Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 93
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
PEDRO BARROS
DELEGADO FALCÃO
POTIRA
JERÔNIMO
PADRE BENTO
JOÃO
LÁZARO
RODRIGO
LÍDIA
DUDA
ALBERTO
BRAZ CANOEIRO
CENA 1 - BOSQUE - EXT. - DIA.
Não havia ninguém naquela hora em toda a extensão do bosque. Apenas o canto da passarada dava conta de que ainda existia vida sobre a terra. Jerônimo sentara-se na grama a observar a curiosa formação das nuvens. O vulto esgueirou-se por entre a vegetação, apoiando-se aos troncos e se acercou do rapaz. Os olhos de ambos se encontraram e os dois permaneceram estáticos sem sequer pronunciar palavra.
Diante da claridade, protegidos por algumas árvores frondosas, o coronel e o delegado assistiam à cena.
PEDRO BARROS - (orgulhoso) Que foi que eu te disse?
DELEGADO FALCÃO - Em que mundo eu andava que nem desconfiei?
PEDRO BARROS - Bem... prepare a máquina (sugeriu, animando-o com uma leve cotovelada no braço).
DELEGADO FALCÃO - Pra alcançar eles daqui, tenho que usar a teleobjetiva.
O delegado abriu a maleta de couro alaranjado e tirou a peça necessária, encaixando-a na parte frontal da máquina fotográfica.
PEDRO BARROS - Use o que quiser, mas bata o retrato. E espere um momento importante...quando os dois se juntá! (e fazia força para não gargalhar de alegria).
Durante alguns minutos o delegado fixou o olho contra o pequeno visor, á espera da hora H. Tudo era silencio.
Num movimento brusco os dois amantes jogam-se nos braços um do outro. Potira tremia. Jerônimo arfava.
POTIRA - É só uma despedida?
JERÔNIMO - É. Uma despedida!
O longo, desesperado beijo, selou o adeus dos dois.
A câmara retratara tudo. No jogo de interesses o Coronel Pedro Barros acabara de ganhar outro trunfo valioso.
Esgueirando-se cuidadosamente, os dois alcançaram o carro na estrada. Na clareira do bosque Potira acariciava a face do amante.
POTIRA - Adeus, Jeromo.
JERÔNIMO - India... eu te amo... vou me casar com outra, mas vou te amar sempre...
POTIRA - Até nunca mais, Jeromo!
Jerônimo gesticulou com o braço, mostrando o horizonte ao longe.
JERÔNIMO - Tu presta atenção, quando amanhecer o dia. Olha bem pro céu e pensa que tou pensando em ocê.
As palavras eram demais. De menos a vontade imensa de se possuírem. Tudo era pouco diante do amor que unia duas vidas e dois destinos. A tarde começava a cair quando o casal se separou na bifurcação da estrada que ligava Coroado ao rancho dos Irmãos Coragem.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - IGREJA - INT. - DIA.
Não era todo dia que um prefeito se casava em Coroado. E muito menos com a filha de um homem famoso. De um deputado com assento em Brasília. A igrejinha estava cheia de amigos e curiosos. Todos queriam ver “a filha do Dr. Siqueira” que havia fisgado um peixe difícil de ser apanhado.
De repente o ruído de pés e gente a se levantar.
A noiva surgiu à entrada do templo, mão levemente apoiada no antebraço do Coronel Pedro Barros. Mais atrás, duas figuras enquadradas no vão da entrada: Falcão e Lázaro.
Diante do espanto geral, um homem de barba cerrada encaminhou-se para o altar a passos largos.
A uma só voz, como em côro gigantesco, a igreja exclamou: João!
PEDRO BARROS - (quase gritou) O que é isso? Um casamento ou uma reunião de bandoleiros?
PADRE BENTO - (com uma ponta de recriminação) Por que... você veio, meu filho?
JOÃO - Uai, padre, vim vê de perto o casamento do meu irmão. Vim cunhecê a noiva dele. Ora, eu tenho direito, não tenho? Afinal, sou filho de Deus. Sou católico, apostólico, romano. Por que é que eu não posso entrá dentro de uma igreja?
DELEGADO FALCÃO - Acontece que você, além de tudo, é também um bandido! (gritou, afastando os populares e encaminhando-se para o altar) E direito de andar livremente você não tem.
João Coragem pediu silencio, abrindo os braços num gesto largo, palmas voltadas para a multidão.
JOÃO - Tá bão, minha gente! Eu quero que todo mundo aqui julga a justiça do Falcão. A justiça que tá imperando nesta cidade. Falcão anda, agora, na companhia de um assassino. Deu liberdade pra ele. Ora... por que é que eu não posso usá do mesmo provilégio? Me diga, minha gente! Meu irmão, que é autoridade, se consente nisso, tem que consenti também que eu assista o seu casamento!
Houve um murmúrio de aprovação no interior do templo. Algumas cabeças moveram-se em sinal de aquiescencia.
JERÔNIMO - Você tem razão, irmão! (virou-se para os presentes) Ele pode assistir meu casamento. Se ele não pode, Lázaro, aqui presente, também não pode, não! Se tem que prendê ele, Lázaro também tem que sê preso!
RODRIGO - (ergueu a voz possante) Estou de pleno acôrdo!
PADRE BENTO - Gente! Só lhes peço para respeitar a casa de Deus!
JOÃO - Nós respeita! Ninguém move uma palha, se ninguém molestá a gente.
JERÔNIMO - (ordenou, enviando um olhar de satisfação para o irmão) Pode começar a cerimônia, padre!
JOÃO - (anunciou, ameaçador, fitando os olhos do delegado) Só aviso que lá fora tá cercado de meus home. E enquanto eu tou aqui, ninguém entra nem sai. Mas, nós respeita, padre, esta igreja. Pode dá início.
PEDRO BARROS - Desculpem! Eu aqui não posso ficar! (vociferou, ameaçando deixar o templo).
JOÃO - Mas vai ficá! (retrucou com voz enérgica. Seus olhos fuzilavam de ódio) Já disse. Daqui ninguém arreda pé. Padre, fala o que tem que falá...
O sacerdote deu início à cerimônia. A um sinal, Lídia e Jerônimo se ajoelharam, curvando a cabeça. O órgão encheu de som o interior da igrejinha. Na parte externa, dezenas de homens, em atitude hostil, moviam-se nervosamente. A igreja estava cercada como uma praça de guerra.
PADRE BENTO - (concluía) Em nome de Deus, eu os declaro marido e mulher. E que nenhuma força humana seja capaz de desfazer estes laços feitos por Deus.
Jerônimo colocou a aliança no dedo fino da moça.
JOÃO - Posso beijá ela, irmão?
João Coragem beijou a face da cunhada ante os olhares admirados dos presentes. Fez um sinal com a mão e vários capangas enfileiraram-se no centro da igreja, formando um corredor de proteção. Falcão suava.
JERÔNIMO - Té outra vez, mano!
JOÃO - Agora, a gente vai embora. E vou satisfeito. Provei que tenho direito de andá como cidadão livre, já que num sou nenhum assassino. E previno. Eu volto!
Como se fôra um braço de maré que tivesse invadido um pedaço do litoral, os foras-da-lei, sempre cercando o chefe, á medida que ele andava, deixavam, de costas, o recinto sagrado.
LÍDIA - (radiante) Legal! Legal! Que casamento bacana! Se eu contar ninguém vai acreditar na cidade!
PEDRO BARROS - (chegou perto do recém-casado) Vou te pedir conta disso, Jerônimo!
O prefeito ignorou-o solenemente.
CORTA PARA:
CENA 3 - ALDEIA DE JOÃO - EXT. - DIA.
Sol a pino na aldeia afastada, terra dos foragidos. João avistou o carrão vermelho á frente de uma espiral de poeira.
JOÃO - Que surpresa é essa, gente! Os dois de uma vez!
Imediatamente os homens deixaram as tocaias de armas voltadas para o chão. Surgiram aos grupos. Duda e Rodrigo entenderam a manobra de proteção. Seria difícil alcançá-los de supetão. Uma manobra em pinça encontraria obstáculos do próprio terreno. Isso deu-lhes tranquilidade.
DUDA - Trazemos boas notícias (disse-lhe, apertando-o contra o peito).
RODRIGO - Coisa muito importante...
JOÃO - Boa notícia pra mim? Será que deu um troço no coração de Pedro Barros e ele esticou as canela?...
Os rapazes riram.
Alberto e Braz se aproximaram, sorridentes.
O promotor voltou-se para o filho de Lourenço D’Ávila; puxou-o amistisamente pelo ombro.
RODRIGO - Alberto, você viu seu pai depois de morto?
ALBERTO - Não. Não fui chamado pra ver o corpo. Por quê? (um tom de preocupação ressaltou a pergunta do adolescente).
JOÃO - Que é que tem que vê isso, agora? (indagou, parando de beber o café forte e quente).
DUDA - João, há poucos dias eu vi Lourenço D’Ávila em São Paulo, e briguei com ele num quarto de hotel!
ALBERTO - (incrédulo) Meu pai?
DUDA - Ninguém me acreditou e é possível que até você não acredite. Mas era ele mesmo! Em carne e osso!
JOÃO - Espera lá! Isso é coisa muito importante! Braz, tu tá ouvindo?
BRAZ CANOEIRO - E tão espantado quanto você, João!
DUDA - Gente! Vocês tem que acreditar em mim! Olha... a primeira vez... foi numa joalheria. A segunda...
Eduardo relatou minuciosamente os encontros com o falso-morto e sua luta no interior do pequeno quarto do Hotel Confôrto, na zona da estrada de ferro. Se a verdade pudesse ser comprovada, haveria uma guinada de 360 graus no processo do irmão e as coisas ficariam feias para o lado contrário. Alberto meditava profundamente.
CORTA PARA:
CENA 4 - ALDEIA DE JOÃO - CHOUPANA - INT. - DIA.
DUDA - ... por isso larguei tudo e vim logo lhe contar. Sua liberdade e sua alegria são mais importantes para mim, que todas as partidas co Coríntians.
JOÃO - E, pensando bem... aquele cara morto, com o rosto estragado... até que podia ser outro homem! Gente! Tá na cara! Meu diamante sumiu com a morte dele! Ele tá vivo, aproveitando o dinheiro da minha pedra!
Alberto levantou-se, nervoso, e tentou sair. Braz segurou-o pelo pulso.
BRAZ CANOEIRO - Guenta firme, rapaz! A vida é assim mesmo.
ALBERTO - Minha mãe reconheceu o corpo! Vocês não querem dizer que ela tomou parte numa trama!
RODRIGO - Acredito que ela pode nos ajudar muito. Isto não quer dizer que ela tomou parte!
ALBERTO - (descontrolado) Eu... desculpe, gente... não estou me sentindo bem. Pensar que meu pai pode ter feito isso... me dá um mal-estar horrível!
Afastou-se do local sob os olhares compadecidos dos companheiros e dos visitantes.
JOÃO - A gente tem que entender o rapaz. Eu não quero magoá ele (falou, baixando a voz, quase num sussurro.. E para o promotor) Rodrigo, é importante prová isso... e que seja o mais depressa possível.
RODRIGO - Vou tentar. Vou me dedicar inteiramente à sua causa. Eu lhe prometo. Eu mesmo irei com Duda de volta a São Paulo e, juntos, trataremos de encontrá-lo.
Apertaram-se as mãos em sinal de compromisso.
Não havia ninguém naquela hora em toda a extensão do bosque. Apenas o canto da passarada dava conta de que ainda existia vida sobre a terra. Jerônimo sentara-se na grama a observar a curiosa formação das nuvens. O vulto esgueirou-se por entre a vegetação, apoiando-se aos troncos e se acercou do rapaz. Os olhos de ambos se encontraram e os dois permaneceram estáticos sem sequer pronunciar palavra.
Diante da claridade, protegidos por algumas árvores frondosas, o coronel e o delegado assistiam à cena.
PEDRO BARROS - (orgulhoso) Que foi que eu te disse?
DELEGADO FALCÃO - Em que mundo eu andava que nem desconfiei?
PEDRO BARROS - Bem... prepare a máquina (sugeriu, animando-o com uma leve cotovelada no braço).
DELEGADO FALCÃO - Pra alcançar eles daqui, tenho que usar a teleobjetiva.
O delegado abriu a maleta de couro alaranjado e tirou a peça necessária, encaixando-a na parte frontal da máquina fotográfica.
PEDRO BARROS - Use o que quiser, mas bata o retrato. E espere um momento importante...quando os dois se juntá! (e fazia força para não gargalhar de alegria).
Durante alguns minutos o delegado fixou o olho contra o pequeno visor, á espera da hora H. Tudo era silencio.
Num movimento brusco os dois amantes jogam-se nos braços um do outro. Potira tremia. Jerônimo arfava.
POTIRA - É só uma despedida?
JERÔNIMO - É. Uma despedida!
O longo, desesperado beijo, selou o adeus dos dois.
A câmara retratara tudo. No jogo de interesses o Coronel Pedro Barros acabara de ganhar outro trunfo valioso.
Esgueirando-se cuidadosamente, os dois alcançaram o carro na estrada. Na clareira do bosque Potira acariciava a face do amante.
POTIRA - Adeus, Jeromo.
JERÔNIMO - India... eu te amo... vou me casar com outra, mas vou te amar sempre...
POTIRA - Até nunca mais, Jeromo!
Jerônimo gesticulou com o braço, mostrando o horizonte ao longe.
JERÔNIMO - Tu presta atenção, quando amanhecer o dia. Olha bem pro céu e pensa que tou pensando em ocê.
As palavras eram demais. De menos a vontade imensa de se possuírem. Tudo era pouco diante do amor que unia duas vidas e dois destinos. A tarde começava a cair quando o casal se separou na bifurcação da estrada que ligava Coroado ao rancho dos Irmãos Coragem.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - IGREJA - INT. - DIA.
Não era todo dia que um prefeito se casava em Coroado. E muito menos com a filha de um homem famoso. De um deputado com assento em Brasília. A igrejinha estava cheia de amigos e curiosos. Todos queriam ver “a filha do Dr. Siqueira” que havia fisgado um peixe difícil de ser apanhado.
De repente o ruído de pés e gente a se levantar.
A noiva surgiu à entrada do templo, mão levemente apoiada no antebraço do Coronel Pedro Barros. Mais atrás, duas figuras enquadradas no vão da entrada: Falcão e Lázaro.
Diante do espanto geral, um homem de barba cerrada encaminhou-se para o altar a passos largos.
A uma só voz, como em côro gigantesco, a igreja exclamou: João!
PEDRO BARROS - (quase gritou) O que é isso? Um casamento ou uma reunião de bandoleiros?
PADRE BENTO - (com uma ponta de recriminação) Por que... você veio, meu filho?
JOÃO - Uai, padre, vim vê de perto o casamento do meu irmão. Vim cunhecê a noiva dele. Ora, eu tenho direito, não tenho? Afinal, sou filho de Deus. Sou católico, apostólico, romano. Por que é que eu não posso entrá dentro de uma igreja?
DELEGADO FALCÃO - Acontece que você, além de tudo, é também um bandido! (gritou, afastando os populares e encaminhando-se para o altar) E direito de andar livremente você não tem.
João Coragem pediu silencio, abrindo os braços num gesto largo, palmas voltadas para a multidão.
JOÃO - Tá bão, minha gente! Eu quero que todo mundo aqui julga a justiça do Falcão. A justiça que tá imperando nesta cidade. Falcão anda, agora, na companhia de um assassino. Deu liberdade pra ele. Ora... por que é que eu não posso usá do mesmo provilégio? Me diga, minha gente! Meu irmão, que é autoridade, se consente nisso, tem que consenti também que eu assista o seu casamento!
Houve um murmúrio de aprovação no interior do templo. Algumas cabeças moveram-se em sinal de aquiescencia.
JERÔNIMO - Você tem razão, irmão! (virou-se para os presentes) Ele pode assistir meu casamento. Se ele não pode, Lázaro, aqui presente, também não pode, não! Se tem que prendê ele, Lázaro também tem que sê preso!
RODRIGO - (ergueu a voz possante) Estou de pleno acôrdo!
PADRE BENTO - Gente! Só lhes peço para respeitar a casa de Deus!
JOÃO - Nós respeita! Ninguém move uma palha, se ninguém molestá a gente.
JERÔNIMO - (ordenou, enviando um olhar de satisfação para o irmão) Pode começar a cerimônia, padre!
JOÃO - (anunciou, ameaçador, fitando os olhos do delegado) Só aviso que lá fora tá cercado de meus home. E enquanto eu tou aqui, ninguém entra nem sai. Mas, nós respeita, padre, esta igreja. Pode dá início.
PEDRO BARROS - Desculpem! Eu aqui não posso ficar! (vociferou, ameaçando deixar o templo).
JOÃO - Mas vai ficá! (retrucou com voz enérgica. Seus olhos fuzilavam de ódio) Já disse. Daqui ninguém arreda pé. Padre, fala o que tem que falá...
O sacerdote deu início à cerimônia. A um sinal, Lídia e Jerônimo se ajoelharam, curvando a cabeça. O órgão encheu de som o interior da igrejinha. Na parte externa, dezenas de homens, em atitude hostil, moviam-se nervosamente. A igreja estava cercada como uma praça de guerra.
PADRE BENTO - (concluía) Em nome de Deus, eu os declaro marido e mulher. E que nenhuma força humana seja capaz de desfazer estes laços feitos por Deus.
Jerônimo colocou a aliança no dedo fino da moça.
JOÃO - Posso beijá ela, irmão?
João Coragem beijou a face da cunhada ante os olhares admirados dos presentes. Fez um sinal com a mão e vários capangas enfileiraram-se no centro da igreja, formando um corredor de proteção. Falcão suava.
JERÔNIMO - Té outra vez, mano!
JOÃO - Agora, a gente vai embora. E vou satisfeito. Provei que tenho direito de andá como cidadão livre, já que num sou nenhum assassino. E previno. Eu volto!
Como se fôra um braço de maré que tivesse invadido um pedaço do litoral, os foras-da-lei, sempre cercando o chefe, á medida que ele andava, deixavam, de costas, o recinto sagrado.
LÍDIA - (radiante) Legal! Legal! Que casamento bacana! Se eu contar ninguém vai acreditar na cidade!
PEDRO BARROS - (chegou perto do recém-casado) Vou te pedir conta disso, Jerônimo!
O prefeito ignorou-o solenemente.
CORTA PARA:
CENA 3 - ALDEIA DE JOÃO - EXT. - DIA.
Sol a pino na aldeia afastada, terra dos foragidos. João avistou o carrão vermelho á frente de uma espiral de poeira.
JOÃO - Que surpresa é essa, gente! Os dois de uma vez!
Imediatamente os homens deixaram as tocaias de armas voltadas para o chão. Surgiram aos grupos. Duda e Rodrigo entenderam a manobra de proteção. Seria difícil alcançá-los de supetão. Uma manobra em pinça encontraria obstáculos do próprio terreno. Isso deu-lhes tranquilidade.
DUDA - Trazemos boas notícias (disse-lhe, apertando-o contra o peito).
RODRIGO - Coisa muito importante...
JOÃO - Boa notícia pra mim? Será que deu um troço no coração de Pedro Barros e ele esticou as canela?...
Os rapazes riram.
Alberto e Braz se aproximaram, sorridentes.
O promotor voltou-se para o filho de Lourenço D’Ávila; puxou-o amistisamente pelo ombro.
RODRIGO - Alberto, você viu seu pai depois de morto?
ALBERTO - Não. Não fui chamado pra ver o corpo. Por quê? (um tom de preocupação ressaltou a pergunta do adolescente).
JOÃO - Que é que tem que vê isso, agora? (indagou, parando de beber o café forte e quente).
DUDA - João, há poucos dias eu vi Lourenço D’Ávila em São Paulo, e briguei com ele num quarto de hotel!
ALBERTO - (incrédulo) Meu pai?
DUDA - Ninguém me acreditou e é possível que até você não acredite. Mas era ele mesmo! Em carne e osso!
JOÃO - Espera lá! Isso é coisa muito importante! Braz, tu tá ouvindo?
BRAZ CANOEIRO - E tão espantado quanto você, João!
DUDA - Gente! Vocês tem que acreditar em mim! Olha... a primeira vez... foi numa joalheria. A segunda...
Eduardo relatou minuciosamente os encontros com o falso-morto e sua luta no interior do pequeno quarto do Hotel Confôrto, na zona da estrada de ferro. Se a verdade pudesse ser comprovada, haveria uma guinada de 360 graus no processo do irmão e as coisas ficariam feias para o lado contrário. Alberto meditava profundamente.
CORTA PARA:
CENA 4 - ALDEIA DE JOÃO - CHOUPANA - INT. - DIA.
DUDA - ... por isso larguei tudo e vim logo lhe contar. Sua liberdade e sua alegria são mais importantes para mim, que todas as partidas co Coríntians.
JOÃO - E, pensando bem... aquele cara morto, com o rosto estragado... até que podia ser outro homem! Gente! Tá na cara! Meu diamante sumiu com a morte dele! Ele tá vivo, aproveitando o dinheiro da minha pedra!
Alberto levantou-se, nervoso, e tentou sair. Braz segurou-o pelo pulso.
BRAZ CANOEIRO - Guenta firme, rapaz! A vida é assim mesmo.
ALBERTO - Minha mãe reconheceu o corpo! Vocês não querem dizer que ela tomou parte numa trama!
RODRIGO - Acredito que ela pode nos ajudar muito. Isto não quer dizer que ela tomou parte!
ALBERTO - (descontrolado) Eu... desculpe, gente... não estou me sentindo bem. Pensar que meu pai pode ter feito isso... me dá um mal-estar horrível!
Afastou-se do local sob os olhares compadecidos dos companheiros e dos visitantes.
JOÃO - A gente tem que entender o rapaz. Eu não quero magoá ele (falou, baixando a voz, quase num sussurro.. E para o promotor) Rodrigo, é importante prová isso... e que seja o mais depressa possível.
RODRIGO - Vou tentar. Vou me dedicar inteiramente à sua causa. Eu lhe prometo. Eu mesmo irei com Duda de volta a São Paulo e, juntos, trataremos de encontrá-lo.
Apertaram-se as mãos em sinal de compromisso.
FIM DO CAPÍTULO 93
Lídia (Sonia Braga) e Jerônimo (Claudio Cavalcanti) |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** Márcia vai á casa de Jerônimo e Lídia como repórter, para entrevistar o novo prefeito de Coroado.
*** Pedro Barros reúne seus homens, avisa que rompeu com Falcão, afirma ser o dono de Coroado e exige fidelidade!
*** Lídia vai á Fazenda de Pedro Barros pedir que esqueça o caso de Jerônimo com a índia e pare de persegui-lo!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 94 DE
Que legal essa cena do casamento de Jerônimo e Lídia, com a presença de João! E Pedro Barros e Falcão sem poder fazer nada! Toni, gostei muito! Bjs.
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