARROS - (entrou, zangado) Tou muito chateado com você, moço. Tão chateado que minha intenção era a de te mandar pro inferno, junto com a mulher do seu amigo promotor.
JERÔNIMO - Eu lhe peço pra nunca mais falar nisso!
PEDRO BARROS - Não tou satisfeito com teus atos, com tua maneira de falar comigo. Você aqui é um simples empregado meu. (frisou, com um acento de maldade, as palavras finais do que acabara de dizer).
JERÔNIMO - Não pode ser como o senhor tá pensando! (retrucou, levantando-se e esmurrando a mesa) O senhor não pode mandar em mim!
PEDRO BARROS - Posso e vou mandar! (ripostou inteiramente descontrolado) E não tolero tua arrogância. Depois daquilo que você me disse na delegacia, eu devia acabar com a sua alegria. Mas te dou mais uma chance. Se for cordato, a gente pode continuar juntos. Se botar as manguinhas de fora, (indicou com o dedo a porta da rua) pode ir tratando de abandonar o cargo, porque eu vou botar pra quebrar...
Barros sentou-se na poltrona de couro macio e Jerônimo cruzou a sala em passo lento, preocupado. Tornou a falar, depois de alguns instantes de reflexão.
JERÔNIMO - Acho que assim a gente não pode continuar!
PEDRO BARROS - Pode muito bem. É só você amansar esse gênio miserável e abrandar esse orgulho idiota! Você pode até vencer na vida. Pode subir de posto e amanhã ser deputado na capital, representando Coroado. Tudo depende de você!
JERÔNIMO - Não desse jeito! (retrucou, balançando a cabeça) Não desse jeito!
PEDRO BARROS - (com movimento calculado, retirou um papel do bolso) Não seja burro! Aproveita a oportunidade que a vida te deu. Você tá preso a sentimento de família e tua família nem merece. Veja isto! (entregou a carta ao rapaz) Muito confidencial. Recebi do meu amigo deputado Siqueira. Ele ficou impressionado com você. E, num desabafo, diz que tá muito satisfeito porque a filha dele mostrou um interesse fora do comum por você. Pode ler.
Jerônimo começou a ler a carta, enquanto o coronel continuava a falar, matraqueando incessante:
PEDRO BARROS - Nem era pra te mostrar. Mas eu mostro, pra você ver que pode até fazer um bom casamento com a moça, se quiser. É do gosto do pai, que tá doido pra que a filha assente a cabeça. É uma desmiolada e precisa sossegar. Pra isso, tem que casar. E você é o marido ideal pra ela, porque tem gênio. Essa espécie de moça não pode casar com homem banana...
Acabara de ler a carta do Deputado Siqueira, devolvendo-a ao coronel.
JERÔNIMO - Nunca pensei em me casar com essa moça.
PEDRO BARROS - Pois pensa, de agora em diante. Convém pra você. O pai é rico, você tá arrumado na vida.
JERÔNIMO - (com azedume) É... também... uma ordem?
PEDRO BARROS - Não. Na tua vida particular eu não me meto. É só um conselho. Ordem é pra outra coisa... (falava rápido, sem dar tempo a contestações. Com a intimidade de quem dá ordens, o coronel retirou do arquivo a pasta do registro de impostos) É sobre isto que a gente tem de conversar (falou, batendo com a mão espalmada contra a capa dura e negra) Você está intimado a comparecer na minha casa, hoje á noite. Vamos falar também sobre as coisas que você tem que fazer aí, na prefeitura. Eu tenho muitas sugestões a te dar. Apenas umas sugestõezinhas à toa... (jogou a pasta na mesa de carvalho, esparramando papéis pelo chão. Jerônimo cerrou os dentes de raiva. Permanecia indefeso, diante daquele homem diabólico. Barros terminou a conversa) Leva isso... é de interesse teu e meu...
O rapaz pegou do livro de impostos e recolocou-o no arquivo. Pedro Barros saiu, jogando cinzas do charuto no tapete azulado.
Ritinha apareceu na porta.
JERÔNIMO - Ele quer me dominar, Ritinha! Até quando eu vou ter que agüentar isso?
RITINHA - Tem paciência. Com jeito você vai amansando ele!
JERÔNIMO - É o mesmo que tentar amansar o diabo, Rita. Esse homem é o demônio!
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - PREFEITURA - EXT. - NOITE.
Passava das 8 horas e a noite avançada. Coroado iniciava sua atividade noturna. Jovens a passear de mãos dadas na pracinha, forasteiros a beber tragos nas vendinhas e bares e alguma movimentação nas casas de jogo e dança. Jerônimo apagara as luzes do gabinete e dirigia-se para fora, quando Lídia sussurrou ao seu ouvido:
LÍDIA - Oi, gostosão! (Jerônimo voltou-se, assustado) Vim te buscar pra te levar á casa do coronel. Ele disse que você ia jantar conosco.
JERÔNIMO - Não precisa se preocupar.
LÍDIA - Quero te mostrar uma pedra que eu encontrei ontem, no rio. Juca me disse que é um diamante. E eu digo que não é.
JERÔNIMO - (com interesse profissional) A pedra... tá aí com você?
LÍDIA - Tá. Quer ver? Pode acender a luz?
CENA 3 - COROADO - PREFEITURA - INT. - NOITE.
Jerônimo tornou a abrir a porta e iluminou o confortável gabinete. Do fundo da bolsinha de crochê a jovem retirou uma pequena caixinha de couro. De dentro puxou uma pequenina pedra coruscante.
JERÔNIMO - É... é olho de mosquito. Como foi que você achou?
LÍDIA - Garimpando! Eu e Juca. Achei gozadíssimo. Uma emoção nova, sensacional! Quero te levar no lugar do rio onde achei a pedra. Quer vir comigo?
JERÔNIMO - (surpreso) Agora, de noite?
LÍDIA - Que é que tem? Só pra te mostrar o local. (falou insinuante, com um toque sensual na voz) Você me ensina como é que se cata as pedras, com técnica? Eu sei que há um jeito especial...
JERÔNIMO - (rindo) Você quer ser garimpeira?
A moça conseguira reavivar o bom humor perdido do jovem prefeito. Ele sorriu com gosto.
LÍDIA - Só pra sentir um prazer... diferente.
JERÔNIMO - Vamos indo.
LÍDIA - (aproximou-se como uma gata em cio) Você me dá essa sensação... diferente. Eu adoro sensações novas, excitantes... (suas mãos de Lídia exploraram o peito forte e cabeludo do rapaz, num carinho irresistível. Jerônimo ouvia, em eco, as palavras de Pedro Barros: “Essa espécie de moça não pode casar com homem banana...” Lídia continuava alisando-lhe a pele) Só que eu dava a vida pra saber se você sabe beijar... (ergueu a cabeça, com os lábios a centímetros da boca do rapaz) Só por curiosidade...
JERÔNIMO - (sentiu as forças fugirem) Você tá doidinha pra isso, não?
Apertou-a contra o peito, esmagando-lhe os seios com uma das mãos. O beijo, a princípio brando, transformara-se num vulcão de ânsias. Lídia suspirou.
LÍDIA - Nossa! Quase perco o ar!
JERÔNIMO - Você já pode dizer que o animal raro sabe beijar. (afastou-a, carinhosamente e, tomando o livro de impostos, tornou a convidar) Vamos indo.
LÍDIA - (não se moveu um milímetro do lugar) Vem cá! Não deu pra ver bem, Jerônimo! Volta!
Por entre a blusa aberta, fina e leve, o jovem prefeito fixou dois pontinhos róseos, como setas dirigidas ao seu coração. Era preciso fugir da mira. Esperou-a do lado de fora.
CORTA PARA:
CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - NOITE.
PEDRO BARROS - É muito pouco o que eu exijo de você...
JERÔNIMO - Mas, coronel...
Jerônimo discutia os pontos básicos do interesse de Pedro Barros. O velho chefe desejava que o prefeito fizesse vista grossa a algumas atividades comerciais, escapando, desta forma, ao rigor do fisco. Era pedir demais.
PEDRO BARROS - Só deve fechar os olhos... Mais nada. Acho que não precisamos mais discutir.
Impotente, Jerônimo levantou-se, empurrando a cadeira com raiva. Fixou olhos fuzilantes na cara perversa do antagonista. E deixou o escritório. Lídia correu atrás dele.
LÍDIA - Ei, espera! Eu te trouxe, eu te levo!
PEDRO BARROS - (vociferou) Cabeça dura, desgraçado!
CORTA PARA:
CENA 5 - MATA ADENTRO - ACAMPAMENTO - EXT. - NOITE.
João Coragem partira pela manhã, à procura de Braz e Cema. As tendas de lona, armadas á beira do rio, davam ao local o aspecto de um safári. A noite caíra e os vagalumes enchiam a escuridão de pontinhos luminosos. Alberto cochilava diante da barraca de Lara. O fogo murchara. Tudo era silencio. Lázaro passou as pernas por cima do corpo do rapaz e entrou na tenda. Ajoelhou-se ao lado da mulher. Maria de Lara abriu os olhos, sonolenta. Com um movimento rápido, Lázaro tapou-lhe a boca com a mão.
LÁZARO - Quietinha! É melhor pra ti! Não vou te fazer nada. Só quero saber se você ainda quer me gratificá pra eu te ajudá a dá sumiço daqui. (Lara tinha os olhos abertos de medo) Se quer, é só fazê que sim com a cabeça. Aí a gente pode ganhá o mundo. Te levo pra longe de teu marido. (a moça tentou desvencilhar-se das mãos do bandido) Por que agora você quer reagi? Daquela vez tava até mais camarada... disposta a tudo. Tava até mais bunita. De repente, virou essa pamonha que num quer nada...
O leve gemido de Lara despertou Alberto á entrada da cabana.
MARIA DE LARA - Hã!
LÁZARO - Quietinha... ou eu dou conta de ocê!
ALBERTO - Larga ela! Larga ou eu atiro!
A voz indefinível do rapaz obrigou Lázaro a erguer-se como uma mola. Viu o cano apontado em sua direção. E o dedo de Alberto premindo de leve o gatilho. Lázaro espumou de raiva.
LÁZARO - (deu um passo à frente) Atira nada. Você não sabe manejar isso, pirralho!
ALBERTO - (avisou, seguro e frio) Não te dou nem tempo pra pensar!
Como secretária do novo prefeito de Coroado, Ritinha atendia diàriamente, a dezenas de pessoas interessadas em falar ou avistar-se com Jerônimo. Trabalho a que, aos poucos, foi se acostumando. Aquela era a primeira vez que o Coronel Pedro Barros punha os pés na prefeitura, desde que Jerônimo assumira o cargo. Durante alguns minutos o velho arrogante questionou Ritinha, querendo saber de tudo – quanto ganhava? De onde vinha o dinheiro? Por que estava trabalhando, etc. E logo após, passou a criticar a personalidade de Jerônimo: “Um turrão! Cabeça dura! Burro de viseira!” Ritinha absorveu como podia a indelicadeza do coronel. Ele agora cachimbava na sala de espera, aguardando a chegada do prefeito.
Rita de Cássia levantou-se antes que o cunhado abrisse a porta e ingressasse em seu gabinete. Avisou-o da presença de Pedro Barros.
JERÔNIMO - (fechando a cara) Mande entrar.
PEDRO BARROS - (entrou, zangado) Tou muito chateado com você, moço. Tão chateado que minha intenção era a de te mandar pro inferno, junto com a mulher do seu amigo promotor.
JERÔNIMO - Eu lhe peço pra nunca mais falar nisso!
PEDRO BARROS - Não tou satisfeito com teus atos, com tua maneira de falar comigo. Você aqui é um simples empregado meu. (frisou, com um acento de maldade, as palavras finais do que acabara de dizer).
JERÔNIMO - Não pode ser como o senhor tá pensando! (retrucou, levantando-se e esmurrando a mesa) O senhor não pode mandar em mim!
PEDRO BARROS - Posso e vou mandar! (ripostou inteiramente descontrolado) E não tolero tua arrogância. Depois daquilo que você me disse na delegacia, eu devia acabar com a sua alegria. Mas te dou mais uma chance. Se for cordato, a gente pode continuar juntos. Se botar as manguinhas de fora, (indicou com o dedo a porta da rua) pode ir tratando de abandonar o cargo, porque eu vou botar pra quebrar...
Barros sentou-se na poltrona de couro macio e Jerônimo cruzou a sala em passo lento, preocupado. Tornou a falar, depois de alguns instantes de reflexão.
JERÔNIMO - Acho que assim a gente não pode continuar!
PEDRO BARROS - Pode muito bem. É só você amansar esse gênio miserável e abrandar esse orgulho idiota! Você pode até vencer na vida. Pode subir de posto e amanhã ser deputado na capital, representando Coroado. Tudo depende de você!
JERÔNIMO - Não desse jeito! (retrucou, balançando a cabeça) Não desse jeito!
PEDRO BARROS - (com movimento calculado, retirou um papel do bolso) Não seja burro! Aproveita a oportunidade que a vida te deu. Você tá preso a sentimento de família e tua família nem merece. Veja isto! (entregou a carta ao rapaz) Muito confidencial. Recebi do meu amigo deputado Siqueira. Ele ficou impressionado com você. E, num desabafo, diz que tá muito satisfeito porque a filha dele mostrou um interesse fora do comum por você. Pode ler.
Jerônimo começou a ler a carta, enquanto o coronel continuava a falar, matraqueando incessante:
PEDRO BARROS - Nem era pra te mostrar. Mas eu mostro, pra você ver que pode até fazer um bom casamento com a moça, se quiser. É do gosto do pai, que tá doido pra que a filha assente a cabeça. É uma desmiolada e precisa sossegar. Pra isso, tem que casar. E você é o marido ideal pra ela, porque tem gênio. Essa espécie de moça não pode casar com homem banana...
Acabara de ler a carta do Deputado Siqueira, devolvendo-a ao coronel.
JERÔNIMO - Nunca pensei em me casar com essa moça.
PEDRO BARROS - Pois pensa, de agora em diante. Convém pra você. O pai é rico, você tá arrumado na vida.
JERÔNIMO - (com azedume) É... também... uma ordem?
PEDRO BARROS - Não. Na tua vida particular eu não me meto. É só um conselho. Ordem é pra outra coisa... (falava rápido, sem dar tempo a contestações. Com a intimidade de quem dá ordens, o coronel retirou do arquivo a pasta do registro de impostos) É sobre isto que a gente tem de conversar (falou, batendo com a mão espalmada contra a capa dura e negra) Você está intimado a comparecer na minha casa, hoje á noite. Vamos falar também sobre as coisas que você tem que fazer aí, na prefeitura. Eu tenho muitas sugestões a te dar. Apenas umas sugestõezinhas à toa... (jogou a pasta na mesa de carvalho, esparramando papéis pelo chão. Jerônimo cerrou os dentes de raiva. Permanecia indefeso, diante daquele homem diabólico. Barros terminou a conversa) Leva isso... é de interesse teu e meu...
O rapaz pegou do livro de impostos e recolocou-o no arquivo. Pedro Barros saiu, jogando cinzas do charuto no tapete azulado.
Ritinha apareceu na porta.
JERÔNIMO - Ele quer me dominar, Ritinha! Até quando eu vou ter que agüentar isso?
RITINHA - Tem paciência. Com jeito você vai amansando ele!
JERÔNIMO - É o mesmo que tentar amansar o diabo, Rita. Esse homem é o demônio!
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - PREFEITURA - EXT. - NOITE.
Passava das 8 horas e a noite avançada. Coroado iniciava sua atividade noturna. Jovens a passear de mãos dadas na pracinha, forasteiros a beber tragos nas vendinhas e bares e alguma movimentação nas casas de jogo e dança. Jerônimo apagara as luzes do gabinete e dirigia-se para fora, quando Lídia sussurrou ao seu ouvido:
LÍDIA - Oi, gostosão! (Jerônimo voltou-se, assustado) Vim te buscar pra te levar á casa do coronel. Ele disse que você ia jantar conosco.
JERÔNIMO - Não precisa se preocupar.
LÍDIA - Quero te mostrar uma pedra que eu encontrei ontem, no rio. Juca me disse que é um diamante. E eu digo que não é.
JERÔNIMO - (com interesse profissional) A pedra... tá aí com você?
LÍDIA - Tá. Quer ver? Pode acender a luz?
CENA 3 - COROADO - PREFEITURA - INT. - NOITE.
Jerônimo tornou a abrir a porta e iluminou o confortável gabinete. Do fundo da bolsinha de crochê a jovem retirou uma pequena caixinha de couro. De dentro puxou uma pequenina pedra coruscante.
JERÔNIMO - É... é olho de mosquito. Como foi que você achou?
LÍDIA - Garimpando! Eu e Juca. Achei gozadíssimo. Uma emoção nova, sensacional! Quero te levar no lugar do rio onde achei a pedra. Quer vir comigo?
JERÔNIMO - (surpreso) Agora, de noite?
LÍDIA - Que é que tem? Só pra te mostrar o local. (falou insinuante, com um toque sensual na voz) Você me ensina como é que se cata as pedras, com técnica? Eu sei que há um jeito especial...
JERÔNIMO - (rindo) Você quer ser garimpeira?
A moça conseguira reavivar o bom humor perdido do jovem prefeito. Ele sorriu com gosto.
LÍDIA - Só pra sentir um prazer... diferente.
JERÔNIMO - Vamos indo.
LÍDIA - (aproximou-se como uma gata em cio) Você me dá essa sensação... diferente. Eu adoro sensações novas, excitantes... (suas mãos de Lídia exploraram o peito forte e cabeludo do rapaz, num carinho irresistível. Jerônimo ouvia, em eco, as palavras de Pedro Barros: “Essa espécie de moça não pode casar com homem banana...” Lídia continuava alisando-lhe a pele) Só que eu dava a vida pra saber se você sabe beijar... (ergueu a cabeça, com os lábios a centímetros da boca do rapaz) Só por curiosidade...
JERÔNIMO - (sentiu as forças fugirem) Você tá doidinha pra isso, não?
Apertou-a contra o peito, esmagando-lhe os seios com uma das mãos. O beijo, a princípio brando, transformara-se num vulcão de ânsias. Lídia suspirou.
LÍDIA - Nossa! Quase perco o ar!
JERÔNIMO - Você já pode dizer que o animal raro sabe beijar. (afastou-a, carinhosamente e, tomando o livro de impostos, tornou a convidar) Vamos indo.
LÍDIA - (não se moveu um milímetro do lugar) Vem cá! Não deu pra ver bem, Jerônimo! Volta!
Por entre a blusa aberta, fina e leve, o jovem prefeito fixou dois pontinhos róseos, como setas dirigidas ao seu coração. Era preciso fugir da mira. Esperou-a do lado de fora.
CORTA PARA:
CENA 4 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO - INT. - NOITE.
PEDRO BARROS - É muito pouco o que eu exijo de você...
JERÔNIMO - Mas, coronel...
Jerônimo discutia os pontos básicos do interesse de Pedro Barros. O velho chefe desejava que o prefeito fizesse vista grossa a algumas atividades comerciais, escapando, desta forma, ao rigor do fisco. Era pedir demais.
PEDRO BARROS - Só deve fechar os olhos... Mais nada. Acho que não precisamos mais discutir.
Impotente, Jerônimo levantou-se, empurrando a cadeira com raiva. Fixou olhos fuzilantes na cara perversa do antagonista. E deixou o escritório. Lídia correu atrás dele.
LÍDIA - Ei, espera! Eu te trouxe, eu te levo!
PEDRO BARROS - (vociferou) Cabeça dura, desgraçado!
CORTA PARA:
CENA 5 - MATA ADENTRO - ACAMPAMENTO - EXT. - NOITE.
João Coragem partira pela manhã, à procura de Braz e Cema. As tendas de lona, armadas á beira do rio, davam ao local o aspecto de um safári. A noite caíra e os vagalumes enchiam a escuridão de pontinhos luminosos. Alberto cochilava diante da barraca de Lara. O fogo murchara. Tudo era silencio. Lázaro passou as pernas por cima do corpo do rapaz e entrou na tenda. Ajoelhou-se ao lado da mulher. Maria de Lara abriu os olhos, sonolenta. Com um movimento rápido, Lázaro tapou-lhe a boca com a mão.
LÁZARO - Quietinha! É melhor pra ti! Não vou te fazer nada. Só quero saber se você ainda quer me gratificá pra eu te ajudá a dá sumiço daqui. (Lara tinha os olhos abertos de medo) Se quer, é só fazê que sim com a cabeça. Aí a gente pode ganhá o mundo. Te levo pra longe de teu marido. (a moça tentou desvencilhar-se das mãos do bandido) Por que agora você quer reagi? Daquela vez tava até mais camarada... disposta a tudo. Tava até mais bunita. De repente, virou essa pamonha que num quer nada...
O leve gemido de Lara despertou Alberto á entrada da cabana.
MARIA DE LARA - Hã!
LÁZARO - Quietinha... ou eu dou conta de ocê!
ALBERTO - Larga ela! Larga ou eu atiro!
A voz indefinível do rapaz obrigou Lázaro a erguer-se como uma mola. Viu o cano apontado em sua direção. E o dedo de Alberto premindo de leve o gatilho. Lázaro espumou de raiva.
LÁZARO - (deu um passo à frente) Atira nada. Você não sabe manejar isso, pirralho!
ALBERTO - (avisou, seguro e frio) Não te dou nem tempo pra pensar!
FIM DO CAPÍTULO 90
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** LARA CONTA A JOÃO QUE ESTÁ SENDO ASSEDIADA POR LÁZARO. IRADO, JOÃO EXPULSA O BANDIDO DO ACAMPAMENTO E GANHA MAIS UM INIMIGO!
*** JERÔNIMO E LÍDIA FICAM NOIVOS.
*** DIANA VOLTA À VIDA, NO ACAMPAMENTO, E FOGE!
*** LARA CONTA A JOÃO QUE ESTÁ SENDO ASSEDIADA POR LÁZARO. IRADO, JOÃO EXPULSA O BANDIDO DO ACAMPAMENTO E GANHA MAIS UM INIMIGO!
*** JERÔNIMO E LÍDIA FICAM NOIVOS.
*** DIANA VOLTA À VIDA, NO ACAMPAMENTO, E FOGE!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 91 DE
Pobre João, mais um inimigo, mais problemas! Toni, gosto da maneira como você descreve cada personagem! Muito bom! Bjs.
ResponderExcluirObrigado, Maria! Seus comentários são um grande incentivo pra seguir em frente! Estamos com mais 30 capítulos para o final desta saga maravilhosa!
ResponderExcluirBjs