quinta-feira, 1 de agosto de 2013

FIC - BORBOLETAS NO CORAÇÃO - CAPÍTULO 42 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

XLII

Terminaram o jantar quando a lua já iluminava a noite. Faziam planos para quando voltassem para casa. Rosa havia telefonado para o hotel, preocupada com a filha. Mas Térese, a babá, a tranquilizou: Fer havia despertado sim. Mas depois de pedir um copo de leite, adormecera novamente. Aliviada,  continuou  sua conversa com Claude.
- Claude, por que não voltamos por São Paulo? Eu gostaria de passar  alguns dias com meus pais...
- D’accord. Ficaremos lá por uns dias, chérie. – Respondeu, sorrindo para ela. – Borboletinha vai gostar da novidade.
- Só espero não passar por mais enjoos pra me readaptar ao fuso horário do Brasil, como foi aqui na França!
- Nosso organismo responde de maneiras diferentes a situações diferentes. Seu relógio biológico demorou para se adequar aqui, só isso. Quando voltarmos, ele volta ao normal, vai ver só!
Um vento gelado e persistente fez os cabelos de Rosa esvoaçarem, enquanto ela abraçava o próprio corpo, tentando espantar o frio que isso lhe causara.
- Está esfriando mesmo, hã? -  Disse ele, já em pé ao lado dela com a mão estendida.
Rosa apoiou sua mão na de Claude e em segundos estava dentro dos braços dele, a cabeça apoiada em seu peito, sentindo as mãos dele deslizarem por suas costas, aquecendo-a.
Era uma sensação tão maravilhosa, que  pensou que mesmo se nevasse, não sentiria frio. Estar entre os braços do marido, era estar segura e protegida, contra qualquer coisa.
Claude beijou-lhe os cabelos e disse:
- Vamos entrar, gatinha? – Era mais um pedido que uma pergunta dele, enquanto a envolvia pela cintura e começavam a voltar pelo caminho de  pedras.
Logo estavam no interior daquele quarto incrivelmente sedutor. Claude afastou-se dela, por um momento, apagando as luzes e deixando apenas  a luz suave de um abajur a iluminar  fracamente o ambiente.
Quando voltou para junto de Rosa, já sem o paletó,  ela olhava fixamente para o rio. Sorriu quando ele a abraçou e balançou lentamente para os lados.
- Não é incrível como a noite é mágica? – Murmura - Há poucas horas atrás estava tudo dourado: o céu, a água, as nuvens... E agora, é tudo azul!
- Mas azul é a cor que representa a noite, hã? Simboliza a água, o céu, o infinito, o sonho e o pensamento.
- Tia Elisabeth disse que o azul é a cor do nosso sexto chacra, o da intuição, conhecido como Chacra Frontal.
- Voilá... – Sussurra Claude com os lábios entre os cabelos de Rosa -  Vamos ver se você consegue intuir meus pensamentos neste instante – Fala, virando-a de frente para ele e encostando sua testa à dela. – Enton?
- Bem... Você parece descontraído e calmo - Murmura, aceitando a brincadeira – Mas seus pensamentos estão confusos...



- D’accord... E meu corpo? – Pergunta, puxando-a pelo quadril, fazendo  seus corpos colarem um no outro,   provocando-a.
- Seu corpo... – Fingiu estar confusa - Parece com o imenso e escuro mar durante a noite, me convidando a mergulhar...
- E você vai aceitar o convite? – Perguntou fazendo seus olhares se encontrarem.
- E alguma vez eu recusei mergulhar em você? – Sussurrou Rosa, em resposta.
- Non, nunca... – Claude falou antes de  descer os lábios até os de Rosa e beijá-la suavemente...
Olharam-se ao mesmo tempo e a sensualidade explodiu...
Aos poucos, os corações foram voltando à frequência normal, mas não deixram de bater forte.
Ficaram assim até relaxarem completamente, como se fossem um só.  Então, Claude girou o corpo para o lado, puxando-a para si, deslizando as mãos sobre a pele dela, úmida e quente, das costas para o quadril, enquanto Rosa fazia o movimento inverso com suas mãos, parando-as nos ombros  do marido.
Sorriram  um para o outro. Não haveria palavras, em nenhuma língua,  que  descrevessem ou explicassem o que sentiam: satisfação, prazer, exaltação, êxtase... 
- Eu te amo... – Murmuraram ao mesmo tempo.
Então, Rosa descansou sua cabeça no ombro dele, baixando suas mãos e Claude deslizou a sua, até encontrar a dela e entrelaçar seus dedos, numa  promessa muda de eterno amor...
Rosa despertou, sentindo alguma coisa  roçar sua pele. Abriu os olhos e a claridade súbita fez com que os fechasse rapidamente. Colocou a mãos sobre os olhos e lentamente os foi abrindo.
Claude dormia tranquilamente ao seu lado.  O que a havia atingido  fora a ponta da cortina que  contornava a cama. Claude a havia soltado depois da última vez que fizeram amor.
Saiu da cama e conferiu a hora pelo celular: nem  seis da manhã ainda e o sol de Paris já dava seus sinais, apontando no horizonte. Ficou em dúvida  se acordava ou não ele, para assistirem juntos o nascer do sol, ali  do balcão.
Mas, então, os braços dele  a envolveram:
- Paris é mesmo a cidade do amor, dos amantes... Essa noite será inesquecível,  hã? E assistir ao nascer  do sol contigo,  non tem preço...
- Olha só... Tudo mudando de cor novamente... É melhor  nos apressarmos. Borboletinha vai acordar e eu não gostaria que percebesse que não estamos lá.
- Tem razon... Vamos nos vestir e tomaremos um breve café, aqui no Resort mesmo. Non estamos muito longe do nosso hotel.
Menos de uma hora depois, estavam chegando ao hotel. Ao abrirem a porta,  deram com Fernanda, amuada no sofá, sendo consolada pela babá.
- Eles vão chegar logo, Borbolet... Olha aí, não falei? – Térese diz, sorrindo.
- Fomos descobertos, gatinha... - Claude falou baixinho, enquanto entravam. Bom dia,  Borboletinha!
- Bom dia! – Respondeu carrancuda. – Vocês foram passear e nem me levaram! – Completou, sem retribuir o abraço do pai.
- Filha! – Exclamou Rosa -  Era um lugar onde você não podia ir, ok?
As feições da menina se iluminaram. Seus olhinhos  brilharam e  ela sorriu, olhando de um para outro, antes de dizer:
- Ahhhhh! Vocês foram encomendar o meu irmãozinho? Eu acho que o Papai do Céu já ouviu  o meu pedido láááááá do alto da torrinha! 
Então, corre até a cozinha e volta com um prato  nas mãos.
- Eu fiz pra você mamãe! Torradinha com geleia de goiaba, que nem você faz lá em casa!


Rosa  olha para a torrada.  Seria mais correto dizer que havia torrada na geleia. Mesmo assim, pegou uma para não decepcionar a filha. Deu uma mordida generosa, afinal gostava mesmo daquilo.
Claude não gostava de doces pela manhã, mas também não teve como escapar. Acabou pegando a menor que encontrou.
- Hummm... Está uma delícia! - Disse, mastigando e, em seguida, engolindo.
- A Tetê me ajudou, ela limpou a mesa, porque eu derrubei um pouquinho de geleia lá...
- Que bom, você agradeceu a ela, pela gentileza, Fer?
Fernanda correu ao encontro da babá e, pulando em seu pescoço, disse:
- Merci, Tetê! – E deu um beijo na moça. – Mamãe, papai! A gente não pode levar a Tetê pra casa com a gente?
Claude sorriu diante  da demonstração de afeto da filha para com Térese e olhou para Rosa, que acabava de  engolir o último pedaço  da  torrada.
- Eu acho que a mamãe dela não vai deixar, Borbol... -  Rosa parou a frase pela metade, sentindo o estômago embrulhar.
Pálida, correu para o banheiro devolvendo  tudo, inclusive o café que havia  tomado no Resort.
- Por que a mamãe saiu correndo pro banheiro? Ela não gostou da torradinha?
Então, Claude teve um pensamento e sorriu. Podia ser loucura sua, mas os enjoos matinais de Rosa não eram pela adaptação ao fuso horário, como ela pensara...
- É claro que ela gostou, filha! É que o Papai do Céu deve ter ouvido mesmo o seu pedido e a Mamãe Natureza tá respondendo...

Continua...

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