Capitulo 17 – O Beijo – Primeira parte
Viviane
não conseguia tirar os olhos da tela do computador que estava em cima da mesa.
Ela não conseguia acreditar no que estava vendo e lendo.
— Q-Quem
foi que escreveu isso? – Viviane perguntou, olhando para Verônica e novamente
para a tela do notebook.
Viviane
parecia não acreditar de fato no que estava escrito ali. Em frente a ela, na
página inicial da internet, estava um blog chamado “O blog da princesinha”.
Havia algumas fotos do dia anterior em que Viviane aparecia em diversas cenas,
conversando com Rafael no hospital. Havia também um artigo que dizia que a
herdeira do Grupo Demontieux era uma perseguidora e se aproveitava de sua posição
como herdeira das empresas do seu avô, incluindo o hospital Alcântara, para ter
o homem que queria.
— Isso é
calúnia! – disse ela, terminando de ler pela segunda vez, ainda não acreditando
no que estava escrito. – Eu não sou uma perseguidora!
Verônica
olhou para a amiga.
— Tem
certeza?
Viviane
olhou confusa para a amiga.
—
Verônica, você está de que lado?
Verônica
suspirou.
— O que
eu quero dizer é que esse seu hábito estranho deu nisso. Bem, pelo menos não é
algo tão grave.
— Não é
tão grave?! – disse Viviane quase gritando, fazendo com que outros alunos do
laboratório lhe prestassem atenção.
Verônica,
mais uma vez, pegou a amiga pelo braço e a carregou para fora do laboratório.
— Aqui
podemos conversar melhor... Pelo menos, você pode descarregar sua raiva à
vontade.
— Eu
ainda não acredito. – comentou Vivi ainda irritada. — Mas quem será que fez
isso?
Verônica
olhou incrédula para Vivi.
— Tem
certeza que você não sabe?
— Não. –
disse Vivi enfática.
— Vivi,
quem é a única pessoa nessa universidade que te chama de “princesinha”?
Viviane,
de repente, se lembrou.
— Não é
possível! Gabriel!? – e pensativa. – E por que ele faria isso?
Verônica
começou a rir.
— Por que
você está rindo? Isso é sério! – Viviane ficou confusa com a reação da amiga.
— Eu só
estava pensando aqui quais seriam os motivos de ele fazer isso. Afinal, você o
trata tão bem, não é, Viviane? – ironizou.
Viviane
pareceu não entender.
— Mas
isso não é um motivo racional. E pelo que eu saiba, homens não são tão emotivos
assim.
As duas,
que estavam caminhando, sentaram-se em um banco perto da área de convivência da
faculdade.
— A
questão é que você feriu o orgulho dele. – disse, rindo. – Afinal você fez
aquela cena só por causa de um beijinho de nada e ainda ficou espalhando para
todo mundo que ele avançou em você.
Viviane
mais calma, olhou admirada para a amiga.
— De
qualquer forma, eu só falei a verdade.
Verônica
ficou boquiaberta.
— Você é
muito teimosa mesmo, viu? – e percebendo Viviane muito pensativa. - Mas, você
não vai se vingar, não é?
— É claro
que vou. – disse Vivi.
Verônica
não acreditava no que acabara de ouvir.
— Mas é
justamente isso que ele quer. Você sabe que isso não vai terminar bem, né?
Viviane
suspirou.
— Eu sei.
Mas ele precisa saber que com a princesinha aqui não se brinca.
Verônica
ficou intrigada.
— Você ficou
realmente irritada com o blog? Sinceramente?
Viviane
olhou para a amiga e riu.
—
Pensando bem, não é algo que me irrite tanto. Afinal, só mostra que eu corro
atrás do que eu quero. Que eu sou uma pessoa determinada!
Verônica
começou a rir.
— Sabe,
eu só desconfiava, mas hoje você me deu a prova de que é realmente maluca.- e
olhando para a amiga incrédula. - Vivi, você acha que as pessoas realmente vão
pensar assim?
Viviane
ficou um pouco séria de repente.
— Como se
eu me importasse com o que os outros pensam. – e mudando um pouco a expressão.
– Acho que já tenho uma idéia de como vou me vingar.
Verônica
ficou curiosa.
— E como
vai ser essa vingança? – perguntou.
— O
primeiro passo é me inscrever para a quinta cultural da faculdade.
Mais uma
vez, Verônica ficou boquiaberta.
— Você
vai tocar? Mas, você não costuma tocar violino em público! Você sempre detestou
quando seu avô lhe pedia para fazer isso nas festas de família. Eu me lembro
muito bem.
Viviane deu
de ombros.
— E daí,
eu posso fazer esse sacrifício. – e sorrindo – Afinal, é para uma boa causa!
— Mas o dia
cultural é depois de amanhã. Você vai estar preparada? E o que isso tem a ver
com a sua vingança?
Viviane
sorriu.
— Verônica,
é preciso calma, afinal, vingança é um prato que se come frio. Não se preocupe,
vou contar tudo pra você. – e levantando-se como alguém que acorda pela manhã.
– Esse semestre mal começou e já rendendo muito.
Verônica
não sabia se ria ou ficava preocupada.
— Amiga, não
sei se você é otimista demais ou apenas maluca. – disse, sorrindo.
— Você
quer que eu responda essa? – perguntou alguém que se aproximava.
Verônica
e Viviane olharam e viram Alessandro, primo de Viviane, filho da irmã de
Gabriele.
— Alê?! –
Viviane parecia extremamente entusiasmada. – Quando você voltou do intercâmbio?
Alessandro
sorriu. E para Verônica aquele sorriso sempre fora encantador, afinal, ele
parecia um ator de Hollywood.
— É assim
que você me recebe, Vivi?
Viviane
foi ao seu encontro e o abraçou.
— E você
não vai me responder?
Alessandro
sorriu.
— É
claro, priminha. Cheguei hoje mesmo. Tinha que resolver algumas pendências na
minha matrícula... Afinal, faltam só dois semestres para eu me formar. Depois,
vou fazer residência médica no hospital Alcântara...
Viviane
sorriu.
— E como
foi na Alemanha?
Alessandro
sorriu, suspeito.
— Foi
bom, realmente muito bom... – e olhando para a prima. – Mas, mudando um pouco o
foco... Soube que você andou fazendo um blog. Vivi, eu sei que você gosta de
chamar a atenção, mas isso já não é exagero?
Viviane
fez um muxoxo.
— Você
sabe que eu não faria isso... Foi um menino aí, que fez pra pegar no meu pé.
Mas isso não vai ficar assim, você vai ver.
Alessandro
olhou para Verônica.
— Você
vai deixá-la fazer o bem, entende?
Verônica
deu de ombros.
— Você
sabe como Viviane é. Quando coloca algo na cabeça...
Alessandro
riu.
— É
verdade. Mas, essa é a minha prima. Tão cabeça dura, mas talvez essa seja a
fonte do seu encanto... – disse, sorrindo, e olhando para o relógio. – Bem,
agora tenho que ir, ainda falta resolver alguns probleminhas. – e dando um
beijo no rosto de Viviane. – Tchau, priminha. Tchau, Verônica.
As duas
acenaram da mesma maneira. Quando não mais se podia vê-lo, Verônica suspirou.
— Vivi,
você é mesmo uma garota de sorte, não sei por que ainda corre atrás do
Rafael... Você já tem dois, pra que mais?
Viviane
estranhou o comentário da amiga.
— Do que
você está falando? O Alê é como um irmão pra mim. – e olhando intrigada para a
amiga. – E que conversa é essa de dois?
Verônica
sorriu e olhou para Viviane como quem olha para uma criança.
—
Esquece, Vivi... Se concentra na sua vingança, tá?
Viviane
olhou para a amiga, não entendendo a sua mudança de atitude. De repente, Verônica
olhou para Viviane.
— Vivi,
já está na hora da aula. Você vai primeiro, tenho que fazer algo.
— O quê?
— Não é
nada demais. Vou ao banheiro.
— Nós
podemos ir juntas.
— Já
disse para ir na frente. Vá.
Viviane
estranhou a atitude da amiga.
— Ok,ok.
– disse, saindo.
Logo que
Viviane não pode mais ser vista, Verônica levantou-se e foi em direção a
Gabriel, que já tinha visto há um tempo.
— Então,
foi você que fez o blog?
Gabriel
que estava conversando com o amigo, olhou para Verônica.
— Olha...
Quem vejo tão cedo. Sim, por quê?
— Não
sabia que gostava de fazer brincadeiras tão infantis.
— Isso
não é da sua conta. – disse Gabriel um pouco chateado com o comentário da
garota.
— Eu sei
que não... Mas, eu quero fazer uma pergunta. Como conseguiu fazer tantas fotos.
Gabriel
riu.
— Como?
Contratando um fotógrafo.
— Não
faça mais isso.
— Por
quê?
Verônica
suspirou.
— Para
muitas pessoas, a Vivi não passa de uma garota mimada e prepotente. E pode até
ser de certo modo, mas não significa que ela também não tenha seus próprios
problemas e não sofra também. Então, por favor, não pague ninguém para
perseguir a Viviane e fazer fotos escondidas.
Gabriel
riu.
— E o que
isso tem a ver?
Verônica
suspirou novamente como se estivesse explicando para uma criança.
— Você
pode não lembrar, mas Vivi foi sequestrada quando criança. Por isso, ela teve
que passar por um tratamento para poder conseguir ficar em público novamente
sem pensar que estava sendo seguida. Então, se quiser fazer suas brincadeiras,
faça. Mas, não use mais esse tipo de coisa. – disse, saindo logo em seguida.
Gabriel
pareceu pensativo.
***
Mariana
estava dormindo na cadeira, quando foi acordada por Emanuela.
— Manu?
Que horas são?- perguntou sonolenta.
— Quase
nove horas...
Mariana
pareceu despertar de repente.
— Não
acredito! Esqueci de dar o remédio do papai!
— Não se
preocupe. Eu já fiz isso. – disse, aproximando-se da janela. – Está um sol
lindo lá fora. Por que não vai passear um pouco pelo jardim do hospital? Eu
fico aqui.
— Tem
certeza. Você não está cansada? Afinal, você também dormiu aqui...
— Não se
preocupe... De qualquer forma, talvez Rogério receba alta hoje... Aí, poderemos
dormir a vontade em casa.
Emanuela
pegou algum dinheiro e entregou para Mariana.
— Compre
alguma coisa para comer na lanchonete também.
Mari
pegou o dinheiro da irmã e saiu. Passaram-se alguns minutos desde que Mariana
saiu para que Rogério acordasse.
—
Mariana? – perguntou, olhando para Manu. – Ah, é você Emanuela?
— Você
está bem? – perguntou ela, se aproximando e sentando-se em uma cadeira perto da
cama.
— Sim,
estou. – e suspirando. – Mas, queria poder sair desse hospital. Por mais que eu
seja bem tratado aqui, nada se compara a ficar em casa...
— Não se
preocupe. – disse Emanuela. - Talvez hoje mesmo, o senhor receba alta.
Rogério
percebeu que Emanuela parecia um pouco preocupada.
— E o que
você tem, minha filha? Me parece
muito pensativa...
Emanuela
sorriu.
— Não é
nada. Só estava pensando em como a minha rotina mudou tão drasticamente nesses
dias... Por coincidência, desde que tive o meu primeiro contato com alguém
ligado ao grupo Demontieux.
Rogério
não entendeu o último comentário de Emanuela.
— Do que está
falando? - Rogério perguntou.
— Nada de
mais. Só que pensando bem, talvez não seja uma boa aceitarmos ir para a casa do
Dr. Otávio.
Rogério
ficou um pouco preocupado.
— Então,
quando pretende dar uma resposta a ele?
— Talvez
não hoje. Ainda quero pensar um pouco sobre isso...
— Se for
por minha causa não se preocupe. Eu vou ficar bem.
Emanuela
sorriu.
— Não sei
preocupe, Rogério, nós não vamos mais nos separar de você. Mariana ficaria
muito triste se isso acontecesse.
— E você
não ficaria?
— Claro. Afinal,
o senhor é meu pai também. – disse com um sorriso.
Rogério
ficou em silêncio por um instante.
— Emanuela...
– disse, quebrando o silêncio. – Realmente, gostaria que você aceitasse... Vocês
merecem ter uma vida melhor. Eu não me importaria de ser substituído por esse
senhor, afinal, passei esses últimos anos sem entrar em contato com vocês no
orfanato... Tenho certeza que ele vai tratar bem de vocês.
Emanuela ficou
intrigada com a afirmação de Rogério.
— Tem
certeza? Como pode ter tanta certeza. Afinal, o senhor nem o conhece.
— Bem... Ele
parece ser um empresário respeitável...
— Mas,
mesmo assim... Não significa que podemos confiar nele.
Rogério
pegou na mão de Emanuela.
— Você
não deveria aprender a confiar mais nas pessoas? – e desviando o olhar. – Mas,
não me admira você ser assim, afinal você foi criada por um tempo por aquela
mulher... – completou com um olhar um pouco vago.
Emanuela
percebeu que esse era o momento para perguntar algo que sempre tivera
curiosidade.
—
Rogério, porque você morou com a Tânia? Quer dizer, não me lembro muito dela,
mas ainda lembro que ela nunca foi uma pessoa fácil.
Rogério
sorriu.
— O que a
paixão não faz, não é? – e sorrindo com o pensamento longe. – Eu era louco por
aquela mulher...
— E como
o senhor a conheceu? – Emanuela perguntou curiosa.
— Não sei
se você sabe, mas sou formado em odontologia... Tinha uma pequena clínica, mas acabei
por dever muito... Comecei a beber, até que virei um completo desastre. Numa
dessas noites de bebedeira, eu me machuquei... Você sabe como as pessoas
maltratam bêbados... Eu me feri na cabeça e caí. Eu não lembro muito bem, mas me
lembro de ver Letícia, Rebeca e Tânia, todas ao meu redor, tentando ver se eu
estava vivo... – e sorrindo - Agora que penso, parece ser muito engraçado.
— Não
acho engraçado... – comentou Emanuela, um pouco séria.
Rogério
sorriu.
— Tem
razão. – e com o olhar longe. – Elas cuidaram de mim. Como sempre, Letícia era
a mais atenciosa, Rebeca a mais prática em cuidar dos ferimentos... Mas Tânia
era a que tinha a personalidade mais forte. Parece ridículo agora, mas na
época, aquilo me atraiu. – e olhando para Emanuela. – Mas, devo confessar a
você que Rebeca e Letícia, sem dúvida, eram muito melhores que a Tânia.
Emanuela
sorriu, depois fez uma expressão de alguém que se lembra de algo importante. De
dentro da bolsa, pegou uma fotografia e mostrou a Rogério.
—
Reconhece?
Rogério
olhou a foto e ficou perplexo.
— Onde
você conseguiu...? – perguntou, olhando confuso para Manu.
— Uma
mulher chamada Rosália, da boate do Fernandes, me deu...
Ele
olhava para a fotografia encantado.
— Faz
realmente muito tempo. Rebeca, Letícia e Tânia... Aquelas três eram
inseparáveis. Isso me traz muitas lembranças. – e olhando para Emanuela – Mas,
mudando de assunto, Emanuela. Como foi que conseguiu se livrar do Fernandes?
— Foi o
Fabrício... Ele me ajudou. – disse Emanuela, tentando não entrar no assunto. –
Mas, não se preocupe com isso, ok?
Rogério
ficou pensativo. Estava um pouco preocupado. Fernandes não era homem para
desistir do que quer.
— Talvez
seja melhor mesmo vocês morarem na casa do Dr. Otávio... – disse como para si
mesmo.
—
Rogério... Você sabe algo sobre jardinagem? – perguntou Emanuela, curiosa,
levantando-se e indo para a janela.
— Sei um
pouco... Afinal, já tive muitos empregos. Mas, por que a pergunta?
— Não é
nada demais. – respondeu pensativa.
***
O Dr.
Otávio estava passeando pelo jardim da mansão pensativo. Um turbilhão de
pensamentos invadia a sua mente. Pensava na resposta que Emanuela daria, nos
problemas do grupo, no seu irmão e na própria neta Viviane. De repente, sentiu
que alguém se aproximava.
— Dr.
Otávio? O senhor por aqui? Como faz muito tempo que não vai para a sede do
Grupo pensei que tinha ido para lá...
O Dr.
Otávio sorriu.
— Tem
razão, Gabriele. Mas, não se preocupe. Você vai ter que aturar esse velho por
pouco tempo.
Gabriele
riu.
— Dr.
Otávio, o senhor sabe que não falei com essa intenção... – disse sorrindo. –
Pelo contrário, gosto muito de conversar com o senhor.
— Eu
também, Gabriele.- e um pouco mais sério. - Mas me fale sobre Viviane... Eu não
a vi hoje.
Gabriele
suspirou.
— Acho
que Viviane se acalmou um pouco. Pelo menos, hoje ao sair, ela falou comigo
normalmente, nem parecia que ontem mesmo discutiu daquela maneira com o senhor.
— É...
Parece que estamos sempre tensos quando se trata da minha neta. É como uma
bomba pronta para explodir a qualquer hora.
Gabriele
ficou com o olhar um pouco vago.
— O
problema é que parece que ela é intensa demais... Se, pelo menos, ela aceitasse
ir a um psicólogo...
Otávio
riu.
— Acho
que mais que um psicólogo, Viviane precisa de amigos. Espero que as suas irmãs
sejam de grande ajuda. – e percebendo que Gabriele desviara o olhar de repente.
– Quer dizer...
— Dr.
Otávio, não se preocupe. – disse, olhando com carinho para o sogro. – Eu também
espero que Viviane encontre nessas meninas algum apoio, pois é isso que ela
precisa.
Otávio
olhou para ela com o olhar compreensivo e sorriu.
— Dr.
Otávio... – disse Gabriele. - O senhor tem alguma previsão de quando as
suas netas vão vir morar aqui? Não que eu queira me intrometer em seus
assuntos, mas gostaria de saber para pedir que preparem os quartos com
antecedência.
— Emanuela
disse que assim que tivesse a resposta, entraria em contato comigo... Assim que
eu souber, lhe digo.
***
Mariana
estava na lanchonete do hospital, pronta para comer um daqueles salgados com um
suco de abacaxi.
“Eu sei
que eu não deveria, mas esse salgado estava me chamando” – pensou, rindo de si
mesma.
De
repente, Mariana viu o Dr. Rafael pegando uma bandeja com um lanche. Ao
avistá-la, foi ao seu encontro.
— Posso
me sentar aqui? – perguntou, afastando a cadeira.
Mariana
que tinha acabado de colocar um pedaço de salgado na boca, apenas balançou a
cabeça afirmativamente. Rafael sentou-se.
— Claro. Mas,
o senhor não deveria estar comendo no restaurante dos médicos?
Rafael
riu.
— Você
realmente gosta de me chamar de “senhor”, né? – e olhando para a bandeja – Me
disseram que o sanduíche natural daqui é muito bom, então resolvi experimentar.
Você não se incomoda, não é?
Mariana
balançou a cabeça negativamente.
— Claro
que não... – e olhando ao redor e mudando de assunto. – Mas, esse hospital é
realmente fantástico. Às vezes, até esqueço que é um hospital. Essa lanchonete
anexa realmente é muito útil.
— Tem
razão. E pensar que o diretor relutou em colocá-la aqui.
— Talvez,
eu vá até sentir falta do hospital, nesse sentido... Mas, apesar desse hospital
ser um dos melhores do país, não tem nada como a casa da gente. Quando sair
daqui, acho que devo pensar como um recomeço. – completou, sorrindo.
O Dr.
Rafael riu.
— O que
foi? – perguntou Mariana, um pouco envergonhada. – “Será que tem algo preso no
meu dente?” – pensou.
— Não é
nada, é só que nunca achei que uma garota da sua idade pensaria assim.
Mariana
ficou confusa.
— Assim
como?
Rafael
pareceu ser pego de surpresa.
—
Assim... Otimista e madura, eu acho. Não sei definir muito bem. Por exemplo,
com o caso da sua “amiga”... É difícil encontrar garotas que sejam tão
conscientes assim. Você pensou primeiro na sua irmã. É incrível essa lealdade.
Mariana
sorriu.
— Ah,
isso porque minha irmã é muito importante para mim. Ela sempre esteve ao meu
lado. Nunca sacrificaria algo assim por um garoto.
— Então,
quer dizer que está resolvido.
— Não
totalmente. Eu sei que parece ruim eu dizer isso, mas me senti triste quando eu
o vi com a minha irmã. Eu sou uma pessoa horrível, não é?
— Isso é
normal. Não se culpe por isso.
— Mas,
Dr. Rafael... O senhor... Digo, você também é diferente. A maioria dos homens
acharia essa conversa feminina demais.
Rafael
riu.
— É pode
ser... Mas, existem homens e homens.
Mariana
sorriu, pensando internamente se o Dr. Rafael realmente não era gay.
***
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