terça-feira, 23 de julho de 2013

FIC - BORBOLETAS NO CORAÇÃO - CAPÍTULO 39 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

XXXIX

Na fazenda, Roberta ainda esperava  pelo retorno de Claude. Insistia em ficar até que retornasse com ou sem a esposa. De preferência, sem.
- Elisabeth querida, se seu sobrinho pensa que vou desistir de esperá-lo, está muito enganado!  Tenho até o meio dia de amanhã livre.
- Roberta, entenda. Claude e Rosa se amam. Nada vai separá-los. Esse amor estava escrito nas estrelas, darling.
- Pois, eu posso passar um corretivo e reescrevê-la!
- A última pessoa que tentou quase não sobreviveu... – Fala Elisabeth.
- Está se referindo à Nara, não é? Edmond me contou tudo, numa noite em que precisava de... consolo. Coitado... Ter que ficar preso a uma pessoa naquelas  condições... Mas eu não serei estúpida como ela. Tenho outras estratégias...
- Roberta, se continuar com essas ideias, serei obrigada a encerrar nossa amizade.
- Ora, Elisabeth, eu apenas...
- O papai não voltou ainda com a mamãe? – Pergunta Fernanda, entrando na sala de mão dada com Gideon – Ihhh, quando eles demoram assim é porque tão namorando! – E recebe um olhar de ciúmes,  quase mortal,  de Roberta...
Pirralhinha abusada! Com certeza, puxou à mãe! – Pensa Roberta. E querendo tirar algumas informações, pergunta com um sorriso falso nos lábios:
- Eles namoram sempre assim, meu bem?
- Aham... – Responde Fernanda – Eu acho que sei porque tão demorando!
- Por  que seria, angel? – Pergunta Tia Elisabeth.
- Porque a mamãe quer “encomedar” ... Não, errei: “en-co-men-dar” outro  bebê pra ser meu irmãozinho e “láááááááá” no Brasil eles não “conseguia  encomendar”!
Roberta se mexe na poltrona, incomodada.
- E porque conseguiriam aqui? – Pergunta Gideon, interessado na inocência de Fernanda, que deixava Roberta cada vez mais contrariada.
- Porque meu papai me mostrou no mapa onde fica o Brasil e onde é aqui... E  aqui tá  “bemmmm” pra  cima. Então  eu acho que  tá mais pertinho do céu e Papai do Céu vai ouvir melhor daqui!
Gideon sorri da ingenuidade de Fernanda.
- Oh, como é puro o coração de uma criança! Resolvem tudo com uma facilidade incrível. – Comenta Elisabeth - Nós adultos, deveríamos  manter  nossa criança interna sempre viva! Ela faz parte de nós!
Rosa estava deitada com a cabeça apoiada entre o peito e o ombro de Claude. Abriu os olhos e a luz do sol poente a fez fechá-los rapidamente, piscando inúmeras vezes até  acostumar-se  com a luz. Os raios  de sol brincavam sobre as águas  espelhadas do rio, fugindo por entre as nuvens, tingindo a tarde de azul-dourado.

  
Olhou para o marido e acariciou-o desde o rosto até o peito, enroscando seus dedos por entre os pelos negros dele.
- Hummmm...  Você  está querendo mais é, gatinha? – Escutou Claude murmurar, enquanto a puxava  mais para si, mantendo  suas mãos nas costas dela.
- Seria muito interessante, mas eu acho que o Sol está nos convidando a ir...  E o senhor, ainda tem que por este motor pra funcionar! – Silêncio. – Claude... Claude Geraldy, você não  está dormindo, quer me responder?
- D’accord, d’accord... Nós já vamos, hã? –  Diz, sentando-se e puxando sua camisa que cobria o corpo de Rosa.
- Hei! - Reclamou Rosa, enquanto sentia Claude olhar seu corpo  vagarosamente. Que foi?  Alguma  coisa errada comigo? Por que está me olhando assim?
- Até parece que non sabe! – Diz, colocando a calça rapidamente e erguendo Rosa até  si – Por mim, ficava aqui contigo, fazendo amor de novo e de novo e de novo, até o amanhecer...
- Tentadora sua oferta, mas... Temos uma filha nos esperando e algumas malas pra fazer.
- Sua estraga prazer! – Exclama Claude, sorrindo e dando um selinho  em Rosa – Melhor colocar  seu vestidinho, enton!  E pode tirar da cabecinha  essa história de praia de nudismo.  – E  começa a puxar a corda que jogara no galho da árvore.Ver mais respostas populares Popular
- Por quê? Eu  fiquei  tão curiosa  pra ver como é...
- Porque já teve sua cota de nudismo por aqui, oui? Sol, água, natureza enfim! E nós dois nus mais uma vez...
- Mas... Não é a mesma coisa, amor!
- Non... eu non vou  andar com você nua por uma praia infestada de homens, que vão olhar pra você e desejá-la.
- Mas, vai haver outras mulheres que farão o mesmo com você...
- Pode até ser... Mas os sinais non serão tão... evidentes, hã?
- Se esse é o problema,  podemos  fazer isso daqui uns cinquenta anos, que tal? Garanto que ninguém mais vai olhar pra mim com desejo!
- Engano seu! Eu vou desejar você até quando estiver precisando usar  bengala, oui? Até porque eu vou ser a sua bengala, d’accord? – Diz, piscando e puxando o rosto de  Rosa com uma das mãos para  beijá-la.
O barco balança e Rosa o envolve pela cintura, tentando se equilibrar.  Claude faz o mesmo e a corda que segurava escapa de sua mão.
- Essa non! A corda escapou...
- E ficou presa no galho... Você não alcança?
Claude estica o braço, mas não alcança a ponta da corda.
- Por muito pouco que non... – Diz, olhando para o interior do barco, procurando algo que o ajudasse a recuperar a corda e soltá-la de vez.
Tenta com o remo, mas nada, a corda escapava, pois a tinta do remo o deixava liso demais. Claude segurou o remo na vertical, entre ele e Rosa. Então seus olhos brilharam.
- Eu não gosto quando você tem esse brilho no olhar... – Fala Rosa – Geralmente, é uma ideia extravagante... e equivocada!
- Bem, a corda está  presa ao barco de uma maneira que non podemos inverter sua soltura... Também non temos nada para cortá-la, o que seria uma soluçon. Portanto, você é nossa última esperança.
- Eu?!?!?!?
- Oui! Veja bem, tudo que precisamos é de uma extenson  do meu braço. Se você subir na borda do barco, eu te seguro firme e, num segundo, você desenrosca a corda, chérie.
- Claude, você enlouqueceu? É claro que o barco vai virar!
- Non vai non, estamos presos, lembra-se?  E o motor e todo o painel vão  dar equilíbrio pra você, gatinha... Vamos, confie em mim! – Diz, fazendo um gesto para que ela se aproxime.
Ainda desconfiada, Rosa  segura a mão de Claude e equilibrando-se, coloca um pé após o outro na borda do barco, que para sua sorte não era tão estreita.
- Enton, firme? – Pergunta Claude, segurando-a pela cintura.
- Quase... – Responde, segurando a respiração, tensa. – Deixa eu me acostumar...  – E segura na ponta do galho para manter-se em pé.
- D’accord... Assim que se  sentir segura, estica mais o braço e vê se alcança  a corda para puxa-lá, oui?
- Só um minuto, Claude... Não me solta, hem! Eu to quase... só mais um pouquinho... – E se estica toda, ficando na ponta dos pés. – Claude me segura direito! “Vai Rosa, só mais um pouquinho, vai...”
- Eu  estou segurando, gatinha...  E por sinal estou adorando você assim nessa posiçon, toda esticadinha, lembra até aquela cena de novela... Como é mesmo o nome?
Mas, então, os dois falam ao mesmo tempo:
- Ah! Gabriela... Quando ela sobe no telhado, sabe?  E...
- Claude não se mexe! – Fala Rosa, alcançando a ponta da  corda, que estava enroscada.
Mas Claude havia aumentado a pressão de  suas mãos na cintura de Rosa, provocando-a e os pés dela deslizam para fora do barco.
Rosa grita e ainda tenta se pendurar na corda, mas, no desespero do momento ela escapa de suas mãos e...
- Claude! Me segura, não  me deixa cair... Droga! – Diz Rosa, caindo no rio, afundando e voltando à tona, enquanto Claude chamava por ela:
- Rosa! Chérie...  Mon Dieu, non faltava mais nada... Você está bem?
- Estaria melhor se estivesse dentro do barco e seca. Vai me ajudar ou  ficar me olhando e segurando o riso?  Eu não sei nadar  e  aqui parece fundo... E  me deu uma cãimbra bem agora...
- Voilá... Me dê sua mão, hã? – Diz, estendendo a mão para Rosa. – Vem, força, chérie...
- Espera...  Eu preciso respirar – Diz Rosa, antes de usar sua força e puxar Claude para junto dela, dentro do rio.
-  Rosa, o que foi que foi que você fez?! Você disse que o rio era fundo... Sua  trapaceira! – Diz Claude com os pés firmes no fundo do rio - Non está com cãimbra também, non é?
- Não. Isso foi  pra você nunca mais pensar em Gabriela nenhuma, ok?
- E isto – Responde ele, puxando-a para si  -  é pra você saber que nenhuma Gabriela ocupa o seu lugar, gatinha! – E a beija calorosamente.
Quando o beijo termina, eles se abraçam por um momento e Rosa quebra o silêncio:
-  Você e sua ideias! Olha só o estado em que ficamos!Não ajudou
-  Molhadinhos... – Responde Claude. E a resposta sai tão natural que ambos acabam rindo da situação toda. Então, Claude, se controlando,  mergulha e volta, logo em seguida, dizendo:
- Por isso ficamos presos, hã? Há um banco de areia aqui...
Então, eles empurram o barco até que ele que se move um pouco,  começando a sair da areia. Claude ajuda Rosa a subir de volta ao barco e sobe também, puxando a corda,  que  havia se desprendido com a queda de Rosa.
Claude dá a partida no motor, que já “desafogado”,  funciona rapidamente. Em pouco tempo, estão de volta. Claude  ancora o barco no mesmo lugar que estava e abraça Rosa, que tremia de frio.
Já escurecia e, na fazenda, Borboletinha estava de bico, pela demora dos pais.
Quando, finalmente, eles chegam, ela corre ao encontro dos dois. Roberta, ainda por lá, só observava a cena.
- Mamãe, papai!!!!  - Fala alto, sorrindo - Eu pensei que você tinham... Por que vocês demoraram tanto e estão molhadinhos?
- Porque o papai foi pescar com a mamãe, Borboletinha...
- Hummmm – Diz, não acreditando muito - E cadê o peixinho?
- Pois é, o rio non tava pra peixe! Mas me deu essa sereia aqui, hã? – Disse, beijando Rosa, com  paixão.
Roberta solta chispas de raiva no olhar.
- Conforme-se, moça – Disse Gideon para Roberta, percebendo a inveja – Nunca vai ter esse amor pra você!
- Isso é o que veremos! – Responde Roberta entre os dentes...

Continua

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