O conto que
reproduzimos abaixo é da autoria de Hans Christian Andersen.
Para maiores
informações sobre o autor, favor consultar: educacao.uol.com.br/biografias/hans-christian-andersen.jhtm.
Boa leitura!
A MENINA DOS
FÓSFOROS
Estava muito
frio, a neve caía e já estava começando a escurecer. Era a noite do último dia
do ano. Uma menina descalça e sem agasalho andava pelas ruas, no frio e no
escuro. Quando atravessou correndo para fugir dos carros, a menina perdeu os
chinelos que tinham sido da mãe e eram grandes demais. Um ela não achou mais e
um garoto levou o outro, dizendo que ia usar como berço quando tivesse um
filho.
A menina já
estava com os pés roxos de frio. Tinha um pacotinho de fósforos na mão e outro
no avental velho. Naquele dia não tinha conseguido vender nada e estava sem um
tostão. Com frio e com fome, ela andava pelas ruas morrendo de medo. A neve
caía no cabelo cacheado, mas ela não podia pensar nem no cabelo nem no frio. As
casas estavam iluminadas e havia por toda parte um cheirinho gostoso de assado
de ano novo. Era nisso que ela pensava.
Num cantinho
entre duas casas, ela se encolheu toda, mas continuava sentindo muito frio.
Voltar para casa, nem pensar: sem dinheiro, sem ter vendido nada, era certo o
castigo do pai. Além do mais, a casa deles também era muito fria, sem forro e
com o telhado cheio de furos e emendas, por onde o vento entrava assobiando.
Com as mãos
geladas, pensou em acender um fósforo. Conseguiu. A chama pequenina parecia uma
vela na concha da mão. A menina se imaginou diante de uma lareira enorme com o
fogo esquentando tudo e ela também. Mas logo a chama apagou e a lareira sumiu.
Ela só ficou com o fósforo queimando na mão.
Acendeu outro
que, brilhando, fez a parede ficar transparente. Ela viu a casa por dentro: a
mesa posta, a toalha branca, a louça linda. O assado, o recheio, as frutas. Não
é que o assado, com o garfo e faca espetados, pulou do prato e veio correndo
até onde ela estava?
Mas o fósforo
apagou e ela só viu a parede grossa e úmida.
Acendeu mais
um fósforo e se viu junto de uma belíssima árvore de Natal. Maior do que uma
que tinha visto antes. Velinhas e figuras coloridas enchiam os galhos verdes. A
menina esticou o braço e… o fósforo apagou. Mas as velinhas começaram a subir,
a subir e ela viu que eram estrelas. Uma virou estrela cadente e riscou o céu.
-Alguém deve
ter morrido. A avó – única pessoa que tinha gostado dela de verdade e que já
tinha morrido – sempre dizia: “Quando uma estrela cai, é sinal de que uma alma
subiu para o céu”.
A menina
riscou mais um fósforo e, no meio do clarão, viu a avó tão boa e tão carinhosa,
contente como nunca.
-Vovó, me
leva embora! Sei que você não vai mais estar aqui quando o fósforo apagar. Você
vai desaparecer como a lareira, o assado e a árvore de Natal.
E foi
acendendo os outros fósforos para que a avó não sumisse. Foi tanta luz que
parecia dia. E a avó ali, tão bonita, tão bonita. Pegou a menina no colo e voou
com ela para onde não fazia frio e não havia fome nem dor. Foram para junto de
Deus.
De
manhãzinha, as pessoas viram no canto entre duas casas uma menina corada e
sorrindo. Estava morta. Tinha morrido de frio na última noite do ano. Nas mãos,
uma caixa de fósforos queimados.
-Ela tentou
se esquentar, coitadinha.
Ninguém podia
adivinhar tudo o que ela tinha visto, o brilho, a avó, as alegrias de um ano
novo.
Fonte: http://kavorka.wordpress.com/os-melhores/a-menina-dos-fosforos/.
Muito fantasioso!
ResponderExcluirMuito triste e bonito essa conto!
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