Capítulo
26 – Tempestade.
Viviane
olhou para Emanuela assim que Gabriel e Verônica saíram.
— Que eu
saiba não temos mais nada o que dizer uma para a outra.
— Se eu
vim aqui é porque tenho algo a dizer, não é?
Vivi
suspirou.
— Então,
fala logo. Estou ficando entediada. – e olhando de repente para Emanuela – Quer
dizer, acho que sei o que veio falar.
— Sabe? –
perguntou Manu um pouco confusa.
Viviane
levantou-se.
— Você
veio passar na minha cara tudo o que eu falei, não foi? Com certeza, está aqui
para dizer que eu sou a neta bastarda, que não tenho o direito de ver meu avô,
já que ele, na verdade, é avô de vocês. Ou mais, que eu não tenho sequer o
direito de morar naquela casa, não é? – e olhando séria para Emanuela – Não se
preocupe, se você quiser, eu saio da mansão. Posso morar em outro lugar, mas
antes quero que me dê um tempo para conseguir um emprego. Afinal, eu nunca ganhei
dinheiro por conta própria antes, então, pode demorar um pouco... – disse um
tanto constrangida.
Emanuela
riu incrédula.
— Você
está rindo? – disse Viviane. – É, para você é engraçada mesmo essa situação.
Mas não é para mim... Eu não sei como é ser pobre, mas vou conseguir sair dessa
situação. É claro que não sei como vou conseguir o dinheiro da faculdade...
—
Viviane, como chegou a essa conclusão? – interrompeu Emanuela - Acha que vim
aqui para falar todas essas bobagens?
Vivi
olhou surpresa.
— E não
vai? Bem, você tem todo o direito...
— E você
acha que seu avô iria deixar? De qualquer forma, quem acha que eu sou para
querer algo assim? O fato de você ser neta do Dr. Otávio não muda só porque
descobriu que não tem relações sanguíneas com ele.
— Como
pode saber que não muda? Afinal, as pessoas podem mudar, principalmente, agora,
depois que ele descobriu isso...
Emanuela
suspirou um pouco impaciente.
— Você
realmente acha que o Dr. Otávio é assim? Que vai deixar de te amar por que
descobriu que não é neta de sangue dele? Viviane, eu que o conheço há pouco
tempo, sei que ele é um homem de bom coração e íntegro. Ele não é o tipo de se
preocupar com essas coisas. Eu mesma nunca pensei que fosse encontrar um ser
humano como ele... Eu que conheci pessoas horríveis, pela primeira vez, encontrei
alguém como ele que realmente se importa com os outros de verdade. Você
realmente não deveria se preocupar com esse tipo de coisa. Se, de fato, pensa
assim, então, acho que não merece mesmo ter um avô como ele.
Viviane
parecia um pouco envergonhada.
— Só
queria dizer que depois de tudo isso, não temos qualquer tipo de ressentimento.
– continuou Emanuela - E até mesmo entendemos porque tentou nos humilhar... E é
por isso que estamos dispostas a nos dar bem com você.
Vivi
olhou de repente para Emanuela, um pouco agressiva.
— Você
acha que me engana? Você e sua irmã podem ir a qualquer pessoa da imprensa e
revelar que sou uma neta bastarda para todo mundo.
— E por
que faríamos isso? Não seja tão infantil, Viviane. Não se preocupe, não vamos
falar nada a ninguém sobre isso. E mais uma coisa... Sei que eu não deveria me
intrometer, porque esse é um assunto para vocês duas e entendo que esteja
sofrendo e tudo, mas também deveria ver que apesar de todos os erros, Gabriele
ainda é sua mãe.
Emanuela
saiu, deixando Viviane pensativa.
***
Já eram
23 horas e Gabriele estava do lado de fora do quarto junto com as gêmeas, esperando
Viviane sair do quarto. Logo que ela saiu, as quatro saíram do hospital e
entraram no carro onde o motorista já esperava. Infelizmente, as visitas ao Dr.
Otávio estavam proibidas por enquanto até o dia seguinte, quando ele poderia
receber visitas.
Enquanto
iam no carro, Viviane parecia distante. Ninguém falou nada. Na mansão as quatro
foram recebidas por Bruno, Iêda e Camila. Otávio Jr. permanecia em seu quarto,
estudando alguns documentos. Érica também apareceu.
— Espero
que esteja melhor, Vivi. Você nos deixou preocupados. – disse Érica e olhando
para Emanuela e Mariana. – E sejam bem vindas novamente meninas. Agora ninguém
precisa esconder a verdadeira identidade de vocês.
Viviane
olhou com desdenho para Érica.
— Que
milagre você estar sóbria a esta hora da noite. Bem, deve ser porque agora o
tio Marcos voltou e está colocando as rédeas em você, não é?
—
Espinhosa como sempre. – disse Érica sorrindo. – Isso mostra que está melhor
mesmo.
— Vou
para o meu quarto. – disse, subindo.
Gabriele
olhou para as gêmeas.
— Vocês
também deveriam subir. Devem estar cansadas por passar o domingo todo me
acompanhando no hospital.
As duas
concordaram e subiram para os quartos.
***
No dia
seguinte, uma segunda feira, Viviane e as gêmeas acordaram cedo. As três,
juntamente com Gabriele, foram as primeiras a ir tomar o café da manhã. Depois
de tomar o café da manhã, Viviane se levantou sem dizer uma palavra.
—
Viviane, por favor, espere. – disse Gabriele antes que Viviane saísse
completamente do local. - Quero falar com vocês todas. Pode esperar na sala?
Viviane
suspirou.
— Como quiser.
Depois
das gêmeas terminarem o café da manhã, Gabriele se reuniu com as três na sala.
— Bem,
quero que as coisas aqui fiquem claras. Acho que já não é mais segredo para
ninguém nessa casa que Emanuela e Mariana são netas do Dr. Otávio. Então, Vivi
quero que as trate com o devido respeito. Pode acontecer de algum repórter
querer fazer alguma entrevista sobre esse assunto ou a saúde do Dr. Otávio, mas
vocês devem evitá-los. Qualquer declaração está sendo dada pelo assessor de
imprensa do grupo, então não precisam responder nada caso, sejam questionadas.
Entenderam?
As gêmeas
acenaram com a cabeça. Gabriele olhou para Viviane.
— Você me
entendeu, Viviane?
— Claro
como a água, Gabriele. – disse e olhando para as gêmeas – Se querem aproveitar
a carona é melhor virem.
— Só mais
uma coisa – disse Gabriele para Emanuela, antes que as três se retirassem. – Eu
liguei para o Grupo e por enquanto você está dispensada de ir ao trabalho.
Emanuela
assentiu. Viviane saiu e Mariana a acompanhou. Emanuela olhou para Gabriele.
— A
senhora não vai?
Gabriele
sorriu melancólica.
— Não
agora. Depois, vou fazer uma visita a ele quando estiver melhor. Tenho algumas
coisas para conversar com ele. Por enquanto, vou deixar com vocês.
Emanuela
assentiu e saiu da mansão.
No carro,
mais uma vez, Viviane não disse uma palavra. Mariana pôde perceber que Viviane estava
quieta demais, talvez no fundo se sentisse um tanto arrependida por tê-las
tratado mal.
Depois de
alguns minutos, o carro chegou ao hospital. Ao descerem, as três seguiram para
a recepção e logo souberam em qual ala e quarto Dr. Otávio estava descansando.
No caminho, encontraram o Dr. Fabiano que as acompanhou até o local. As três
puderam entrar com a permissão do médico responsável.
O Dr.
Otávio estava ainda deitado em uma cama e respirava com o auxilio de aparelhos.
Assim que Viviane olhou para o avô, se aproximou rapidamente e começou a
chorar. Dr. Otávio abriu os olhos e percebeu as três netas.
— Vivi...
Não chore tanto, não é como se eu estivesse morrendo. – disse com um pouco de
dificuldade.
— Vovô...
Você está bem? Está doendo em algum lugar? Se sente muito cansado?
Ele
sorriu.
— Um
pouco cansado, mas estou bem. Não chore.
— Mas por
minha culpa o senhor está aqui... Tudo foi por minha culpa.
Ele
sorriu mais uma vez.
— Não foi
sua culpa, pare de falar bobagens. – e olhando para as gêmeas – Acho que
preciso esclarecer as coisas com vocês também, não é?
Emanuela
percebeu que o Dr. Otávio estava disposto a se explicar, mas naquelas condições
era preciso que ele descansasse.
— Dr.
Otávio, assim que o senhor ficar melhor, vamos ter outra oportunidade para
conversar. Por enquanto, o senhor deve descansar. Viemos aqui só para ver como
o senhor está.
As três
saíram do quarto. Fabiano esperava do lado de fora.
— Como
ele está? Ele vai ficar bem, não vai? – perguntou ela ao tio um tanto
preocupada.
— Não se
preocupe Vivi. É verdade que meu pai não é tão jovem, mas ele está se saindo
muito bem. De qualquer forma, sempre estou perguntando como está a condição
dele e verificando se tudo está bem. Se houver qualquer coisa eu aviso.
Viviane
pareceu ficar um pouco mais aliviada.
***
A reunião
para decidir quem substituiria o Dr. Otávio enquanto ele estivesse incapacitado
de tomar decisões tinha acabado de começar. Todos os sócios de importância
estavam presentes, bem como os diretores do Grupo e os presidentes das empresas
pertencentes ao Grupo Demontieux. E Otávio Jr. também havia sido convidado para
a reunião.
De
repente, a porta se abriu e Marcos entrou na sala de reuniões.
— Bom
dia, meus caros! – disse ele sorrindo. – Não me digam que vocês iam começar sem
mim? – disse, enquanto via a expressão de ódio no rosto de Otávio Jr.
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