segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 26 - PRIMEIRA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 26 – Tempestade.

Verônica entrou no quarto e viu Viviane. A garota sentou-se na cama.
— Ainda bem que veio. Já são 9 horas da noite e não aconteceu nada de mais. Queria ver meu avô, mas os médicos não deixam, dizem que tenho que ficar em observação e que ele não pode receber visitas agora.
Verônica sentou-se ao lado da amiga.
— Desculpa não poder ficar o dia inteiro com você. Mas já que suas irmãs estavam aqui e sua mãe, eu não me preocupei tanto.
Viviane ficou com o olhar vazio por alguns segundos.
— Elas não são minhas irmãs, Verônica.
A amiga suspirou.
— Vivi, depois do que aconteceu, não deveria deixar de lado qualquer ressentimento? Fazer as pazes com sua mãe e ser amiga das meninas.
— Você acha que é fácil? – perguntou Vivi olhando séria para a amiga. – Minha mãe mentiu durante toda a minha vida e sempre que eu olhar para essas garotas eu vou me lembrar de tudo isso. Às vezes, queria que tudo fosse só um sonho ruim. Que vou acordar e continuarei sendo filha do Jorge e neta do Dr. Otávio. Que vou comprar roupas no shopping como sempre fiz e quem sabe infernizar a vida do Gabriel...
Verônica riu-se.
— Mas, não é um sonho, não é?
Viviane olhou para a amiga.
— Não, não é. Toda a minha vida foi uma mentira.
Verônica pensou que mais uma vez Vivi estava exagerando.
— Para de pensar essas bobagens. Seu avô vai continuar te amando do mesmo jeito. E você vai sempre considerar o Jorge como seu pai. Se ele tivesse vivo, com certeza faria o mesmo.
— Queria que fosse assim... Mas não sei como vou conseguir encarar meu avô e suportar a minha mãe.
De repente, alguém bateu à porta. Rafael apareceu.
— Dr. Rafael. – disse Viviane um pouco mais animada. – O senhor veio fazer uma visita a sua noiva?
Rafael sorriu.
— Vou tolerar as suas brincadeiras hoje, porque é uma paciente. Vim ver como está. Sentiu alguma coisa. Dor de cabeça?
Viviane sorriu. Mais uma vez, Verônica ficou espantada com a capacidade que Vivi tinha de esconder suas próprias emoções.
— Já me perguntaram várias vezes. – disse Vivi - Mas eu já disse que não. Estou nova em folha. E pronta para outra.
— Não diga isso nem brincando. – disse ele um pouco sério. – Você sabe muito bem que todos ficaram muito preocupados, principalmente porque seu avô também está no hospital.
— Falando nele, quando é que posso visitá-lo. Não vejo a hora de ver como ele está. Eu fiquei tão aliviada em saber que deu tudo certo na cirurgia dele. – e com o olhar triste. – Se ele morresse, eu não sei o que eu faria...
— Mas tudo correu bem. Infelizmente, as visitas ao seu avô não são permitidas no momento. Talvez amanhã. Como ele é um senhor de idade, ele ainda está se recuperando da cirurgia.
— Entendo. – disse ela pensativa.
— Bem, Viviane. Daqui a pouco, acho que você já pode ser liberada. Mesmo não tendo completado 24 horas de observação, mas considerando que seus ferimentos não foram graves, então, você vai poder ir descansar em casa.
— Ainda bem. Estou realmente entediada com esse hospital.
Rafael sorriu e depois saiu. Verônica olhou para Viviane pensativa.
***
Gabriele estava sentada próximo ao quarto de Viviane. Mariana, que vinha do restaurante do hospital, sentou-se ao lado dela.
— Gabriele, você deve estar cansada. Passou o dia inteiro no hospital. Você só comeu uma vez. Assim você pode passar mal.
Gabriele sorriu.
— Vocês também devem estar cansadas. Mesmo não tendo nenhuma obrigação, ficaram aqui. Não precisavam fazer isso.
Mariana sorriu compreensiva.
— Bem... Não podíamos ir para casa sabendo que Vivi e o Dr. Otávio estão no hospital. Digo, o meu avô. Mas já é de noite. Quando vamos poder visitar o Dr. Otávio?
— O Dr. Rafael disse que amanhã podemos fazer uma visita. Todos estão preocupados com ele.
Mariana pareceu pensativa durante alguns segundos.
— Eu vi na televisão que tem aqui no hospital... Não teve um telejornal que não falou sobre a cirurgia do Dr. Otávio. Eu não tinha ideia do quanto ele era influente.
Gabriele sorriu.
— O Dr. Otávio, ao contrário do irmão, sempre foi alguém muito simples. Ele tem um talento natural para os negócios, mas é quase como se não tivesse noção disso, mesmo sendo um homem experiente. O Grupo Demontieux só chegou ao que é hoje graças a ele. Talvez o segredo esteja na simplicidade dele, tanto é que você não sente que ele carrega tanta pressão. Talvez seja por isso que é difícil perceber o quanto ele é uma pessoa importante.
— Então, a doença dele já foi uma consequência de tanta pressão?
— Possivelmente. Sendo o Presidente do Grupo tem que lidar com pressões por todos os lados. Acionistas, clientes, fornecedores, diretores... Eu lembro exatamente como é ser uma simples Diretora. Não consigo imaginar a pressão de ser o Presidente.
— Entendo. Não é a toa que ele não tinha muito tempo para descansar... Espero que fique tudo bem. – disse pensativa.
Gabriele olhou para Mariana. A menina parecia um pouco triste.
— Não se preocupe. Dr. Otávio é muito forte também. Sempre teve uma boa saúde. Não vai acontecer nada a ele, afinal, ele acabou de encontrar vocês. Mas mudando de assunto, onde está sua irmã?
— Emanuela? Bem, está conversando com o namorado. Ele e a irmã saíram logo pela manhã porque tinham coisas a resolver e chegaram ainda agora para fazer uma visita.
***
Fabrício olhava para a namorada em sua frente.
— Desculpa não ter ficado com você aqui. Mas não está cansada? Devia voltar para a mansão.
— Estou um pouco. Mas prefiro fazer companhia a Gabriele, já que os tios de Viviane voltaram para casa logo pela manhã. Gabriele é que não quer deixar Viviane sozinha.
— Bem, é compreensível. Que mãe deixaria a filha no hospital? Principalmente agora com tudo que está acontecendo.
— Pois é. O ruim é que Viviane não quer vê-la de jeito nenhum. Não importa o quanto Gabriele se importe e pergunte como ela está. Viviane está irredutível. Ela tem uma profunda mágoa da mãe.
Fabrício pareceu ter uma ideia.
— Você devia falar com Viviane.
— Eu? Por quê?
— Bem, vê se coloca um pouco de juízo na cabeça dela, como fez comigo. Acho que vocês duas podem se dar bem no futuro.
— Você acha que Viviane iria me escutar? Logo eu? Nesse momento, ela deve estar com ódio de mim e da minha irmã. Afinal, ela deve pensar que o avô que ela tanto ama praticamente foi roubado por nós.
Fabrício sorriu.
— Viviane não é assim... É só ter um pouco de paciência e você vai ver. Ela tem uma mania de expressar mal os próprios sentimentos. Bem pior do que eu. Mais ainda agora que está um pouco sensível por causa do avô, mas acho que você consegue fazer alguma coisa.
— Você parece ter mais fé em mim do que eu mesma.
— Claro... Porque você é a garota que eu escolhi.
Emanuela semicerrou os olhos, cruzando os braços.
— Fabrício, você tem um jeito bem particular de falar... Não conhecia esse seu lado.
— O quê? Vai dizer que você não gosta?
— Ainda estou decidindo se gosto ou não disso.
Fabrício riu.
***
Gabriel bateu à porta do quarto de Viviane e entrou. Verônica estava conversando com Vivi.
— Boa noite. Vim ver como a nossa princesa mimada está.
Viviane olhou para ele.
— Quem pensa que é para falar assim comigo? Sabe com quem está falando?
Ele sorriu.
— Parece que ela está bem, não é? Essa é a Vivi que eu conheço, com cinco pedras na mão quando a gente aparece com rosas.
— Rosas? Não vejo rosas.
— Foi só um modo de falar.
Verônica levantou-se de onde estava sentada.
— Bem, acho que vou sair para conversarem a sós.
Vivi ficou surpresa.
— Não tenho nada que conversar com esse cara. – e olhando para ele. – Se queria ver como eu estava, já viu. Estou ótima, principalmente por que até um momento atrás você não estava aqui. Então, saia.
Verônica olhou desapontada para amiga.
— Vivi, não deveria ser assim com uma visita. Deve tratá-lo bem. Quem sabe dar um abraço, alguns beijinhos... Talvez assim esse seu mal humor passa. – disse rindo.
A garota ficou boquiaberta.
— Verônica! Como pode dizer algo assim? No dia em que eu quiser beijar esse cara, pode colocar uma camisa de força em mim, por que eu estarei completamente louca se algo assim acontecer.
— Quem desdenha quer comprar. – disse Gabriel. – Tem muitas garotas que fazem fila para me beijar. Se quiser, vai ter que pegar a senha.
Viviane se levantou para avançar contra Gabriel que ria, enquanto Verônica segurava a amiga.
— Vivi, se contenha. Nem parece que faz pouco tempo que sofreu um acidente. – disse rindo.
— Verônica! Me solta. Deixa eu dar uma lição nesse cara convencido. Ah! Ele me dá nos nervos. – disse, se soltando e sentando-se novamente.
De repente, alguém bateu na porta. Era Emanuela.
— Viviane... Posso falar com você um instante? Se não estiver muito ocupada, é claro.
Viviane suspirou descontente.
— O quê? Não tenho nada para falar com você. E estou ocupada sim. No momento, estou planejando matar alguém. – disse furiosa para Gabriel que se limitou a sorrir.
— Pode sim, Emanuela. – disse Verônica, olhando com repreensão para Vivi. – Ela pode conversar com você, não é, Vivi? Porque a Vivi é uma garota muito educada e gentil.
Gabriel caiu na gargalhada.
— Garota educada e gentil? Onde? Onde? – perguntou ele.
— Gabriel, não provoca. Você vem comigo. – disse Verônica, arrastando o garoto consigo para fora do quarto.
Do lado de fora, ela cruzou os braços.
— Você gosta de provocá-la, não é?
Ele fez como se não entendesse.
— Como assim? Foi você quem começou com as brincadeiras.
— E você aproveitou. Bem, de qualquer forma, é melhor assim. Pelo menos, ela está sendo a Viviane de sempre. E tem o fato de que você parece gostar dela de verdade, então, é melhor que faça sempre companhia a ela.
Gabriel olhou surpreso para Verônica.
— Eu gostar dela? Você perdeu um parafuso aí?
Verônica semicerrou os olhos.
— Você acha que eu não percebi? Que você gosta dela? Ah, Gabriel, por favor... Não nasci ontem.
— Eu disse a você... Tem garotas assim atrás de mim. Por que eu gostaria justamente da mais mimada e insuportável?
— E eu vou saber? É você que gosta não eu. Mas como eu disse, pelo menos perto de você, ela parece ser ela mesma. Acho que isso é um bom sinal. – disse enigmática.
***

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