Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 91
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
MARIA DE LARA / DIANA
JOÃO
LÁZARO
ALBERTO
DELEGADO FALÃO
SINHANA
JERÔNIMO
LÍDIA
DEPUTADO SIQUEIRA
JUCA CIPÓ
SOUZA
HERNANI
PEDRO BARROS
CENA 1 - MATA - ACAMPAMENTO DE JOÃO - EXT. - DIA.
A madrugada, com seus raios dourados, encontrou Alberto vigilante á porta da tenda, arma ao alcance da mão. Depois da tentativa de violação, Lara e o rapaz haviam acertado nada contar a João, para evitar um choque e maior problema entre os dois homens. O garimpeiro retornou quando o sol já ia alto e a manhã avançada, e no curto intervalo em que o adolescente se afastara – fôra recolher gravetos para a fogueira - , o bandido ameaçara mais uma vez a mulher. A situação tornara-se insustentável. E Lara decidiu contar tudo ao marido, mesmo ante a possibilidade de uma reação furiosa da sua parte.
Agora ela abraçava o esposo, cabeça encostada ao seu peito.
MARIA DE LARA - (falava nervosa) Não aguento mais... me livra dele. Ele me desrespeita! Ele me odeia! Não queria te dizer, mas não aguento mais, João! Não fosse Alberto, ele teria me matado ou...coisa pior! Esperou você sair para me fazer propostas!
João Coragem tinha a testa franzida ao abrir a cortina da tenda. Lázaro bebia café junto ao fogo.
JOÃO - Levanta.
O assassino percebeu tudo. Lara tinha contado.
LÁZARO - Que é que há, João? Zangado comigo? (perguntou cínico, procurando ganhar tempo).
JOÃO - (ordenou, com a veia a latejar-lhe na fronte direita) Levanta, tou mandando!
Lentamente, Lázaro ergueu o corpo, levando a mão discretamente ao punhal. João Coragem percebeu o movimento sorrateiro do bandido.
LÁZARO - Olha aqui... se ela te disse alguma coisa... (as mãos fortes do garimpeiro apertavam-lhe a garganta) Devagá com o andô! (berrou, meio asfixiado) Tou cansado de servi de saco de pancada. Já sei que ela te encheu a cabeça contra mim. Mas não é nada disso, não, João!
Alberto aproximou-se, correndo.
JOÃO - Já sei tudo o que tu fez, cabra safado! Só não te mato porque num quero sujá as minha mão, nem a minha alma, matando um verme fedorento. (apertava cada vez mais o pescoço do jagunço) Tu tem cinco minuto pra prepará tuas coisa e desaparecê daqui...
LÁZARO - Tu sempre confiou em mim!
Afrouxando a pressão, João Coragem empurrou violentamente o bandido, atirando-o ao chão.
JOÃO - Fora! Fora, desgraçado!
Lázaro saiu correndo, sem ao menos recolher os trapos e bugigangas que trouxera ao fugir dos homens do delegado. Tinha um plano em mente e tentaria executá-lo mais tarde. João Coragem não perderia por esperar...
CORTA PARA:
CENA 2 - MATA - EXT. - DIA.
Falcão não acreditava no que seus olhos viam: Lázaro á sua frente, quieto como um cordeiro.
DELEGADO FALCÃO - O que é isto? Uma cilada?
LÁZARO - Nada disto. Tou aqui em missão de entendimento e de paz!
DELEGADO FALCÃO - Como quer que eu confie na tua palavra? Se você é o braço-forte do João?
LÁZARO - Era. Até há pouco, quando ele me escorraçou por causa da mulher.
DELEGADO FALCÃO - Que mulher?
LÁZARO - A dele. A que tem duas cara. (coçou o dedo anular, antes de abrir o jogo) Se meu delegado garante a minha liberdade e mais uns cobre... eu dou conta dos passo do João, direitinho. E num demora muito... o delegado agarra ele e mais aquele pirralho. E mais o negro e Cema.
DELEGADO FALCÃO - (interessado) Tu me diz que eu agarro ele? Onde?
LÁZARO - Só digo se minha liberdade for prometida... Bastava meu delegado se esquecê de mim.
Falcão concordou com um sorriso frio e um tapinhas nas costas. Era um aliado a mais. E muito importante para o coronel.
CORTA PARA:
CENA 3 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Decididamente Sinhana antipatizara com a noiva do filho. Lídia, com suas atitudes e modos de moça moderna, livre de preconceitos, acabara por chocar a sensibilidade e os hábitos antiquados da velha. Ela estava zangada e seu rosto era a expressão do descontentamento.
SINHANA - Eu só quero vê se tu vai tê corage de trazer pra cá aquele traste, com quem tu tá pensando que vai casá. Um jeito de falá, um jeito de andá que Deus me perdoe!
JERÔNIMO - Mãe, num fala bobage, tá?
SINHANA - Legal! Legal! Manja só!
JERÔNIMO - (sorriu, surpreso, ao ver a mãe expressar-se em termos inteiramente diferentes) Vem cá, velha. Onde é que tu aprendeu a falar assim?
SINHANA - Uai! Cum a tua noiva!
CORTA PARA:
CENA 4 - COROADO - PREFEITURA - INT. - DIA.
Lídia aguardava-o no gabinete do prefeito.
LÍDIA - Trago novidades! Papai chegou. Alugou um taxi aéreo e veio aflito para Coroado. Pela primeira vez vejo o velho apavorado.
JERÔNIMO - Tá zangado?
LÍDIA - Mais ou menos. Vim te buscar pra você falar com ele. Não consegui acalmar o nervoso dele.
JERÔNIMO - Vamo lá falar com teu pai!
CORTA PARA:
CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA - INT. - NOITE.
O Deputado Siqueira, como de hábito, sempre que visitava Coroado, hospedava-se na casa de Pedro Barros. Jerônimo cumprimentou-o cerimoniosamente.
JERÔNIMO - Doutor deputado... desculpe o mau jeito...
DEPUTADO SIQUEIRA - Prefeito! Confesso que, desta vez, o senhor me passou um susto.
Lídia correu a preparar uma bebida para o pai.
Jerônimo, sem maiores rodeios, encarou com firmeza o parlamentar.
JERÔNIMO - É que eu decidi me casar com sua filha.
LÍDIA - (ponderou, sentando-se ao seu lado) Nós pensamos que o senhor estaria de acôrdo, papai!
DEPUTADO SIQUEIRA - Bem... (coçou o queixo) eu não sou contra. Mas não gosto das coisas feitas assim, precipitadamente. É preciso que vocês estejam certos de seus sentimentos, para não haver risco de um fracasso. (pigarreou, tomando a bebida) Não quero colocar problemas. Faço gosto em que você se case com o prefeito (falou, dirigindo-se á filha) Só quero que não se engane a si mesma e saiba enfrentar a realidade. Conheço o seu temperamento e por isso tenho receio. Sei que você não se conformará com meias situações. Sei que não abrirá mão de um tipo de vida a que está acostumada.
LÍDIA - (replicou, com voz trêmula) No momento estou disposta a tudo. (e com fervor, fitando o rapaz) Estou apaixonada, papai! (abraçou-o emocionada) O senhor dá o seu consentimento?
DEPUTADO SIQUEIRA - Vocês me puseram contra a parede. Eu consinto. Mas... é preciso que pensem bem nas minhas palavras. (Lídia beijou-o, entusiasmada) Tenho muito gôsto, muito mesmo. Agora, refeito do susto, posso dar vazão á minha felicidade.
Os olhos viraram-se a um só tempo para o fundo da sala de onde vinha o ruído de um sininho a bimbalhar.
JUCA CIPÓ - (gritava, alegre) Jeromo vai casá com Lídia! Vou dizê pra todo mundo! Jeromo vai casá com Lídia!
CORTA PARA:
CENA 6 - MATA - ACAMPAMENTO DE JOÃO - EXT. - NOITE.
Num repente Lara sentiu a dor de cabeça. E num repente Diana voltou á vida. Deixou a tenda da montanha e desapareceu envolta na noite.
Já havia três dias da fuga e João não se perdoava pela fragilidade da vigilância exercida sobre ela.
CORTA PARA:
CENA 7 - COROADO - CLUBE DE JOGOS - INT. - NOITE.
A música envolvia os pares e enchia de alegria os velhos comerciantes do lugar, a gente humilde, os que todas as noites se deslocavam das cidades vizinhas para gozar os instantes fugidios do prazer e do jogo. Diana dançava, abraçada a um homem pouco conhecido no local. Hernani acariciava-lhe o pescoço. Souza aproximou-se cauteloso.
SOUZA - (falou baixo) Tenho que lhe dizer uma coisa!
DIANA - (ordenou, sem gentileza) Diga logo!
SOUZA - (falou-lhe ao ouvido, visivelmente nervoso) Fui avisado. João Coragem vem aí!
Era como se um petardo ali caísse inopinadamente. A mulher empalideceu, cravando , involuntàriamente, as unhas no braço de Hernani.
DIANA - João?
SOUZA - É. Não quero barulho aqui. Com certeza vem por sua causa. Dê o fora!
Hernani tentou reagir, em defesa da moça. Ela mesma o conteve.
SOUZA - (ordenou, alterado) Depressa! Ele não pode encontrar você aqui!
Num átimo enfiou a jovem por entre as cortinas do reservado, entregando-a aos cuidados de uma mulher gorda e mal-encarada.
SOUZA - Cuida dela, aí! Não deixa ela sair!
CORTA PARA:
CENA 8 - CLUBE DE JOGOS - INT. - NOITE.
Hernani, sentado á mesa, observou a chegada do foragido. E admirou-se ao ver o rapagão de cara barbada e longos cabelos negros. Mais atrás outros três em atitude vigilante. Antonio, Alberto e Braz descansavam as mãos nas coronhas dos revólveres. Um silencio envolveu o recinto e os pares procuraram as mesas, assustados.
JOÃO - Ninguém tem medo. Num se assusta. A gente num vai fazê bagunça, nem vai fazê mal pra ninguém. (deu alguns passos no interior do clube) Tou procurando uma pessoa... e num vou fazê ninguém pagá pelos meus problema. Ninguém tem nada com isso, eu reconheço. Só tou pedindo procêis ficá um pouco mais... porque quero vê se acho essa pessoa.
Fitou, um a um, os rostos atônitos que apresentavam expressões as mais variadas.
SOUZA - (encorajado ante as palavras do fora-da-lei) A pessoa que procura... não veio aqui hoje.
JOÃO - Veio onte?
SOUZA - Ontem, veio. Hoje não apareceu. Você pode ir embora, João!
João Coragem chamou o adolescente, com um movimento do indicador.
JOÃO - Alberto... vai lá por dentro e vê se ele tá falando a verdade!
SOUZA - (fingiu sentir-se ofendido) Por que não acredita em mim?
JOÃO - Sua palavra num merece confiança, moço. Não foi ocê quem mandô um bilhete pra viúva do Lourenço?
Souza estremeceu, imperceptìvelmente.
CORTA PARA:
CENA 9 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA DE JANTAR - INT. - NOITE.
Pedro Barros jamais obedecera a etiquetas. Desconhecia-as por completo. E com os dedos lambuzados arrancava pedaços engordurados da macia carne assada. O jantar reunia os familiares e os visitantes da casa-grande. O Deputado Siqueira interrompeu seu jantar e tomou a palavra:
DEPUTADO SIQUEIRA - Eu... quero aproveitar pra lhes falar da minha grande alegria... (era como se houvesse subido á tribuna do Congresso para comunicar aos pares uma decisão importante) E essa alegria é pela união que vai se concretizar daqui a alguns dias. Confesso que, quando vim a Coroado e trouxe minha filha, nunca podia imaginar que ela iria conquistar o seu prefeito. Pelo menos, da minha parte, não houve a menor intenção...(e galhofeiro) por ela, eu não posso responder...
LÍDIA - (sorriu, apertando a mão do noivo) Da minha parte, não houve má intenção... Logo que vi o prefeito, disse cá comigo: vou domar essa fera. Olha, digo a vocês: não foi fácil, não.
PEDRO BARROS - (limpou a boca com um guardanapo e convidou, entre alegre e envaidecido) Vocês me deixem fazer um brinde pela felicidade dos noivos. E tem mais: desde já faço questão de ser o padrinho do casamento. Afinal, foi nesta casa que vocês se conheceram... e faço questão de dá um presentão procês.
LÍDIA - (interveio, feliz) Vai ser o meu padrinho. Dona Mingas, minha madrinha. Jerônimo deve escolher os dele.
JERÔNIMO - Escolho o doutor deputado e minha mãe.
PEDRO BARROS - (ergueu a taça vermelha de vinho) Felicidades, gente...
A madrugada, com seus raios dourados, encontrou Alberto vigilante á porta da tenda, arma ao alcance da mão. Depois da tentativa de violação, Lara e o rapaz haviam acertado nada contar a João, para evitar um choque e maior problema entre os dois homens. O garimpeiro retornou quando o sol já ia alto e a manhã avançada, e no curto intervalo em que o adolescente se afastara – fôra recolher gravetos para a fogueira - , o bandido ameaçara mais uma vez a mulher. A situação tornara-se insustentável. E Lara decidiu contar tudo ao marido, mesmo ante a possibilidade de uma reação furiosa da sua parte.
Agora ela abraçava o esposo, cabeça encostada ao seu peito.
MARIA DE LARA - (falava nervosa) Não aguento mais... me livra dele. Ele me desrespeita! Ele me odeia! Não queria te dizer, mas não aguento mais, João! Não fosse Alberto, ele teria me matado ou...coisa pior! Esperou você sair para me fazer propostas!
João Coragem tinha a testa franzida ao abrir a cortina da tenda. Lázaro bebia café junto ao fogo.
JOÃO - Levanta.
O assassino percebeu tudo. Lara tinha contado.
LÁZARO - Que é que há, João? Zangado comigo? (perguntou cínico, procurando ganhar tempo).
JOÃO - (ordenou, com a veia a latejar-lhe na fronte direita) Levanta, tou mandando!
Lentamente, Lázaro ergueu o corpo, levando a mão discretamente ao punhal. João Coragem percebeu o movimento sorrateiro do bandido.
LÁZARO - Olha aqui... se ela te disse alguma coisa... (as mãos fortes do garimpeiro apertavam-lhe a garganta) Devagá com o andô! (berrou, meio asfixiado) Tou cansado de servi de saco de pancada. Já sei que ela te encheu a cabeça contra mim. Mas não é nada disso, não, João!
Alberto aproximou-se, correndo.
JOÃO - Já sei tudo o que tu fez, cabra safado! Só não te mato porque num quero sujá as minha mão, nem a minha alma, matando um verme fedorento. (apertava cada vez mais o pescoço do jagunço) Tu tem cinco minuto pra prepará tuas coisa e desaparecê daqui...
LÁZARO - Tu sempre confiou em mim!
Afrouxando a pressão, João Coragem empurrou violentamente o bandido, atirando-o ao chão.
JOÃO - Fora! Fora, desgraçado!
Lázaro saiu correndo, sem ao menos recolher os trapos e bugigangas que trouxera ao fugir dos homens do delegado. Tinha um plano em mente e tentaria executá-lo mais tarde. João Coragem não perderia por esperar...
CORTA PARA:
CENA 2 - MATA - EXT. - DIA.
Falcão não acreditava no que seus olhos viam: Lázaro á sua frente, quieto como um cordeiro.
DELEGADO FALCÃO - O que é isto? Uma cilada?
LÁZARO - Nada disto. Tou aqui em missão de entendimento e de paz!
DELEGADO FALCÃO - Como quer que eu confie na tua palavra? Se você é o braço-forte do João?
LÁZARO - Era. Até há pouco, quando ele me escorraçou por causa da mulher.
DELEGADO FALCÃO - Que mulher?
LÁZARO - A dele. A que tem duas cara. (coçou o dedo anular, antes de abrir o jogo) Se meu delegado garante a minha liberdade e mais uns cobre... eu dou conta dos passo do João, direitinho. E num demora muito... o delegado agarra ele e mais aquele pirralho. E mais o negro e Cema.
DELEGADO FALCÃO - (interessado) Tu me diz que eu agarro ele? Onde?
LÁZARO - Só digo se minha liberdade for prometida... Bastava meu delegado se esquecê de mim.
Falcão concordou com um sorriso frio e um tapinhas nas costas. Era um aliado a mais. E muito importante para o coronel.
CORTA PARA:
CENA 3 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Decididamente Sinhana antipatizara com a noiva do filho. Lídia, com suas atitudes e modos de moça moderna, livre de preconceitos, acabara por chocar a sensibilidade e os hábitos antiquados da velha. Ela estava zangada e seu rosto era a expressão do descontentamento.
SINHANA - Eu só quero vê se tu vai tê corage de trazer pra cá aquele traste, com quem tu tá pensando que vai casá. Um jeito de falá, um jeito de andá que Deus me perdoe!
JERÔNIMO - Mãe, num fala bobage, tá?
SINHANA - Legal! Legal! Manja só!
JERÔNIMO - (sorriu, surpreso, ao ver a mãe expressar-se em termos inteiramente diferentes) Vem cá, velha. Onde é que tu aprendeu a falar assim?
SINHANA - Uai! Cum a tua noiva!
CORTA PARA:
CENA 4 - COROADO - PREFEITURA - INT. - DIA.
Lídia aguardava-o no gabinete do prefeito.
LÍDIA - Trago novidades! Papai chegou. Alugou um taxi aéreo e veio aflito para Coroado. Pela primeira vez vejo o velho apavorado.
JERÔNIMO - Tá zangado?
LÍDIA - Mais ou menos. Vim te buscar pra você falar com ele. Não consegui acalmar o nervoso dele.
JERÔNIMO - Vamo lá falar com teu pai!
CORTA PARA:
CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA - INT. - NOITE.
O Deputado Siqueira, como de hábito, sempre que visitava Coroado, hospedava-se na casa de Pedro Barros. Jerônimo cumprimentou-o cerimoniosamente.
JERÔNIMO - Doutor deputado... desculpe o mau jeito...
DEPUTADO SIQUEIRA - Prefeito! Confesso que, desta vez, o senhor me passou um susto.
Lídia correu a preparar uma bebida para o pai.
Jerônimo, sem maiores rodeios, encarou com firmeza o parlamentar.
JERÔNIMO - É que eu decidi me casar com sua filha.
LÍDIA - (ponderou, sentando-se ao seu lado) Nós pensamos que o senhor estaria de acôrdo, papai!
DEPUTADO SIQUEIRA - Bem... (coçou o queixo) eu não sou contra. Mas não gosto das coisas feitas assim, precipitadamente. É preciso que vocês estejam certos de seus sentimentos, para não haver risco de um fracasso. (pigarreou, tomando a bebida) Não quero colocar problemas. Faço gosto em que você se case com o prefeito (falou, dirigindo-se á filha) Só quero que não se engane a si mesma e saiba enfrentar a realidade. Conheço o seu temperamento e por isso tenho receio. Sei que você não se conformará com meias situações. Sei que não abrirá mão de um tipo de vida a que está acostumada.
LÍDIA - (replicou, com voz trêmula) No momento estou disposta a tudo. (e com fervor, fitando o rapaz) Estou apaixonada, papai! (abraçou-o emocionada) O senhor dá o seu consentimento?
DEPUTADO SIQUEIRA - Vocês me puseram contra a parede. Eu consinto. Mas... é preciso que pensem bem nas minhas palavras. (Lídia beijou-o, entusiasmada) Tenho muito gôsto, muito mesmo. Agora, refeito do susto, posso dar vazão á minha felicidade.
Os olhos viraram-se a um só tempo para o fundo da sala de onde vinha o ruído de um sininho a bimbalhar.
JUCA CIPÓ - (gritava, alegre) Jeromo vai casá com Lídia! Vou dizê pra todo mundo! Jeromo vai casá com Lídia!
CORTA PARA:
CENA 6 - MATA - ACAMPAMENTO DE JOÃO - EXT. - NOITE.
Num repente Lara sentiu a dor de cabeça. E num repente Diana voltou á vida. Deixou a tenda da montanha e desapareceu envolta na noite.
Já havia três dias da fuga e João não se perdoava pela fragilidade da vigilância exercida sobre ela.
CORTA PARA:
CENA 7 - COROADO - CLUBE DE JOGOS - INT. - NOITE.
A música envolvia os pares e enchia de alegria os velhos comerciantes do lugar, a gente humilde, os que todas as noites se deslocavam das cidades vizinhas para gozar os instantes fugidios do prazer e do jogo. Diana dançava, abraçada a um homem pouco conhecido no local. Hernani acariciava-lhe o pescoço. Souza aproximou-se cauteloso.
SOUZA - (falou baixo) Tenho que lhe dizer uma coisa!
DIANA - (ordenou, sem gentileza) Diga logo!
SOUZA - (falou-lhe ao ouvido, visivelmente nervoso) Fui avisado. João Coragem vem aí!
Era como se um petardo ali caísse inopinadamente. A mulher empalideceu, cravando , involuntàriamente, as unhas no braço de Hernani.
DIANA - João?
SOUZA - É. Não quero barulho aqui. Com certeza vem por sua causa. Dê o fora!
Hernani tentou reagir, em defesa da moça. Ela mesma o conteve.
SOUZA - (ordenou, alterado) Depressa! Ele não pode encontrar você aqui!
Num átimo enfiou a jovem por entre as cortinas do reservado, entregando-a aos cuidados de uma mulher gorda e mal-encarada.
SOUZA - Cuida dela, aí! Não deixa ela sair!
CORTA PARA:
CENA 8 - CLUBE DE JOGOS - INT. - NOITE.
Hernani, sentado á mesa, observou a chegada do foragido. E admirou-se ao ver o rapagão de cara barbada e longos cabelos negros. Mais atrás outros três em atitude vigilante. Antonio, Alberto e Braz descansavam as mãos nas coronhas dos revólveres. Um silencio envolveu o recinto e os pares procuraram as mesas, assustados.
JOÃO - Ninguém tem medo. Num se assusta. A gente num vai fazê bagunça, nem vai fazê mal pra ninguém. (deu alguns passos no interior do clube) Tou procurando uma pessoa... e num vou fazê ninguém pagá pelos meus problema. Ninguém tem nada com isso, eu reconheço. Só tou pedindo procêis ficá um pouco mais... porque quero vê se acho essa pessoa.
Fitou, um a um, os rostos atônitos que apresentavam expressões as mais variadas.
SOUZA - (encorajado ante as palavras do fora-da-lei) A pessoa que procura... não veio aqui hoje.
JOÃO - Veio onte?
SOUZA - Ontem, veio. Hoje não apareceu. Você pode ir embora, João!
João Coragem chamou o adolescente, com um movimento do indicador.
JOÃO - Alberto... vai lá por dentro e vê se ele tá falando a verdade!
SOUZA - (fingiu sentir-se ofendido) Por que não acredita em mim?
JOÃO - Sua palavra num merece confiança, moço. Não foi ocê quem mandô um bilhete pra viúva do Lourenço?
Souza estremeceu, imperceptìvelmente.
CORTA PARA:
CENA 9 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA DE JANTAR - INT. - NOITE.
Pedro Barros jamais obedecera a etiquetas. Desconhecia-as por completo. E com os dedos lambuzados arrancava pedaços engordurados da macia carne assada. O jantar reunia os familiares e os visitantes da casa-grande. O Deputado Siqueira interrompeu seu jantar e tomou a palavra:
DEPUTADO SIQUEIRA - Eu... quero aproveitar pra lhes falar da minha grande alegria... (era como se houvesse subido á tribuna do Congresso para comunicar aos pares uma decisão importante) E essa alegria é pela união que vai se concretizar daqui a alguns dias. Confesso que, quando vim a Coroado e trouxe minha filha, nunca podia imaginar que ela iria conquistar o seu prefeito. Pelo menos, da minha parte, não houve a menor intenção...(e galhofeiro) por ela, eu não posso responder...
LÍDIA - (sorriu, apertando a mão do noivo) Da minha parte, não houve má intenção... Logo que vi o prefeito, disse cá comigo: vou domar essa fera. Olha, digo a vocês: não foi fácil, não.
PEDRO BARROS - (limpou a boca com um guardanapo e convidou, entre alegre e envaidecido) Vocês me deixem fazer um brinde pela felicidade dos noivos. E tem mais: desde já faço questão de ser o padrinho do casamento. Afinal, foi nesta casa que vocês se conheceram... e faço questão de dá um presentão procês.
LÍDIA - (interveio, feliz) Vai ser o meu padrinho. Dona Mingas, minha madrinha. Jerônimo deve escolher os dele.
JERÔNIMO - Escolho o doutor deputado e minha mãe.
PEDRO BARROS - (ergueu a taça vermelha de vinho) Felicidades, gente...
FIM DO CAPÍTULO 91
e no próximo capítulo...
*** Márcia, a terceira personalidade de Lara, se manifesta!
*** Em São Paulo, Duda vê Lourenço e foge da concentração para ir no seu encalço!
*** Márcia, a terceira personalidade de Lara, se manifesta!
*** Em São Paulo, Duda vê Lourenço e foge da concentração para ir no seu encalço!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 92 DE
Toni quanta complicação nessa novela, rsrsrs. Lázaro, é totalmente do mal! Gostei muito da cena do noivado de Jerônimo e Lídia, muito legal! Bjs.
ResponderExcluirJerônimo e Lídia - uma união destinada ao fracasso, que vai acabar em tragédia.
ResponderExcluirLázaro é um érsonagem interessante. Apesar de ser do mal, nos cap. finais vai ter uma cena muito bonita, de redenção, com João.
Bjs!