segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 27 - PRIMEIRA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 27

A reunião dos principais acionistas e diretores-executivos foi rápida e tinha acabado de terminar.Todos saíram, exceto Otávio Jr. e Marcos. Ambos levantaram-se de seus devidos lugares e se dirigiram à saída. Ao chegarem perto da porta, pararam. Otávio Jr. olhava com ódio para o seu tio.
— Não devia olhar para alguém com um cargo maior do que você, afinal agora eu sou o Presidente, não é? – disse Marcos rindo.
Otávio Jr. não conseguiu suportar aquelas palavras.
— Esqueceu uma um adjetivo após a palavra Presidente. Interino. O senhor é apenas o Presidente interino. Assim que meu pai se recuperar, ele vai voltar e recuperar o seu lugar. Está enganado se pensa que vai ocupar essa cadeira por muito tempo. Você não merece esse lugar.
— Não seja tão hipócrita, Otávio. Jr. –  disse Marcos. – Você mais do que ninguém deseja que seu pai não se recupere. E acho que você tem quase certeza que vai assumir a Presidência do Grupo algum dia. – e aproximando-se de Otávio Jr. – Mas não fique tão animado, essa cadeira de Presidente pertence a mim muito antes de seu pai herdá-la.
Otávio Jr. se deteve olhando para Marcos.
— Fico imaginando o tipo de método que usou desta vez para convencê-los. Qual foi o mais usado? Ameaça? Suborno? Chantagem? Estou curioso... Afinal, talvez minha desvantagem fosse porque eu não tenho o devido know-how quando se trata de usar pessoas.
Marcos olhou para ele e riu.
— Você diz coisas engraçadas, Otávio Jr. Mas antes de qualquer coisa, deveria ser mais prudente com suas palavras. Muitas pessoas morreram por muito menos. – disse enigmático, saindo.
Otávio Jr. olhou para Marcos que se afastava.
— Se acha que vai ser muito fácil passar a perna em mim, se engana. O problema de raposas como você é achar que nunca vão ser pegos.

***
Gabriele estava esperando na sala, quando as três meninas chegaram. Logo que entrou, Viviane sussurrou algo, dizendo que ia subir e foi para o quarto. Gabriele se limitou a observá-la se afastar. Mariana percebeu que a mãe de Viviane fazia um enorme esforço para esconder a tristeza que parecia sentir pela filha. Mariana teve que desviar o olhar, quando Gabriele olhou para as duas e sorriu.
— E aí? Como está o Dr. Otávio? – perguntou com um misto de curiosidade e genuína preocupação.
— Na medida do possível, ele está bem. – disse Emanuela. – Mas foi um pouco estranho vê-lo em uma cama com aqueles aparelhos.
Gabriele ficou pensativa por um instante.
— Vivi deve ter se sentido desconfortável também.
Mariana pensou em dizer algo, mas preferiu não comentar o fato de Viviane ter tido uma crise de choro quando viu o avô no leito do hospital.
— Então, o que vamos ter para o almoço? Estou com tanta fome que sou capaz de comer um leitão inteiro. – disse Mariana, tentando meio sem jeito quebrar o clima estranho que se formara.
Emanuela olhou surpresa para a irmã.
— Mariana, como pode dizer isso? Uma criança de 10 anos se comportaria melhor do que você agora.
Mariana olhou para a irmã.
— Ah, Manu... Eu gosto muito de você, mas, às vezes, você precisa ‘desencanar’ um pouco. Você não cansa não?
Emanuela ficou boquiaberta.
— Cansar de quê?
— Ah, sei lá... Você deveria se comportar um pouco como a sua idade. – e sussurrando para si mesma. – Às vezes, tenho a impressão que é minha avó, não minha irmã.
— O que disse?
— Não, nada. – tentou disfarçar.
Gabriele riu das brincadeiras das duas.
— Temos algo muito delicioso. Como Emanuela está aqui depois de uma semana almoçando na empresa, então, resolvi pedir a Anne para fazer algo especial, assim comemoramos o fato do Dr. Otávio estar bem agora.
De repente, Emanuela tossiu um pouco.
— De novo? – perguntou Mariana preocupada. – Ainda está gripada?
— Eu já disse, não é nada. Acho que ter passado o dia no hospital evitou que eu melhorasse, mas uma boa noite de sono e fico melhor.
Mariana olhou para Emanuela um pouco preocupada, mas não falou mais nada.
Gabriele se preparava para sair, quando Iêda e Camila chegaram. As duas também haviam ido para o hospital.
— Olá, garotas. – disse uma delas, dirigindo às três. – Resolvemos tirar o dia de folga e fazer companhia a vocês.
— É verdade. Fizemos uma visita para ver como o Dr. Otávio está. – disse Camila e olhando para Gabriele. – Gabriele, você ainda não o visitou, não foi? Por quê?
Gabriela sorriu um pouco desconcertada.
— Acho melhor esperar até que ele fique melhor.
De repente, Érica apareceu na sala com uma taça de vinho nas mãos. Ela vinha da cozinha.
— Olha, parece que estamos tendo uma reunião especial hoje na mansão. Nunca vi tantas pessoas se reunirem em um dia da semana. – disse ela, parecendo um pouco bêbada.
— Você não devia tomar isso tão cedo... – disse Gabriele – Não parece ser um bom exemplo para as meninas.
— Ah, Gabriele. – disse Érica rindo. – É por isso que sua filha lhe trata tão mal... Você deveria se impor mais e, principalmente, deixar essa imagem de boa moça que não convence ninguém.
Érica subiu as escadas e foi para o quarto, enquanto as outras a observavam.
— Bem, vou subindo também. – disse Camila.
— E eu também. Mesmo tirando o dia de folga, ainda preciso trabalhar. – disse Iêda, acompanhando Camila na escada.
Mariana olhou para Gabriele um pouco curiosa.
— Érica parece estar um pouco triste com algo... Ela sempre encontra um jeito de beber dessa forma.
Gabriele parecia pensativa.
— Imagino que seja por causa do Fabiano.
— Fabiano? – repetiu Manu não entendendo a relação que poderiam ter Fabiano e a esposa do tio dele.
Gabriele ficou calada por um tempo, como que decidindo se contava ou não.
— Bem, como vocês são da família não tem por que esconder isso. É algo que todos da casa sabem. Érica era noiva de Fabiano, mas um mês antes do casamento, ela desapareceu. Todos ficaram preocupados, procuramos por todos os lugares. No começo, pensamos que era sequestro, mas o tempo passava e não ouvimos nada sobre pedido de resgate. Quando o Dr. Otávio pensou em contratar um detetive para descobrir o seu paradeiro, Marcos apareceu junto com ela e a apresentou como sua mulher.
— Então, ela que o abandonou... – e olhando para Gabriele. – Mas, por que a senhora disse que o motivo dela estar assim poderia ser o Fabiano?
Gabriele sorriu.
— Não sei... Talvez seja só intuição... – disse ela, pensando no olhar que Érica lançara em direção a Fabiano na festa.
***
Ao chegar ao quarto, Érica sentou-se em uma poltrona em frente a uma janela. Levantou-se para fechar as cortinas, sem antes dar uma olhada de alguns segundos no jardim lá fora. Mas naquele momento, ela não estava a fim de ver o jardim ou mesmo a luz do sol.  Sua mente estava longe dali.  Apenas pensava no quanto ficara surpresa ao ver na festa de aniversário de Viviane, Fabiano acompanhado de uma mulher. Depois, pensava no que acontecera naquela manhã.
Érica chegou de escritório central às 10h. Nem sequer tivera tempo de visitar o Dr. Otávio e acompanhar as três garotas. Apesar de não ter uma ótima relação com o Dr. Otávio, mesmo assim não tinha nada contra ele e até mesmo o admirava como o homem que era. Mas as ordens de Marcos não poderiam ser desrespeitadas. Aquele homem não era alguém para se ir contra.
Ao chegar ao escritório se surpreendeu. Da sala do Dr. Marcos, ele saiu acompanhado de uma mulher que lhe parecia familiar.
— Ainda bem que chegou, querida Érica. – disse Marcos assim que viu Érica entrar. – Apresento-lhe minha nova assistente. Acho que você já deve tê-la visto. Ela estava na festa da Viviane...
— Assistente? – perguntou Érica surpresa.
— Sim, por acaso, ela estava precisando de um emprego... E como estou precisando de mais alguém, resolvi contratá-la.
A pessoa se aproximou de Érica e estendeu-lhe a mão.
— Muito prazer, sou Rebeca Gomes. – disse ela sorrindo.
— Érica, passe as informações que precisa passar para ela, depois, se quiser, está dispensada. – disse, saindo.
Assim que Marcos saiu, Érica olhou para a sua nova colega de trabalho.
— Você não era a mulher que estava com Fabiano na festa da sobrinha dele?
— Sim, sou eu mesma. Pelo jeito se lembra de mim. Mas o que tem isso?
Érica suspirou.
— Fabiano sabe que está aqui?
— Por que ele deveria saber?
Érica riu incrédula.
— Ou você é louca ou estúpida. Sendo namorada de Fabiano e vindo trabalhar aqui... Que tipo de pessoa você é? Quem é você exatamente?
— Primeiro, não sou namorada do Fabiano. E segundo, por que eu não gostaria de trabalhar com alguém que é o Presidente interino do Grupo Demontieux?
Érica ficou surpresa.
— Presidente interino?
Rebeca riu.
— Então, você não sabe? Hoje pela manhã, o conselho de diretores e principais acionistas escolheu o Dr. Marcos como Presidente interino do grupo até o restabelecimento do Dr. Otávio.
— Então... Você veio aqui por causa disso?
— Pois é... Tenho uma queda por homens poderosos. E, além disso, acho que alguém tão forte quanto o Dr. Marcos merece alguém mais forte que forneça o devido apoio.
Rebeca começou a sair.
— Não se preocupe, não precisa me passar nada hoje.
— O que está pensando em fazer com Fabiano? – perguntou Érica antes que Rebeca abrisse a porta.
— O que mais? – disse Rebeca, virando-se para Érica – Eu já fiz o que tinha que fazer. Usei-o para chegar ao Dr. Marcos.
— Se já fez o que tinha que fazer, então, se afaste dele.
Rebeca riu.
— Quem é você para me dar ordens? O que eu faço ou deixo de fazer é apenas da minha conta. Se eu me afasto ou não de Fabiano, isso quem decide sou eu. – disse, saindo.
Érica, no escuro do quarto, tomava o seu vinho, relembrando aqueles últimos acontecimentos. Pensava que não tinha nenhuma moral para condenar Rebeca, mas ela não queria que Fabiano sofresse novamente. Na condição em que estava, talvez, nem que fosse por um pouco, ela poderia protegê-lo.
“Rebeca... – pensou – Preciso saber quem é exatamente essa mulher.”
***

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