segunda-feira, 5 de agosto de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 17 - PRIMEIRA PARTE

Capitulo 17 – O Beijo – Primeira parte

Viviane não conseguia tirar os olhos da tela do computador que estava em cima da mesa. Ela não conseguia acreditar no que estava vendo e lendo.
— Q-Quem foi que escreveu isso? – Viviane perguntou, olhando para Verônica e novamente para a tela do notebook.
Viviane parecia não acreditar de fato no que estava escrito ali. Em frente a ela, na página inicial da internet, estava um blog chamado “O blog da princesinha”. Havia algumas fotos do dia anterior em que Viviane aparecia em diversas cenas, conversando com Rafael no hospital. Havia também um artigo que dizia que a herdeira do Grupo Demontieux era uma perseguidora e se aproveitava de sua posição como herdeira das empresas do seu avô, incluindo o hospital Alcântara, para ter o homem que queria.
— Isso é calúnia! – disse ela, terminando de ler pela segunda vez, ainda não acreditando no que estava escrito. – Eu não sou uma perseguidora!
Verônica olhou para a amiga.
— Tem certeza?
Viviane olhou confusa para a amiga.
— Verônica, você está de que lado?
Verônica suspirou.
— O que eu quero dizer é que esse seu hábito estranho deu nisso. Bem, pelo menos não é algo tão grave.
— Não é tão grave?! – disse Viviane quase gritando, fazendo com que outros alunos do laboratório lhe prestassem atenção.
Verônica, mais uma vez, pegou a amiga pelo braço e a carregou para fora do laboratório.
— Aqui podemos conversar melhor... Pelo menos, você pode descarregar sua raiva à vontade.
— Eu ainda não acredito. – comentou Vivi ainda irritada. — Mas quem será que fez isso?
Verônica olhou incrédula para Vivi.
— Tem certeza que você não sabe?
— Não. – disse Vivi enfática.
— Vivi, quem é a única pessoa nessa universidade que te chama de “princesinha”?
Viviane, de repente, se lembrou.
— Não é possível! Gabriel!? – e pensativa. – E por que ele faria isso?
Verônica começou a rir.
— Por que você está rindo? Isso é sério! – Viviane ficou confusa com a reação da amiga.
— Eu só estava pensando aqui quais seriam os motivos de ele fazer isso. Afinal, você o trata tão bem, não é, Viviane? – ironizou.
Viviane pareceu não entender.
— Mas isso não é um motivo racional. E pelo que eu saiba, homens não são tão emotivos assim.
As duas, que estavam caminhando, sentaram-se em um banco perto da área de convivência da faculdade.
— A questão é que você feriu o orgulho dele. – disse, rindo. – Afinal você fez aquela cena só por causa de um beijinho de nada e ainda ficou espalhando para todo mundo que ele avançou em você.
Viviane mais calma, olhou admirada para a amiga.
— De qualquer forma, eu só falei a verdade.
Verônica ficou boquiaberta.
— Você é muito teimosa mesmo, viu? – e percebendo Viviane muito pensativa. - Mas, você não vai se vingar, não é?
— É claro que vou. – disse Vivi.
Verônica não acreditava no que acabara de ouvir.
— Mas é justamente isso que ele quer. Você sabe que isso não vai terminar bem, né?
Viviane suspirou.
— Eu sei. Mas ele precisa saber que com a princesinha aqui não se brinca.
Verônica ficou intrigada.
— Você ficou realmente irritada com o blog? Sinceramente?
Viviane olhou para a amiga e riu.
— Pensando bem, não é algo que me irrite tanto. Afinal, só mostra que eu corro atrás do que eu quero. Que eu sou uma pessoa determinada!
Verônica começou a rir.
— Sabe, eu só desconfiava, mas hoje você me deu a prova de que é realmente maluca.- e olhando para a amiga incrédula. - Vivi, você acha que as pessoas realmente vão pensar assim?
Viviane ficou um pouco séria de repente.
— Como se eu me importasse com o que os outros pensam. – e mudando um pouco a expressão. – Acho que já tenho uma idéia de como vou me vingar.
Verônica ficou curiosa.
— E como vai ser essa vingança? – perguntou.
— O primeiro passo é me inscrever para a quinta cultural da faculdade.
Mais uma vez, Verônica ficou boquiaberta.
— Você vai tocar? Mas, você não costuma tocar violino em público! Você sempre detestou quando seu avô lhe pedia para fazer isso nas festas de família. Eu me lembro muito bem.
Viviane deu de ombros.
— E daí, eu posso fazer esse sacrifício. – e sorrindo – Afinal, é para uma boa causa!
— Mas o dia cultural é depois de amanhã. Você vai estar preparada? E o que isso tem a ver com a sua vingança?
Viviane sorriu.
— Verônica, é preciso calma, afinal, vingança é um prato que se come frio. Não se preocupe, vou contar tudo pra você. – e levantando-se como alguém que acorda pela manhã. – Esse semestre mal começou e já rendendo muito.
Verônica não sabia se ria ou ficava preocupada.
— Amiga, não sei se você é otimista demais ou apenas maluca. – disse, sorrindo.
— Você quer que eu responda essa? – perguntou alguém que se aproximava.
Verônica e Viviane olharam e viram Alessandro, primo de Viviane, filho da irmã de Gabriele.
— Alê?! – Viviane parecia extremamente entusiasmada. – Quando você voltou do intercâmbio?
Alessandro sorriu. E para Verônica aquele sorriso sempre fora encantador, afinal, ele parecia um ator de Hollywood.
— É assim que você me recebe, Vivi?
Viviane foi ao seu encontro e o abraçou.
— E você não vai me responder?
Alessandro sorriu.
— É claro, priminha. Cheguei hoje mesmo. Tinha que resolver algumas pendências na minha matrícula... Afinal, faltam só dois semestres para eu me formar. Depois, vou fazer residência médica no hospital Alcântara...
Viviane sorriu.
— E como foi na Alemanha?
Alessandro sorriu, suspeito.
— Foi bom, realmente muito bom... – e olhando para a prima. – Mas, mudando um pouco o foco... Soube que você andou fazendo um blog. Vivi, eu sei que você gosta de chamar a atenção, mas isso já não é exagero?
Viviane fez um muxoxo.
— Você sabe que eu não faria isso... Foi um menino aí, que fez pra pegar no meu pé. Mas isso não vai ficar assim, você vai ver.
Alessandro olhou para Verônica.
— Você vai deixá-la fazer o bem, entende?
Verônica deu de ombros.
— Você sabe como Viviane é. Quando coloca algo na cabeça...
Alessandro riu.
— É verdade. Mas, essa é a minha prima. Tão cabeça dura, mas talvez essa seja a fonte do seu encanto... – disse, sorrindo, e olhando para o relógio. – Bem, agora tenho que ir, ainda falta resolver alguns probleminhas. – e dando um beijo no rosto de Viviane. – Tchau, priminha. Tchau, Verônica.
As duas acenaram da mesma maneira. Quando não mais se podia vê-lo, Verônica suspirou.
— Vivi, você é mesmo uma garota de sorte, não sei por que ainda corre atrás do Rafael... Você já tem dois, pra que mais?
Viviane estranhou o comentário da amiga.
— Do que você está falando? O Alê é como um irmão pra mim. – e olhando intrigada para a amiga. – E que conversa é essa de dois?
Verônica sorriu e olhou para Viviane como quem olha para uma criança.
— Esquece, Vivi... Se concentra na sua vingança, tá?
Viviane olhou para a amiga, não entendendo a sua mudança de atitude. De repente, Verônica olhou para Viviane.
— Vivi, já está na hora da aula. Você vai primeiro, tenho que fazer algo.
— O quê?
— Não é nada demais. Vou ao banheiro.
— Nós podemos ir juntas.
— Já disse para ir na frente. Vá.
Viviane estranhou a atitude da amiga.
— Ok,ok. – disse, saindo.
Logo que Viviane não pode mais ser vista, Verônica levantou-se e foi em direção a Gabriel, que já tinha visto há um tempo.
— Então, foi você que fez o blog?
Gabriel que estava conversando com o amigo, olhou para Verônica.
— Olha... Quem vejo tão cedo. Sim, por quê?
— Não sabia que gostava de fazer brincadeiras tão infantis.
— Isso não é da sua conta. – disse Gabriel um pouco chateado com o comentário da garota.
— Eu sei que não... Mas, eu quero fazer uma pergunta. Como conseguiu fazer tantas fotos.
Gabriel riu.
— Como? Contratando um fotógrafo.
— Não faça mais isso.
— Por quê?
Verônica suspirou.
— Para muitas pessoas, a Vivi não passa de uma garota mimada e prepotente. E pode até ser de certo modo, mas não significa que ela também não tenha seus próprios problemas e não sofra também. Então, por favor, não pague ninguém para perseguir a Viviane e fazer fotos escondidas.
Gabriel riu.
— E o que isso tem a ver?
Verônica suspirou novamente como se estivesse explicando para uma criança.
— Você pode não lembrar, mas Vivi foi sequestrada quando criança. Por isso, ela teve que passar por um tratamento para poder conseguir ficar em público novamente sem pensar que estava sendo seguida. Então, se quiser fazer suas brincadeiras, faça. Mas, não use mais esse tipo de coisa. – disse, saindo logo em seguida.
Gabriel pareceu pensativo.
***
Mariana estava dormindo na cadeira, quando foi acordada por Emanuela.
— Manu? Que horas são?- perguntou sonolenta.
— Quase nove horas...
Mariana pareceu despertar de repente.
— Não acredito! Esqueci de dar o remédio do papai!
— Não se preocupe. Eu já fiz isso. – disse, aproximando-se da janela. – Está um sol lindo lá fora. Por que não vai passear um pouco pelo jardim do hospital? Eu fico aqui.
— Tem certeza. Você não está cansada? Afinal, você também dormiu aqui...
— Não se preocupe... De qualquer forma, talvez Rogério receba alta hoje... Aí, poderemos dormir a vontade em casa.
Emanuela pegou algum dinheiro e entregou para Mariana.
— Compre alguma coisa para comer na lanchonete também.
Mari pegou o dinheiro da irmã e saiu. Passaram-se alguns minutos desde que Mariana saiu para que Rogério acordasse.
— Mariana? – perguntou, olhando para Manu. – Ah, é você Emanuela?
— Você está bem? – perguntou ela, se aproximando e sentando-se em uma cadeira perto da cama.
— Sim, estou. – e suspirando. – Mas, queria poder sair desse hospital. Por mais que eu seja bem tratado aqui, nada se compara a ficar em casa...
— Não se preocupe. – disse Emanuela. - Talvez hoje mesmo, o senhor receba alta.
Rogério percebeu que Emanuela parecia um pouco preocupada.
— E o que você tem, minha filha? Me parece muito pensativa...
Emanuela sorriu.
— Não é nada. Só estava pensando em como a minha rotina mudou tão drasticamente nesses dias... Por coincidência, desde que tive o meu primeiro contato com alguém ligado ao grupo Demontieux.
Rogério não entendeu o último comentário de Emanuela.
— Do que está falando? - Rogério perguntou.
— Nada de mais. Só que pensando bem, talvez não seja uma boa aceitarmos ir para a casa do Dr. Otávio.
Rogério ficou um pouco preocupado.
— Então, quando pretende dar uma resposta a ele?
— Talvez não hoje. Ainda quero pensar um pouco sobre isso...
— Se for por minha causa não se preocupe. Eu vou ficar bem.
Emanuela sorriu.
— Não sei preocupe, Rogério, nós não vamos mais nos separar de você. Mariana ficaria muito triste se isso acontecesse.
— E você não ficaria?
— Claro. Afinal, o senhor é meu pai também. – disse com um sorriso.
Rogério ficou em silêncio por um instante.
— Emanuela... – disse, quebrando o silêncio. – Realmente, gostaria que você aceitasse... Vocês merecem ter uma vida melhor. Eu não me importaria de ser substituído por esse senhor, afinal, passei esses últimos anos sem entrar em contato com vocês no orfanato... Tenho certeza que ele vai tratar bem de vocês.
Emanuela ficou intrigada com a afirmação de Rogério.
— Tem certeza? Como pode ter tanta certeza. Afinal, o senhor nem o conhece.
— Bem... Ele parece ser um empresário respeitável...
— Mas, mesmo assim... Não significa que podemos confiar nele.
Rogério pegou na mão de Emanuela.
— Você não deveria aprender a confiar mais nas pessoas? – e desviando o olhar. – Mas, não me admira você ser assim, afinal você foi criada por um tempo por aquela mulher... – completou com um olhar um pouco vago.
Emanuela percebeu que esse era o momento para perguntar algo que sempre tivera curiosidade.
— Rogério, porque você morou com a Tânia? Quer dizer, não me lembro muito dela, mas ainda lembro que ela nunca foi uma pessoa fácil.
Rogério sorriu.
— O que a paixão não faz, não é? – e sorrindo com o pensamento longe. – Eu era louco por aquela mulher...
— E como o senhor a conheceu? – Emanuela perguntou curiosa.
— Não sei se você sabe, mas sou formado em odontologia... Tinha uma pequena clínica, mas acabei por dever muito... Comecei a beber, até que virei um completo desastre. Numa dessas noites de bebedeira, eu me machuquei... Você sabe como as pessoas maltratam bêbados... Eu me feri na cabeça e caí. Eu não lembro muito bem, mas me lembro de ver Letícia, Rebeca e Tânia, todas ao meu redor, tentando ver se eu estava vivo... – e sorrindo - Agora que penso, parece ser muito engraçado.
— Não acho engraçado... – comentou Emanuela, um pouco séria.
Rogério sorriu.
— Tem razão. – e com o olhar longe. – Elas cuidaram de mim. Como sempre, Letícia era a mais atenciosa, Rebeca a mais prática em cuidar dos ferimentos... Mas Tânia era a que tinha a personalidade mais forte. Parece ridículo agora, mas na época, aquilo me atraiu. – e olhando para Emanuela. – Mas, devo confessar a você que Rebeca e Letícia, sem dúvida, eram muito melhores que a Tânia.
Emanuela sorriu, depois fez uma expressão de alguém que se lembra de algo importante. De dentro da bolsa, pegou uma fotografia e mostrou a Rogério.
— Reconhece?
Rogério olhou a foto e ficou perplexo.
— Onde você conseguiu...? – perguntou, olhando confuso para Manu.
— Uma mulher chamada Rosália, da boate do Fernandes, me deu...
Ele olhava para a fotografia encantado.
— Faz realmente muito tempo. Rebeca, Letícia e Tânia... Aquelas três eram inseparáveis. Isso me traz muitas lembranças. – e olhando para Emanuela – Mas, mudando de assunto, Emanuela. Como foi que conseguiu se livrar do Fernandes?
— Foi o Fabrício... Ele me ajudou. – disse Emanuela, tentando não entrar no assunto. – Mas, não se preocupe com isso, ok?
Rogério ficou pensativo. Estava um pouco preocupado. Fernandes não era homem para desistir do que quer.
— Talvez seja melhor mesmo vocês morarem na casa do Dr. Otávio... – disse como para si mesmo.
— Rogério... Você sabe algo sobre jardinagem? – perguntou Emanuela, curiosa, levantando-se e indo para a janela.
— Sei um pouco... Afinal, já tive muitos empregos. Mas, por que a pergunta?
— Não é nada demais. – respondeu pensativa.
***
O Dr. Otávio estava passeando pelo jardim da mansão pensativo. Um turbilhão de pensamentos invadia a sua mente. Pensava na resposta que Emanuela daria, nos problemas do grupo, no seu irmão e na própria neta Viviane. De repente, sentiu que alguém se aproximava.
— Dr. Otávio? O senhor por aqui? Como faz muito tempo que não vai para a sede do Grupo pensei que tinha ido para lá... 
O Dr. Otávio sorriu.
— Tem razão, Gabriele. Mas, não se preocupe. Você vai ter que aturar esse velho por pouco tempo.
Gabriele riu.
— Dr. Otávio, o senhor sabe que não falei com essa intenção... – disse sorrindo. – Pelo contrário, gosto muito de conversar com o senhor.
— Eu também, Gabriele.- e um pouco mais sério. - Mas me fale sobre Viviane... Eu não a vi hoje.
Gabriele suspirou.
— Acho que Viviane se acalmou um pouco. Pelo menos, hoje ao sair, ela falou comigo normalmente, nem parecia que ontem mesmo discutiu daquela maneira com o senhor.
— É... Parece que estamos sempre tensos quando se trata da minha neta. É como uma bomba pronta para explodir a qualquer hora.
Gabriele ficou com o olhar um pouco vago.
— O problema é que parece que ela é intensa demais... Se, pelo menos, ela aceitasse ir a um psicólogo...
Otávio riu.
— Acho que mais que um psicólogo, Viviane precisa de amigos. Espero que as suas irmãs sejam de grande ajuda. – e percebendo que Gabriele desviara o olhar de repente. – Quer dizer...
— Dr. Otávio, não se preocupe. – disse, olhando com carinho para o sogro. – Eu também espero que Viviane encontre nessas meninas algum apoio, pois é isso que ela precisa.
Otávio olhou para ela com o olhar compreensivo e sorriu.
— Dr. Otávio...  – disse Gabriele. - O senhor tem alguma previsão de quando as suas netas vão vir morar aqui? Não que eu queira me intrometer em seus assuntos, mas gostaria de saber para pedir que preparem os quartos com antecedência.
— Emanuela disse que assim que tivesse a resposta, entraria em contato comigo... Assim que eu souber, lhe digo.
***
Mariana estava na lanchonete do hospital, pronta para comer um daqueles salgados com um suco de abacaxi.
“Eu sei que eu não deveria, mas esse salgado estava me chamando” – pensou, rindo de si mesma.
De repente, Mariana viu o Dr. Rafael pegando uma bandeja com um lanche. Ao avistá-la, foi ao seu encontro.
— Posso me sentar aqui? – perguntou, afastando a cadeira.
Mariana que tinha acabado de colocar um pedaço de salgado na boca, apenas balançou a cabeça afirmativamente. Rafael sentou-se.
— Claro. Mas, o senhor não deveria estar comendo no restaurante dos médicos?
Rafael riu.
— Você realmente gosta de me chamar de “senhor”, né? – e olhando para a bandeja – Me disseram que o sanduíche natural daqui é muito bom, então resolvi experimentar. Você não se incomoda, não é?
Mariana balançou a cabeça negativamente.
— Claro que não... – e olhando ao redor e mudando de assunto. – Mas, esse hospital é realmente fantástico. Às vezes, até esqueço que é um hospital. Essa lanchonete anexa realmente é muito útil.
— Tem razão. E pensar que o diretor relutou em colocá-la aqui.
— Talvez, eu vá até sentir falta do hospital, nesse sentido... Mas, apesar desse hospital ser um dos melhores do país, não tem nada como a casa da gente. Quando sair daqui, acho que devo pensar como um recomeço. – completou, sorrindo.
O Dr. Rafael riu.
— O que foi? – perguntou Mariana, um pouco envergonhada. – “Será que tem algo preso no meu dente?” – pensou.
— Não é nada, é só que nunca achei que uma garota da sua idade pensaria assim.
Mariana ficou confusa.
— Assim como?
Rafael pareceu ser pego de surpresa.
— Assim... Otimista e madura, eu acho. Não sei definir muito bem. Por exemplo, com o caso da sua “amiga”... É difícil encontrar garotas que sejam tão conscientes assim. Você pensou primeiro na sua irmã. É incrível essa lealdade.
Mariana sorriu.
— Ah, isso porque minha irmã é muito importante para mim. Ela sempre esteve ao meu lado. Nunca sacrificaria algo assim por um garoto.
— Então, quer dizer que está resolvido.
— Não totalmente. Eu sei que parece ruim eu dizer isso, mas me senti triste quando eu o vi com a minha irmã. Eu sou uma pessoa horrível, não é?
— Isso é normal. Não se culpe por isso.
— Mas, Dr. Rafael... O senhor... Digo, você também é diferente. A maioria dos homens acharia essa conversa feminina demais.
Rafael riu.
— É pode ser... Mas, existem homens e homens.
Mariana sorriu, pensando internamente se o Dr. Rafael realmente não era gay.
***

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