XLVI
Sua
última tarefa a estava deixando estressada. Havia feito um edital, há dias e
publicado nos principais jornais, num anúncio, que a Fazenda estaria selecionando candidatos à vaga de
médico para o ambulatório do parque e
até agora nenhum dos interessados na
vaga detinha todos os requisitos. A maioria era ainda estudante e queria apenas
um estágio, que contasse como residência ou não dispunham de tempo integral.
Recebera
uma inscrição, na verdade um email, de um médico do Rio de Janeiro interessado na
vaga. Enviou resposta, marcando uma videoconferência, para a entrevista, mas
não pudera fazê-la pessoalmente. Pimpinone o entrevistara e tinham acertado
tudo para sua chegada. Mas ele estava atrasado.
Com certeza, por causa das festas de
fim de ano. Ninguém gosta de passá-las longe da família e o interessado
teria que iniciar imediatamente.
E
seu tempo estava acabando, pois Pimpinone, que cuidara disso desde a abertura
do parque, estava se aposentando de vez. E ficar sem esse atendimento, poderia
significar a interdição temporária do parque. Tera não podia nem sonhar com
isso!
Então,
João Marcos irritou-se e resmungou em sua língua, por não conseguir abrir o
copo e, usando toda força que tinha, finalmente, conseguiu. E sorriu. Mas o sorriso durou pouco: a boca do copo bateu
em seu próprio queixo. Choramingou e não quis saber dos agrados da mãe nem da
irmã. Só parou quando Claude o distraiu, brincando de cavalinho.
Pouco
depois, Terezinha chegou e juntou-se a eles, para uma xícara de café. Depois,
insistiu em levar os sobrinhos até o parque, a poucas quadras dali.
-
Claude – Começou Rosa, enquanto entravam em casa, depois de dar tchau às
crianças– Já se decidiu sobre ser candidato? Não é agora no fim do ano que tem
que dar o passo final?
-
É sim, gatinha. A maioria do partido
está insistindo muito para que eu aceite. Mas eu non sei... Ainda tenho dúvidas.
Será que isso será bom pra você e para as crianças?
-
Como diz tia Elisabeth, faça o que seu coração mandar. Eu estarei ao seu lado,
qualquer que seja sua decisão, ok? – Diz Rosa, segurando a mão do marido. – Eu
e seus dois filhos.
-
Eu ainda tenho alguns dias para me decidir. A convenção final é depois do
aniversario de Ursinho... – Diz, envolvendo-a pela cintura. – No momento, estou
pensando seriamente em outra coisa.
-
Ah, é? No que, na festa do Ursinho?
-
Non... Em beijar você, chérie. – Diz, beijando-a
levemente nos lábios - E quem sabe dá
tempo de uma festinha particular, hã? –
Completa antes de aprofundar o beijo.
***
Terezinha
chegou na esquina e olhou para todos os
lados. Era uma linda manhã de domingo e
o trânsito praticamente vazio. Não havia sinal de carro vindo naquela direção.
O parquinho era do outro lado da rua. Segurou firme na mão de Fernanda e
começou a atravessar na faixa, segurando
João no outro braço, tranquilamente. De
repente, viu um carro surgir do nada e deu uma olhada no sinal para pedestres,
vendo horrorizada que ele acabava de mudar!
Correu
os dois metros que faltavam, o coração aos
saltos. Ouviu a brecada seca e uma exclamação logo atrás de si.
-Sua
louca! O que pretendia atravessando a rua desse jeito? – Começa a falar o
motorista, abrindo a porta, erguendo-se e
encarando-a – Matar você e seus dois filhos?
-
Louca, eu? – Respondeu, mal vendo o rosto do homem que gritava com ela - O
sinal estava aberto para mim e eu estava na faixa! E eles não são meus filhos!
-
“Estava” - passado. – Responde grosseiramente, fazendo uma careta, como se
sentisse dor - E quem foi o incauto que os deixou sobre os seus cuidados?
-
Oras, seu... – Encarou-o também e um
arrepio percorreu sua espinha – Onde pensa que está? Num circuito de fórmula
um? Vem cá, quanto você pagou pra ter sua habilitação liberada?
-
Muito menos do que você deve ter pago pra conseguir a sua de “pedestre”! - Rebate o estranho, entrando no carro,
batendo a porta e saindo, cantando o pneu.
-
Tia Tera, porque esse homem gritou com
você? – Pergunta Fernanda.
-
Por que é um mal-educado, Fer! Um estúpido que não sabe respeitar as regras de
trânsito, nem uma mulher com duas crianças... Vamos balançar e brincar na
areia? – Pergunta, tirando o assunto do foco e entrando no parque.
Ainda
bem que a rua estava vazia, pensou. Uma vergonha a menos. Contou o acontecido à
Rosa, quando chegou e naquela noite sonhou que era atropelada por um certo
desconhecido de olhos azuis.
***
Dois
dias depois, Rosa estava com as crianças numa consulta rotineira. Claude a
acompanhava. Terezinha havia combinado de voltar ali para encontrá-los. Iria
dar uma olhada nas vitrines.
Olhou
tantas, que perdeu a hora. Quando percebeu, já passara da hora marcada. Correu
até a clínica e entrou, apressada.
Dirigiu-se
à atendente, perguntando sobre Rosa. A resposta a tranquilizou. As consultas
estavam atrasadas e Rosa ainda estava com o pediatra.
-
Obrigada! Agradeceu, dando um passo para trás na intenção de sentar, pisando em
algo macio. Escutou uma exclamação de dor logo acima de sua cabeça e, tarde
demais, percebeu aquela figura masculina, estranhamente familiar.
Girou
o corpo e tudo aconteceu muito depressa: mãos fortes e firmes agarraram seus
braços e quase a tiraram do chão.
O
estranho a mantinha presa, agora bem mais próxima de seu corpo. Só, então, o
encarou e encontrou aquele par de olhos azuis, fitando-a com hostilidade.
-
Algumas mulheres deviam avisar suas más intenções. Principalmente ao usarem
salto alto – Disse ele com os dentes cerrados – Assim nos defenderíamos melhor!
Terezinha
o olhou melhor e seu cérebro registrou a imagem de uma forma cuidadosa: camisa branca bem cortada, moldando o porte atlético do tórax, cabelos
castanhos claros, o rosto bronzeado, levemente vermelho nas bochechas no
momento... E uma boca muito sensual,
apesar de totalmente crispada pela raiva, pensou.
Não
era possível! Aquele era o motorista de
outro dia! Respirou fundo e respondeu o mais controlada possível:
-
Se não estivesse tão colado em mim, jamais teria experimentado isso! Mas se me
soltar– E lançou um olhar para as mãos dele, que ainda a seguravam - prometo
ficar longe de você, para sempre!
O
estranho a soltou imediatamente. Alguém apareceu em seu campo de visão,
segurando uma bengala de madeira, entregando-a ao estranho que a pegou sem
desviar os olhos de Terezinha.
Nesse
instante, ela desejou virar fumaça. Havia pisado com um salto nada modesto no
pé dele... Um pé machucado! Seu rosto esquentou e ficou sem saber como pedir
desculpas.
-Você
não é uma enfermeira, é? Porque eu me recusaria a ser atendido por você!
-
Eu... Desculpe-me, não tinha reparado em seu pé! – Disse, sentindo culpa
realmente.
-
Desculpa por qual motivo? Por não ser enfermeira, por ter pisado no meu pé?
–Perguntou ele sem se comover. – Ou por atravessar uma rua sem olhar? Ah, e
“para sempre” é muito tempo!
Então,
ele também a reconhecera! Terezinha deixou de lado o sentimento de culpa.
Ergueu a cabeça e o seu lado Rosa Petroni
agiu rapidamente:
-
Quer saber mesmo? Por nenhum dos três! E
que pena que não pisei em seu outro pé!
E
sem lhe dar tempo de retrucar, caminhou
em direção a Claude, Rosa e as crianças,
que saíam do consultório, batendo os saltos altos com força no chão, sem deixar
de notar os olhares de todos sobre si. Que diabos tinha acontecido com ela? Nunca
fora tão mal educada e impertinente!
Essas
eram “qualidades” atribuídas à Rosa.
“Ele bem que mereceu! Precisava ter feito
toda aquela tempestade por um incidente tão pequeno?Alto, bonito, bronzeado... Grosso,
arrogante e antipático, isso sim,
Terezinha!”
Saiu
da clínica, de mãos dadas com Fernanda, sem olhar para o desconhecido.
-
Tia Tera, o papai vai levar a gente pra tomar sorvete, você quer ir também?
-
Claro que sim! Eu adoro sorvete!
Mas
se tivesse olhado, o veria seguir seus movimentos atentamente e com um certo
interesse.
***
A
festa de aniversário de João Marcos foi fantástica. A presença dos avós, de
ambos os lados e todos os demais parentes abrilhantou ainda mais as travessuras do pequeno, ao lado de
Borboletinha, que não perdia o posto de princesa e dos primos, tão arteiros
quanto ela.
Desta
vez, contrataram a decoração do salão. O tema não poderia ser outro: ursinhos.
E muito azul e branco, para preservar a tradição das cores. Mas docinhos, bolo
e salgadinhos ficaram por conta de Dadi, Elisa, Joanna e Amália. Entre os
convidados, estavam o prefeito, Afrânio Marques, que havia sido reeleito e agora apoiava a pretensa candidatura de Claude; Rodrigo e
Sílvia; Freitas e esposa, entre outros amigos.
João
Marcos, apesar de passar de colo em colo, quando colocado no chão dava seus
passinhos hesitantes, ainda de mãos
dadas, principalmente com o pai. Lutava contra a falta de confiança e
equilíbrio do próprio corpo. Caminhava devagar, desfilando seus sapatinhos
especiais - um dos presentes da tia-avó Elisabeth.
Todos
partiram para a fazenda ao findar da festa de aniversário. Apenas Terezinha iria
no outro dia, pois seu carro estava na
oficina, para uma revisão. Esperava voltar e encontrar o tal médico do Rio de
Janeiro
Já
havia verificado no site do CRM e nas clínicas indicadas e as referências eram as melhores. Se ele não viesse
mais, teria que arrumar alguém em caráter emergencial. Talvez vários
estagiários, com horários alternados. Mas não era a solução ideal. Precisava de
alguém efetivo, que se dedicasse exclusivamente ao parque.
Claude
e Rosa iriam no dia seguinte, após a reunião, a um jantar com o partido,
a convenção interna; onde
Claude assumiria sua candidatura à
prefeito, tendo Freitas como vice. Conversara muito com Rosa e com o pai e
decidira pela disputa.
***
-
Pronto, Terezinha. Está tudo aí dentro, hã? – Disse Claude, fechando o porta-malas
do carro dela.
-
Obrigada, Claude! Nos vemos amanhã, então? –Pergunta, abraçando-o, depois a
Rosa.
-
Amanhã, Tera! E, então, será a minha vez de ter férias! Eu nem acredito! Um mês
inteirinho na fazenda!
-
Muito bem, podemos ir, Terezinha! – disse tia Elisabeth, saindo da casa –
Terminei seu mapa astral! Segundo ele, sua alma gêmea está mais perto do
que você pensa.
-
Mon Dieu! Tia Elisabeth, Terezinha precisa apenas de companhia para a viagem,
hã? Non de simpatias e previsões
cabalísticas!
-
E foi por isso que fiquei, meu anjo! – Diz, apertando as bochechas dele. – Au revoir,
darlings! –
-
Titia, isso ainda dói, d’accord? - Diz
Claude, esfregando o local, sob o olhar divertido de todos.
Elisabeth
entra no carro e antes que Terezinha saia, ainda a escutam falar:
-
Se você seguir os meus conselhos, honey, não se arrependerá! Já lhe contei
sobre Claude e Rosa? O mapa deles era perfeito, nasceram um para o outro e mm ..mmm..mm...
Assim
que o carro vira a esquina, Claude abraça Rosa.
-
Que tal mais um café, antes que eles acordem? – Diz, enquanto caminham para
dentro de casa.
-
Ah, eu acho que eles não acordam tão cedo! Farrearam até tarde da noite com os
brinquedos, Tera e tia Elisabeth.
-
Nesse caso, depois do café, a gente podia inventar o que fazer, hã? – Diz, segurando-a
pela cintura firmemente, já dentro da sala.
-
Claude, ainda tenho que ajeitar a roupa do jantar para o futuro prefeito de
Aquidauana.
-
Voilá, está se adiantando, chérie! Eu nem me candidatei ainda, hã?
-
Mas é unanimidade, não é? – Disse sorrindo.
-
A única unanimidade que eu quero é você na nossa cama. E agora, d’accord? –
Respondeu, pegando-a nos braços e caminhando para o quarto.
-
Ei e quanto ao café? – Pergunta “ingenuamente”.
-
Esqueça o café, d’accord? Eu tenho algo mais gostoso pra dividir contigo...
***
Terezinha
diminuiu a velocidade do carro de repente.
-
Droga! – Protestou - Tia Elisabeth, esqueci nossa água. Se importa se eu parar por dois minutos pra comprar?
-
Eu me importaria de não ter água, darling. – Diz simpática.
-
Ótimo. Vou comprar nessa cafeteria mesmo. – Diz, estacionando o carro com uma
balisa perfeita. – Quer alguma coisa?
-
Não, meu bem! Mas a próxima parada fica por minha conta, ok? – Fala,
referindo-se ao almoço pela estrada.
Terezinha
entrou. E foi então que o viu, sentado
confortavelmente à mesa do canto. Estacou momentaneamente, perdendo a
concentração. Ele a mediu dos pés à cabeça, enquanto levava a xícara até a
boca. Então sorriu de forma enigmática e fez um gesto, oferecendo a ela.
Mas
era só o que faltava! Depois de tanta grosseria, aquele estranho ainda tinha o
desplante de flertar com ela! Girou os calcanhares e foi direto à geladeira, na
lateral da loja. Pegou cinco garrafas de água e dirigiu-se ao caixa. Pagou,
conferiu o troco e pegou a sacola onde embalaram o produto.
Então,
notou a sombra e escutou aquela voz ligeiramente sarcástica.
-
Eu deveria saber, para sempre não existe! Acho que se eu ficar ao seu lado não
corro nenhum risco, não é? Afinal foi uma balisa e tanto a que fez!
Então,
ele deixou uma cédula em cima do balcão e saiu mancando, mas sem o apoio da
bengala. Voltou para o carro e, depois de entrar, notou pelo retrovisor que ele
montava em uma moto potente, mais atrás.
-
Algum problema, querida? –Perguntou Elisabeth.
-
O quê? Ah, não tia Elisabeth... – Responde, sem tirar os olhos do
retrovisor, observando-o colocar o
capacete. Deu a partida no carro.
“Mas que droga! Até parece que combinamos!”
– Pensa ao vê-lo sair ao mesmo tempo.
Percorreu
algumas quadras, que dariam acesso à
estrada e constatou que ele continuava logo atrás.
“Era só o que faltava... Ser seguida por esse
insuportável!” – Pensou com o coração acelerado. Mas então, no cruzamento
seguinte, ele virou à esquerda. Respirou profundamente e não soube se foi de
alívio ou de decepção...
***
-
Droga de GPS! – Exclamou Beto, parando a moto no acostamento. – Olhou em volta
e suspirou, soltando o ar, irritado.
Já
não bastava a dor que sentia no pé, ainda essa! Fez uma careta ao descer da
moto e firmar o pé no chão. Quase quebrara o pé quando derrapou para desviar de um animal na pista, na entrada da
cidade, prensando-o sob a moto.
Por
conta disso, estivera por quinze dias em Aquidauana, onde planejara passar apenas uma noite. Seu pé e a moto
necessitaram de consertos. Por sorte, o mecânico lhe emprestara um carro nesse
período.
Não
fosse aquela louca, presenteando-lhe com um pisão, por sinal nada fraco, depois
de uma semana sem poder mexê-lo, já estaria em seu destino. Mas agora, estava
atrasado em uma semana. Enviara um e-mail para a responsável pela fazenda, mas não tinha visto nenhum contato novo por parte
dela. Talvez pensasse que tinha desistido.
Pensou
tudo isso, enquanto tirou o capacete e olhou a sua volta. Estava literalmente
perdido no meio do nada! Ou melhor, no meio de tudo! Era justamente aquilo que
procurava: a calma e a tranqüilidade de um lugar perto da natureza.
O
Rio de Janeiro tinha suas qualidades e facilidades, mas, com certeza, não
sentiria falta do trânsito, nem dos arrastões e muito menos das balas perdidas,
como aquela que atingira Erci, dois anos
atrás.
É,
trabalhar nessa fazenda teria suas compensações, considerou. Contanto que não
cruzasse com uma certa morena de
salto alto... Mas que diabos estou
pensando? É claro que não cruzaria, ela era uma moça da cidade.
Balançou
a cabeça, como se tentasse jogar esses pensamentos pra fora dela e tentou
entender o que acontecia com o GPS. Passou alguns minutos apertando
os botões e constatou que o sistema
estava desconfigurado. Ficou tão alheio à sua volta, tentando arrumar, que
só percebeu o carro, quando ouviu:
-
Boa tarde, com problemas, moço? – Perguntou Pimpinone ao desconhecido, sentado
ao lado de uma moto. – Melhor não se arriscar, pois vai escurecer rapidamente.
-
Boa tarde! – Respondeu Beto, erguendo a
cabeça no susto - Meu GPS pifou antes
que eu chegasse ao meu destino, a
fazenda Papillon Blue. Pode me ajudar?
-
Você não me é estranho, rapaz! - Diz
Pimpinone, estreitando os olhos - Claro!
Você é o médico que vai me substituir!
-
E o senhor, o médico que me entrevistou! Que prazer conhecê-lo pessoalmente!
-
Muita sorte a sua, hem? – Diz, sorrindo como era seu costume – Estou voltando
pra ela agora mesmo! É só me seguir.
-
E estamos esperando o quê? – Pergunta Beto, recolocando o capacete e subindo na
moto.
Em
segundos, estava de novo na estrada, seguindo Pimpinone rumo ao seu novo
emprego. Quando finalmente chegaram à sede, já era noite e não havia ninguém na
administração.
Notou
o carro de Terezinha, mas sem querer incomodá-la pelo adiantado da hora,
Pimpinone sugeriu então que ele passasse a noite em seu chalé, que seria dele
mesmo dali para a frente e na manhã seguinte, resolveriam as pendências da
contratação diretamente com Terezinha. Depois de instalado, passaram boa parte da noite, conversando, enquanto jantavam.
Antes
de se deitar, Beto saiu na varanda do chalé, apreciando a noite: um céu
estrelado e uma lua imensa. E no lugar da solidão, que muitos disseram que ia
sentir, uma sensação de paz, de quem realmente chega em casa.
Continua...
NA
PRÓXIMA SEMANA, NÃO PERCAM A PARTE FINAL DO ÚLTIMO CAPÍTULO DESSA FIC!
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